quinta-feira, 31 de março de 2016

O Calvinismo segundo um Pentecostal



Por Clóvis Gonçalves

Introdução

O movimento pentecostal geralmente foi visto como não calvinista e superficialmente descrito como arminiano. Por ser associado a igrejas tradicionais, em geral cessacionistas, o calvinismo sofre no meio pentecostal de uma imagem negativa, agravada por representações malfeitas dos pontos distintivos da soteriologia dos reformadores. Por outro lado, o arminianismo é associado ao movimento de santidade wesleyano, que exerceu influência no pentecostalismo, portanto não sofre com esse estigma. Embora o arminianismo jamais tenha sido abraçado de forma refletida e o calvinismo tenha sempre sido rejeitado de forma preconceituosa, as igrejas pentecostais são tidas como arminianas.

Nos últimos anos, porém, essa realidade está mudando com uma crescente minoria se voltando para um estudo teológico mais consistente, tendo contato com expoentes contemporâneos da teologia reformada e acesso a obras de teólogos do passado, até então desconhecidas por ela. Como as principais obras teológicas são calvinistas, o pentecostal despertado para o conhecimento teológico – em geral jovens insatisfeitos com a pouca ênfase doutrinária e falta de profundidade teológica dos púlpitos de suas igrejas – tem descoberto a fé reformada e até se declarado reformado.

Isto tem provocado reações fortes tanto no meio onde estão como nos círculos reformados. Muitos pentecostais, não tendo ainda estudado o calvinismo, não entendem como um dos seus pode crer em absurdos tais como o de que um não predestinado pode ir para o inferno mesmo aceitando a Cristo enquanto que outro, sendo predestinado, pode levar uma vida inteira de pecado e ser salvo blasfemando contra Deus. Não se dando conta de que isso não é calvinismo, a pressão é para que saiam do meio deles. O outro lado reage, dizendo que a fé reformada é incompatível com a crença na atualidade dos dons espirituais e que, a menos que primeiro reneguem essa crença, jamais poderão professar fé nas doutrinas da graça. Alguns cedem a essa pressão e abandonam o movimento pentecostal, ao qual, muitas vezes, passam a hostilizar. Felizmente, alguns poucos são encorajados tanto por pentecostais interessados no amadurecimento teológico do movimento, como por reformados abertos à atualidade dos dons espirituais, a permanecerem onde estão. É o caso deste autor. Há quinze anos, descobri e abracei as chamadas doutrinas da graça enquanto servia numa igreja pentecostal, da qual nunca precisei sair.

Este artigo é dirigido especialmente aos pentecostais que não entendem a crescente aceitação da teologia reformada em seu meio e também aos que acham que entendem, acreditando que a causa é o desconhecimento da teologia arminiana clássica no meio pentecostal e que mais Armínio resultará em menos Calvino (quando o resultado pode ser bem o contrário, se o conselho de Armínio para que se leia Calvino for seguido).

Como um pentecostal que se tornou calvinista pode justificar a sua soteriologia aos seus irmãos? Penso que o primeiro passo é esclarecendo-os a partir do que a Bíblia diz sobre os pontos de sua fé. Exemplificarei com uma declaração da Escritura:


“Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Rm 9.16).

Os Cinco Pontos do Calvinismo

Primeiramente, consideremos que Paulo está falando de salvação e condenação. No início do capítulo, Paulo diz que preferia ser “separado de Cristo” em favor de seus irmãos (9:3). Em seguida, diz que Deus,“querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição” (9.22). Enquanto que a outros Ele quis dar “a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão” (9.23) e, finalmente, ele conclui fazendo referência à “justificação… que decorre da fé” (9:30). Portanto, o que não depende do homem é a misericórdia divina para salvar o pecador.

É dito, pois, que a salvação “não depende de quem quer ou de quem corre”. Em outras palavras, não depende da vontade do homem, nem de seu esforço. Antes de provocar contrariedade, essa declaração deveria trazer ânimo. Por causa do pecado, a vontade do homem está escravizada pela sua natureza caída e inclinada para as coisas más e, se deixado a si mesmo, o homem nunca desejará o Bem. A Queda tornou-o incapaz de qualquer feito que o torne aceitável diante do Deus Santo. À pergunta de Jó“Seria, porventura, o mortal justo diante de Deus?” (Jó 4.17), Paulo responde que “não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10) e que “é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus” (Gl 3.11). Esta doutrina é chamada de depravação total pelos reformados e simplesmente declara a absoluta incapacidade do homem de fazer o que quer que seja para obter o favor divino.

Neste estado, para que o homem seja salvo, é absolutamente necessário “usar Deus a sua misericórdia”.Como todos os homens estão igualmente na miséria do pecado e só alguns são salvos, decorre que uma escolha é feita. Poucos versos antes, o apóstolo faz referência a ela ao explicar que “ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama)” (9.11). Sobre a natureza desta escolha, convém notar que ela é soberana, ou seja, é “por aquele que chama”. E que ela é eterna, ou seja, feita quando”ainda não eram os gêmeos nascidos”. Finalmente, é uma eleição individual e não corporativa. Expressões como “nem todos os de Israel são, de fato, israelitas” (9:6), “não eram os gêmeos nascidos”(9:11), “amei Jacó, porém me aborreci de Esaú” (9:13) e “tem ele misericórdia de quem quer” (9:18), sugerem fortemente que Paulo está tratando de indivíduos e não de uma coletividade amorfa. Esta doutrina é conhecida como eleição incondicional, embora seja melhor compreendida como eleição soberana e graciosa.

Antes de abordar os demais pontos da doutrina da graça, convém considerar uma implicação da salvação depender de Deus e não do homem: a sua certeza. Se dependesse do homem, a salvação não seria apenas incerta, seria impossível. Mas, como depende de Deus, ela não é apenas possível, mas certa. Dizendo de uma outra forma, nenhum dos eleitos perecerá, não simplesmente pelo fato de serem eleitos, mas porque a Trindade assegurará todos os meios necessários e infalíveis para a sua realização. Vejamos como isso acontece na prática.

Para ser possível “usar Deus a sua misericórdia”, Sua justiça tinha que ser satisfeita, “para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3:26). Isto quer dizer que um preço precisava ser pago, uma dívida precisava quitada. “Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). Ter Cristo morrido por nós não significa apenas que morreu em nosso favor, mas que morreu em nosso lugar, “tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós… removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz” (Cl 2.14). A morte de Cristo foi intencionada para pagar completamente a dívida daqueles por quem Ele morreu. Embora o valor de Seu sangue seja suficiente para pagar os pecados do mundo todo, Sua morte foi intencionada em favor dos escolhidos de Deus, tornando a salvação deles não apenas possível, mas certa. Esta é a difícil, mas bendita, doutrina da expiação limitada ou, como muitos preferem, redenção particular.

A expressão “usar Deus a sua misericórdia” implica que Deus não assume simplesmente uma atitude de misericórdia passiva, provendo os meios de salvação e deixando por conta do homem apropriar-se dela. Já vimos que, se Ele fizesse isso, ninguém se salvaria e por isso é uma bênção o fato de que “não depende de quem quer ou de quem corre”. Deus mesmo, pelo Seu Espírito, aplica no pecador eleito os benefícios, chamando-os para Si. Paulo fala “daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28), acrescentando que “aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30). Esse chamado é segundo o propósito eterno de Deus e tem como objetos os que foram predestinados para a salvação. Por isso é referido como graça irresistível ou, mais acertadamente, de chamada eficaz.

Finalmente, a salvação não depender da vontade ou do esforço humano, mas de Deus usar Sua misericórdia, implica uma certeza inabalável: nenhum pecador que foi eleito pelo Pai, remido pelo Filho e chamado pelo Espírito Santo, irá perder a salvação recebida. A Trindade Santa está se encarregando disso. “Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”(Rm 8.38–39). Esta doutrina é chamada de perseverança dos santos, mas deve ser entendida como preservação dos santos, pois é Deus quem guarda o tesouro e preserva aqueles por quem Cristo morreu.

Conclusão

Quando um pentecostal se diz calvinista, não está afirmando absurdos sobre Deus e a salvação, mas expressando convicções obtidas das Escrituras. No que se refere a Deus, ele admite que o Senhor é o soberano sobre a criação, sobre a história e sobre a salvação e que, de fato, Ele exerce essa soberania de forma absoluta. Especificamente sobre a salvação, ele afirma que, estando o homem completamente corrompido, Deus elegeu soberana e graciosamente alguns dentre eles e enviou Seu Filho para resgatá-los e o Espírito para regenerá-los, guardando-os com mãos poderosas até o fim. É nisto que crê um pentecostal que confessa ser calvinista.

Fonte: NAPEC

domingo, 20 de março de 2016

O HOMEM QUE DEUS USA – SAMUEL


Por Pr. Silas Figueira

Texto base:1Sm 1.19-28

INTRODUÇÃO

Samuel era filho de Elcana e Ana. Seu pai era levita descendente de Coate, embora não da linhagem sacerdotal de Arão (1Cr 6.26-33). Como bem sabemos sua mãe era estéril; ela orou ao Senhor e recebeu a promessa, por meio do sacerdote Eli, de que teria um filho. Quando seu filho nasce ela coloca o seu nome de Samuel, que quer dizer “Seu nome é Deus” ou “O nome de Deus”. Samuel foi consagrado a Deus pela sua mãe com o consentimento de seu pai, por isso, ainda criança – três anos aproximadamente –, foi levado para o sacerdote Eli ficar com ele (1Sm 1.24-28; 2.11). Em Êx 13.1,2 nos diz que todo primogênito, tanto de homens como de animais, pertenciam ao Senhor. 

