quarta-feira, 21 de maio de 2025

A CONVERSÃO DE ZAQUEU - Lucas 19.1-10


Por Silas A. Figueira

Texto base: Lucas 19.1-10

INTRODUÇÃO  

James R. Edwards diz que o chamado de Levi (Mateus) e as parábolas dos perdidos e achados, por conseguinte, preparam os leitores para o encontro de Jesus com Zaqueu. O encontro de Jesus e o chefe dos publicanos é um ponto temático culminante não só das duas unidades precedentes, mas da associação de Jesus com os proscritos ao longo do terceiro evangelho.1

A conexão entre o parágrafo final do capítulo 18 e o parágrafo inicial do capítulo 19 é quase inesquecível; porque (a) ambos os eventos ocorreram em Jericó; e (b) no primeiro caso, um homem pobre tomou-se seguidor de Jesus; no segundo, um homem rico fez isso.2

No episódio precedente vimos o toque de cura de Jesus que restaurou a visão e a fé de um desprezado do ponto de vista religioso e social, em Israel, diz Evans. No episódio a seguir temos outro exemplo da restauração de alguém que também era desprezado, não por causa de problemas de ordem física, nada que se julgasse ser causado pelo pecado, mas desprezado por causa de sua profissão.3

Leon Morris destaca que a história de Zaqueu fica em contraste marcante com a do jovem rico. Vindo tão cedo depois da declaração enfática acerca da dificuldade da salvação dos ricos (Lc 18.24-25), este incidente deve ser visto como uma manifestação notável da graça de Deus (Lc 18.27).4

Jericó era uma cidade muito rica e importante. Estava localizada no vale do Jordão e dominava o caminho de Jerusalém e o cruzamento do rio que dava acesso às terras do leste do Jordão. Contava com um grande bosque de palmeiras e abetos balsâmicos famosos no mundo que perfumavam o ar por vários quilômetros quadrados. Seus jardins de rosas eram bem conhecidos. Era chamada “A cidade das Palmas”. Os romanos deram fama mundial a suas tâmaras e seu bálsamo. Tudo isto fazia com que fosse um dos maiores centros impositivos de toda a Palestina.5

Por ser uma cidade fronteiriça, em Jericó havia uma alfândega. Como era também uma das cidades mais ricas da Palestina, situada em uma das regiões mais férteis da Judeia, com um belo palácio herodiano e residência de muitas famílias sacerdotais abastadas, o valor do recolhimento de impostos era volumoso ali.6 Champlin também chama a atenção para o fato de que Jericó era usada por Herodes como sua capital de inverno, tendo sido ornamentada por estruturas tipicamente gregas ou romanas (helenísticas), por Herodes e por seu filho, Arquelau, de tal modo que não tinha a aparência típica das cidades da Palestina.7

Jesus estava passando pela última vez por Jericó. Ele estava indo para a cruz. Naquela semana, ele seria morto. Aquele era o dia da oportunidade de Jericó. Era o céu aberto sobre Jericó. Era a salvação oferecida a Jericó. Era o dia mais importante na agenda da cidade de Jericó.8 MacArthur nessa mesma linha de pensamento destaca que Deus procura os pecadores, porque “não há ninguém que busque a Deus” (Rm 3.11), a não ser que Ele graciosamente os chame, eles jamais virão (cf. Rm 1.6,7; 8.28; 11.29; 1Co 1.9, 23,24, 26; Gl 1.6; Ef 4.  1,4). Depois que Adão e Eva pecaram e tentaram se esconder do Senhor, Deus chamou-lhes: “Onde estás?” (Gn 3.8,9). Ao longo da história Deus tem continuado a procurar o perdido (cf. Ez 34.11,16; Lc. 15.4-32). Não haveria reconciliação, salvação, perdão, ou esperança do céu se o Senhor não o fizesse.9

Como disse Matthew Henry: “Esta cidade tinha sido construída sob uma maldição, ainda assim Cristo a honrou com sua presença, pois o Evangelho remove a maldição”.10

Uma multidão se acotovelava para ver Jesus, mas só dois homens foram salvos: um rico e outro pobre. Um à beira do caminho e o outro empoleirado em uma árvore. Para se encontrar com Cristo, um precisou se levantar, e o outro precisou descer. Um era esquecido, e o outro era odiado. Um era aristocrata e o outro era mendigo, mostrando que Deus não faz acepção de pessoas. Não importa a sua posição política, financeira, a cor da sua pele ou a sua religião, Jesus veio aqui para salvar você. Esta pode ser também a sua última oportunidade. O tempo é agora para o encontro da salvação.11

Vejamos quais as lições que esse texto tem a nos ensinar.

