Por Pr. Silas Figueira
Texto base: Lucas 2.25-35
INTRODUÇÃO
Assim como Zacarias e Isabel, Simeão e Ana fazem parte do remanescente judeu fiel,
que aguardava com ansiedade a vinda do Messias. Nos diz o texto que Simeão movido
pelo Espírito Santo foi levado ao templo e teve a honra de ter em seus braços o Salvador
ainda menino, pois, foi-lhe revelado pelo Espírito que ele não morreria antes de ver o
Cristo do Senhor (Lc 2.26).
A julgar pela narrativa, Simeão era um ancião. Dentre os Evangelhos sinópticos,
somente Lucas narra esse episódio e é a única vez que Simeão é citado nesse
Evangelho. Simeão é desconhecido para nós, porém é bem conhecido por Deus.
Poderíamos dizer que ele aparece no relato de Lucas à semelhança de Melquisedeque,
sem que sejam mencionados pai, mãe, genealogia, o começo ou fim da vida (Hb 7.3).
Simeão representa aquelas pessoas que temem a Deus, mas que não se destacam, não
aparecem, são pessoas anônimas.
Outra particularidade de Simeão é que ele foi o primeiro a predizer que Jesus seria uma
bênção para os gentios, bem como para os judeus. Também foi o primeiro a predizer o
sofrimento de Jesus, quando advertiu Maria sobre a dor que sentiria pelo que Seu Filho
experimentaria. Com isso podemos concluir que Simeão era profeta, ou que pelo menos,
naquele momento, movido pelo Espírito Santo, estava profetizando.
O texto também nos fala que Simeão era um homem justo. Entendendo, que sua justiça
consistia na fiel observância da lei, e seu temor a Deus em um reverente respeito à
sublimidade e santidade de Deus. Por reconhecer que era impossível cumprir por si
próprio a lei de Deus, tinha anseio por consolo e paz. Era algo que somente o Messias
prometido poderia propiciar-lhe. Por essa razão, seu temor a Deus transformava-se cada
vez mais em espera pelo consolo de Israel. Mas a sua espera foi compensada ao tomar
em seus braços o Salvador. Ele não viu Jesus iniciando o Seu ministério, mas teve o
conforto do Senhor em saber que o tempo de espera havia chegado ao fim. É importante
destacar que o cântico de Simeão é o cumprimento da salvação preparada por Deus
desde a eternidade passada.
Mas quais as lições que podemos tirar desse texto?
1 – SIMEÃO ERA UM HOMEM PIEDOSO (Lc 2.25).
As palavras piedade, piedoso (a) e piedosamente são encontradas mais de 40 vezes no
Novo Testamento, e frequentemente são mal-entendidas. A nossa palavra “piedade”
vem do Latim, e tem dois sentidos: 1. Amor e respeito às coisas religiosas;
religiosidade; devoção. 2. Pena dos males alheios; compaixão, dó, comiseração. Na
linguagem popular, e muitas vezes no Antigo Testamento, a palavra tem o segundo
sentido e traz a ideia de compaixão. Mas, no Novo Testamento, o sentido normalmente
é o primeiro, ou seja, devoção a Deus ou respeito às coisas religiosas. Era nesse sentido
que Simeão era piedoso. Ele era um homem temente a Deus.
Por ser uma pessoa piedosa, Lucas destaca três características de Simeão.
1º – O Espírito Santo estava sobre ele (Lc 2.25). O papel do Espírito Santo no Antigo
Testamento é muito parecido com o seu papel no Novo Testamento. Lembre-se que
Simeão estava debaixo da Lei. Quando falamos do papel do Espírito Santo, podemos
discernir quatro áreas gerais nas quais o Espírito Santo trabalha: 1) regeneração, 2)
habitação (ou enchimento), 3) contenção do pecado e 4) capacitação para o serviço.
Evidências dessas áreas do trabalho do Espírito Santo são tão presentes no Antigo
Testamento quanto no Novo Testamento.
No Antigo Testamento Ele vinha de forma capacitadora sobre os reis, juízes, sacerdotes
e profetas. Hoje, depois do Pentecostes, Ele veio sobre toda a carne, ou seja, de forma
especial sobre todos os que creem em Cristo. Como disse o apóstolo Pedro:
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido,
para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz; vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de
Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia”
(1Pedro 2.9,10).