Samuel foi o elo entre a época de Moisés/Josué e a de Saul/Davi, ou seja, Samuel foi da época dos Juízes. O período dos juízes foi uma época de fracassos de Israel e da resposta de Deus ao clamor do seu povo. Quando Deus levantava algum juiz o povo se voltava para Ele, o juiz morria o povo mais uma vez se afastava do Senhor e sofria as consequências devido a isso. Por fim, Deus levantou Samuel num período de grande crise na história de Israel. Ele serviu ao povo como sacerdote, profeta e juiz. Como último juiz (At 13.20) e primeiro profeta (At 3.24), Samuel foi o instrumento escolhido por Deus, cuja linhagem espiritual está ligada a Josué, Moisés e Abraão. 

Samuel na condição de profeta recebeu o espírito de Moisés (Jr 15.1). Como juiz foi reconhecido como servo de Deus, por meio de quem o Senhor falou com seu povo individualmente (1Sm 9.6) e como nação (1Sm 7.2-4; 8.1-22). Seu ministério foi tão extenso que todas as tribos ouviram sobre o homem de Deus (1Sm 3.20).

Samuel e a crise em seus dias: 

Uma das coisas que sempre me surpreende é a facilidade que algumas pessoas têm de fazer do trabalho na casa de Deus – leia-se igreja, templo – algo repugnante. Muitos líderes hoje tem feito isso através do péssimo testemunho que exercem perante os membros de suas igrejas (embora muitos desses líderes sejam idolatrados). Esse é o contexto do que estava acontecendo em Israel naqueles dias através do sacerdócio de Eli e seus dois filhos Hofni e Finéias. 

O sacerdote Eli estava com a idade bem avançada e não conseguia mais exercer o sacerdócio (1Sm 4.15), e por isso, deixou o trabalho do tabernáculo ao encargo de seus dois filhos que, por sua vez, se aproveitaram do cargo que exerciam para fazer, sem temor a Deus, o que bem entendiam (1Sm 2.12-17, 22-24). Eli os honrava mesmo assim. Ele era conivente com o pecado de seus filhos, pois ele também se beneficiava das atitudes deles (1Sm 2.29). É triste, mas esta era a grande realidade, o texto sagrado não esconde isso.

Entenda uma coisa: o tabernáculo era um lugar santo; os sacerdotes deveriam exercer o sacerdócio de forma santa. O povo que ia até Siló ia oferecer sacrifícios ao Santo de Israel; mas onde não há temor impera o pecado e a mão do diabo age sobre a vida das pessoas. No entanto com Deus não se brinca, como disse Paulo: “De Deus não se zomba” (Gl 6.7), e o autor de Hebreus também nos diz: “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.31); mas os filhos de Eli, por não temerem a Deus, agiam como bem lhes convinha. E o resultado foi que eles atraíram para si o julgamento de Deus, ou seja, a morte, que é o salário do pecado (1Sm 2.25,34; 3.11).

Deus é Santo, o tabernáculo era santo, o sacerdócio deveria ser praticado por homens santos – separados para este ofício. E nos dias de hoje nós, como povo de Deus, somos chamados de santos como vemos na maioria das cartas paulinas (Rm 1.6; 1Co 1.2; 2Co 1.1; Ef 1.1; Fl 1.1; Cl 1.2). E o apóstolo Paulo em sua primeira carta aos Coríntios nos diz: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado. Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (1Co 3.16,17; 6.19,20). Em outras palavras, a exigência de Deus hoje é a mesma que Ele fez em relação ao Seu povo, aos sacerdotes e em relação ao tabernáculo no passado. Nunca se esqueça disso. Deus não mudou.

Por não cumprirem as exigências do Senhor, Ofini e Finéias morreram, assim como Eli também morreu. Quem assumiu o ofício de sacerdote foi aquele que estava apto para exercê-lo, o jovem Samuel. Desde que a arca foi tomada pelos Filisteus, sua devolução, e o período que ela esteve na casa de Abinadabe passaram-se vinte anos (1Sm 7.2), mas o Senhor não esqueceu o Seu povo e lhes deu vitória contra os seus inimigos (1Sm 7.2-11). 

Assim como Samuel foi instrumento de Deus para o povo de Israel, o Senhor quer nos usar para sermos canal de bênçãos para as pessoas hoje também. Através da vida de Samuel podemos destacar as exigências que o Senhor nos faz hoje para sermos um instrumento de bênçãos para as pessoas. São elas: 

EM PRIMEIRO LUGAR DEVEMOS SER CONSAGRADOS A DEUS (1Sm 1.24-28; 2.11)

Ana, mãe de Samuel, o consagrou ao Senhor desde a infância. Samuel não foi separado para ser sacerdote, mas foi separado para servir ao Senhor. 

Meu irmão, minha irmã, eu não preciso exercer um “cargo” na igreja local para me consagrar a Deus, isso independe de termos um cargo ou não. Todos os crentes em Jesus têm por obrigação glorificar a Deus com o nome de cristão.

John Piper disse que “a vida é desperdiçada quando não vivemos para a glória de Deus. E eu quero dizer TODA A VIDA. É tudo para sua glória. É por isso que a Bíblia entra nos detalhes de comer e beber: ‘Quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus’ (1Co 10.31). Nós desperdiçamos a vida quando não entrosamos Deus em nosso comer e beber e todas as outras partes, apreciando-o e demonstrando-o”. 

O Senhor nos separou para Ele, por isso devemos viver de forma a glorificar o Seu Nome. Como já citamos acima: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” Isso quer dizer que somos santos do Senhor, separados para glorificar o Seu nome em pensamentos e atos. Como disse Paulo: “Não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20). 

1º - Quem é consagrado a Deus aparta-se do mal e pratica o bem (1Pe 3.10-12). Poderíamos citar vários textos que nos leva a ver isto, mas esse texto de Pedro é fundamental para o que temos falado aqui. Esse texto é um resumo de tudo que ele havia falado anteriormente, ou seja, Pedro está falando de relacionamento sadio. E é isso que o Senhor espera de nós, já que temos comunhão com Ele. É impossível alguém dizer que está em comunhão com o Senhor e viver em pé de guerra nos relacionamentos, principalmente dentro de casa, e também na comunhão dentro da igreja (Rm 14.15-19). 

2º - Quem é consagrado a Deus busca a santificação (1Jo 2.6). Preste atenção que o apóstolo João deixa claro que devemos andar como o Senhor Jesus andou. Não podemos andar segundo o que eu acho, segundo o que eu penso, segundo o que os outros acham e dizem. Devemos andar como Jesus andou, e Ele andou em total obediência ao Pai. Leia o que nos diz 1Jo 3.1-9. 

3º - Quem é consagrado a Deus ama a Deus e não o mundo (1Jo 2.15-17). João aqui não está falando do mundo físico, do universo, nem tampouco da humanidade, mas está falando do sistema que rege o mundo caído; este sim é inimigo de Deus e devemos tomar cuidado para não sermos engolidos por ele. Este é o mundo que jaz no maligno. Os filhos de Eli amaram o mundo e por isso profanaram o tabernáculo do Senhor. 

O tabernáculo de Deus hoje somos nós. O apóstolo Paulo deixa isso bem claro como vemos em 1Co 3.16,17; 6.19,20. Nunca se esqueça disso.

EM SEGUNDO LUGAR DEVEMOS SER SENSÍVEIS À VOZ DE DEUS (1Sm 3.10-14).

Apesar da pouca idade o Senhor falou com Samuel e lhe revelou o que estava para fazer com o sacerdote Eli e seus filhos. O Senhor não ocultou nada a Samuel. O Senhor deixou bem claro que o que estava por fazer era por culpa do próprio sacerdote Eli que foi conivente com os erros dos filhos. 

Hoje devemos ser sensíveis à voz de Deus através da Sua Palavra. Ela é quem nos direciona de como devemos andar. Observe o que o apóstolo Paulo disse a Timóteo seu filho na fé a respeito das Escrituras: 

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16,17). 

É a Palavra de Deus que dirige os nossos passos e não revelações paralelas a ela que, muitas vezes, até mesmo a contradiz. A falta de conhecimento bíblico tem levado muitas pessoas a buscarem outras fontes para ouvirem o que Deus tem para as suas vidas, e como nos diz Jeremias: “Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas que não retêm as águas” (Jr 2.13). A Bíblia já nos diz tudo, mas a questão é que tem muitas pessoas que preferem ouvir esse ou aquele “profeta”, ao invés de ler a Bíblia.

1º - Só é sensível à voz de Deus quem está disposto a obedecê-lo (Gn 22). Samuel foi acordado pela madrugada pelo Senhor e através da orientação do sacerdote Eli ele ouviu o que o Senhor queria lhe revelar. A experiência com Deus nos faz entender e ouvir a voz de Deus, mas a falta de experiência tem feito muitas pessoas confundirem a voz de Deus com outras vozes. Abraão por conhecer bem a voz de Deus não pensou duas vezes para obedecer ao que o Senhor lhe havia pedido. Três coisas que podemos observar nesse episódio com Abraão: 1 – Ele conhecia a voz de Deus, 2 – Ele era sensível a voz de Deus e por isso, 3 – ele obedeceu a voz de Deus.