1 – AS BARREIRAS QUE IMPEDIAM ZAQUEU DE VER JESUS (Lc 19.1-4).

Este é o único lugar no Novo Testamento onde se menciona um “líder de coletores”.12 Zaqueu não era simplesmente um publicano como os demais, mas, sim, maioral dos publicanos (architelones). De modo que seu significado exato é desconhecido, mas parece indicar o chefe da repartição local de impostos. Zaqueu empregaria outros para fazer a coleta propriamente dita dos impostos, ao passo que ele pagaria aos romanos a parte exigida por eles. Não é surpreendente que Zaqueu era rico. [13] Zaqueu estava no topo da pirâmide.

O nome Zaqueu é de origem hebraica e significa “puro”, “justo”. [14] Era um nome judeu, uma variante do qual no Antigo Testamento aparece como “Zacai” (Ed 2.9; Ne 7.14). [15] Zacai era um nome comum entre os judeus. Havia um famoso rabino, aproximadamente nesta época, com este nome. [16] Outro cobrador de impostos conhecido pelo seu nome foi Mateus ou Levi (Mt 9.9).

John MacArthur destaca que os cobradores de impostos eram os párias mais odiados e desprezados em Israel.

Não era um crime a ser um cobrador de impostos, uma vez que a tributação é uma instituição divina. O reino teocrático de Israel no Antigo Testamento foi financiado por um sistema de tributação detalhado no qual cada pessoa pagava essencialmente 23,3 por cento de sua renda para apoiar o governo. Quando alguns cobradores de impostos arrependidos perguntaram a João Batista: “Mestre, o que devemos fazer?” (Lc 3.12), ele não lhes disse para parar seus trabalhos como cobradores de impostos, mas sim ordenou-lhes, “Recolham não mais do que aquilo que você foi ordenado” (v. 13). Jesus ordenou que os impostos deveriam ser pagos quando disse: “Dai a César o que é de César” (Lc 20.25; cf. Rm 13.7), e Ele mesmo pagou os impostos necessários (Mt 17.24-27).

O que Deus condenava eram os impostos abusivos ou ilegítimos, extorsão, desonestidade, e tirar dinheiro de pessoas por uso de violência física, intimidação e crueldade, como os cobradores de impostos no mundo antigo faziam.17

Hernandes Dias Lopes enfatiza que Zaqueu era maioral ou o chefe dos publicanos.

Embora seu nome signifique “puro”, ele era considerado um homem repugnante pelo povo. Zaqueu era a antítese do seu nome. Seu nome significa justo, mas ele enriquecera por meios fraudulentos. Ele era o cabeça daquele odiado esquema de corrupção. Era um homem inteligente e esperto que usava o trabalho de outros para se fortalecer. Mas, a despeito da sua posição, ele procurou ver a Jesus (19.3). Espiritualmente, era um homem infeliz, necessitado, insatisfeito, perdido e incompleto. Sua vida era marcada por um vazio que nem a fama, nem o dinheiro, nem o sucesso podia preencher. Ele tinha dinheiro, mas não tinha paz. Era rico, mas não feliz. “Melhor é o pouco havendo temor do Senhor, do que grande tesouro onde há inquietação” (Pv 15.16).18 

Apesar de Zaqueu ser um homem de grande influência na cidade de Jericó, ele encontrou alguns obstáculos para ver Jesus.

Primeiro, o obstáculo da multidão (Lc 19.3b). A cena não é uma aldeia quieta da Galileia, mas uma cena bem pública às portas de Jerusalém. Os que estavam ali não eram os poucos que estiveram com Jesus em Seus primeiros dias, mas uma multidão tão grande que um homem pequeno como Zaqueu nem conseguia vê-lo. [19] Havia tantas pessoas que Zaqueu estava encontrando dificuldades, não só para ver Jesus, mas também de identificá-lo.

