terça-feira, 30 de novembro de 2010

Objetivo Final



Por Jorge Fernandes Isah

Em recente conversa, foi-me perguntado qual o objetivo de Deus para o crente. E, concluiu: seria a salvação? Pensei alguns segundos, e respondi quase de estalo: Não!

Mas, então, qual o propósito de Deus para as nossas vidas?

Sei que o fim de tudo é a sua glória. Ele não quer nada menos que isso, que o seu nome seja louvado por toda a criação, e em especial, pelo seu povo. Esse é o objetivo final de Deus para a sua obra, que ela o exalte, revelando-o como Senhor e Criador bendito e glorioso. Acontece que essa é a resposta para outra pergunta, não aquela.

Na verdade, pode-se dar vários significados à pergunta, e abordá-la em múltiplas formas, e em diversos contextos. Desde a importância do cristão na igreja, como parte do corpo e sua contribuição para a obra dos santos, como a sua ação individual na família, no trabalho, na escola, na comunidade. Há aspectos e áreas em que o crente atuará: nas artes, na cultura, na política, filosofia e, sobretudo, na religião. Mas nada disso se configura o objetivo divino, antes são os meios pelos quais o Senhor nos usará para realizar a sua obra, e responder à pergunta não formulada e já respondida, sobre o fim de tudo.

Igualmente, a redenção, salvação,
santificação não são os objetivos finais para o crente. Repito: Deus usará toda a sua obra para que o fim seja alcançado: a sua glória. Da mesma forma serão usados meios para que sejamos, ao final, exatamente o que ele quer que nos tornemos. Por isso, farei um resumo da Criação e Redenção, em alguns pontos específicos apenas, sem pensar em ser exaustivo.

Deus criou o homem à sua imagem e semelhança
[Gn 1.26]. Adão era para ser o “top” da Criação, a criatura perfeita, aquela que revelaria o esplendor da glória divina. Contudo Adão foi incapaz de preservar-se a si mesmo, e caiu no Éden [Gn 3.2-8]; e com ele, toda a humanidade caiu; com ele, morremos espiritual e fisicamente, de tal forma que tivemos os olhos abertos para o pecado [v.7] e fechados para Deus. É interessante como a Bíblia revela que os olhos de Adão e Eva foram abertos, e a conseqüência foi reconhecerem-se nus, necessitando guardarem-na em vestes cozidas de folhas de figueira. Ao mesmo tempo em que seus olhos estavam fechados para a comunhão com o Senhor, o que os fez esconderem-se de diante da sua face, entre as árvores do jardim [v.8]. Dali em diante, a constatação é a de que o homem se degradou progressiva e rapidamente, ao ponto da sua maldade se multiplicar sobre a terra “e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” [Gn 6.5]. É o que Paulo diz, também: “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvanceram, e o seu coração insensato se obscureceu” [Rm 1.21]. O restante da história, não é preciso descrever.

Uma pausa.

Tudo no universo tem por objetivo revelar a Deus. O homem foi criado para isso. A Lei entregue a Moisés, também. Mas somente Cristo, o Filho Amado, foi quem o revelou [Jo 1.18]. Muito antes dos céus e terra surgirem, estava determinado que o Verbo encarnaria, far-se-ia homem como nós, para que Deus nos fosse revelado. Muito antes de Adão cair, estava certo que Cristo viria ao mundo. Pois, somente assim, seria possível conhecer o Pai na plenitude do Filho, “o qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa” [Hb 1.3] mostrou-nos a si mesmo, Deus.

Como homem perfeito, santo e imaculado, diferente do Adão terreno, Cristo, o Senhor, o Adão celestial [1Co 15.46], encarregou-se de resgatar e formar, pelo seu sacrifício, poder e vontade, filhos verdadeiros do Deus vivo, como está escrito: “mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.... E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” [Rm 8.15, 17].

Novo parênteses.

Quando Paulo diz que com Cristo padecemos para que sejamos glorificados, descreve-nos exatamente o que aconteceu ao Senhor. Era necessário que o seu sangue fosse derramado para que houvesse paz, e “por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus” [Cl 1.20]. Primeiro, humilhando-se e sujeitando-se à vontade do Pai, o santo fazendo-se pecador; aquele que não pecou levou sobre si os pecados de muitos, para congregar em si “todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” [Ef 1.10]. Com isso, Paulo não está a afirmar que todas as coisas serão reconciliadas com Cristo, nem todos os homens, nem todos os anjos. Não há perdão para satanás e seus demônios, nem para os ímpios, os quais não serão restaurados e nem participarão do reino celestial. Há, porém, a necessidade de uma redenção cósmica, onde todo o universo entrou em colapso e desordem por causa da desobediência no Éden, e será restaurado a seu tempo, visto a criação gemer com dores de parto, e estar sujeita à vaidade de quem a sujeitou, o homem; esperando a libertação da servidão da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus [Gn 3.17, Rm 8.19-22].

No grego, a palavra congregar é
anakephalaiomai que tem o significado de ajuntar tudo sobre um mesmo princípio unificador, ou seja, reunir os eleitos, homens e anjos, debaixo da mesma cabeça, Cristo. Ele é quem nos une, e nos manterá unidos sobre a sua graça eternamente. O apóstolo não está a falar de uma redenção universal, no sentido de que todos serão expiados e salvos, mas de uma redenção particular, somente para aqueles que o Pai entregou ao Filho para que por ele o seu nome fosse manifestado aos eleitos [Jo 17.6].

Segundo, humilhando-se a si mesmo até a morte, Deus o exaltou soberanamente, “para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra. E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” [Fp 2.10-11]. Todos, sem exceção, santos e ímpios, anjos e demônios, se prostarão diante dele, e proclamarão que reina sobre tudo e todos, eternamente. E assim como Cristo, devemos padecer até
a morte [no espírito carnal e físico], para sermos, com ele, glorificados na vida [temporal e eterna].

De volta à pergunta original.


Podemos afirmar que a
eleição, o chamado, a regeneração e salvação, e a santificação não são os objetivos finais de Deus, mas partes do processo que culminará no objetivo final: que todos os seus filhos se tornarão como Jesus Cristo; “porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” [Rm 8.29]. Essa foi a resposta que dei naquela ocasião; Deus nos quer e sempre nos quis como a seu Filho Amado, de forma que tudo, desde o seu início, muito antes de fazer os céus e terra, tinha por certo isso: fazer um povo que em tudo fosse semelhante a Cristo, e pudesse reconhecer-se nele, como imagem agora perfeita, santa e imaculada, assim como ele é; assim como desfruta do amor do Pai, também o desfrutamos. Somos participantes em tudo que o Senhor também participa, a fim de que ele seja tudo em todos. Nem menos, porque a perfeição e santidade somente podem ser na medida exata de Cristo; nem mais, porque é impossível qualquer variação naquele que é, e se faz conhecido como o "Eu sou".

E o que ele é, jamais pode não ser.

Fonte: KÁLAMOS

O Elefante na Sala


Por Vincent Cheung

“Vocês pensam que vim trazer paz à terra? Não, eu lhes digo. Ao contrário, vim trazer divisão! De agora em diante haverá cinco numa família divididos uns contra os outros: três contra dois e dois contra três. Estarão divididos pai contra filho e filho contra pai, mãe contra filha e filha contra mãe, sogra contra nora e nora contra sogra” (Lc 12.51-53)

Alguns anos atrás, tive uma altercação com uma parenta. Era uma seguidora devota de uma religião não cristã, e o conflito havia irrompido por causa disso. Ela era daquela opinião capenga que todas as religiões são essencialmente a mesma coisa e conduzem a humanidade para o bem, e devota que ela era, alegara que considerava a família como a coisa mais importante. Algumas pessoas assumem que se uma religião divide uma família, deve ser uma seita perigosa.

Ela disse: “religião não é sobre unidade? E família não é a coisa mais importante?”. Respondi: “Claro que não. Religião é sobre a verdade, especialmente a verdade sobre Deus e a verdade de Deus. Essa verdade leva à salvação e adoração correta. Defendo que a verdade está em Jesus Cristo e somente nele. E como você não pensa assim, eu condeno a sua religião como falsa. Como religião é sobre Deus, ela é mais importante do que qualquer outra coisa, e muito mais importante do que a família”.