2º - Só é sensível à voz de Deus quem tem compromisso com a verdade (2Tm 4.1-4). A falta de conhecimento à voz de Deus tem levado muitas pessoas a uma falsa interpretação da Palavra. Leem a Palavra e a interpretam segundo o seu coração. Fazem uma “Eisegese” e não uma “Exegese”. Enquanto a exegese consiste em extrair o significado do texto sagrado, mediante legítimos métodos de interpretação; a eisegese consiste em injetar ao texto sagrado alguma coisa que o intérprete quer que esteja ali, mas que na verdade não faz parte do mesmo. Em última instância, quem usa a eisegese força o texto mediante várias manipulações, fazendo com que uma passagem diga o que na verdade não se acha lá.

3º - Só é sensível à voz de Deus quem medita na Palavra (Js 1.7-9). Josué tinha em suas mãos uma tarefa, humanamente falando, gigantesca e impossível. Primeiro ele iria substituir Moisés o grande legislador de Israel e em segundo lugar levar o povo a tomar posse da nova terra. Mas estava em suas mãos como ele seria vitorioso, meditar na Palavra e cumpri-la cabalmente. O Senhor falaria como Josué deveria agir através da Sua Palavra e hoje não é diferente, através da leitura bíblica e do estudo dela nós recebemos do Senhor orientação para as nossas vidas. 

EM TERCEIRO LUGAR NÃO PODEMOS OCULTAR A PALAVRA DA VERDADE AINDA QUE ESTA SEJA DURA AOS OUVIDOS (1Sm 3.15-18).

Pela manhã o sacerdote Eli estava aguardando Samuel para ouvir dele o que o Senhor lhe havia dito, pois ele bem sabia que era sobre seu sacerdócio que o Senhor havia falado com Samuel. Mas Samuel ficou temeroso de ofender o velho sacerdote. Esse tem sido o erro de muitos líderes hoje em dia. Eles por medo de ofender alguém negligenciam a verdade bíblica das pessoas. Veja o que nos fala o Senhor em Oséias 4.6:

“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos”

E o Senhor Jesus também disse Mateus 22.29: 

“Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus”.

1º - A verdade liberta (Jo 8.32). A verdade de Deus é libertadora, ela solta as amarras que prende as pessoas a uma falsa realidade. No filme Matrix, Orfeu oferece a Neo a oportunidade de ver a realidade que ele vivia, mas para isso ele deveria tomar a pílula vermelha; a pílula azul o manteria na ilusão da Matrix. 

Há muitos crentes hoje que vivem em sua “Matrix” espiritual, não querem ver a realidade em que vivem, por isso são facilmente esganados por líderes corruptos que fraudam a Palavra da verdade, palavra essa que liberta o homem. A Bíblia é essa “pílula vermelha”, nela nós encontramos a verdade que liberta através de Jesus. 

2º - A verdade revela a vontade de Deus (Hb 4.12). O autor de Hebreus nos diz:

“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração”.

Foi exatamente o que Samuel fez, ele revelou a Palavra de Deus a Eli e ela foi como uma espada de dois em seu coração, mas infelizmente não houve mudança.

3º - A verdade trás esperança para as pessoas (Mc 5.25-34). Samuel trouxe uma palavra dura da parte de Deus para o sacerdote Eli, mas não era para que o mal lhe ocorresse, mas para que ele tivesse consciência das consequências dos seus atos caso não mudasse. Entenda uma coisa, Deus sempre está disposto a nos abençoar e mudar a história de nossa vida. Foi isso que ocorreu com a mulher do fluxo de sangue. Alguém ousou entrar na casa dela e lhe contar o que Jesus podia fazer por ela. A fé desta mulher a moveu a sair do seu lugar e ir ao encontro de Jesus. O seu coração foi renovado e ela creu que o Senhor era poderoso para mudar a história de sua vida. Eli, infelizmente não teve esta mesma fé. 

EM QUARTO LUGAR DEVEMOS TER BOM TESTEMUNHO DOS DE FORA (1Sm 3.20).

As pessoas reconheciam em Samuel o quanto Deus o estava abençoando e o quanto Deus o estava usando para abençoar as vidas das outras pessoas. Todo o Israel reconhecia o quanto o Senhor o estava usando como profeta, sacerdote e juiz. O seu testemunho falava alto a respeito da graça e do poder de Deus, algo completamente diferente de Eli e seus dois filhos. 

Spurgeon contava que havia um pregador que quando estava no púlpito pregando todos diziam que ele nunca deveria descer dali, mas quando estava fora dele, as pessoas diziam que ele nunca deveria subir nele. Hoje não é diferente, quantas pessoas que pregam o evangelho, mas estão longe de serem o que pregam. A vida cristã não pode estar divorciada da vida secular.

O apóstolo Paulo evidencia este grande perigo em Romanos 2.21-24. E isso independe de ser pastor, diácono ou exercer qualquer cargo na igreja. O testemunho cristão é um dever de todos que confessam o Seu Nome.

1º - Através do nosso testemunho as pessoas glorificam o Senhor (Mt 5.16). A glória e a honra sempre serão para o nosso Deus e não para nós. As pessoas procuravam Samuel, mas a glória pertencia ao Senhor. Samuel era somente um instrumento, mas o Senhor quem o usava. É aquela velha história do jumentinho que carregou Jesus na entrada triunfal em Jerusalém. Conta a história que a mãe do jumentinho ficou muito feliz em ver as pessoas aplaudindo e glorificando o seu filho. Tem gente que é igual a mãe do jumentinho.

2º - Através do nosso testemunho nós refletimos a glória de Deus a um mundo em trevas (Mt 5.16). Refletimos a luz de Cristo em um mundo em densas trevas. Através de nós o Senhor tem abençoado as pessoas iluminando as suas mentes para entenderem a verdade do Evangelho. Samuel refletia a verdade do Senhor ao povo de Israel.

3º - Através do nosso testemunho o mundo se torna um lugar melhor e cheio de esperança (Mt 5.13). Precisamos saber qual é a função do cristão como sal da terra. Para isso é importante atentarmos para o valor e a função do sal. O sal é um elemento que tem grande utilidade. Ele serve para preservar da corrupção alguns alimentos (carne e peixe) e especialmente para dar sabor aos alimentos em que é colocado. Preservar da deterioração, esta é a principal característica que Jesus tinha em mente. Naqueles dias o sal era o único meio de preservar a comida. Se o mundo está apodrecendo a responsabilidade em grande parte é da Igreja que não está salgando. Não podemos culpar a carne por apodrecer. Os discípulos são chamados por Cristo de sal da terra porque temos a responsabilidade de transmitir sabor ao mundo. 

Assim como o sal tem a função de dar sabor aos alimentos em que é colocado, o crente tem a responsabilidade cristã de salgar (dá sabor) ao mundo com a sua conduta. Como podemos transmitir sabor ao mundo com a nossa conduta? Evidenciando em nossa vida prática o caráter de Cristo. Damos sabor ao mundo e impedimos a sua deterioração quando amamos o que Senhor ama e odiamos o que o Senhor odeia, ou seja, o pecado. E pregando a Palavra que liberta o pecador da podridão do pecado.

CONCLUSÃO

A história de Samuel é um grande exemplo para todos nós. Quantas pessoas hoje vivem longe de Deus por causa de uma liderança corrompida e que está à frente de muitas igrejas. Mas não só a liderança, mas também seus liderados são verdadeiras pedras de tropeço para o mundo. 

Assim como Samuel foi consagrado e procurou durante toda a sua vida testemunhar do Senhor, nós como povo de Deus devemos fazer o mesmo. Como já falamos, há muitas pessoas que não dão testemunho digno do nome que carregam, mas isso não nos impede de sermos um referencial da glória de Deus onde o Senhor nos colocar e levar. Para isso o Senhor nos chamou, para isso o Senhor nos separou, para isso o Senhor colocou em nossa boca a Sua Palavra. 

Seja um instrumento de Deus glorificando o Seu Nome em todo o tempo.

Pense nisso!

domingo, 13 de março de 2016

JESUS ACALMA UMA TEMPESTADE


Por Pr. Silas Figueira

Texto Base: Macos 4.35-41

INTRODUÇÃO

Ora, esse incidente notável realça a importância vital de distinguir entre o dom da fé original – fé para a salvação –, e o andar pela fé, ou vida de fé que vem subsequentemente. A fé que recebemos tem que ser desenvolvida, pois andar por fé não é andar pelo que vemos, mas pelo que não vemos. Como nos fala Paulo em Romanos 8.24: “Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera?”

Algumas considerações:

A narrativa de Marcos é mais vívida, contendo detalhes que os outros omitem. Somente Marcos fala da travessia de vários barcos, bem como da despedida das multidões que foram instruídas por Ele. Certamente esses outros barcos eram de outros discípulos que o acompanhavam e, provavelmente, dos setenta discípulos que foram enviados por Ele posteriormente em certa ocasião.