A mesma multidão quis calar o cego Bartimeu em Jericó. A multidão apertava Zaqueu e não o deixava ver Jesus. Cuidado com a multidão, que pode ser um estorvo na sua vida. Não deixe que a multidão sufoque o seu grito de socorro nem que ela impeça você de ter um encontro com Cristo. Quantas vezes um indivíduo se sente constrangido de ir ao Salvador por causa de parentes, amigos, opinião pública e do povo. Zaqueu não se intimidou por causa da multidão. Seu desejo de ver Jesus foi maior do que o obstáculo da multidão. [20]

Segundo, o obstáculo de sua condição física (Lc 19.3c). A altura de Zaqueu não permitia que ele olhasse por cima da multidão. Não sabemos qual era a altura exata de Zaqueu, mas para Lucas destacar que ele era uma pessoa de pequena estatura, tudo indica que ele deveria sofrer de nanismo. Ele, para falar com as pessoas, tinha que erguer a cabeça. É bem provável que isso era um fator de chacota em sua vida desde novo. É bem provável que Zaqueu trouxesse em sua alma traumas profundos devido a isso.

Muitas pessoas trazem tantos traumas em suas vidas que dificilmente conseguem ver Jesus devido a baixeza de suas condições emocionais. Se veem impuras demais para se aproximarem de Jesus. Pessoas tão machucadas em suas almas que acham que não são importantes para o Senhor. No entanto, o apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios disse:

“Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele” (1Co 1.27-29). 

2 – AS BARREIRAS QUE ZAQUEU SUPEROU PARA VER JESUS (Lc 1.4,7). 

Zaqueu não se conformou em ficar sem ver Jesus. Talvez por ter passado por tantas coisas ruins e ter que enfrentar tantas coisas para superá-las, que ele não mediu esforços para ver Aquele que pela última vez passaria em Jericó. Como dizem: “Se a vida lhe der um limão, faça uma limonada”.

Vejamos quais as barreiras que Zaqueu superou para ver o Senhor.

Primeiro, ele correu à frente da multidão. Ele deixou de lado sua posição social e correu pelo meio da rua, passando à frente de todos para poder achar um lugar que facilitasse ver o Mestre. É provável que durante toda sua vida ele vivesse correndo das chacotas devido a sua pouca altura. Corresse dos outros meninos para não apanhar. Corresse dos bullyings constantes que sofria na cidade. Ele já estava acostumado a correr para poder se defender, mas desta vez, estava correndo para ver Jesus.

Segundo, ele não se importou com a profissão que exercia (Lc 19.2). Ele não era uma pessoa do povo, uma pessoa comum. Ele era o chefe dos cobradores de impostos da cidade mais importante da região. Ele ocupava um lugar de destaque na cidade. Mas nada disso o impediu de correr pelas ruas da cidade para poder ver Jesus.

Wiersbe destaca que no Oriente, não era comum um homem adulto correr, especialmente um funcionário público de posses. Zaqueu, no entanto, correu pela rua como um garotinho seguindo um desfile e até subiu numa árvore! Sem dúvida, a curiosidade é uma das características da maioria das crianças e, nesse dia, Zaqueu deixou-se levar por sua curiosidade. [21]

Uma das coisas que mais impedem as pessoas de verem Jesus é o orgulho. Muitos até abraçam a religião, mas não abraçam a fé genuína, com vergonha de serem taxados de fanáticos. Medo de não serem mais aceitos pelos amigos, e para não ficarem de lado na sociedade, acabam abraçando um Cristo gnóstico. Um Cristo placebo. Um Cristo ao gosto do freguês.