Um ponto de vista comum é que não havia a habitação do Espírito nos crentes do AT. O
Espírito somente vinha ‘sobre’ os crentes para tarefas especiais, mas não habitava nos
crentes. Esse ponto de vista normalmente afirma também que o AT era o tempo da Lei e
o NT o tempo da graça. A Teologia Reformada afirma que há somente uma forma de
salvação, uma operação da Graça, uma só fé, um só Evangelho, a atuação básica do
Espírito é a mesma nos dois Testamentos. A santificação sempre foi pela graça e a
regeneração pelo Espírito. Vemos isto de forma clara na vida de Simeão que era uma
pessoa que estava debaixo da Lei, no entanto, era um homem cheio do Espírito Santo.
2º - Simeão era um homem justo e temente a Deus. É o que podemos chamar de um
homem piedoso, como já abordamos. Essa piedade era demonstrada em suas atitudes e
fé. Ele esperava a consolação de Israel, ou seja, ele aguardava ansiosamente a vinda do
Messias e O encontrou.
Simeão era um homem compromissado com Deus. Ele não era um religioso nominal,
mas um crente sincero e envolvido na sua fé. Infelizmente vivemos hoje o que A. W.
Tozer chama de “Os Perigos de Uma Fé Superficial”. Ele diz que a igreja evangélica
de sua época, e não está diferente hoje, creio que está pior, vivia “a maldição do
mundanismo” que entrou na igreja através do entretenimento, de um louvor sem a
verdadeira adoração, de uma letargia espiritual, de uma busca constante por facilidades
(crentes que acham que a vida deve ser um mar de rosas). Hoje, faltam-nos crentes
como Paulo e os mártires do início da igreja. Faltam-nos homens e mulheres de
coragem como vimos no tempo da Reforma Protestante. Como homens e mulheres dos
países que têm perseguição religiosa (países islâmicos, China, Coréia do Norte).
Falta-nos crente como Jorge Müller que leu a Bíblia por mais de 200 vezes, sendo 50
de joelhos e, quando perguntado por um repórter o que gostaria de fazer ainda, ele, de
joelhos, respondeu: “Ler mais a Bíblia, pois conheço pouco ainda, da excelência de
Cristo”. Jesus Cristo, a Rocha inabalável era à base da fé de Jorge Müller.
Quando olhamos para a igreja evangélica brasileira, a base de muitas delas é areia
movediça. O mundo religioso evangélico hoje tem criado um Jesus a seu bel-prazer. No
meio evangélico está em voga um Jesus “coach”, um Jesus “personal training”, um
Jesus despido de teologia e de tradições. Igrejas pintadas de preto, adaptadas aos palcos
de mídia, apresentam um Jesus descolado, despojado, de calças rasgadas nos joelhos e
de camisa fashion, um Jesus de olhos azuis e Ferrari na garagem. Já o Jesus do reteté é
quase um orixá afro-brasileiro, sambando e rodando ao som de frases de efeito e de
gritos de guerra. O Jesus do mundo neopentecostal dos grandes ícones é um grande
arsenal de estorinhas para turbinar a fé dos que precisam vencer, progredir, prosperar e
que possa encher os cofres destes fanfarrões da fé. E o Jesus do catolicismo carismático
tenta se aproximar de todos, buscando ainda manter a tradição romanista, um Jesus
“light”.
Quando falamos que a igreja está se mundanizando, estamos falando de uma liderança
que prega um evangelho sem cruz, ou, quando muito, um Cristo descaracterizado do
verdadeiro Evangelho. Neste carnaval de 2020 um indivíduo que se diz pastor batista
será “Jesus” no desfile da Mangueira, que tem como título do samba enredo “A verdade
vos libertará”; e o pior que não parou por aí. Certo bispo de uma igreja evangélica
recebeu também um convite para participar do desfile, e em seu facebook pediu oração
para decidir se irá aceitar o convite ou não. A resposta da grande maioria era para que
ele aceitasse, pois iria pregar o evangelho lá. Palavras dele: “Peço que orem para que o
Espírito do amor de Cristo me guie”. Dentre muitos comentários, um escreveu que o
bispo devia aceitar, pois seria coerente com a mensagem que ele prega e estará de
acordo com os livros que publicou!
Mas esse não é o Jesus da Bíblia e muito menos o que Simeão encontrou no templo
naquele dia e, muito menos, o que se revelou no Novo Testamento. As pessoas lá de
fora têm uma visão distorcida de Jesus da Bíblia porque andam lendo a Bíblia em
pessoas que não a vivem. No entanto, muitos não vivem porque o desconhecem. Foram
apresentados a outro Cristo, a outro Jesus, a outro Messias.