O texto nos informa que Jesus estava no barco com os apóstolos e estava dormindo sobre um travesseiro. Jesus estava fadigado. Tão cansado que adormeceu. Vemos aqui que não há nenhuma dúvida de Sua humanidade. Mas no momento em que Ele se levanta e acalma a tempestade os discípulos questionam quem é Ele. JESUS ERA HOMEM E NO ENTANTO GLORIOSAMENTE DEUS. Jesus foi 100% homem e 100% Deus. Deus e homem, duas naturezas, sem se misturar, e, no entanto, residentes na mesma pessoa.

Esse episódio ocorreu no Mar da Galiléia, um lago de águas doces, de 21 quilômetros de comprimento por quatorze de largura, a 220 metros abaixo do nível do Mar Mediterrâneo e é cercado por três montanhas, que têm até trezentos metros de altura. Os ventos gelados do Monte Hermom (2.790m), coberto de neve durante todo o ano, algumas vezes, descem ventos fortes com fúria que batem nas outras montanhas e assim caindo sobre o lago provocam ondas e terríveis tempestades.

Analisemos o texto e algumas lições que podemos tirar dele:

A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE MESMO COM JESUS EM NOSSO BARCO AS TEMPESTADES VEEM (Mc 4.37,38).

Enquanto Jesus dormia se levantou grande tempestade de vento. O termo que Mateus trás é como se fosse um maremoto. “E eis que sobreveio no mar uma grande tempestade, de sorte que o barco era varrido pelas ondas” (Mt 8.24). Não um vento forte simplesmente, mas um vendo que os discípulos pensaram que fossem morrer no mar. Isso nos mostra que uma pequena brisa pode transformar-se em um tufão (At 27.13-15). Não é por Jesus estar em nosso barco que não seremos atingidos pelas tempestades da vida, mas com Ele no barco temos esperança que chegaremos do outro lado do mar. O problema não são as tempestades da vida, mas como reagimos diante delas.

1º - Existem quatro tipos de tempestades:

1 – As naturais – a tempestade que Paulo enfrentou é uma delas (At 27), e os discípulos também algumas durante o ministério de Jesus.

2 – As que nós provocamos – Jonas é um bom exemplo disso. Quando somos causadores de males para nós mesmos e para outras pessoas. Quando deixamos de obedecer a voz de Deus e passamos a seguir a nossa próprias vontade, as consequências são calamitosas.

3 – As que procedem do diabo – São as tentações da vida. Aquelas tempestades que vemos que não são naturais, que também sentimos que há algo errado, que não procede de Deus, mas tem a mão do diabo nisso. Jó passou por esse temporal.

4 – As que procedem de Deus – Um bom exemplo é o de Abraão quando vai oferecer Isaque em sacrifício; diz-nos o texto em Gênesis 22.1 que o Senhor pôs Abraão à prova. A provação procede de Deus, a tentação procede do diabo. A provação é para o nosso crescimento espiritual a tentação é para nossa queda. São as provas da vida que Deus permite que passemos para o nosso crescimento espiritual. 

Mas as quatro tem algo em comum: todas elas são inesperadas. Elas não avisam quando virão. Elas chegam como um ladrão de forma inesperada. Elas não mandam recado. As tempestades da vida são: um acidente, uma enfermidade, uma crise financeira, um casamento abalado, uma crise familiar, um desemprego e porque não dizer uma crise espiritual.

Com isso aprendemos que quando a tempestade chegar ela não deveria nos surpreender, pois afinal de contas ela sempre vem. Na tempestade não devemos perguntar: “Porque eu”, como muitos fazem pensando ser melhores que os outros, mas dizer: “Socorre-me Senhor!”, reconhecendo a nossa dependência de Deus. Essa é a diferença.

2º - Elas sempre são perigosas. Os três evangelistas mostram isso de forma muito clara. Veja: Mateus diz que o barco era varrido pelas ondas (Mt 8.24). Marcos diz que se levantou grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam contra o barco, de modo que já o mesmo estava a encher-se de água (Mc 4.37). Lucas diz que sobreveio uma tempestade de vento no lago, correndo eles o risco de soçobrar (Lc 8.23).

Por mais brandas que elas possam parecer elas sempre são perigosas, pois afinal de contas a situação pode se agravar. É o caso de uma pessoa que conheço que foi no dermatologista levar o filho que estava com uma pequena verruga no pé, chegando lá a dermatologista lhes disse que aquela verruga na verdade era um câncer. Foi algo pequeno que se agigantou.

3º - Elas sempre revelam quatro tipos de pessoas. Se há algo revelador na vida são as tempestades. Elas revelam como verdadeiramente somos, pois na bonança não temos que revelar a nossa fé, mas na tempestade ela é fundamental.

Vejamos as quatro tipos de pessoas que podemos encontrar na hora da tempestade:

1º - Os que começam a agir para resolver a situação, mas não oram. Já tentam resolver logo o problema de forma impensada, ou melhor, sem a direção do Espírito Santo. Logo pegam na lata para tirar a água do barco.

2º - Os que oram, mas não agem. São pessoas muito espirituais, mas que não saem disso. Não tomam a iniciativa de agir. Muitas pessoas estão como Moisés diante do Mar Vermelho, estão clamando a Deus, mas não entendem que o período de clamar já havia passado e agora é hora de agir (Êx 14.15,16). Os que não pegam na lata para tirar a água, pois estão ocupados orando.

3º - Os que duvidam. Por isso nem oram e nem agem, pois são incrédulos. Os que não fazem nada, só murmuram e por isso criticam os que agem e os que oram. É aquele tipo de pessoa que só sabe dizer que havia avisado; que o barco vai afundar mesmo, que não tem jeito mesmo. São como a Hiena Hardy o tempo todo dizendo: “Oh, céus! Oh, vida! Oh, azar! Isso não vai dar certo!”

4º - Os que oram e agem e não vivem se lamentando. São pessoas que veem na tempestade a possibilidade de crescerem na fé. São pessoas que fazem da tempestade uma oportunidade para ajudar outros a vencerem-na. É o caso de Paulo (Fl 4.10-13).

A SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE NÃO IMPORTAM QUAIS SEJAM AS CIRCUNSTÊNCIAS, JESUS ESTÁ EM NOSSO BARCO (Mc 4.38,40).

Os discípulos estavam desesperados com a tempestade, tão desesperados que a impressão que temos é que por um momento eles haviam se esquecido de Jesus. É quando eles observam que Jesus estava dormindo em meio aos fortes ventos e no chacoalhar do barco em pleno mar; é quando eles resolvem chamá-lo, não para acalmar o mar e o vento, mas para ajudá-los na navegação, a tirar água do barco. Tanto que eles ficaram surpresos quando Jesus acalma a tempestade e perguntam: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mc 4.41).

1º - A grande questão não é saber que Jesus está no barco, mas é saber que Ele tem todo poder para acalmar a tempestade e força do vento. Há pessoas que veem os seus problemas maiores que Deus. Acham que o Senhor não pode intervir na situação que estão enfrentando. Algumas pessoas pensam que seus problemas são tão grandes que até para Deus é difícil resolver, isso quando não pensam que é impossível.

Aqui que está a grande questão. Muitos servem ou veem o Senhor limitado, enclausurado dentro dos guetos teológicos. Tem gente que fala da soberania de Deus, mas não o veem como soberano em seus problemas. Limitam o seu poder e o seu agir ao tempo dos apóstolos, dos profetas, ou mais longe ainda, no período do deserto com Moisés. Eu sei que o Senhor age quando quer e sempre com um propósito definido no Seu agir. Por isso meu irmão não o limite, deixe Deus ser Deus em sua vida.

2º - É entender que Seu aparente sono não é descaso à nossa crise. O texto nos diz que Jesus estava dormindo, mas não era o sono do descaso, mas era um sono de um “homem” cansado. No entanto, não quer dizer que Ele não estava a par do que iria acontecer e do que estava acontecendo.

Hernandes Dias Lopes diz que “talvez o maior drama dos discípulos não tenha sido a tempestade, mas o fato de Jesus estar dormindo durante a tempestade”. Essa é, muitas vezes, a nossa crise também. Onde Ele está que não percebe a crise que estamos enfrentando? Onde Ele está que não intervém quando mais precisamos? Onde Ele está quando as tempestades veem? Tanto que a pergunta dos discípulos foi: “Mestre, não te importa que pereçamos?”

Eu quero lhe dizer que Ele está em seu barco, em meu barco, em nosso barco e Ele se importa com você e comigo sim. Ele não está dormindo o sono do descaso, mas permitindo a tempestade para olharmos para Ele. Se não houvesse a tempestade, provavelmente os discípulos se quer se lembrariam que Jesus estava ali. Por isso que o autor de Eclesiastes nos diz: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração” (Ec 7.2).

3º - Quando clamamos Ele vem e acalma a tempestade. Entenda que há duas tempestades: Uma interna e outra externa. A principal é a interna. É acalmar o nosso coração; tanto que o Senhor disse para os seus discípulos: “Não se turbe o vosso coração...” (Jo 14.1). Há duas maneiras de o Senhor tratar as nossas tempestades: uma é terminando com elas, a outra é nos preparando para enfrentá-la até o fim. Uma se chama substituição, a outra se chama transformação. De uma forma ou de outra há o agir de Deus em nosso problema.

A TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O SENHOR SEMPRE NOS SURPREENDE (Mc 4.39-41).

Independentemente da fé dos discípulos o Senhor agiu socorrendo-os. Eles o chamam não para acalmar a tempestade como já falamos, mas o Senhor criador dos céus e da terra sempre faz muito mais que do esperamos. Como nos diz Paulo em Efésios 3.20,21:

“Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” 

Através desse ocorrido o Senhor aproveitou para mostrar para os seus discípulos que Ele era mais que um profeta, um operador de milagres na vida das pessoas ou um mestre por natureza; mas o Deus encarnado que veio para lhes trazer vida e paz em meio às tempestades da vida.

Nesse episódio podemos tirar algumas lições que o Senhor deixou para os seus discípulos:

1º - Os maiores problemas humanos encontram-se dentro de cada um, não nas circunstâncias ao nosso redor. Por isso que o Senhor os repreendeu por sua falta de fé. O Senhor os chamou de “Homens de pequena fé”, “Tímidos” – literalmente “covardes”. Já haviam visto tantas coisas que o Senhor havia operado, mas mesmo assim continuavam incrédulos. Continuavam com uma fé deficiente.

O tempo parece que não ajuda no amadurecimento de algumas pessoas. Parece que o tempo passa e a pessoa não cresce na fé, pelo contrário continuam pigmeus na fé. Davi quando enfrentou o gigante Golias não o temeu porque havia enfrentado gigantes tão perigosos quanto aquele gigante incircunciso. A experiência de Davi o ajudou a ver o quanto Deus o ajudaria mais uma vez, por isso não se acovardou (1Sm 17.31-36).

Meu irmão nossas experiências passadas com o Senhor é para o nosso crescimento e não para o nosso encolhimento. O Deus que agiu ontem irá agir hoje e irá agir amanhã.

2º - Quando clamamos por Jesus ele nos atende ainda que sejamos tímidos na fé (Mc 4.39,40). O Senhor nos socorre por sua misericórdia e não pela nossa muita fé. Se dependesse dela, confesso que há muito já teríamos perecido.

Alguns anos atrás eu tive uma experiência que me marcou profundamente. Eu tenho um casal de filhos e quando eles eram pequenos eles estavam brincando dentro de casa. Um correndo atrás do outro, quando de repente minha filha mais velha se esconde no banheiro e fecha a porta. Nisso o meu filho leva a mão para impedi-la de fechá-la. Não deu outra, ele prendeu o dedo na porta e arrancou a unha. Imagine um menino de três anos com o dedo esmagado e com a unha pendurada. No meu impulso de pai eu impus as minhas mãos sobre a sua cabeça e gritei: “Em nome de Jesus dor deixa ele!”. Meu filho olha para mim em seguida e diz: “Pai, passou!” Passou? Perguntei espantado. Passou disse ele. Levei-o ao hospital e enquanto aguardava atendimento ele dormiu tranquilamente em meu colo. Quando a médica o atendeu viu que não havia quebrado o seu dedinho, mas que a unha iria cair, mas que eu ficasse tranquilo que nasceria outra em breve. Assim aconteceu.

Isso é só uma amostra do que eu tenho visto nesses anos que tenho de crente em Jesus e fora o que já vi em meu ministério. E olha que eu sou Batista Reformado, eu não sou pentecostal e nem neopentecostal, pois são esses que atestam tantos milagres.

3º - As experiência nos fazem crescer na fé (Mc 4.41). “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” As tempestades são pedagógicas, elas sempre têm algo a nos ensinar a respeito do nosso Deus. Aprendemos mais nelas do que quando não estamos passando por elas. Foi através desse episódio tremendo que os discípulos descobriram o quanto o Senhor Jesus era muito mais do que eles imaginavam. O Senhor se revelou na tempestade não na bonança.

A falta de fé vem por não conhecermos o nosso Deus como Ele realmente é. Foi isso que aconteceu com os discípulos naquela noite. Tanto que quando passa o medo da morte eles são acometidos por outro temor; o temor diante da deidade de Jesus.

Entenda uma coisa, não há como crescermos na fé sem passarmos pelas tempestades da vida. Nossa fé não irá desenvolver dentro do marasmo existencial, mas nas tormentas que a vida oferece.

4º - Nas bênçãos que o Senhor nos proporciona outros são abençoados também. Quando o mar se acalma os outros barcos também desfrutaram da bonança. A bênção do Senhor vem com tanta abundância que outros são abençoados também. Veja o que Paulo nos fala a respeito de um crente dentro de casa e o que acontece com os outros membros da família que não são crentes (1Co 7.14); estamos falando aqui de “santificação conjugal”, santificação familiar e não de santificação espiritual produzida pela salvação de um homem. O ponto aqui é que você, que foi regenerado, vai exercer um efeito positivo na medida em que sua presença naquele ambiente íntimo, na casa, no casamento... é sustentado pela graça e o poder de Deus para uma nova vida, e a benção de Deus que flui através dessa nova vida, irá atenuar o mal, que num casamento entre incrédulos seria pleno. Ou seja, haverá um efeito santificante num sentido temporal, num sentido terreno sobre o seu cônjuge descrente.

Quantas pessoas estão sendo abençoadas através de nós crentes em Jesus e nem se quer sabem que essas bênçãos procedem de Deus para eles através de cada um de nós.

CONCLUSÃO

Há uma frase muito comum em nosso meio que diz: “Com Jesus no barco tudo vai bem”. Isso é uma grande realidade, mas se nós o chamarmos para nos socorrer e não deixá-lo de lado achando que podemos resolver o nossos problemas sozinhos, ou, na pior das hipóteses, achar que Ele não tem poder para resolvê-lo. Isso é falta de fé. Isso é ser tímido e duvidar. Meu irmão se você está passando pela tempestade clame por Jesus e Ele, com certeza, lhe socorrerá.

Pense nisso!

quinta-feira, 10 de março de 2016

Ig. Batista Pinheiro, Maceió/Al, Oficializa a Admissão de Pessoas Homoafetivas‏



Após 10 anos de discussão, a Igreja Batista do Pinheiro, Maceió/Al, em decisão histórica para uma comunidade batista, aprova a aceitação de pessoas homoafetivas como membros da igreja por batismo, carta de transferência e aclamação:

“Um Caminho ainda mais excelente. ” - I Coríntios 12:28. No último dia 28 de fevereiro do ano em curso, a Igreja Batista do Pinheiro reunida em assembleia extraordinária, aprovou por maioria absoluta de votos (129 favoráveis, 3 contrários e 15 abstenções) o parecer da diretoria executiva 2015 e 2016, que sugeria a aceitação de pessoas homoafetivas como membros da igreja por batismo, carta de transferência e aclamação. Desta forma, corajosamente os membros presentes na assembleia decidiram de forma histórica que qualquer pessoa que confesse Jesus de Nazaré como Senhor e Salvador da sua vida, independente da sua condição social, econômica e sexual será recebida formalmente no rol de membros da igreja.

Celebro esta decisão histórica com muito temor no coração, uma vez que a mesma encerra um debate de 10 anos, onde estudos bíblicos, encontros, mesas redondas, embates, debates e é obvio alguns arranhões (não teria como ser diferente) aconteceram no desenrolar deste período. Durante estes 10 anos fizemos questão de não abrir mão da Bíblia, pois, a mesma continua sendo nossa regra de fé e prática; mergulhamos o mais profundo que pudemos nos estudos exegéticos e hermenêuticos em busca de um consenso que trouxesse paz ao coração na hora de decidir. Também, não abrimos mão do respeito às opiniões divergentes, exercitando a paciência e crendo que no tempo determinado pelo Espírito Santo de Deus (Eclesiastes 3:1) as ideias, os olhos e os corações seriam abertos para enxergar o real sentido do debate, que constituía em aceitar e amar as pessoas nas suas particularidades, como o próprio Deus nos amou (Efésios 1:18 e 2:4,5).

 Nestes quase 46 anos de organização como igreja, nossa comunidade de fé sempre procurou estar atenta e sensível às vozes daqueles que não conseguem ter voz, nem ser ouvidos pela maioria, principalmente do mundo religioso formal. Lamentavelmente, constato numa rápida análise que com o passar dos tempos, o cristianismo e na maioria das suas igrejas se apegaram apaixonadamente muito mais por suas doutrinas, estruturas e estatutos do que pelas vidas/pessoas pelas quais Jesus de Nazaré derramou seu sangue. Tijolos, estatutos, estruturas e tantas outras coisas que geram disputas infindáveis em nosso meio, precisam dar espaço urgente ao grito silencioso do Espírito de Deus que tenta nos lembrar que não fomos chamados para ser régua do mundo, e sim, braços aconchegantes para todos e todas que estão cansados à beira do caminho (Mateus 11:28-30).

Depois de 10 anos discutindo, conversando, orando, chorando e não se deixando vencer pela força coercitiva do fundamentalismo machista e excludente que sempre predominou em nossas leituras e interpretações da Bíblia... 10 anos não são 10 dias ou meses, durante este longo tempo muita gente deu sua preciosa contribuição, costurando com oração, amor e lágrimas a decisão do último domingo.