Terceiro, ele sobe em um sicômoro (Lc 19.4b). Sendo ele de pequena estatura, não podia ver Jesus. Não obstante, tão profundo era seu interesse pelo Mestre que estava disposto a fazer quase qualquer coisa para vê-lo. Portanto, sabendo para onde Jesus ia, célere correu adiante da multidão e, sem se importar com sua posição social, subiu em um sicômoro, um dos que haviam sido ali plantados à margem da via. É também chamado figueira sicômoro, e é altamente apreciado pela sombra que proporciona. [22]

A figueira brava (ou sicômoro) em que ele subiu era o fícus-sycomorus. Seu tronco horizontal e baixo facilitava a subida, e sua folhagem era suficiente para escondê-lo da multidão. [23]

Existem hoje muitas pessoas iguais a Zaqueu, que são muito curiosas e estão desejosas de ver Jesus. Devido a isso, elas acabam fazendo coisas que foge à normalidade do que é o cristianismo bíblico. Muitas pessoas se envolvem em vários tipos de religiões acreditando que Jesus esteja ali, ou que passará por ali. No entanto, o Jesus bíblico se revela nas Escrituras, através da ação do Espírito Santo, o revelando em nossos corações. Qualquer outro “Cristo” fora das Escrituras é um falso Cristo. E qualquer pessoa que o apresenta ao mundo é um falso profeta.  

Zaqueu encontrou o Jesus verdadeiro, pois Ele estava passando exatamente onde Zaqueu se encontrava. Mas observe que não foi Zaqueu que viu Jesus, mas Jesus que o viu e o chamou.

Quarto, ele não dá ouvidos aos murmuradores (Lc 19.7). Quem são os murmuradores? São aqueles que se enxergam como justos e únicos merecedores da salvação. São aqueles que chegam aos ouvidos de Jesus para dizer: Esse Zaqueu é lalau; ele é sujo, ele é indigno. Os murmuradores são aqueles que acham que são melhores do que os outros. [24]

3 – O ENCONTRO DE JESUS COM ZAQUEU (Lc 19.5,6).

Zaqueu sobe em uma árvore para ver Jesus, mas ele foi surpreendido por Jesus. Ele que queria ver Jesus, foi visto antes pelo Senhor Jesus e abordado pelo Mestre.

Com isso em mente, podemos tirar algumas lições fundamentais aqui.

Primeiro, Jesus buscou Zaqueu antes de Zaqueu buscá-lo (Lc 19.5). Quando Jesus chegou àquele lugar onde Zaqueu estava, sentado na “sala de estar” da árvore. Jesus agiu de maneira que deve tê-lo deixado chocado. Primeiro, o Senhor parou, então olhou para cima e fez contato visual com Zaqueu, e chamou-o pelo nome, embora eles nunca tivessem se encontrado (cf. Sua interação com Natanael em Jo 1.45-48). E o mais impressionante de tudo, o Senhor ordenou Zaqueu para levá-lo para sua casa! [25]

William Hendriksen nessa mesma linha de pensamento diz que é especialmente significativo notar que mesmo que Zaqueu certamente estivesse muito ansioso para ver Jesus, foi este e não o líder dos coletores quem tomou a iniciativa de estabelecer um contato pessoal entre ambos. Era Jesus quem estava buscando e salvando (veja v. 10). [26]

Hernandes Dias Lopes citando Walter Liefeld diz que o desejo de Zaqueu de ver Jesus foi suplantado pelo desejo de Jesus de vê-lo. [27] Wiersbe destaca que Zaqueu pensou que estava procurando Jesus (Lc 19.3), mas, na verdade, era Jesus quem o procurava (Lc 19.10)! Não é próprio da natureza do pecador perdido buscar o Salvador (Rm 3.11). [28]

Segundo, foi um chamado eficaz (Lc 19.5). Charles H. Spurgeon diz que o chamado eficaz significa que o Espírito Santo de Deus age no coração de um homem de tal maneira que quando ele recebe o chamado de Deus, não pode fazer nada senão obedecer a ordem e vir até Deus. [29] Foi isso que ocorreu com Zaqueu quando Jesus o chamou.

Terceiro, o chamado de Jesus foi pessoal (Lc 19.4a). Jesus encontrou aquele que subira na árvore, chamou-o pelo nome, olhou para dentro de seu coração e convidou-se para ser hóspede na casa dele. Cumpre notar bem cada traço da história. Jesus chama Zaqueu pelo nome, assim como o próprio Deus também chama seus redimidos pelo nome (cf. Is 43.1). [30]