Então acrescentei: “Contudo, se você realmente acredita que religião é sobre unidade e realmente acredita que família é a coisa mais importante, por que não renuncia à sua religião para que possa haver unidade entre nós?” Ela se recusou. Você percebe, ela era hipócrita. Queria que eu cedesse em minha fé para acomodar a sua, mas ela mesma não se moveria um centímetro, mesmo sendo ela quem dissera que religião deveria ser sobre unidade e que a família deveria ocupar o lugar mais alto.

Assim é com todos aqueles que promovem tolerância e diversidade religiosa e culpam a fé cristã de se recusar a seguir suas agendas. São pessoas fingidas, hipócritas e autocontraditórias. Elas não querem realmente dizer que todos devem aceitar uns aos outros, mas que todos os cristãos devem abandonar suas crenças e abraçar essa miscelânea de loucura e confusão. Se rejeitarmos esse absurdo, vão dizer que somos fanáticos e violentos, uma ameaça à sociedade.

Não seja enganado. Elas são mentirosas. Vão retratar Cristo como alguém que ele não foi, interpretando suas palavras para dizer algo que ele nunca quis dizer ou, de algum modo, vão manipular você para transigir em sua lealdade a ele. Muito embora afirmem que a paz é mais importante do que as nossas diferenças ideológicas, elas não vão renunciar às suas próprias crenças para ter paz com você. Muito embora berrem tolerância e diversidade, sua tolerância e diversidade não dá lugar aos cristãos que discordam delas.

Talvez até contemporâneos de Cristo imaginassem que ele traria harmonia em todos os relacionamentos humanos, ou ao menos nas famílias ou no país onde o vínculo de sangue e nacionalidade já existisse, esperando ser aperfeiçoados por esse grande profeta, o Messias. Jesus disse que esse seria um mal-entendido. Ele não veio para trazer paz ou unidade entre os homens, mas introduziria divisão até mesmo onde ela não existira antes. Ele não estava constrangido acerca disso, mas disse: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10.37).

Paz verdadeira só é possível quando os não cristãos renunciam a suas religiões, suas filosofias, suas ciências ― que são falsas e irracionais ― e se curvam diante de Jesus Cristo. A unidade verdadeira só é possível quando os não cristãos lançam suas mãos ao alto e se arrependem no pó e na cinza. E então haveremos de abraçá-los e chamá-los irmãos e irmãs, pais e mães. A menos que isto aconteça, haverá sempre divisão entre nós.

Não cristãos tentam nos culpar por isso, mas a divisão persiste porque a Verdade chegou, e eles não podem afugentá-la. Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”. É o que ele disse. O que faremos a respeito disso? Eles não acreditam nisso, mas nós acreditamos. As pessoas falam do “elefante na sala”. Bem, Jesus Cristo veio e está em nosso meio. É a questão que não pode ser ignorada. Se você finge que ele não está aí ou que isso não faz nenhuma diferença, ele o chutará na face.

Como cristãos, ansiamos por paz, mas não nos satisfazemos com o fingimento, com uma paz que se baseia na transigência, ou ilusão, e em esconder nossas verdadeiras crenças. Satisfazemo-nos apenas com uma paz que se baseia numa crença comum na verdade, a verdade que Deus revelou-nos em Jesus Cristo e registrou para nós na Bíblia.

Na verdade, como havia declarado num contexto diferente, Jesus Cristo trouxe unidade, mas apenas ao seu povo. Essa unidade era, de fato, tão poderosa que sobrepujou muitas gerações de preconceito, de sorte que judeus e gentios aprenderam a aceitar uns aos outros, o rico abraçou o pobre e lavou seus pés, e as mulheres foram reconhecidas como co-herdeiras com os homens através de Jesus Cristo, e até mesmo sacerdotes de Deus, tendo acesso direto ao trono celestial, com plenos direitos de receber uma educação na piedade.

Claro, há sempre mais trabalho a ser feito, visto que o pecado ainda opera entre nós, e novos crentes chegam às igrejas todos os dias, mas fora de Cristo não há nenhum tipo de unidade como essa. Novamente, não estamos nos referindo a uma civilidade superficial, possível pela transigência ou supressão das divergências, mas de uma inquebrável fraternidade unida pela verdade e pela fé. Sigamos então o exemplo de Cristo, trazendo unidade onde deve haver unidade, mas divisão onde deve haver divisão.

Fonte: www.vincentcheung.com

Tradução: Marcelo Herberts (Nov/2010)

Porque Não Podemos Ser Evangélicos


Por Andrew Sandlin

A Reforma Protestante redescobriu o evangelho da livre graça de Deus, que tinha sido obscurecido na igreja medieval por um moralismo que ignorava a profunda depravação do homem, por um sacerdotalismo que se colocava entre os homens e Deus, e por um eclesiasticismo que apagava a distinção Criador-criatura, tornado-se a própria igreja a nova Encarnação. No cerne da Reforma estava uma ênfase renovada sobre o evangelho bíblico-paulinoagostiniano: salvação somente pela graça de Deus, sobre a base da obra expiatória de Cristo, recebida pela fé somente. Os Reformadores e suas igrejas tinham orgulho de serem conhecidos como “evangélicos”, visto que viam a si mesmos como pregando o puro evangelho, a mensagem do evangelho. Esse é o evangelicalismo bíblico.

Mas o que se passa hoje por evangelicalismo está, em muitos pontos, bem longe do evangelicalismo da Reforma, assim como está em geral longe do ensino bíblico em outros pontos. Quando amigos perguntam se sou evangélico, rapidamente digo “Não”. Porque freqüentemente eles identificam “evangélico” com “crer na Bíblia” e “pregar o evangelho”, tento explicar que é precisamente devido ao fato do evangelicalismo não crer corretamente na Bíblia ou pregar o evangelho fielmente, que não me considero um evangélico e não posso ser um membro de uma igreja evangélica (isso é grandemente verdade do fundamentalismo moderno, que é simplesmente uma versão mais restritiva e provincial do evangelicalismo). O que talvez seja os seus três principais distintivos permanece em total contraste com a crença e prática bíblica e reformada do Cristianismo.

Um Evangelho Subjetivo, e não Objetivo

Embora os evangélicos modernos professem uma crença firme na Bíblia, no centro de sua religião não está a sua visão da Bíblia, mas sua visão do evangelho. O evangelicalismo orgulha-se sobre a centralidade do evangelho e da salvação. É justamente aqui, contudo, que o evangelicalismo está mais poluído. Na verdade, ironicamente o suficiente, a visão evangélica do evangelho está mais perto daquela da Roma medieval do que do evangelho bíblico da Reforma. O Concílio de Trento, a resposta católica romana à Reforma, sustentou que a salvação é um empreendimento cooperativo entre Deus e o homem. Deus coloca o processo em movimento (no batismo), mas o homem ajuda ao longo do processo. De acordo com Roma, o livre-arbítrio do homem desempenha uma grande parte em sua salvação. Os Reformadores reconheceram corretamente que isso destruiu o evangelho da graça de Deus. Abriu o caminho para o homem afirmar sua própria contribuição, bondade e justiça. Para os evangélicos, isso é quase uniformemente sua própria “decisão”. Nesse ponto, eles são um com Roma.

Os evangélicos são defensores da “regeneração por decisão”. O evangelicalismo é essencialmente uma deturpação do novo nascimento, a institucionalização da experiência de conversão. A coisa importante sobre a salvação é a experiência do homem, seus sentimentos sobre ser salvo. Uma dose pesada desse experiencialismo foi introduzida na igreja no Wesleyianismo do século dezoito, e tem sido uma marca do evangelicalismo desde então. A experiência de Wesley foi a de ficar “estranhamente aquecido” quando ouviu o evangelho, e essa experiência tornou-se uma peça central de sua teologia. (Para ser justo, a soteriologia de Lutero também era de certa forma autobiográfica, mas ela guiou-o em direção de uma salvação somente pela obra de Deus.