Louvo a Deus pela vida do irmão Júlio Daniel que corajosamente há 10 anos, de forma pura e até inocente declarou sua condição sexual publicamente na igreja, gerando na ocasião, desconforto para alguns e desafio para outros que a partir daquele momento começaram a considerar o tema de forma mais didática e pedagógica em oração.

Louvo a Deus por aqueles que não concordando com os debates e os encaminhamentos sobre a temática deixaram a igreja de forma respeitosa e pacífica sem provocar dissenções e dificuldades para comunidade de fé. Louvo a Deus pela vida dos nossos líderes eleitos da gestão 2015 e 2016 que de forma discreta, corajosa e temente ao Senhor Deus produziram um parecer equilibrado e robusto que levou a comunidade a aprová-lo com paz no coração.

Louvo a Deus pela nossa pastora e teóloga Odja Barros, que sempre esteve disposta a escrever, pregar e apresentar seminários sobre a temática, sempre a convite da diretoria da igreja, demonstrando equilíbrio, respeito, imparcialidade e um temor ao Senhor Deus que arrebatou nosso povo em vários momentos com a Bíblia aberta e regada de lágrimas.

Louvo a Deus por aqueles e aquelas que nestes 10 anos não arredaram o pé da igreja, em detrimento dos debates sobre a temática, sustentando a igreja em oração, recursos e acima de tudo protegendo a comunidade dos ataques e acusações covardes que muitos tentaram colar em nossa história. Parabéns para todos e todas que que fizeram e fazem a história recente da Igreja Batista do Pinheiro por mais esta decisão corajosa, que se soma à prateleira de decisões históricas importantes para a Igreja Evangélica Nordestina e Brasileira.

Mais que uma decisão histórica, nos alegramos como comunidade de fé em darmos mais um passo rumo ao exercício do que acreditamos ser a proposta de Reino de Deus apresentada por Jesus de Nazaré como sendo um espaço de amor, respeito e acolhimento a todos e todas que desejem fazer parte e vivenciar o evangelho. Nas palavras do pastor e teólogo Marcos Monteiro, todo tipo de preconceito, exclusão, racismo, sexismo, machismo, desrespeito ao diferente e ganância precisam ser denunciados como um “desangelho” (não evangelho).

...I Co 12.13: “Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente ” (verso 31b). Creio que a decisão do último domingo aponta a direção que a comunidade de fé chamada Igreja Batista do Pinheiro, pretende continuar seguindo que é tentar se manter de forma radical no caminho ainda mais excelente, que é o caminho do amor. Podemos errar, e vamos errar, somos humanos e imperfeitos. Entretanto, minha oração é que nossos erros sejam sempre numa tentativa insistente de se parecer cada vez mais com a proposta de graça e vida inaugurada e vivenciada em todo ministério do Senhor Jesus de Nazaré. Que possamos vir a errar, mais que nossos erros sejam por defender a vida acima de toda e qualquer injustiça, que nossa obsessão seja a mesma de Jesus de Nazaré que em vários momentos da sua breve vida, colocando-se ao lado dos excluídos do seu tempo trocou de lugar com os mesmos, sendo expulso do convívio social (Marcos 5: 14-17). O caminho do amor não é romântico, é duro muitas vezes, mas para quem crer e não abre mão de amar, qualquer preço a pagar é pequeno diante do que o poder do mesmo pode produzir na vida daqueles e daquelas que são alvo deste maravilhoso amor de Deus.

Maceió, 04 de março de 2016. Pr. Wellington Santos

Resposta do pastor Pr. André Nascimento a essa aberração:

Pessoal, a questão é séria e precisa ser analisada de forma séria.

Há tempos tenho me mantido em silêncio para não alimentar as fogueiras das discussões, porém, lá atrás, quando discutimos tanto sobre a questão do Ministério Pastoral Feminino, eu falei, com todas as letras, que o problema não estava no ministério, mas na teologia e na forma de fazer teologia que estava por trás. E disse, também na época, que aceitar a forma de fazer teologia que entendia que o Ministério Pastoral Feminino era aceitável era abrir as portas para que fosse usada pelos teólogos LGBT para defenderem que homossexuais não eram condenados pela Bíblia e, logo, deveriam ser aceitos pela igreja em seus rols de membros.

Pois eis que, no relato da referida igreja, vemos que a grande influência por trás desta decisão foi de... uma pastora! Não é difícil compreender que a mesma linha teológica usada por ela para defender seu ministério foi usada para defender a entrada de homossexuais no rol de membros. Logo, meus alertas se cumpriram.

Eu sempre disse e tenho repetido: Estou aberto ao Ministério Feminino, se alguém me provar, na Palavra de Deus, que ele é aceitável. Até agora, mesmo após ler diversos textos e estudos apresentados, ninguém me convenceu e rebati todos os pontos apresentados. De igual forma tenho tratado a temática LGBT, com humildade estudando os textos originais e compreendendo o que é apresentado pelos teólogos que a defendem, e igualmente discordo de todos os pontos apresentados.

Meu parâmetro é unicamente a Palavra de Deus, em toda a sua inteireza. Eu não posso aceitar uma proposta de mudança com base em uma teologia liberal, que desconsidera a inspiração da Bíblia por parte do Espírito Santo, pois a consequência é esta que se apresenta.

Oremos, meus irmãos, pois o caminho é que mais igrejas, seduzidas pela possibilidade de alargar seus arraiais, podem seguir por estas mesmas tortuosas veredas.

Abraços fraternos em Cristo,

Pr. André Nascimento

Pr. Auxiliar - PIB Araruama/RJ

sábado, 5 de março de 2016

DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS


Por Pr. Silas Figueira

Texto Base: At 10.1-35, 44-47

INTRODUÇÃO

O texto que lemos nos mostra algo tremendamente sublime: “O AMOR DE DEUS POR NÓS”, e mais, “DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS”. Deus quer salvar a todos, não importando se são pretos, brancos ou amarelos. Não importa a raça, sexo ou caráter do indivíduo; o Senhor ama o perdido e quer se revelar a ele. Observe que no capítulo nove o Senhor salva um homem que era um perseguidor implacável da igreja, Saulo de Tarso; e no capítulo dez o Senhor salva um homem extremamente piedoso. Ambos estavam perdidos, ambos foram salvos.

Warren Wiersbe diz que “o capítulo dez é crucial para o Livro de Atos, pois relata a salvação dos gentios. Vemos Pedro usando as ‘chaves do reino’ pela terceira e última vez. Ele havia aberto a porta para a fé dos judeus (At 2) e também dos samaritanos (At 8), e Deus o estava usando para conduzir os gentios à comunhão dos cristãos (Gl 3.27,28; Ef 2.11-22). Estava se cumprindo aqui At 1.8:

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.

Warren Wiersbe também comenta que esse acontecimento ocorreu cerca de dez anos depois de Pentecostes. E questiona por que os apóstolos esperaram tanto para levar o evangelho aos gentios? Afinal, em sua Grande Comissão (Mt 28.19,20), Jesus lhes disse para irem por todo o mundo, e o mais lógico seria procurarem seus vizinhos gentios o mais rápido possível, mas não foi isso que ocorreu.      

Mas Deus tinha seus planos e eles não caíram por terra, pois como disse Jó: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustado” (Jó 42.2), e Isaías 55.10,11: “Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei”.

E para que Seus planos se cumprissem o Senhor primeiro permite à morte de Estêvão e a perseguição à igreja em Jerusalém. Devido a isso o Evangelho chega aos samaritanos e também ao eunuco etíope (At 7 e 8), e, posteriormente, a todos os gentios (At 14.27), usando o ministério do apóstolo Paulo e Barnabé.

Analisando esse texto de Atos 10 quais as lições que podemos tirar dele?

EM PRIMEIRO LUGAR EU APRENDO QUE A RELIGIOSIDADE NÃO SALVA NINGUÉM (At 10.1-7; 11.13,14).

Antes de o Senhor manifestar a Pedro através da visão do lençol com os animais impuros, o Senhor falou com Cornélio através de um anjo. Embora este anjo não lhe tenha falado do Evangelho, mas o mandou procurar a Pedro em Jope, pois este sim tinha palavras de salvação (At 11.13,14).

1º - Quem era Cornélio – Cornélio era um centurião romano. O nome Cornélio, diz Justo Gonzáles, era um nome muito comum, pois, no ano 82 a. C., Sula, um general e estadista romano, libertou dez mil escravos que adotaram o nome de família de Sula, Cornélio. O fato de esse Cornélio ser um centurião quer dizer que ele era um cidadão romano, exigência para possuir esse posto. O centurião era o equivalente hoje a um sargento nas categorias militares e ele tinha cem soldados sob seu comando.      

Ele morava em Cesaréia, que fica a pouco mais de 100 quilômetros a noroeste de Jerusalém, 45 quilômetros ao norte de Jope. Cesaréia era uma grande cidade construída por Herdes, o Grande, em homenagem a César Augusto (daí o nome Cesaréia). Esta era a capital romana da Judéia, uma cidade conhecida pela beleza de suas obras arquitetônicas.   

2º - Ele era um homem piedoso e influente – Cornélio era piedoso, ou seja, temente a Deus, assim como toda a sua família (At 10.2,7,22), o que indica que ele guardava a Lei de Moisés, exceto a circuncisão. Como todos os centuriões mencionados no Novo Testamento, era um homem bom e, como aquele que Jesus elogiou em Mateus 8.10,11, era também homem de fé. Warren Wiersbe diz que “é importante observar como uma pessoa pode ser extremamente religiosa e, ainda assim, não ser salva”.