Jesus chamou por Zaqueu, embora, é bem provável que houvesse outras pessoas na árvore. Há diferentes tipos de chamados na Bíblia. Lemos... “...porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (Mt 20.16). Este é um exemplo de chamado geral de Deus para todos os que estiverem ouvindo o evangelho. Os homens não têm em si mesmos o poder para responder a esse chamado. O chamado pessoal é o eficaz. Deus está operando no coração da pessoa que Ele chamou pelo nome. Ela responderá. Ela seguirá o chamado de Deus. [31] O evangelho é anunciado aos pecadores e aos alienados de Deus, diz Champlin, e não há exceções na operação da graça de Deus. [32]

Quarto, foi um chamado urgente (Lc 19.5b). Desce depressa. Essa foi a ordem de Jesus para Zaqueu. A salvação é algo urgente. E hoje. E agora. Não é possível adiar mais. Aquele era o último dia. Aquela era a última hora. Jesus nunca mais passaria por Jericó. Jesus tem pressa para salvar você. Hoje é o dia da visitação de Deus à sua vida. Não perca o dia da sua oportunidade. Não endureça o seu coração. Busque o Senhor enquanto se pode achar. A eternidade jaz à porta. [33]

Os verbos traduzidos por “descer e pressa” são imperativos, e requerem uma ação imediata. O Senhor sabe que não só Ele salvará, mas onde e quando que a salvação terá lugar (cf. Jo 3.8). [34]

Quinto, foi um chamado à humildade (Lc 19.5b). Descer é uma experiência dolorosa. Primeiro, devemos descer do pensamento de que nossas próprias obras podem nos salvar. Temos que descer ainda mais, até reconhecermos que somos pecadores desobedientes. Então, temos que ir ainda mais baixo, até clamarmos por Deus em desespero, dizendo-lhe que não podemos fazer nada para nos salvar. Quando Deus nos trouxe para baixo, então Ele nos levantará. “Ele derrubou dos seus tronos os poderosos e exaltou os humildes” (Lc 1.52). [35]

Matthew Henry nessa mesma linha de pensamento destaca que aqueles a quem Cristo chama devem descer, devem humilhar-se, e não pensar em subir ao céu por qualquer justiça própria; e devem apressar-se em descer, pois os atrasos são perigosos. [36]

Sexto, foi um chamado à comunhão (Lc 19.5c). Jericó, naquela ocasião, era uma das cidades preferidas pelos sacerdotes. Nosso Senhor passou adiante de suas casas, bem como das moradias dos fariseus, a fim de passar a noite hospedado na casa de um publicano. Ali, conforme podemos crer, Jesus viu uma entrada para uma atuação especial, que não pôde encontrar em nenhum outro lugar. [37]

James R. Edwards destaca que esta é a única ocasião nos evangelhos em que Jesus se convida para ficar na presença ou dependência de outra pessoa. [38]

Hernandes Dias Lopes nessa mesma linha de pensamento também destaca que Ele nunca entrou numa casa sem ser chamado e nunca ficou sem ser acolhido. Jesus disse: [...] me convém ficar em sua casa, ou seja, “eu preciso ficar em sua casa”. Estava na agenda de Cristo salvar Zaqueu, como estava na agenda de Cristo passar em Samaria e salvar a mulher samaritana (Jo 4.1,2). [39]

Concordo com John C. Ryle quando diz que nunca podemos desprezar o “dia dos humildes começos” (Zc 4.10). Não devemos reputar insignificante qualquer coisa que se refere à alma. Os caminhos pelo quais o Espírito Santo leva homens e mulheres a Cristo são maravilhosos e misteriosos. Com frequência, Ele inicia em determinado coração uma obra que permanecerá por toda a eternidade, quando aqueles que a observam não percebem nada admirável. Em cada obra, precisa haver um começo; e na obra espiritual o começo em geral é muito insignificante. [40]

4 – JESUS VAI  À CASA DE ZAQUEU (LC 19.6,7).

O pedido no v. 5 deve ter surpreendido tanto Zaqueu como a multidão. Da mesma forma que o cego tinha sido escolhido, aqui também aconteceu agora a mesma coisa. A alegria de Zaqueu superou seu senso de dignidade, e ele desceu a toda a pressa da árvore. [41]

Fritz Rienecker destaca que com pressa maior do que ele jamais usara para recolher o mais palpável rendimento, Zaqueu abriu a casa para o importante viajante, ao qual seu coração se sentira tão extraordinariamente atraído. – O Senhor Jesus havia dito “depressa”, e rapidamente Zaqueu organizara tudo. [42]

Com isso em mente, podemos destacar duas lições.