Para Calvino, em contraste, nossa salvação reside na obra objetiva da expiação de Cristo. Os homens não são salvos pelo que experimentam; eles são salvos pelo que Cristo realizou. Em Sua grande obra redentora sobre a cruz e em Sua ressurreição, Cristo assegurou a salvação do Seu povo, cumprindo as exigências da lei ao substituir judicialmente os pecados dos pecadores. Quando o evangelho é pregado, ele atrai eficaz e irresistivelmente aqueles a quem Deus escolheu. Eles são conquistados por Cristo, o seu Redentor. Eles são trazidos sob seus joelhos em humilde submissão, e não podem fazer nada senão exercer fé na obra redentora de Jesus Cristo. Essa experiência, embora essencial, é um resultado da expiação objetiva de Cristo e da aplicação do evangelho pelo Espírito Santo.

Para os evangélicos isso é muito sofisticado e também “intelectual”. O fato realmente central é que Deus perdoou os seus pecados, aceitou-os em Sua família, tornou-os felizes, e preparou-os um lar no céu. Para evangélicos, o evangelho centra-se na vontade e prazer do homem; para os Reformados, o evangelho centra-se na vontade e prazer de Deus.

Porque ser um evangélico significa abraçar a sua forma de evangelho centrado no homem, não podemos ser evangélicos.

Uma Religião do Novo Testamento, e Não Bíblica

A ala Reformada da Reforma expressava a unidade do pacto de Deus no Antigo e Novo Testamento. Os evangélicos enfatizam a falta de unidade entre esses pactos, pois para os evangélicos o objetivo da Fé é reproduzir “o Cristianismo do Novo Testamento”. Os evangélicos crêem em ¼ da Bíblia; os cristãos Reformados crêem numa Bíblia inteira. Evangélicos rotineiramente desprezam a autoridade do Antigo Testamento. A lei do Antigo Testamento, eles afirmam, é parte do “velho” pacto, e foi destinado somente para o antigo Israel; hoje ouvimos apenas as palavras de Jesus, João, Paulo e assim por diante. Os evangélicos estão entre os mais ruidosos em insistir sobre “crer na Bíblia de capa a capa”, mas não crêem que ¾ do que aparece entre as capas tenha qualquer relevância para hoje. Eles falam hipocritamente sobre “estrita inerrância bíblica”, mas isso em geral é simplesmente “conversa piedosa”, pois eles negam que as provisões do novo pacto estavam em operação no Antigo Testamento (Gl. 4:22-31). Eles não vêem muito do evangelho, se é que algo, no Antigo Testamento. E porque o evangelicalismo centra-se no evangelho, isso significa que o Antigo Testamento é largamente irrelevante. Funcionalmente, portanto, o termo “crente na Bíblia” não se aplica a maioria dos evangélicos.

Um Evangelho Limitado, não a Fé Plena

Isso leva diretamente à característica final do evangelicalismo, a qual os cristãos que crêem na Bíblia devem repudiar expressamente. Para os evangélicos, é o evangel, o evangelho (limitada e erroneamente definido, é claro) que deveria impressionar nossas vidas. Para os Reformados, é a soberania de Deus e Seu governo régio absoluto na Terra que é impressionante. O evangelho evangélico não é meramente deturpado; é limitado. O evangelho evangélico é um fim em si mesmo. “Manter nossas almas longe do inferno” é todo o significado da vida sobre a Terra. Para os Reformados, o significado da vida sobre a Terra é a submissão absoluta a Cristo, o nosso Redentor real, e o trabalho diligente para estender o Seu reinado na Terra. Evangelismo é um meio essencial para esse fim, mas não o próprio fim. Afirmar que o evangelismo é um fim em si mesmo é expor uma teologia deturpada e centrada no homem. O fim é a glória de Deus e, com referência ao Seu plano para a Terra, a expansão gradual, porém inexorável do Seu reino (Mt. 6:33; 13:31-34).

Os evangélicos estão intensamente interessados no tipo de evangelismo deles. Porque esse evangelismo não é apenas deturpado, mas também limitado, ele não se relaciona com muitos aspectos da vida. Porque o evangelismo é o centro de sua religião e por não se relacionar com muitos aspectos da vida, a própria religião não se relaciona com muitos aspectos da vida. Porque sua religião não se relaciona com muitos aspectos da vida, eles tendem a pensar como os humanistas mundanos naquelas áreas sem relação com sua religião limitada. Esse é o porquê, em primeiro lugar, o método apologético evangélico compromete o evangelho, como Cornelius Van Til tão poderosamente demonstrou.

Os evangélicos estão dispostos a comprometer tudo, até Deus mesmo, por causa de seu ídolo precioso, o seu evangelho deturpado e limitado. Esse é o motivo da maioria deles não ver nada de errado em enviar seus filhos para escolas do governo, adotar uma psicologia secular, ensinar uma ciência evolucionária, eleger políticos ateus e endossar traduções errôneas da Bíblia. Essas áreas estão além do alcance de seu evangelho limitado. Tudo além do escopo de seu evangelho limitado é algo legal para uma perspectiva “neutra” (isto é, violadora do pacto).

Por essas razões, onde quer que o evangelicalismo moderno tenha florescido, ele tem bombardeado a ortodoxia bíblica histórica; eviscerado uma fé forte e teologicamente ancorada; e castrado uma religião robusta, vigorosa e abrangente. Seu sucesso tem sido o fracasso do Cristianismo bíblico.

Conseqüentemente, ser um evangélico no sentido moderno é diluir e eventualmente destruir a Fé.

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

Fonte: Faith for All of Life, Julho 2000

Fonte:Eleitos de Deus

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Jogo de azar é pecado?


Por Geoff Ashley

Em qualquer área em que as Escrituras não condenem alguma coisa explicitamente, nós devemos aplicar o princípio da liberdade Cristã. Isso é verdade ao assistir certos filmes , beber álcool, fumar, apostar, só pra falar de algumas das figuras mais batidas ao longo da história.

Em cada uma dessas áreas, existe uma perspective teológica que é bem simples. Se alguém perguntasse se jogar (jogo de azar) é algo explicitamente condenável, ou realmente pecaminoso; alguém poderia dizer que “não” e seria uma boa resposta. Entretanto, nós pensamos que a melhor resposta e mais fiel seria dizer, “não necessariamente”.

Como pastores, nosso desejo não é apenas para despertar o nosso povo para o liberdades da vida cristã, mas também para os perigos. É definitivamente certo que estaríamos melhor servidos se nos abstivessemos de coisas que não são inerentemente maus. 1 Coríntios 6 e 10 ambos dizem, com efeito, que “tudo me é permitido, mas nem todas as coisas me convém. “Agora, estas passagens são em referência a questões de consciência, as “zonas cinzentas” da vida cristã, por isso não tome este versículo para dizer que o adultério ou assassinato ou embriaguez ou outros comportamentos explicitamente condenados são incluídos em “todas as coisas” que Paulo menciona. Essas coisas não são “permitidas”.

O fato é que o homem ou mulher sábios reconhecem que a liberdade vem com a necessidade de discernimento. Tal comportamento é puro e agrada o Senhor? Isto desperta minhas afeições por Ele? Isso me levará para alguma tentações em particular?

Jogos em si mesmos são áreas cinzentas no que diz respeito as Escrituras, portanto podemos recorrer para liberdade. Porém, quem joga deve estar ciente da natureza viciante , a tendência para dar falsas esperanças, a vantagem sobre os outros e a propensão para o luxo e ostentação.

Como crentes, somos chamados a “manter [nossas vidas] livres do amor ao dinheiro, e nos contentarmos com o que [temos], porque ele disse, “Eu nunca te deixarei nem te desampararei.” (Hebreus 13:5). Jogar pode certamente contribuir para a sede de dinheiro que é desobediência a esta ordem da Escritura.

Além disso, depois de citar “todas as coisas são permitidas” A Escritura diz: “mas eu não vou ser escravizado por nada” (1
Coríntios 6:12). Após o segundo uso, dessa expressão no capítulo 10, aparecem essas palavras: “Ninguém busque o seu próprio bem, mas o bem de seu próximo. “É possível, para você, jogar de tal forma que não seja escravizado? Você pode fazê-lo de tal forma que não danificar o outro? Se não, então o seu “direito” deve ser substituído por sua responsabilidade a aderir de vontade revelada de Deus.