Não importa o que o mundo pensa e fala a respeito de Jesus, nós temos a obrigação de
conhecê-lo e confessá-lo como fez Pedro em nome dos discípulos:
“E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos,
dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o
Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós,
quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do
Deus vivo” (Mt 16.13-16).
3º - Simeão esperava a consolação de Israel. Simeão aguardava a vinda do Messias. E
lhe foi revelado pelo Espírito que ele não morreria antes de ver o cumprimento dessa
profecia. Hoje a igreja não espera o retorno do Senhor nos ares como Ele prometeu. As
pessoas estão vivendo como na época de Noé, como nos alertou Jesus:
“E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do Homem.
Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e
davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam,
até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do
Homem” (Mt 24.37-39).
Não é que Deus não esteja falando, muito pelo contrário, Deus está gritando a plenos
pulmões, mas a igreja não está ouvindo. As pessoas estão dispersas dentro da igreja.
Olham para os seus celulares o tempo todo, mas não olham para a Bíblia, não percebem
os sinais que estão acontecendo no mundo, sinais estes que estão nos alertando a repeito
da vinda Cristo.
2 – SIMEÃO ERA GUIADO PELO ESPÍRITO SANTO (Lc 2.26-29).
Por ser um homem cheio do Espírito Santo, ele era guiado pelo Espírito de Deus,
instruído pela Palavra de Deus e obediente à vontade de Deus e, portanto, teve o
privilégio de ver a salvação de Deus.
Podemos tirar lições preciosas aqui:
1º - O que Deus nos promete Ele cumpre (Lc 2.26). Como já falamos, provavelmente
Simeão era idoso. Segundo a tradição ele tinha cerca de 113 anos de idade, mas isso não
passa de especulação. O que nos interessa aqui é observar a fé deste homem. O texto diz
que fora-lhe revelado que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor, e isso
ocorreu como o Senhor havia lhe falado. As promessas de Deus são reais e irão se
cumprir ou já estão se cumprindo em nossas vidas. Uma delas é que o Senhor Jesus
disse que estaria conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28.20), e, pela
fé, sabemos que Ele está conosco.
2º - Simeão foi ao templo guiado pelo Espírito Santo (Lc 2.26). Guiado pelo Espírito
do Senhor Simeão vai ao templo e encontra o Messias. Provavelmente havia ali naquele
dia várias mulheres com filhos recém-nascidos. Mas o Espírito guiou Simeão à pessoa
certa. É o Espírito Santo que nos revela Jesus. É o Espírito Santo que nos mostra o
Salvador. Só é guiado pelo Espírito quem é sensível ao Espírito. Por isso devemos
tomar cuidado com quem compartilhamos as nossas experiências, pois nem todos irão
compreender o que o Senhor está pedindo de nós. Temos como exemplo Abraão que foi
oferecer seu filho Isaque em sacrifício, sendo que foi uma ordem de Deus (Gn 22).
Quem é de Deus é guiado pelo Espírito de Deus. E a maneira como o Senhor se revela a
nós hoje é através da Sua Palavra. Têm muitas pessoas que querem ser guiadas por
revelações, visões, profecias, por arrepios. Deus até pode se revelar desta forma, mas
isso é uma exceção e não a regra. O Espírito Santo aplica a Sua Palavra ao nosso
coração e por ela somos guiados. Simeão foi guiado pelo Espírito Santo, foi-lhe
revelado pelo Espírito Santo que não veria a morte. O Espírito Santo o guiou para lhe
confirmar o que estava escrito nas Escrituras.
3º - Simeão estava preparado para morrer (Lc 2.26,29,30). Simeão diz para Deus que
estava pronto para a morte. Ele não a temia, pois seus olhos haviam visto a salvação de
Israel.
Observe como começa o versículo 29: “agora”. O agora de Simeão demonstra que ele
estava consciente que podia partir em paz, pois, seus olhos viram a salvação do Senhor
(v. 30). Da mesma forma expressou o apóstolo Paulo no final de sua vida. Ele escreve a
Timóteo:
“Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha
partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde
agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará
naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”
(2Tm 4.6-8).
É interessante notar que as pessoas se preparam para muitas coisas na vida, mas
raramente você ouve falar de alguém que se preparou para morrer. A mãe se prepara
para receber o seu bebê e os preparativos são diversos. A criança é preparada para ir
para a escola, na juventude a faculdade, o primeiro trabalho, namoro, casamento,
filhos... Mas, em momento algum se preparam para a morte.