Primeiro, Zaqueu recebe Jesus com alegria (Lc 19.6). O coração de Zaqueu explodiu de júbilo com o desejo de Jesus de estar em sua casa. De todas as casas da cidade de Jericó, a casa mais improvável seria a de Zaqueu para o Senhor pernoitar. É provável que teria sido a primeira vez que uma pessoa honrada, cerimonialmente limpa e respeitada tivesse ido a sua casa. Como o pai recebeu o filho pródigo (Lc 15.11-32), Jesus abraçou o chefe dos publicanos odiado por todos da cidade. [43]

Segundo, a cidade murmurou da atitude de Jesus (Lc 19.7). A multidão deve ter sido quase unânime na reprovação da escolha de Jesus. Sentiram que a sua atitude era uma afronta aos sacerdotes e a outros líderes religiosos dos locais por onde Ele passara. Sua escolha era uma aprovação visível deste homem chamado tão rotineiramente de “pecador”. Duas coisas os impediram de reconhecer o verdadeiro motivo de Jesus. Uma era o exclusivismo cego deles, que se recusava a enxergar qualquer coisa boa em um publicano. A outra era a incapacidade de entender como Jesus poderia se associar com pecadores sem se contaminar. [44]

Isso prova o amor de Jesus e o propósito urgente de Jesus em salvar Zaqueu. O prazer de Deus é perdoar os seus pecados. Jesus revela que o seu amor é desprovido de preconceitos. A cidade inteira murmurou ao ver Jesus se hospedando com Zaqueu (19.7). Eles sabiam que Zaqueu era um grande pecador. Mas Jesus é o amigo dos publicanos e pecadores. Ele não veio buscar aqueles que se acham justos e bons. Como médico, ele veio curar os que se consideram doentes. [45]

 AS EVIDÊNCIAS DA SALVAÇÃO DE ZAQUEU (Lc 6,8-10).

 Um testemunho não tem nenhum valor a não ser que esteja respaldado por obras que garantam sua sinceridade. Jesus Cristo não pede uma mudança nas palavras, e sim na vida. [46]

Com isso em mente, podemos destacar algumas lições.

Primeiro, a prontidão de Zaqueu em obedecer ao chamado de Jesus (Lc 19.6). A conversão de Zaqueu se deu quando o Senhor o chama e ele o recebe com alegria em sua casa e em seu coração. Zaqueu desceu depressa. Ele obedeceu sem questionar e sem adiar. Abriu sua vida, seu coração, sua consciência e seu cofre e deixou que Jesus entrasse em cada área da sua vida. [47]

Segundo, Zaqueu tomou uma decisão voluntariamente (Lc 19.8). Aqui vemos tanto um verdadeiro espírito generoso como o desejo genuíno de reparar qualquer erro do passado. As duas atitudes refletem uma mudança de coração. O discurso de Zaqueu não foi dirigido à multidão, mas a Jesus. Não era um esforço para convencer as pessoas de que ele era sincero. Ao invés disso, era uma resposta não premeditada, espontânea, de um coração que se tornara limpo, e de um espírito que se tornara novo e que havia recebido a vida eterna. [48]

O rico cobrador de impostos enxergou o erro de seu modo de viver (dado ao materialismo, à desonestidade, à cobiça) e agora vê-se arrependido; e, como evidência de seu arrependimento, promete dar metade de suas riquezas aos pobres e grande parte do que sobraria devolveria às pessoas a quem extorquira. [49] Como disse John C. Ryle: “Quando um crente

rico começa a distribuir sua riqueza e um extorquidor começa a fazer restituições, certamente podemos crer que as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo (2Co 5.17)”. [50]

John MacArthur diz que a salvação do homem é evidente a partir da transformação de sua vida na parte de sua vida em que o seu pecado se manifestou mais abertamente. [51]

Vemos isto em duas atitudes de Zaqueu:

O primeiro sinal de conversão na vida de Zaqueu foi o amor, a generosidade, a disposição de dar. “Eu resolvo dar”. Até então, sua vida era marcada por receber e tomar o que era dos outros. Ele, que sempre tomou, agora quer dar.