O que queremos não é apenas proibir o jogo de azar, mas sim promover uma reflexão profunda dos riscis de se jogar. Como dizem as Escrituras “Não se enganem”. Conheça você mesmo e veja seus desejos e fraquezas. Examine suas motivações. Não leve a liberdade de forma irresponsável.

No fim, somos todos chamados a comer e beber para a glória de Deus(1 Co 10.31). Se você escolher exercitar sua liberdade de jogar, você é chamado para fazê-lo de uma maneira que está de acordo com este comando. Jogar, ou qualquer “área cinzenta” um meio para adoração? Se sim, então entre nisso para a glória de Deus. Se não, então alegremente se refreie.

Sua maior alegria final não é achada ao ganhar o prêmio grande ou ganhar uma boa mão no poker, mas em obedecer ao Senhor, aquele que sim, é o nosso tesouro e alegria finais.

Tradução: Rafael Bello

Fonte: iPródigo

Onze Argumentos A Favor Da Expiação Limitada


Dr. Robert Shaw oferece 11 argumentos para a expiação limitada ao comentar a Confissão de Fé de Westminster 8:8:

[CFW – 8 – 8: Cristo, com toda a certeza e eficazmente aplica e comunica a salvação a todos aqueles para os quais ele a adquiriu. Isto ele consegue, fazendo intercessão por eles e revelando-lhes na palavra e pela palavra os mistérios da salvação, persuadindo-os eficazmente pelo seu Espírito a crer e a obedecer, dirigindo os corações deles pela sua palavra e pelo seu onipotente poder e sabedoria, da maneira e pelos meios mais conformes com a sua admirável e inescrutável dispensação. João 6:37; 39 e 10:15-16; I João 2:1; João 15:15; Ef. 1:9; João 17:6; II Cor. 4:13; Rom. 8:9, 14 e 15:18-19; João 17:17; Sal. 90:1; I Cor. 15: 25-26; Col. 2:15; Luc. 10: 19.]*

O sacrifício de Cristo derivou, da Sua pessoa, um valor infinito da dignidade; deve ser, portanto, intrinsecamente suficiente para expiar os pecados de toda a raça humana, tivesse havido essa intenção; mas, na designação do Pai, e na intenção do próprio Cristo, ela foi limitada a um número definido, àqueles que devem, em última análise, alcançar a salvação. Esta importante verdade pode ser confirmada pelos seguintes argumentos:

1. Termos restritivos são freqüentemente empregados nas Escrituras para expressar os objetos da morte de Cristo: "Contudo, Ele levou sobre si o pecado de muitos" "O Filho do Homem... veio para... dar a sua vida em resgate por muitos." (Is 53:12; Mt 20:28). Não declara isto que Cristo morreu, não por todos os homens, mas apenas para muitos?

[“Por isso, eu lhe darei um lugar de honra; ele receberá a sua recompensa junto com os grandes e os poderosos. Pois ele deu a sua própria vida e foi tratado como se fosse um criminoso. Ele levou a culpa dos pecados de muitos e orou pedindo que eles fossem perdoados”. (Is 53:12) Tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. (Mt 20:28)]*

2. Aqueles por quem Cristo morreu distinguem-se dos demais por caracteres discriminativos. Eles são chamadas de ovelhas (João 10:15); a Igreja (Ef 5:25); eleitos de Deus (Rm 8:33); os filhos de Deus (João 11:52).

[“Assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas (Jo 10:15) “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela(Ef 5:25) “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rm 8:33) “E não somente pela nação, mas também para reunir em um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos” (Jo 11:52)]*

3. Sobre aqueles a quem Cristo redimiu pelo Seu sangue, é dito que são "redimidos dentre os homens" (Ap 14:4), o que seria, se Cristo tivesse redimido todos os homens, uma frase sem sentido e incoerente; dos quais também é dito que são "comprados para Deus que procedem de toda tribo” (Ap 5:9), o que certamente implica que apenas alguns de cada tribo são comprados.
[“São estes os que não se macularam com mulheres, porque são castos. São eles os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá. São os que foram redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro; (Ap 14:4) “E entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (Ap 5:9)]*

4. A redenção obtida por Cristo é restrita àqueles que foram "escolhidos Nele" e os quais o Pai Lhe deu para resgatar por Sua morte (Efésios 1:4, 7; João 17:2).

[“Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor... no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef 1:4,7) “Assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste”(Jo 17:2)]*

5. Cristo morreu em caráter de garantia e, portanto, ele deu a sua vida somente para aqueles a quem ele representava, ou por sua semente espiritual (Isaías 53:10).

[“Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos” (Is 53:10)]*

6. A intenção de Cristo em dar a Sua vida, não foi apenas para obter para aqueles por quem Ele morreu, uma possibilidade de salvação, mas, na verdade, para salvá-los - para trazê-los para a posse real e gozo da salvação eterna (Ef. 5:25-26; Tt 2:14; 1 Pe 3:18; 1 Ts 5:10). Disto, segue-se inevitavelmente que Cristo morreu apenas por aqueles que serão salvos nele com uma salvação eterna.

[“Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra” (Ef 5:25-26) “O qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (2:14) “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito” (1 Pe 3:18) “Que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele” (1 Ts 5:10)]*

7. A intercessão de Cristo ocorre sobre as bases do seu sacrifício expiatório; [Tanto a intercessão quanto o sacrifício expiatório] devem, portanto, possuírem intrinsecamente a mesma extensão no que diz respeito aos seus objetos; mas Ele não intercede pelo mundo, mas apenas por aqueles que Lhe foram dados; Seu sacrifício deve, portanto, ser limitado a esse número definido (1 João 2:1, 2; João 17:9).

[“Eu peço em favor deles. Não peço em favor do mundo, mas por aqueles que me deste, pois são teus.” (João 17:9)]*

8. Um apóstolo conclui, a partir da grandeza do amor de Deus em entregar Seu Filho à morte pelos pecadores, que Ele não os privará de nenhuma das bênçãos da salvação; devemos, portanto, concluir que Cristo não morreu por toda a humanidade (Rom. 8:32).

[“Porque ele nem mesmo deixou de entregar o próprio Filho, mas o ofereceu por todos nós! Se ele nos deu o seu Filho, será que não nos dará também todas as coisas?” (Rm 8:32)]*

9. O mesmo apóstolo infere, a partir da nossa reconciliação com Deus pela morte de Cristo, a certeza da nossa salvação pela Sua vida; agora, uma vez que nem todos são salvos pela sua vida, devemos concluir que nem todos foram reconciliados pela sua morte (Romanos 5:10).

[“Nós éramos inimigos de Deus, mas ele nos tornou seus amigos por meio da morte do seu Filho. E, agora que somos amigos de Deus, é mais certo ainda que seremos salvos pela vida de Cristo” (Rm 5:10)]*

10. Cristo, por sua morte, adquiriu para o seu povo, não apenas a salvação, mas todos os meios necessários ao gozo da mesma; conseqüentemente, a Seu objetivo em morrer deve ser limitado àqueles que se arrependem e crêem, e não estendido a toda a raça humana.

11. A doutrina de que Cristo morreu por todos os homens leva a muitas conseqüências absurdas, tais como: 1. que Cristo derramou seu sangue para muitos em vão, já que nem todos são salvos; 2. que Ele deu Sua vida em absoluta incerteza se alguém da raça humana seria eventualmente salvo; 3. que derramou seu sangue por milhões de pessoas que, no exato momento de sua morte, estavam reservadas para o abismo da perdição eterna; 4. que Ele morreu por aqueles por quem Ele não intercede; 5. que Ele morreu por aqueles a quem Ele nunca enviou os meios da salvação, sim, por alguns dos quais Ele mesmo proibiu que Seu evangelho fosse pregado (Mt 10:5; Rm 10:14); 6. e que Deus age injustamente ao infligir punição eterna aos homens por aquelas mesmas transgressões pelas quais Ele já recebeu a plena satisfação pela morte de Cristo. Afirmar qualquer uma dessas coisas seria uma blasfêmia no mais alto grau e, portanto, essa doutrina que envolve tais conseqüências deve ser anti-bíblica.