A morte é real. Ela nos bate à porta mais cedo ou mais tarde, mas uma hora ela vem. E
ela é extremamente democrática. Ela vem para todos. Ricos e pobres, cultos e iletrados.
Vem para todas as raças e povos. Homens, mulheres, crianças. Ainda que não pensemos
nela, quando menos esperamos ela dá o ar da graça. Se não bate na nossa porta, bate na
do vizinho.
A Bíblia nos fala que o último inimigo a ser destruído será a morte (1Co 15.26). Que no
céu não haverá morte (Ap 21.4). O crente em Jesus não passará pela segunda morte (Ap
20.6). Jesus venceu a morte e o diabo quando ressuscitou dentre os mortos (Hb 2.14). E
a Bíblia também nos garante que quem é de Deus já passou da morte para a vida (Jo
5.24). Por isso não precisamos temê-la.
Existem muitas pessoas que se preocupam como vão morrer, mas se esquecem de que o
que importa é como estão vivendo.
3 – O CÂNTICO DE SIMEÃO (Lc 2.29-32).
O cântico de Simeão é conhecido como “Nunc Dimittis”, por causa das duas primeiras
palavras da tradução em latim. Esse cântico é um hino missionário, pois fala de Jesus
como salvador dos judeus e também dos gentios. Observe que esse cântico é uma
profecia, pois os judeus não se envolviam nem com samaritanos e muito menos com
gentios. E vindo esse cântico de um judeu idoso falando a respeito de um salvador
universal era algo extremamente fora do contexto do que os judeus esperavam.
1º - Simeão, pelo Espírito, entende o propósito maior da vinda do Messias (Lc
2.30,31). A mensagem de salvação não era só para os judeus. O Salvador viria com um
propósito maior. Uma igreja movida pelo Espírito Santo precisa ver o que Deus vê.
Precisa agir na direção que o Espírito Santo dá. Por isso que as nossas decisões
precisam ser em oração para que o Senhor nos dê a direção certa. Devemos fazer os
nossos planos, mas quem dirige os nossos passos é o Senhor. Temos como exemplo o
apóstolo Paulo que planejava ir para a Ásia, mas foi impedido por Deus. Veja o texto:
“E, passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito
Santo de anunciar a palavra na Ásia. E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para
Bitínia, mas o Espírito não lho permitiu. E, tendo passado por Mísia, desceram a
Trôade. E Paulo teve de noite uma visão, em que se apresentou um homem da
Macedônia, e lhe rogou, dizendo: Passa à Macedônia, e ajuda-nos. E, logo depois
desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos
chamava para lhes anunciarmos o evangelho” (Atos 16.6-10).
Deus ainda fala, guia e dirige a Sua Igreja hoje.
2º - Simeão entende pelo Espirito que Israel havia cumprido a sua missão (Lc 2.32).
Só pelo Espírito que Simeão pode identificar o Salvador. Como ele poderia saber que
aquelas três pessoas pobres (José, Maria e o menino Jesus), eram o cumprimento
profético que o Senhor havia lhe revelado? Havia ali uma multidão e, no entanto,
Simeão no momento em que ele tomou o menino em seus braços, para cumprir o que
dizia a Lei, ele imediatamente louva a Deus (Lc 2.27,28).
Israel naquele momento estava cumprindo a sua missão. Estava entregando ao mundo o
Salvador. Como disse Jesus à mulher samaritana “a salvação vem dos judeus” (Jo
4.22). Deus estava cumprindo com Seu povo o que havia falado a Abraão: “E em tua
descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha
voz” (Gn 22.18).
Precisamos entender que Deus tem um propósito com cada um de nós. Fazemos parte
de um plano maior de Deus nesta terra. O Senhor tem um projeto e irá se concretizar e
nós, seus servos, estamos incluídos nele. José teve um papel fundamental nos planos de
Deus, da mesma forma José e Maria. Os apóstolos posteriormente. Os escritores do
Novo Testamento, se quer, podiam imaginar que estavam sendo instrumento de Deus
para um propósito maior.
Assim aconteceu com Israel. Assim acontece com cada um de nós também, não para
reescrever uma nova Bíblia, mas para apresentar Jesus ao mundo!
4 – SIMEÃO, UM PROFETA ABENÇOADOR (Lc 2.34,35).