O segundo sinal foi a prontidão para corrigir as faltas do passado. Zaqueu desviou muita coisa de gente inocente. Pisou nos menos favorecidos. Ganhou muita propina pelos cambalachos que fazia para os ricos. Ao encontrar-se com Jesus, ele se dispôs a corrigir as faltas do seu passado. Uma pessoa convertida torna-se honesta. Zaqueu quer agora reparar os erros do passado. Quer restituir às pessoas a quem tinha lesado. Quer limpar o seu nome. Quer uma vida certa. [52]

Sua restituição foi além do que era legalmente necessário. Somente se fosse um roubo deliberado e violento com fins de destruição era necessário restituir o quádruplo (Êx 22.1). Se fosse um roubo comum, e os bens originais não podiam ser devolvidos, devia-se pagar o dobro de seu valor (Êx 22.4,7). Se mediava confissão voluntária, e se oferecia uma restituição voluntária, devia-se pagar o valar original mais um quinto do mesmo (Lv 6.5; Nm 5.7). Zaqueu estava decidido a fazer mais do que a lei pedia. Mostrou por suas obras que tinha mudado. [53]

Terceiro, o testemunho de Jesus a respeito da conversão de Zaqueu (Lc 19.9,10). Um pecador em busca do Salvador se encontra com o Salvador que está em busca do pecador. Com verdadeiro arrependimento, o homem encontrou a salvação pessoal. Estas palavras graciosas do Mestre eram uma garantia da salvação de Zaqueu, uma proclamação em sua defesa diante da multidão, e uma promessa a todos os homens, em todos os lugares, e em todas as épocas, de que Jesus Cristo salva os pecadores. [54]

John MacArthur destaca que foi tão completa a transformação de Zaqueu que ele instantaneamente deixou de ser um ladrão para ser um benfeitor; deixou de ser egoísta e se tornou altruísta, deixou de ser um tomador e passou a ser um doador. Ele se tornou um verdadeiro judeu, parte do Israel de Deus (Gl 6.16), um verdadeiro judeu interiormente (Rm 2.28,29). Ele já não era apenas um filho de Abraão por raça, mas um filho de Abraão pela fé. Naquele mesmo dia, ele foi justificado pela fé. O que tinha sido perdido foi salvo e liberto do pecado, da morte e do inferno. O Senhor deu-lhe vida e luz para crer e se arrepender e sua conduta foi transformada. [55]

E Jesus conclui dizendo: “Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19.9, 10). Com essas palavras, este incidente se torna, em microcosmo, a reprodução do ministério de Jesus (cf. 15.3-10; 1Tm 1.15). Esta é uma importante declaração do propósito de Jesus. Hoje confirma a conclusão de que as decisões financeiras de Zaqueu tinham acabado de ser feitas. Filho de Abraão pode ter sido uma repreensão aos judeus que criticavam Zaqueu e queriam exclui-lo dos plenos privilégios judeus. Salvação aqui equivale à vida eterna (Lc 18.18) e ao reino de Deus (Lc 18.17). [56]

CONCLUSÃO

Quando um dia começa, nunca sabemos como terminará. Para Zaqueu, aquele diaterminou em alegre comunhão com o Filho de Deus, pois o publicano havia sidotransformado e tinha diante de si uma nova vida. Jesus ainda procura os perdidose deseja ardentemente salvá-los. Você já foi encontrado? [57]

Pense nisso!      

Bibliografia:

1 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 665.

2 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 423.

3 – Evans, Craig A. O Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Lucas, Ed. Vida, São Paulo, SP, 1996, p. 316.

4 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 255.

5 – Barclay, William. Comentário do Novo Testamento, Lucas, p. 203.

6 – Keener, Craig S. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia, Novo Testamento, Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 2017, p. 269.

7 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 182.

8 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 546.

9 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Mateus a Apocalipse, Lucas, p. 2883.

10 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 687.

11 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 546.

12 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 424.

13 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 255.

14 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 470.

15 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 665.

16 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 687.

17 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Mateus a Apocalipse, Lucas, p. 2885.

18 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 548.

19 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 220.

20 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 550.

21 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 326.

22 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 426.

23 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 470.