Fonte: Reforma & Razão

O "deus" do Arminianismo


Por Augustus Toplady

Eu ouso dizer que, em semelhante auditório como este, um número de Arminianos está presente. Temo que, em todas nossas assembléias públicas há também muitos deles. Contudo, talvez até mesmo estas pessoas, idólatras como elas são, possam ser capazes de censurar, e, deveras com justiça, o absurdo daqueles que adoram ídolos de prata e ouro, a obra das mãos dos homens. Porém, permita-me perguntar: Se for tão extremamente absurdo adorar a obra das mãos de outros homens, o que deve ser o adorar as obras de nossas próprias mãos? Talvez, você possa dizer: “Deus não permita que eu faça tal”. Todavia, deixe-me dizer-lhes que essa confiança, segurança, fé, e dependência para a salvação, são todos atos e mui solenes também, de adoração divina: e seja do que for que vocês dependam, seja em totalidade ou em parte, para sua aceitação com Deus, e para sua justificação aos Seus olhos, seja no que for que você se baseie, e confie para o alcance da graça ou glória; se existir qualquer coisa fora de Deus em Cristo, você é um idólatra em todos intentos e propósitos.

Mui diferente é a idéia que as Escrituras nos dão, do sempre bendito Deus, da daqueles falsos deuses adorados pelos pagãos; e dessa degradante representação do verdadeiro Deus, que o Arminianismo deseja manipular sobre a humanidade. Nosso Deus (diz este Salmo, no verso três) está nos céus: faz tudo o que Lhe apraz. Esta não é a idéia arminiana de Deus: porque nosso livre-arbítrio e nossa possibilidade de escolha nos diz que Deus não faz o que Lhe apraz; que há um grande número de coisas que Deus desejaria fazer, e tenta e Se esforça para fazer, e, todavia não pode trazer à execução....É o deus deles o Deus da Bíblia? Certamente não. O deus deles “se submete” à dificuldades que ele “não pode ajudar” a si mesmo sair, e se esforça para fazer ele mesmo “fácil” sob milhões e milhões de inextricáveis embaraços, desconfortáveis decepções e derrotas mortificantes....Este esquema supracitado ascende, na escada da blasfêmia, ao topo da montanha do ateísmo; e então se arremessa deste precipício, no abismo da necessidade cega, adamantina, para provar os agentes livres da humanidade!

...Uma grande controvérsia entre a religião do Arminianismo, e a religião de Cristo é: a quem será conferido o louvor e glória na salvação de um pecador? A conversão decide este ponto imediatamente; porque eu penso que, sem qualquer imputação de falta de caridade, me aventuro a dizer que cada pessoa verdadeiramente despertada, pelo menos quando ela está sob o brilho da face de Deus sobre a sua alma, cairá sob seus joelhos, com este hino de louvor ascendendo de seu coração: “Não a mim, Senhor, não a mim, mas ao teu nome dá glória; não sou salvo por minha justiça, mas por tua.

Todas as coisas foram feitas para ele


Por John Piper

Este Jesus foi e é um homem histórico real em quem "habita corporalmente toda a plenitude da Divindade" (Cl 2.9). Visto que ele é "Deus de Deus, Luz da Luz, vero Deus de vero Deus", como diz o velho Credo de Nicéia, e visto que sua morte e ressurreição são o ato central de Deus na História, não surpreende ouvir a Bíblia dizer: "Todas as coisas ... foram criadas por meio dele e para ele " (Cl 1.16). Para ele! Isso significa para sua glória. Que também significa que tudo que dissemos até agora sobre Deus criar-nos para sua glória também quer dizer que ele nos criou para a glória do seu Filho.

Em sua oração, em João 17, a primeira coisa que Jesus pede é: "Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti" (Jo 17.1). E desde a obra encarnada, redentora de Jesus, Deus é alegremente glorificado por pecadores somente por meio da glorificação do Deus-Homem ressurreto, Jesus Cristo. Sua morte sangrenta é o centro fulgurante da glória de Deus. Não há caminho à glória do Pai senão pelo Filho. Todas as promessas de alegria na presença de Deus, e delícias à sua mão direita, vêm até nós somente pela fé em Jesus Cristo.

Se o rejeitamos, rejeitamos a Deus

Jesus é o teste, o teste como de tornassol (indicador de ácido/base), de realidade para todas as pessoas e todas as religiões. Ele mesmo o disse claramente: "Quem me rejeitar rejeita aquele que me enviou" (Lc 10.16). As pessoas e religiões que rejeitam Cristo rejeitam Deus. Outras religiões conhecem o Deus verdadeiro? Eis aqui o teste: eles rejeitam Jesus como o único Salvador de pecadores que foi crucificado e ressuscitado dos mortos? Se a resposta é sim, eles não conhecem Deus de um modo salvador.

É isso que Jesus quis dizer: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai anão ser por mim" (Jo 14.6). Ou quando ele disse: "Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou" (Jo 5.23). Ou quando ele disse aos fariseus, "Se Deus fosse de fato vosso Pai, certamente vocês me amariam" (Jo 8.42).

É o que o apóstolo João quis dizer quando colocou: "Ninguém que nega o Filho tem o Pai. Aquele que confessa o Filho tem também o Pai (1 Jo 2.23). Ou quando ele disse: "Todo aquele que... não permanece na doutri¬na de Cristo não tem Deus" (2Jo 9).

Não há vantagem em romantizar outras religiões que rejeitam a deidade e a obra salvadora de Cristo. Elas não conhecem a Deus. E aqueles que as seguem desperdiçam tragicamente a vida.

Se queremos ver e saborear a glória de Deus, nós precisamos ver e saborear Cristo. Pois Cristo é "a imagem do Deus invisível" (Cl 1.15). Para colocar isso de outro modo, se desejamos abraçar a glória de Deus, precisamos abraçar o evangelho de Cristo. A razão disso não é unicamente porque somos pecadores e precisamos de um Salvador que morra por nós, mas é também porque esse Salvador é ele mesmo a manifestação mais plena e mais linda da glória de Deus. Ele comprou nosso prazer imerecido e eterno, e ele se torna para nós nosso Tesouro que tudo merece, nosso Tesouro eterno.

O Evangelho é a boa nova da glória de Cristo

É assim que o evangelho é definido. Quando somos convertidos pela fé em Cristo, o que vemos com os olhos de nossos corações é "a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus" (2Co 4.4). O evangelho é a boa nova de beleza-que-tudo-vence. Ou para dizer isso como Paulo, é a boa nova "da glória de Cristo". Quando abraçamos a Cristo, abraçamos Deus. Vemos e saboreamos a glória de Deus. Não há nenhum saborear da glória de Deus se não a enxergamos em Cristo. Esta é a única janela pela qual um pecador pode ver a face de Deus e não ser fulminado.

A Bíblia diz que, quando Deus ilumina o nosso coração na conversão, ele dá "a iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo" (2Co 4.6). Ou nós vemos a glória de Deus "na face de Jesus Cristo" ou não a vemos de forma nenhuma. E a "face de Jesus Cristo" é a beleza de Cristo chegando a seu ponto mais alto na cruz. O rosto sangrento de Cristo crucificado (e triunfante!) é o semblante da glória de Deus. O que um dia foi tolice para nós torna-se nossa sabedoria e nossa força e nosso gloriar (ICo 1.18,24).

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Aborto, o grito silencioso dos que não nasceram


Por Rev. Hernandes Dias Lopes

A questão do aborto esteve no topo da lista das grandes discussões políticas em nossa nação. Este é um assunto solene, que merece nossa maior atenção. Não devemos ser frívolos em sua análise. O aborto sempre foi e ainda é assunto de debates entre juristas e legisladores; é tema da ética cristã que exige um posicionamento da igreja. Algumas ponderações precisam ser feitas no trato dessa matéria: Quando começa a vida? Quem tem o direito de decidir sobre a interrupção da vida? Em que circunstâncias um aborto pode ser justificado? O que a Palavra de Deus tem a dizer sobre o assunto? Não queremos, neste artigo, discutir aqueles casos de exceção, onde a medicina e a ética cristã precisam fazer uma escolha entre a vida da mãe ou do nascituro. Queremos, sim, alertar para a prática indiscriminada e irresponsável do aborto, fruto muitas vezes, de uma conduta imoral.