Cornélio fazia parte de uma minoria de gentios que estavam cansados naqueles dias das religiões de Roma e da Grécia, do politeísmo reinante, da idolatria e da imoralidade dessas religiões. Muitos, inclusive Cornélio, achavam algo melhor no ensino das sinagogas e aceitavam a verdade de um só Deus verdadeiro. Lucas diz que Cornélio era piedoso (devoto). Em outras palavras, ele era reto em suas atitudes para com Deus e para com os homens e, pela graça, levava uma vida piedosa.

Hernandes Dias Lopes diz que “Cornélio não era um líder eficaz apenas fora de sua casa, mas também e, sobretudo, dentro de casa [...]. Cornélio liderou espiritualmente sua família (At 10.2). também influenciou espiritualmente alguns dos seus soldados que estavam sob a sua autoridade (At 10.7). Tinha bom testemunho de toda a nação judaica (At 10.22). Exercia sua influência dentro de casa (At 10.2), no trabalho (At 10.7) e na sociedade (At 10.22). Cornélio deixava sua marca por onde passava”.

Mas toda a sua piedade e devoção ao Deus de Israel não lhe trouxeram a salvação. Isso nos mostra que ninguém é salvo porque é bom, pois como nos diz Efésios 2.8,9: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”.

Warren Wiersbe ilustra esse fato contando a história de John Wesley. Ele diz que em vários sentidos John Wesley era como Cornélio: um homem religioso, membro de uma igreja, pastor e filho de pastor. Pertencia a um “clube religioso” em Oxford, cujo propósito era aperfeiçoar a vida cristã. Wesley trabalhou em missões estrangeiras, mas mesmo enquanto pregava a outros, não tinha certeza da própria salvação.

No dia 24 de maio de 1738, Wesley compareceu com certa relutância a uma pequena reunião em Londres, onde alguém estava lendo em voz alta um comentário de Martinho Lutero sobre Romanos. “Por volta de quinze para as nove”, escreveu Wesley em seu diário, “enquanto ele descrevia a transformação que Deus opera no coração pela fé em Cristo, senti meu coração ser tocado de maneira estranha; senti que cria única e exclusivamente em Cristo para salvação e recebi a convicção de que havia removido meus pecados e de que salvara a minha vida da lei do pecado e da morte”. O resultado dessa experiência foi o grande reavivamento wesleyano, que não apenas conduziu muitos ao reino de Deus, mas também transformou a sociedade britânica mediante a ação social cristã.

3º - Cornélio era um homem que estava pronto a ouvir a Palavra de Deus (At 10.24,33). No dia seguinte quando chegaram a Cesaréia, encontraram Cornélio esperando por eles com sua casa cheia de gente. Ele acreditou na promessa do Senhor. Portanto, esperou que Pedro viesse de imediato, calculou a hora de sua chegada e chamou a si a tarefa de reunir todos os seus parentes e amigos íntimos. Nota-se com isso a importância que Cornélio deu a esse encontro.

O espírito de Cornélio fora exaltado pela visão, e estava cônscio, de alguma maneira toda especial, de que os presentes acontecimentos de sua vida não eram totalmente normais ou naturais, mas que Deus fizera uma intervenção e pusera sobre ele a Sua mão.

Warren Wiersbe diz que “a diferença entre Cornélio e muitas pessoas religiosas de sua época estava no fato de ele saber que sua devoção religiosa não era suficiente para salvá-lo. Hoje, grande número de indivíduos religiosos acha que seu caráter e suas boas obras são suficientes para garantir um lugar no céu e não têm consciência alguma do próprio pecado nem da graça de Deus”.

R. N. Champlin diz que “a mão de Deus repousando sobre Cornélio, representava a mão divina sobre todos os gentios”.

EM SEGUNDO LUGAR EU APRENDO QUE HOUVE UMA QUEBRA DE PARADÍGMAS (At 10.9-16).

Fica claro, desde o princípio da Igreja, que ser convertido a Cristo e ser cheio do Espírito Santo não remove automaticamente os preconceitos que crescem com as pessoas. Pedro havia feito algum progresso: ele aceita a obra do Senhor na salvação dos samaritanos. Mas, eles eram circuncidados e guardavam a Lei quase tão bem como os judeus. Ele também estava disposto a ficar na casa de um curtidor “imundo” que era crente (esse homem lidava com animais mortos, e, pela lei judaica, ele era um impuro). Entretanto, ele ainda não havia enfrentado as barreiras maiores. Muitas leis e costumes separavam os judeus dos gentios, especialmente as leis dietéticas. Judeu algum comeria alimento preparado por um gentio, porque acreditava que isso também o faria imundo.

1º - Deus quebra paradigmas do nosso orgulho e preconceito (At 10.9-15). Uma das coisas mais difíceis para qualquer pessoa é a quebra de paradigmas e preconceitos, e não foi diferente com Pedro. Enquanto orava lhe sobreveio uma visão que lhe deixou estarrecido: “enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase; então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come”.

O Senhor fez com que Pedro tivesse uma visão e recebesse uma ordem, aos olhos de Pedro absurda. Uma ordem que feria a Lei de Moisés, ou melhor, a própria Lei de Deus. Por isso a relutância de Pedro em obedecer. Seria algum teste para saber até que ponto Pedro estava disposto a obedecer ao Senhor? De uma coisa nós sabemos, Pedro disse não. Justo González diz que “Lucas parece até mesmo estabelecer uma relação entre a fome de Pedro no momento da visão e o momento de ele ver comida”.

Entenda o que aconteceu com Pedro para ele dizer não para uma ordem direta de Deus. Em Levítico 11.1-47 nos trás uma lista completa dos animais que Deus estabeleceu como impuros. Ali nós temos, por exemplo:

Porcos, camelos, coelhos, abutres, corvos, mochos (ave noturna menor que uma coruja), corujas, morcegos, formigas, besouros, ursos, lagartos, camaleões, doninhas, ratos, cobras. Mas gafanhoto podia comer.

A GASTRONOMIA NO MUNDO:

A gastronomia no mundo é muito variada. O que para nós é imundo em outros países é comum. Por exemplo:

Os franceses comem cavalos. Os chineses comem cachorro e macacos. Os italianos comem rouxinóis. Os neozelandeses comem cangurus. Os africanos comem insetos e até ratos. Os brasileiros comem pé de porco. Os canibais comem gente.

Imagine Simão Pedro se lembrando de sua mãe brigando com ele por ter posto a mão em algo impuro. “Simão isso é porcaria! Nem toque. Vá lavar a mão agora mesmo!”

Certamente Pedro teve ter sido repreendido por sua mãe algumas vezes. Tais alimentos para os judeus eram repugnantes. Por exemplo: se uma lagartixa ou aranha caísse do teto sobre uma panela de barro, teria que jogar fora o que houvesse na panela e a vasilha teria que ser quebrada (Lv 11.33).

Os cristãos de hoje comem carne de porco, mariscos, ostras, lagostas, nós não conseguimos captar o impacto que Pedro teve ao ver aquela cena e a ordem dada.

Mas porque a proibição? A resposta se encontra em Lv 11.44,45 que diz: “Eu sou o Senhor vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos; porque eu sou santo; e não vos contaminareis”. 

Philip Yancey em seu livro “Maravilhosa Graça” cita a antropóloga Mary Douglas que, segundo ela, em cada caso Deus proíbe animais que apresentam uma anomalia. Uma vez que peixes devem ter barbatanas e escamas, moluscos e enguias não se qualificam. As aves devem voar, assim as emas e avestruzes não se qualificam. Animais terrestres devem andar com quatro pernas, não rastejar como a cobra. Gado doméstico, ovelhas e cabras ruminam e têm cascos fendidos; portanto todos os mamíferos comestíveis deveriam ser assim.

Justo González diz que Pedro recusa-se a comer porque nunca comeu nada “profano” (koinos) ou “impuro” (akathartos). Tecnicamente, há uma diferença entre os dois. O profano é aquilo que não foi consagrado. O impuro é aquilo que pode contaminar o crente. Na época do Novo Testamento, a distinção tinha quase desaparecido.

Philip Yancey comenta que “alguns têm destacado os benefícios à saúde nas leis levíticas. A proibição de carne de porco afastou a ameaça da triquinose (A triquinose é uma infecção parasitária causada pela larva Trichinella spiralis, popularmente conhecida como lombriga, presente na carne de porco ou de animais selvagens crua ou mal cozida). E a proibição de mariscos protegia os israelitas dos vírus que, às vezes, se encontram em ostras e mexilhões. Outros observam que muitos dos animais são necrófagos, alimentam-se de carniça. Outros ainda, observam que as leis específicas parecem dirigidas contra os costumes dos vizinhos pagãos dos israelitas. Por exemplo, a proibição de cozinhar uma cabra no leite de sua mãe parecia ter sido feita para evitar que os israelitas imitassem um ritual de magia dos cananeus”. 