24 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 550.

25 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Mateus a Apocalipse, Lucas, p. 2887.

26 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 426.

27 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 550.

28 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 326.

29 – Spurgeon, Charles H. Sermões Sobre a Salvação, Ed. PES, São Paulo, SP, 1992, p. 17.

30 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 383.

31 – Spurgeon, Charles H. Sermões Sobre a Salvação, Ed. PES, São Paulo, SP, 1992, p. 18.

32 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 183.

33 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 550.

34 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Mateus a Apocalipse, Lucas, p. 2887.

35 – Spurgeon, Charles H. Sermões Sobre a Salvação, Ed. PES, São Paulo, SP, 1992, p. 19.

36 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janei-ro, RJ, 2008, p. 688.

37 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 183.

38 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 667.

39 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 551.

40 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 304.

41 – Ash, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas, Ed. Vida Cristã, São Paulo, SP, 1980, p. 269.

42 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 383.

43 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Mateus a Apocalipse, Lucas, p. 2887.

44 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 470.  

45 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 551.

46 – Barclay, William. Comentário do Novo Testamento, Lucas, p. 205.

47 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 552.

48 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 470. 

49 – Evans, Craig A. O Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Lucas, Ed. Vida, São Paulo, SP, 1996, p. 316.

50 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 305.

51 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Mateus a Apocalipse, Lucas, p. 2888.

52 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 553.

53 – Barclay, William. Comentário do Novo Testamento, Lucas, p. 205.

54 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 471.

55 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Mateus a Apocalipse, Lucas, p. 2888.

56 – Ash, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas, Ed. Vida Cristã, São Paulo, SP, 1980, p. 270.

57 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 327. 

sábado, 10 de maio de 2025

Linguagem Inclusiva, Pró-feminismo e Politicamente Correta nas Versões Bíblicas Nova Almeida Atualizada (NAA) e Nova Versão Internacional (NVI 2023)


Por Pr Altair Germano

Em seu livro "As Origens Cristãs a Partir da Mulher: Uma Nova Hermenêutica" (Paulinas, 1992, p. 68), a teóloga feminista Elisabeth S. Fiorenza já comemorava a linguagem inclusiva e politicamente correta utilizada pelo editores da versão bíblica Revised Standard Version (RSV), alegando que isso se deu em função do estímulo da Força Tarefa Sobre Tradução Bíblica Inclusiva do Departamento de Educação e Ministério do Conselho Mundial das Igrejas (CMI), uma organização progressista e ecumênica (as duas coisas andam sempre juntas).

No Brasil, o uso na Bíblia da linguagem inclusiva e politicamente correta, cujo os defensores alegam libertar as Escrituras do androcentrismo e do patriarcado, já é uma realidade nas versões Nova Almeida Atualizada (NAA) e Nova Versão Internacional (NVI 2023), e em outras versões modernas. Como exemplo, observe estes casos:

- O uso de "ser humano" em lugar de "homem": Gênesis 1.26,27; 6.3; Deuteronômio 8.3; Jó 14.1; Salmo 144.4; Eclesiastes 8.6; Isaías 2.22; Mateus 4.4; Lucas 4.44; Romanos 3.28.

- O uso de "pessoa(s)" em lugar de "homem": Gênesis 6.1; Mateus 16.26; Marcos 8.36,37.

- O uso de "ninguém" em lugar de "homem": Gênesis 2.5; Marcos 10.9.

- O uso de "cada um" em lugar de "homem": 1 Coríntios 11.28.

Na Nova Versão Internacional (NVI 2023), temos: 

- O uso da palavra "aliada" em lugar de "adjutora, auxiliadora": Gênesis 2.18,20.

- O uso da palavra "antepassados" em lugar de "pais": Deuteronômio 6.3; 7.12; 8.1; Josué 24.15; 1 Reis 8.57; Salmo 22.4; 39.12; 95.9; 106.7; Provérbios 22.28; Jeremias 7.7; Daniel 2.23; Zacarias 1.4; Mateus 23.32; João 4.20; Hebreus 3.9; 1 Pedro 1.18.

Prefira as versões bíblicas tradicionais: Almeida Revista e Corrigida, Almeida Corrigida Fiel e King James 1611.

Tempos difíceis!