Embora seja ainda matéria de discussão, é consenso geral que a vida começa com a fecundação. A ciência apresenta o fato de que a vida humana inicia com a fecundação e termina com a morte. Desde a concepção, todos os componentes da vida já estão potencialmente presentes para o seu pleno desenvolvimento. É desse óvulo fertilizado que se desenvolve o ser humano pleno, corpo e alma. Na perspectiva bíblica, Deus é o autor da vida e ele mesmo é quem forma o nosso interior e nos tece no ventre da nossa mãe. É Deus quem nos forma de maneira assombrosamente maravilhosa. O salmista diz: “Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda” (Sl 139.15,16). A Bíblia fala do ser antes do nascer. Davi diz: “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). Jó descreve sua existência pré-natal afirmando: “Porventura não me vazaste como leite e não me coalhaste como queijo? De pele e carne me vestiste, e de ossos e tendões me entreteceste” (Jó 10.10). Fica claro na perspectiva da Escritura, que a vida começa na concepção.

A lei de Deus é enfaticamente clara: “Não matarás” (Ex 20.13). Deus é o autor da vida e só ele tem autoridade para tirá-la (1Sm 2.6). A decisão acerca do aborto não pode ser apenas uma discussão restrita à mãe e ao seu médico. O direito à vida é um direito sagrado e deve ser amplamente discutido, sobretudo, à luz da ética cristã. O aborto é a eliminação de uma vida. É um assassinato. E o mais grave: um assassinato com requintes de crueldade. O aborto é matar um ser indefeso, incapaz de proteger-se. É tirar uma vida que não tem sequer o direito de erguer a voz e clamar por socorro. Ah! Se os milhões de crianças que não chegaram a nascer pudessem gritar aos ouvidos do mundo, ficaríamos estarrecidos diante dessa barbárie. Ficamos chocados com o Holocausto, onde seis milhões de judeus foram mortos nos campos de concentração e nos paredões de fuzilamento. O aborto, entretanto não é menos perverso. O ventre materno em vez de ser um refúgio da vida, torna-se o corredor da morte; em vez de ser o berço da proteção, torna-se o patíbulo da tortura; em vez de ser o reduto mais sagrado do direito à vida, torna-se a arena mais perigosa da morte. O aborto é um crime com vários agravantes, pois não raro, a criança em formação é envenenada, esquartejada e, sugada do ventre como uma verruga pestilenta e indesejável. Oh, que Deus tenha misericórdia da nossa sociedade! Que Deus tenha piedade daqueles que legislam! Que Deus tenha compaixão daqueles que favorecem ou praticam tamanha crueldade!

Você está se enganando


Por Paul Tripp

Existe muito conhecimento a ser aprendido, mas a sabedoria é uma mercadoria rara. Por quê? Porque a sabedoria é uma das primeiras casualidades do pecado. É difícil de admitir, mas nada é mais verdadeiro: o pecado reduz todos nós a tolos. E a verdade é que não há vítima maior de sua tolice do que você mesmo.

Você pode ver a evidência da tolice do pecado em quase toda página da Escritura. Por exemplo, você vê a tolice operando plenamente na trágica história de Davi e Bate-seba. É por isso que Davi diz: “Sei que desejas a verdade no íntimo; e no coração me ensinas a sabedoria” (Salmo 51.6).

Você lê a história do pecado de Davi e diz a si mesmo “no que ele estava pensando? Ele realmente achou que escaparia disso? Ele se esqueceu completamente de quem ele era? Ele pensou que Deus ia ficar parado e deixar isso acontecer?”. Mas Davi não é um caso extremo da insensatez levada às últimas consequências; você vê evidência dessa mesma tolice em nossas vidas diariamente. As pessoas poderiam dizer de nós sempre: “No que ele estava pensando? No que ela estava pensando?”.

Com o que a tolice se parece? Aqui vão quatro dos aspectos mais significantes.

1) O engano do egocentrismo

Fomos criados para viver por algo, alguém maior que nós mesmos. Fomos feitos para viver com, para, e pelo Senhor. Deus deve ser a motivação e a esperança de tudo que fazemos. Seu prazer, sua honra, e sua vontade são as coisas pelas quais devemos viver. Mas o engano do pecado realmente nos faz reduzir nossas vidas ao tamanho e formato de nossas vidas.

Frequentemente, nosso viver não tem propósito maior que a autossatisfação e a autorrealização. Isso soa desagradável? Bem, pergunte a si mesmo: “por que eu fico impaciente com os outros?”, “por que eu digo coisas que eu não deveria dizer?”, “por que eu fico desencorajado com minhas circunstâncias?”, “por que dou abertura para a ira ou me rendo à autopiedade?”. A resposta é que, como eu, você quer as coisas do seu jeito, e quando elas não vão do seu jeito, ou pessoas ficam no seu caminho, você descarrega com ira ou volta-se para si mesmo com desencorajamento.

2) O engano da autoilusão

Somos todos muito bons em nos fazer sentir bem sobre o que Deus diz que é mau. Somos todos muito haveis em remodelar o que fizemos de maneira que o que era errado não parece tão errado para nós. Eu direi para mim mesmo que eu não explodi em ira; não, eu estava falando como um dos profetas de Deus. Eu direi para mim mesmo que uma segunda olhada não era lascívia; sou simplesmente um homem que ama a beleza. Eu direi para mim mesmo que não estou desejando o poder; estou apenas exercitando os dons de liderança que o Senhor concedeu.

A tolice é capaz de fazer algo perigoso. É capaz de olhar para o errado e ver o certo. Se Davi tivesse sido capaz de ver a si mesmo com precisão, e se ele tivesse sido capaz de ver seu pecado como ele realmente era, seria difícil imaginar que ele teria continuado a navegar por este caminho.

3) O engano da autossuficiência

Nós todos pensamos de nós mesmos como mais independentemente capazes que realmente somos. Não fomos criados para ser independentes, autônomos ou autossuficientes. Fomos feitos para viver é uma dependência humilde, adoradora e amorosa em relação a Deus, e em uma interdependência amorosa e humilde em relação aos outros.

Nossas vidas foram criadas para serem projetos de comunidade. Sim, o engano do pecado nos diz que temos tudo o que precisamos dentro de nós mesmos. Assim, criamos relacionamentos que nunca vão além do casual. Nos defendemos de pessoas ao nosso redor que apontam uma fraqueza ou um erro. Guardamos nossos conflitos, sem tirar vantagem dos recursos que Deus nos deu.

A mentira do jardim foi que Adão e Eva poderiam ser como Deus, independentes e autossuficientes. Nós ainda tendemos a comprar essa mentira.

4) O engano da autojustificação

Por que não celebramos tanto a graça? Por que não estamos tão maravilhados com os maravilhosos dons que são nossos como filhos de Deus? Por que não vivemos com um profundo sentimento de necessidade, aliado a um profundo sentimento de gratidão por cada necessidade ser satisfeita pela graça de Deus? Bem, a resposta está clara. Você nunca celebrará a graça tanto quanto deveria enquanto pensar que você é mais justo do que você realmente é.

A graça é súplica do pecador. Misericórdia é a esperança do ímpio. Aceitação é o pedido daqueles que sabem que não poderiam nunca fazer qualquer coisa para merecê-la. Mas o engano do pecado me faz justo aos meus próprios olhos.

Quando conto minhas histórias, me torno mais heroico que jamais fui. Eu pareço mais sábio em minhas narrativas do que eu poderia ter sido. Segundo a minha visão da minha história, minhas escolhas foram melhores do que elas realmente foram. Frequentemente, não é meu pecado que impede de me aproximar de Deus. Infelizmente, eu não me aproximo dele porque não acho que preciso da graça que pode ser encontrada somente nele.