I. Howard Marshall diz que “a lição aqui inculcada é que o mandamento do Senhor liberta Pedro de quaisquer escrúpulos quanto a ir para o lar de um gentio e comer qualquer coisa que viesse a ser colocada diante dele. Seria um passo curto entre o reconhecimento que era pura a comida dos gentios e o reconhecimento que os próprios gentios eram puros também”. Por isso que o Senhor fala para Pedro: “Ao que Deus purificou não chames de comum” (At 10.15).

O próprio Senhor Jesus quebrou isso quando disse que era desnecessário lavar as mãos por razões rituais (diferente de razões de higiene), antes de uma refeição, e Marcos comentou: “E, assim, considerou ele puros todos os alimentos” (Mc 7.19). O Senhor aqui só está confirmando o que já havia ensinado, mas que havia caído no esquecimento dos discípulos.

2º - Deus quebra paradigmas aplicando a Sua Palavra através da oração (At 10.13-16). O texto nos fala que no dia seguinte, por volta do meio dia, enquanto lhe preparavam algo para comer, Pedro teve uma visão, um êxtase enquanto ele permanecia no terraço. A maioria dos judeus considerava o meio-dia uma hora de oração (Sl 55.17; Dn 6.10).

Foi através da oração que Pedro começou a entender o que o Senhor queria fazer através dele. Pedro estava relutante quanto à ordem dada pelo Senhor, tanto que disse: “Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum ou imunda. Ao que Deus purificou não chames de comum” (At 10.14,15).

A oração é uma guerra onde nossos preconceitos, nossos achismos e orgulho caem por terra. É quando permitimos que o Senhor aplique a Sua Palavra ao nosso coração. Não basta ler e estudar a Palavra de Deus é necessário a unção do Espírito Santo aplicando em nossos corações a Sua Palavra através de uma vida de oração. Só assim os nossos paradigmas serão quebrados e a Palavra de Deus será entendida de forma clara e transparente, só assim ela será aplicada em nossas vidas.  

Orar é entrar na Sala do Trono e se prostrar diante do Criador dos céus e da terra, do único Deus verdadeiro, falar com Ele e estar pronta a ouvir o que Ele tem a nos dizer.

3º - Quando Deus quebra os nossos paradigmas devemos lhe obedecer imediatamente (At 10.19-23). Observe que Pedro não entende a visão e ainda está simplesmente perplexo quando os mensageiros de Cornélio chegam à casa de Simão, e o Espírito diz para Pedro recebê-los e ir com eles. Essa foi uma ordem direta e dessa vez ele não questionou.

Warren Wiersbe citando Graham Scrogie diz que “é possível dizer ‘não’ e é possível dizer ‘Senhor’, mas, não é possível dizer ‘não Senhor’!” Se ele é verdadeiramente Senhor, só podemos dizer “Sim!” a ele e obedecer as suas ordens. 

Mas essa não foi a primeira vez que Pedro reage assim a uma ordem do Senhor, no dia da ceia ele não queria deixar o Senhor Jesus lavar-lhe os pés. “Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés” (Jo 13.8). Pedro era muito impulsivo e não pensava antes de falar e, pelo visto, o tempo não o ajudou muito a mudar.

Quando Pedro entra na casa de Cornélio ainda está meio receoso (At 10.28,29). Boa educação passou longe de Pedro naquela hora. Embora eu creia que ele disse isso para poder se justificar diante dos outros judeus que haviam ido com ele. Pedro parece estar preocupado demais com o que as pessoas pensavam dele (Gl 2.11,12 conf. At 11.12).

Justo González diz que “o fato de a visão acontecer em Jope é relevante. Foi em Jope que Jonas, quando Deus o chamou para ir a Nínive, tomou um navio para a direção oposta, para Társis (Jn 1.3). O verdadeiro nome de Pedro é Simão, filho de Jonas (Mt 16.17). Agora, esse Simão, filho de Jonas, como o Jonas anterior e na mesma cidade de Jope, ouve o chamado enviando-o além dos limites do povo de Israel”.

TERCEIRA LIÇÃO QUE EU APRENDO QUE A SALVAÇÃO ESTÁ CENTRADA SOMENTE EM CRISTO E ISSO É UMA QUEBRA DE PARADIGMAS (At 10.34-43).

O sermão de Pedro na casa de Cornélio constitui um marco divisório na história da Igreja Primitiva. Quando Pedro ouve o relato de Cornélio ele por fim entende o que o Senhor quis lhe falar com o êxtase que havia tido em Jope (At 10.34,35). Pedro verificou que Deus, verdadeiramente, não faz acepção de pessoas. Salvar os gentios não era uma ideia nova. Ela foi ensinada em passagens do Antigo Testamento e também do Novo Testamento, tais como Dt 10.17; Sl 96; At 10.34,35; Rm 2.11; 1Pe 1.17. Isso não significa que Deus não possa fazer as suas escolhas – ter os seus eleitos – mas Ele não baseia sua escolha, ou a limita, nas diferenças nacionais ou externas (Ap 5.8-10).

Warren Wiersbe destaca que “a ideia de que todas as religiões são boas é completamente falsa. Os que dizem que devemos adorar o ‘deus de muitos nomes’ e ‘não mudar a religião das outras pessoas’ estão em conflito com as Escrituras. A salvação vem dos judeus (Jo 4.22), e não pode haver salvação sem a fé em Jesus Cristo, que nasceu judeu. Cornélio tinha piedade e moralidade, mas não tinha salvação”.

Pedro já havia deixado isso bem claro anos antes: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12).

Os irmãos Caner em seu livro “O Islã sem véu”, diz que uma das maiores dificuldades para um mulçumano quando se converte é reconhecer que Jesus era um judeu. Anos a fio aprendendo a odiar os judeus e de repente descobrir que o salvador do mundo é um judeu e que a salvação vem dos judeus gera uma grande crise em muitos muçulmanos. Isso é uma quebra de paradigmas. Aliás, eu não consigo entender como uma pessoa recebe a Cristo como Senhor e Salvador e não entra em crise.

1º - O Evangelho está centrado na vida e obra que o Jesus realizou (At 10.38). Não há como pregar o Evangelho sem mostrar o que Jesus realizou em seu ministério. Aliás, uma das coisas que nos chamam a atenção é o quanto o Senhor esteve desfazendo as obras de Satanás na vida das pessoas. Ele demonstrou isso curando os enfermos, libertando os cativos das garras de Satanás e pregando o Evangelho que trazia o homem de volta à comunhão com o Pai.     

2º - O Evangelho está centrado na morte de Cristo e ressurreição de Cristo (At 10.39-41). Sem a morte e ressurreição de Cristo não há Evangelho. Uma coisa está atrelada a outra. Jesus rompeu os grilhões da morte e saiu vitorioso daquele túmulo. Essa doutrina é tão importante que o apóstolo Paulo dedicou um trecho enorme em sua primeira carta aos Coríntios capítulo 15.  

3º - O Evangelho está centrado no senhorio de Cristo (At 10.36,42). Jesus é Senhor! Os que não O recebem como Senhor são culpados de rejeitá-Lo! A “fé” que rejeita a sua autoridade soberana nada mais é do que incredulidade. Por outro lado, o reconhecimento da soberania de Cristo é não maior obra do que o próprio arrependimento (2Tm 2.25) ou fé (Ef 2.8,9). Na verdade, ele é um elemento importante na fé salvadora divinamente produzida em nós, e não um elemento adicional à fé.

4º - O Evangelho está centrado na remissão dos pecados (At 10.43). A remissão e o perdão dos pecados, a salvação e a vida eterna não são alcançados pelas obras nem pela religião, mas pela fé em Jesus. Sem arrependimento não pode haver salvação. Observe as duas Bem-Aventuranças do Sermão do Monte e veremos isso: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mt 5.3,4).

Os humildes ou pobres de espírito são os que reconhecem que sem Deus eles não têm nada e os que choram, são os que reconhecem a sua miséria espiritual e chora de arrependimento pela vida que tem.

QUARTA LIÇÃO QUE EU APRENDO QUE AQUELES QUE RECEBEM O EVANGELHO, ESSES RECEBEM O ESPÍRITO SANTO (At 10.44-48).

Enquanto Pedro ainda dizia essas coisas aconteceu uma súbita e inesperada interrupção do céu. O Espírito Santo desceu sobre os que ouviam a Palavra. Isso deixou inteiramente maravilhados os crentes judeus que tinham vindo com Pedro. De fato, quase os pôs fora de si ver o Espírito Santo derramado sobre eles. Devido a isso, Pedro não teve outra atitude se não de batizá-los também com água.

1º - Pedro reconheceu que esta era uma confirmação oportuna de que eles não somente foram aceitos por Deus, mas, também, passaram a fazer parte da igreja.

2º - Pedro entendeu que a graça do Senhor é derramada a todas as pessoas, e aquele que crê não se deve recusar o batismo nas águas.

3º - Pedro e os outros discípulos romperam a barreira do preconceito e ficaram com os gentios, pois tais eram seus irmãos em Cristo.

CONCLUSÃO

Warren Wiersbe diz que Pedro passou algum tempo em Cesaréia e ajudou a fundamentar esses recém-convertidos na verdade da Palavra. Talvez Filipe o tenha assistido. Essa experiência toda é uma ilustração da comissão de Mateus 28.19,20. Pedro foi aonde Deus o enviou e fez discípulos entre os gentios. Essa mesma comissão aplica-se à Igreja hoje.

Pense Nisso!