Após Simeão tomar em seus braços o menino Jesus, ele louva a Deus profetizando
sobre o Salvador, logo após, Simeão os abençoa e profetiza a respeito de como Maria
sofreria devido o ministério de Jesus. É interessante notar que com a visita dos pastores
eles não ficaram tão impressionados como ficaram com Simeão (Lc 2.33). Acontece que
Simeão sabia tudo a respeito de Jesus; Seu ministério e como Ele seria rejeitado pelos
seus, e que Maria iria sofrer pelo seu Filho. O que Simeão disse foi muito além do que
os pastores disseram.
Vejamos o conteúdo dessas duas profecias:
1º - Simeão profetiza a respeito do ministério de Jesus (Lc 2.34). Para aqueles que o
rejeitam, Ele é pedra de tropeço (1Pe 2.28); contudo, para aqueles que o recebem são
erguidos (Ef 2.6). Até hoje a humanidade se divide e continuará se dividindo a respeito
de Jesus. Enquanto uns enaltecem o Evangelho, o poder de Deus para a salvação (Rm
Rm 1.16), para outros o Cristo crucificado é estorvo, escândalo, tolice e um absurdo.
Sinal que é contraditado – durante todo o ministério de Jesus Ele operou sinais e
maravilhas. O Senhor mostrou para todos que Ele era o Messias prometido. Não havia
como as pessoas refutarem tal coisa. No entanto, Israel rejeitou. Como disse João em
seu Evangelho: “Ele veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam” (J
1.11). Apesar de todos os sinais que operou, Ele foi rejeitado (Jo 12.37).
Os homens não mudaram, apesar de vermos muitas pessoas religiosas, o verdadeiro
Evangelho que apresenta o verdadeiro Cristo tem sido rejeitado por muitos.
2º - Simeão profetiza a respeito do sofrimento que Maria teria (Lc 2.35).
Simeão passa a tratar do custo que Maria pagará. Ele diz que uma espada transpassaria a
sua alma. A palavra espada aqui é rhomphaia, que é uma espada grande, semelhante a
uma lança, não a pequena que é machaira. Essa espada em sua alma seria devido a
morte de Cristo na cruz. A graça que lhe foi concedida de ser a mãe do Salvador tinha
um custo alto.
O Evangelho tem seus custos até hoje. Embora muitos tentem pregar um Evangelho
sem cruz, o verdadeiro Evangelho tem cruz, tem calvário e por isso tem Pentecostes.
Mas sem calvário não há pentecostes.
CONCLUSÃO
Assim como o Espírito Santo estava sobre Simeão e o guiou até Jesus, nós também
temos o Espírito para nos guiar hoje. O Senhor pela sua infinita misericórdia tem nos
assistido e nos guiado por todos os caminhos.
Após Simeão ter tido um encontro real com o Salvador Jesus, ele pode orar dizendo que
já estava pronto para morrer. Só quem teve um encontro real com Jesus pode falar assim
como Simeão falou. Não quer dize que queira morrer, mas que não teme a morte, pois já
passou da morte para a vida.
Simeão é um exemplo de servo perseverante que esperou com paciência a vinda do seu
Senhor. Que tenhamos esta mesma expectativa crendo que em breve o Senhor virá para
buscar a Sua Igreja.
Pense Nisso!
Bibliografia:
1 – A. W. Tozer. Os Perigos de Uma Fé Superficial. Graça Editorial, Rio de Janeiro, RJ,
2014.
2 – Barclay, William. Comentário do Novo Testamento, Lucas.
3 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, volume
2, Lucas e João. Editora Candeia, São Paulo, SP, 1995.
4 – Davidson, F. O Novo Comentário da Bíblia, volume 2. Edições Vida Nova, São
Paulo, SP, 1987.
5 – Garder, Paul. Quem é Quem na Bíblia. Editora Vida, São Paulo, SP, 1999.
6 – Keener, Craig S. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia, Novo Testamento.
Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 2017.
7 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus, o homem perfeito. Comentário Expositivo
Hagnos. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017.
8 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, versículo por versículo. Editora
Tomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2019.
9 – Manual Bíblico SBB. Barueri, SP, 3a edição, 2018.
10 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário. Edições Vida Nova e Mundo
Cristão, São Paulo, SP, 1986.
11 – Rienecker, Fritz. Evangelho de Lucas, Comentário Esperança. Editora Esperança,
Curitiba, PR, 2005.
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