Aqui está o que todos nós devemos encarar: o pecado nos reduz a tolos, mas felizmente a história não termina aqui. Aquele que é a fonte última de tudo que é bom, verdadeiro, digno, justo e sábio é também um Deus de maravilhosa graça.

Você não será liberto de sua tolice pela educação ou experiência. Você não conseguirá sabedoria por pesquisas e análise. Você receberá sabedoria por meio de um relacionamento com Aquele que é Sabedoria.

A afirmação radical da Bíblia é que a sabedoria não é um livro, um sistema, ou um conjunto de ordens ou princípios. Não, sabedoria é uma pessoa, e seu nome é Jesus Cristo. Quando você e eu somos agraciados com a aceitação nele, somos levados a um relacionamento pessoal com a Sabedoria, e a Sabedoria inicia um processo, por toda a vida, de libertar-nos da fortaleza que a tolice do pecado nos prendeu. Não somos ainda completamente livres, mas haverá um dia em que todos os nossos pensamentos, desejos, escolhas, ações e palavras serão fundamentalmente sábios!

Faz sentido, então, que um homem arrependido (Davi) refletisse em sua necessidade por sabedoria. O pecado, nos reduzindo a tolos, nos leva a fazer coisas tolas, e mesmo pensar que somos sábios. E, por isso, precisamos de mais que informação, educação e experiência. Precisamos exatamente do que encontramos em Cristo – graça.

A sabedoria é o produto da graça; simplesmente não há qualquer outro lugar onde ela possa ser encontrada.

Traduzido por Josaías Jr

Fonte: iPródigo

A invasão da Psicologia na Igreja


Por William MacDonald

A nossa época é caracterizada por uma influência da psicologia secular na igreja. Ao contrário do que vemos em 2 Timóteo 3.16-17, a Bíblia já não é suficiente para servir de base aos nossos relacionamentos de ajuda. Precisamos da psicoterapia. Já não contamos com o Espírito Santo para produzir as mudanças necessárias nas vidas dos crentes. Os anciãos já não são competentes para aconselhar. Têm que enviar os crentes aos psicoterapeutas… Tudo isto apesar de Deus nos ter dado na Sua Palavra e pelo Espírito Santo, tudo quanto precisamos “no que diz respeito à vida e piedade” (2 Pedro 1.3)

Durante gerações, os crentes levaram os seus problemas ao Senhor, em oração. Hoje, devem consultar um psiquiatra ou um psicólogo. Os jovens rapazes já não são encorajados a pregar a Palavra. Doravante a palavra de ordem é: “praticai a relação de ajuda psicológica”.

A relação de ajuda profissional tornou-se algo sagrado. Não há ousadia para denunciá-la por haver sempre inevitavelmente alguém para defendê-la. Que há então de tão errado nesta terapia? Deixem-me enumerar onze pontos que revelam o que não está correto:

1- A atenção da pessoa é dirigida sobre ela própria e não sobre Jesus Cristo. Isto é um erro muito grave. Não há vitória em nós mesmos. O exame da pessoa em si não é um remédio. Os bons marinheiros não lançam a âncora no interior do navio. Precisamos de Alguém maior que nós e esse Alguém é Jesus Cristo. Mais cedo ou mais tarde, devemos perceber que ocuparmo-nos com o Senhor é o caminho da vitória na vida cristã (2 Cor 3.18).

O dramaturga norueguês Ibsen conta o seguinte acerca duma visita que Peter Gynt fez num hospital psiquiátrico: todas as pessoas pareciam normais, ninguém parecia louco. Falavam de forma racional dos seus projetos. Quando o Peter falou disso a um médico, este respondeu:

“Eles são loucos. Falam de forma sensata, mas tudo está centrado sobre eles mesmos. A verdade é que eles estão obcecados de forma inteligente sobre eles mesmos. É o “eu”, de manhã, ao meio dia e durante a noite. Aqui ninguém pode escapar ao “eu”. Andam sempre com ele, até mesmo em sonhos. Oh sim rapaz, estas pessoas falam de forma sensata, mas não há dúvidas que estas pessoas estão loucas.”

2- A psicologia moderna está baseada na sabedoria do homem e não na de Deus. É a opinião dos homens em vez da autoridade da Palavra de Deus. A diversidade das opiniões humanas vê-se no fato de haver mais de duzentos e cinqüenta sistemas de psicoterapias e mais de dez mil técnicas (incluindo as que podem ajudar os animais domésticos), cada uma delas advoga superioridade em relação às demais.

Don Hillis afirma que, “esta tendência contém no mínimo um perigo: a razão humana substitui a Palavra de Deus para resolver os problemas emocionais e espirituais. As respostas racionais que não estão fundamentadas em princípios espirituais, podem trazer algum alívio temporal, mas com o tempo, os resultados podem ser decepcionantes e até prejudiciais.”

3 – Muitos problemas, provavelmente a maior parte daqueles para os quais as pessoas precisam de ajuda, são os causados pelo pecado: lares desfeitos, famílias divididas, conflitos interpessoais, preocupações, drogas, álcool, assim como algumas depressões. Para todos estes problemas, o que é preciso não é a voz de uma psicoterapeuta, mais o poder da cruz de Cristo. Somente o Salvador pode dizer: ”Os teus pecados te são perdoados, vai em paz.” [ Ou, sua vida chegou até aqui pelas escolhas que fez]

4 – Muitas vezes, as curas modernas para a alma procuram transferir a responsabilidade sobre outrem. O pecado é uma doença, ou então o problema é causado por meio da pessoa. Há que repreender os pais por causa da conduta inaceitável dos filhos. Como conseqüência, as pessoas estão aliviadas de toda a responsabilidade pessoal. O pastor John MacArthur fala de uma mulher que se dizia obrigada a viver uma vida imoral desde há anos: ”O conselheiro sugeriu que a sua conduta era o resultado de mágoas infligidas por um pai passivo e uma mãe demasiado autoritária.”

Henry Sloane Coffin, um dos maiores pastores da historia americana avalia precisamente a situação: “a psicologia atual oferece mais um motivo para as pessoas se justificarem. Homens e mulheres que são examinados, arranjam maneira de se emancipar descarregando nomes horríveis que os religiosos enérgicos associaram ao pecado, para os rebatizar por nomes despidos de toda e qualquer idéia de culpa. Desta forma, as pessoas são mal adaptadas ou introvertidas em vez de desonestas e egoístas. Um homem de cinqüenta anos, cansado da sua mulher, envolve-se com uma jovem com metade da sua idade. O terapeuta diz-lhe que sofre de um “espasmo de volta à adolescência”, em vez de o colocar perante a verdade: «Não cometerás adultério».”

5 – A psicoterapia trabalha em completa contradição com o Espírito Santo, colocando a ênfase na importância de ter uma boa imagem de si mesmo. O Espírito santo procura convencer os pecadores da sua culpabilidade e trazê-los ao arrependimento. Procura restaurar os crentes desviados e levá-los a confessarem o seu pecado. Toda e qualquer forma de estima de si mesmo que não está baseada no perdão dos pecados e na posição do homem em Cristo está completamente errada.

6 – Há também, o aspecto financeiro do problema. O pastor e teólogo James Montgomery Boice comenta: “Atualmente estamos perante este fenômeno: pessoas pagam a outras pessoas simplesmente para que estas as ouçam… é precisamente o que fazem os psiquiatras, os psicólogos e os conselheiros profissionais. É um comércio que representa milhões de dólares. Isto não quer dizer que os conselheiros informem ou guiem as pessoas na maior parte dos casos. Na verdade, o que fazem é ouvir. São pagos para fazer o que as pessoas de determinada época faziam voluntariamente.”

Quando uma mulher se queixou que vinte anos de consultas não lhe tinham valido nada, um amigo perguntou:
- Já pediu ajuda na Igreja?
- Não, o que a igreja quer é somente o nosso dinheiro.
- Quanto pagou ao seu psicólogo?
- Num salário mensal de dois mil e quatrocentos dólares, paguei sessenta dólares por semana durante um período de vinte anos.”
Sessenta dólares por semana, isto é duzentos e quarenta dólares por mês, o que significa dez por cento do seu ordenado. Ela dava o dízimo do seu ordenado ao psicólogo, mas recusava dá-lo à igreja. E mais, ela admitiu não estar melhor.

Outra senhora insurgiu-se contra o que ela chamava “os dois pesos, duas medidas” do seu psicanalista. “Durante seis anos, visitei o meu psicanalista cinco vezes por semana e privei-me de muitas coisas para ter com que pagar. Quando estava doente e faltava a uma consulta, ele tomava uma atitude curiosa. Insistia em dizer que a minha doença era uma espécie de vingança psicossomática e que era o meu sub-consciente que resistia ao tratamento. É evidente que cada vez que lá ia tinha que pagar. Por outro lado, quando se ausentava durante um mês inteiro de férias, em Agosto, deixando-me desorientada, só e em pânico, com uma série de problemas não resolvidos, era suposto eu aceitar que as suas férias não interrompiam o tratamento.

O famoso psicólogo Rollo May, um dos maiores porta-vozes da profissão desde os seus princípios até aos anos 50, queixa-se de que a psicoterapia cedeu à tentação de fazer dinheiro e de explorar as pessoas. Ele diz o seguinte: “a psicoterapia tornou-se um negócio em que se tem clientes e onde se ganha dinheiro.” Vários praticantes sublinham que para que o tratamento seja eficiente, deve haver um sacrifício financeiro por parte do “paciente”. Este último não teria qualquer respeito pelo tratamento se este fosse barato demais. Não admira que se brinque com o assunto dizendo: o neurótico constrói castelos em Espanha, o psicopata vive neles e o psicoterapeuta recebe deles as rendas”.

7. Por vezes as pessoas pagam uma fortuna para serem examinadas por psicólogos, quando na verdade precisavam de consultar um clínico geral. Depois de ter tido várias sessões de “aconselhamento” durante dois anos, um escritor queixava-se de uma visão embaçada quando lia. O terapeuta falou-lhe da “falta de concentração como um sintoma típico nas pessoas com falsas angústias”. Como lhe era difícil continuar a pagar ao psicólogo, o paciente resolveu consultar um oftalmologista. Este último disse-lhe que um par de óculos resolveria certamente a tal síndrome, o que terminou por comprovar-se.

8. Conselheiros cristãos pretendem selecionar os melhores ensinamentos de homens não regenerados tais como Freud, Rogers, Maslow e Jung e misturá-los aos da Bíblia. Eis um casamento profano. Num congresso sobre a relação de ajuda cristã em 1988, Jay Adams, dizia: “Peço-vos de todas as minhas forças que abandonem a tarefa inútil de que falei: a de tentar integrar idéias ímpias à verdade Bíblica. Pensem nos milhões de horas que foram perdidos desde há uma geração nesta tarefa desesperada. Porque não há resultados visíveis? Vou dizer-vos: é porque isto está errado…a relação de ajuda procura mudar as pessoas. Mas saibam que transformar as pessoas é tarefa de Deus.”

9. Até mesmo na maior parte das sessões de aconselhamento cristão, baseado na psicologia, a oração não é reconhecida como uma “técnica” válida. No melhor dos casos é tolerada, no pior é negligenciada. Bem poucos conselheiros tomaram suficiente tempo para orar com os seus pacientes.
Estamos nós prestes a crer que a oração é apenas de importância secundária quando se trata de problemas da vida? Estaríamos nós enganados durante todos estes anos passados ao pensar que se aceitarmos a vontade de Deus, Ele atenderá às nossas orações?

10. Em muitas igrejas os ensinamentos não são outros que psicologia, com uma capa de vocabulário bíblico. As pessoas pedem pão, e recebem uma pedra.

11. Para falar claro, a psicologia não tem demonstrado sucesso evidente e em muitos casos, ela tem sido prejudicial.

Durante os últimos anos, alguns autores corajosos lançaram o alarme no que respeita à relação de ajuda psicológica.

Os opositores puseram estes livros de lado com um ar altivo, ou então, acusaram os autores de quererem criar divisões, ou outros tipos de perturbação.

No entanto, devem agora fazer face ao fato de que profissionais não cristãos emitem sérias dúvidas e alguns desencantos no que respeita à psicoterapia.

O doutor Szasz, professor de psiquiatria na Universidade do Estado de New York, foi desde há anos, um porta voz crítico. Qualifica a psiquiatria de pseudo-ciência, assim como a astrologia e a alquimia. Chama as doenças mentais de mitos, sugerindo que é uma etiqueta cômoda para camuflar e tornar mais agradável o amargo dos conflitos morais nas relações humanas. Defende que nenhum comportamento anormal é doença e que por conseguinte o tratamento não incumbe ao médico.

Vai mesmo mais longe. Diz mesmo que provavelmente a maior parte dos tratamentos psicoterapêuticos são nocivos para os ditos pacientes. “Todas estas intervenções e proposições deveriam se consideradas como más até prova do contrário:”

O psicólogo clínico Bernie Zilbergeld diz que “geralmente é tão útil para o paciente falar como uma pessoa comum como com um profissional de psicologia”.

Jeffrey Masson diplomado do Toronto Psychoanalytic Institute, e membro do International Psychoanalytic Association, é director do projecto no Sgmund Freud Archives. No prefácio do seu livro intitulado: Against Therapy, escreveu: “Este livro explica os motivos que me levam a crer que a psicoterapia, sob as suas mais diversas formas, é má. Ainda que critique vários psicoterapeutas e várias terapias, o meu objetivo primário é demonstrar que a idéia em si de psicoterapia está errada.”

O doutor Hans J. Eysenck, professor de psicologia na Universidade de Londres, descobriu que 70 a 77% dos “pacientes” neuróticos saram ou melhoram consideravelmente o seu estado, com ou sem a ajuda da psicoterapia. É uma questão de alívio espontâneo.

O Hobart Mowrer, professor de psicologia da universidade de Illinois, disse: “À medida que decorriam as décadas deste século, tomamos progressivamente consciência do grande postulado de Freud, segundo o qual a responsabilidade de todo o comportamento pode ser atribuído a outros e que o objetivo da vida não era de proceder moralmente mas sim libertarmo-nos de todo e qualquer sentimento de culpabilidade. Esta teoria levou-nos de mal a pior!”

A pretensão que diz que a psicoterapia tem uma elevada taxa de sucesso não está baseada em fatos. Nos estudos Cambridge-Somerville, jovens delinqüentes eventuais que tinham seguido tratamentos psicológicos tornaram-se piores que os candidatos do grupo de controle que não tinha recebido qualquer tratamento.

É preciso notar também que na psicoterapia encontramos o efeito psicossomático ou placebo. “A melhoria tão esperada, alimentada com a pessoa de um psicoterapeuta que afirma poder resolver o problema, acaba por fazer acreditar ao paciente que houve resultados positivos ainda que na verdade não haja.”

Que podemos concluir de tudo isto? Só há uma conclusão possível: “um grande movimento revolucionário que prometia explicar de maneira científica todas as neuroses e curar a maior parte delas” não passou de um engano. Enquanto profissionais seculares admitem que os sucessos espetaculares e as curas são praticamente inexistentes, a igreja mobiliza-se cada vez mais em volta da psicoterapia, em vez da Bíblia, como se a psicologia fosse um remédio universal para resolver os problemas de tensões nervosas, ansiedade e outros.

Citemos Don Illis uma vez mais, ”é tempo para a igreja fazer um exame de consciência, quando os crentes precisam de ajuda e se voltam para os psicólogos e psiquiatras mais do que para a igreja. Deveríamos interrogar-nos seriamente quando os jovens cristãos pensam poder fazer mais para o mundo ao tornarem-se psicólogos ou psiquiatras, do que pastores e evangelistas”.

Há um lugar para a relação de ajuda, mas deve ser bíblica. Não deve pôr de fora nem a Bíblia, nem o Espírito Santo, nem a oração. Não deve desculpar o pecado ou descarregar as pessoas da sua responsabilidade pessoal.

William MacDonald
Foi presidente do Emmaus Bible College nos E.U.A. Teólogo e um prolífico autor de mais de 84 livros publicados. Jamais aceitou seus direito autorais sobre seus próprios livros, investindo-os no reino.