segunda-feira, 25 de agosto de 2014

PERIGO!


Por Fabio Campos

Texto base: “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé”. – 1 Timóteo 4.1

Estamos sob pressão! A sensação que tenho é que a qualquer hora o mundo vai explodir. As guerras, as injustiças sociais, a programação televisiva (que a cada dia “ama o que deveria odiar e odeia o que deveria amar”) têm sido o alimento de muitos, com toda sorte de porcaria obscena e imoral. Mas há uma esfera pior! A apostasia! Como vamos ser luz se estamos nas trevas? Como vamos ser sal da terra se nossa vida tornou-se insípida?

Disse Nosso Senhor, “Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos; e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mt 24. 11-12 AFC).

O pecado, a iniquidade e a injusta têm sido o alimento dado por satanás à alma do homem que por natureza é incrédula. Muitos estão se alimentando deste engodo; e pior, nem ao menos sentiram o incomodo digestivo desta comida podre. Ouvindo aos demônios, como disse o apóstolo, estão se apostatando da fé.

Precisamos diferenciar “apostatar” e “desviar”. Quando alguém se desvia, há perdão e misericórdia no quebrantamento (Tg 5.19-20). Este ainda não perdeu o temor e reconhece que precisa se concertar com Deus. Apostatar-se é totalmente diferente.

É mesmo termo usado para “divórcio”. Ou seja, há um rompimento. O apóstata peca deliberadamente contra Deus. Não esboça nenhuma atitude de arrependimento. Tragicamente “crucificaram para si mesmos o filho de Deus e o expuseram à ignomínia” (Hb 6. 4-6). Este é o pecado para morte qual a Bíblia diz para não orarmos em favor daquele que o cometeu (1 Jo 5.16).

Infelizmente o amor de muitos têm se esfriado. Não há mais esperança – não há mais fé – jogaram a “responsabilidade do homem” nas costas da “Soberania de Deus”. Esqueceram-se da maior injustiça de todos os tempos, a saber, “o justo que morreu pelos injustos”. Tornaram-se infelizes por terem esperado em Cristo somente nesta vida (1 Co 15.19). Pois é, a esperança dada por Nosso Senhor é escatológica! Seu Reino não é este! Como, então, atribuir às intempéries do mundo a Deus, sendo que o “mundo jaz no maligno”? Do que se queixar quando simplesmente comemos os frutos de nossos próprios pecados (Lm3.39)?

Amados, o perigo é constante! O leão ruge buscado a quem possa tragar! Portanto, o Senhor nos deixou de sobreaviso que no “mundo teríamos tribulações”. Se você ouviu algo diferente disto, sinto-lhe informar que você foi enganado! As heresias estão aí! A elite “intelectual” está formando a opinião dos leigos que pensa que pelo simples fato de possuir uma conta “rechonchuda” e uma boa retórica, é detentor da verdade.

Mas não é assim! Pelo contrário! Neste ponto abordado endosso aquilo que disse Olavo de Carvalho: "O modelo supremo de sabedoria a que aspira a inteligência [nociva] moderna é, indiscutivelmente, o demônio. Ele não pode nos salvar; mas pode justificar de maneira cada vez mais científica a nossa danação".

Que Deus guarde o nosso coração e preserve para si sete mil homens e mulheres que não se dobraram a baal, mas que pela firme convicção, independentemente da situação, continue a dizer: “... eu sei em quem tenho crido” (2 Tm 1.12 AFC).

Considere este artigo e arrazoe isto em seu coração.

Soli Deo Gloria!

Fonte: Fabio Campos

Lágrimas Desconhecidas aqui!


Por Josemar Bessa

Há situações descritas por outras pessoas que são tão impressionantes que nossas mentes tem dificuldade de processar e imaginar. Em Apocalipse 5 nós temos uma dessas cenas impressionantes assim.

Um anjo forte diante de todo o exército dos céus está fazendo uma “pesquisa” exaustiva e convocando alguém capaz de abrir “o livro” que está nas mãos de quem está assentado no Trono.

“E vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos. E vi um anjo forte, bradando com grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos? E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele.” - Apocalipse 5:1-3

A questão é: o que contém este livro?

Baseado no que vemos acontecer neste capítulo e nos capítulos subsequentes, dali flui o juízo iminente de todo pecado, de toda maldade.... de TUDO que na história humana roubou a glória de Deus que tudo criou para manifestá-la. E agora o juízo está pronto para ser derramado sobre todo roubo dessa glória.

O que lemos nos capítulos sucessivos a partir daí, é o desencadeamento da Ira do Cordeiro. Todos os atos de Deus purgando toda a maldade do coração humana, toda a ruína trazida por isso a esse planeta, todo pecado e sua mancha... o início da restauração de todas as coisas de uma criação que está gemendo onde tudo manifestará a glória do Criador... é um conteúdo que em sua plenitude é insondável por nós.

E este anjo forte é enviado e completa a chamado por toda terra e céu e NINGUÉM em toda a criação é achado “digno”, qualificado para abrir o livro. NINGUÉM!

O apóstolo João tem uma reação forte a isso ( Deus queira que nossos corações sintam como o dele ) – “E eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele.” - Apocalipse 5:4

João começa a chorar totalmente tomado pela emoção mais profunda. Por que? Por que? Esse, o mundo em que vivemos, é abundante em lágrimas, mas essas lágrimas de João são estranhas para este mundo. Ele chora, todas as suas entranhas se comovem, olhe para o texto, porque ninguém era digno de abrir o livro ou sequer olhar para ele.

O que isso significa?

Bem, se o livro contém o julgamento posterior de Deus sobre toda a impiedade e tudo que lhe “roubou” sua glória, ou não dar um testemunho verdadeiro dela, (cada pecado é uma mentira sobre o Criador) – e se o livro é um catalisador para trazer a restauração final de todas as coisas para a glória de Cristo, do Pai, do Espírito Santo, e não pode ser aberto, então... então estamos presos... então a glória de Deus não vai ser vindicada.

Isso não pode acontece! Isso não pode acontecer, e João sabe que ninguém entre os homens ou até mesmo entre todos os anjos do céu podem vir e tomar este livro e executar o seu conteúdo... então ele está angustiado, totalmente angustiado. Seu coração está em pedaços, rasgado... pois parece que Os propósitos de Deus parecem ser frustrados se ninguém pode abrir o livro e dar início a vindicação da glória de Deus.

A palavra usada é a mesma na construção do choro de Pedro ao negar a Jesus:“E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.” - Mateus 26:75 – É um grito alto e amargo.

Isso te faz chorar? O que te faz chorar? O que tem feito a igreja chorar?
João está emocionalmente totalmente perturbado com a perspectiva de o pecado não ser tratado, a glória de Deus não ser vindicada e a restauração de tudo para a glória de Deus não ser realizada.

Você já se encontrou com lágrimas nos olhos por causa da glória de Deus? São lágrimas que este mundo não conhece. As lágrimas do mundo são auto-centradas. São antropocêntricas.

Pense agora em todas as abundantes lágrimas que foram derramadas por todos os santos ao longo da história chorando pela vindicação do Nome de Deus. Orações como as do Salmo 13, que clama aos céus: “...até quando Senhor” – todos os verdadeiramente redimidos em Cristo clamando “venha a nós o Teu Reino...” – Séculos e séculos de clamor por uma vindicação da glória de Deus que trouxesse plena restauração a todas as coisas. Suas lágrimas estão entre essas?

Aqui João chega ao fim do tempo, ao fim da estrada, diante do Trono. Ele vê o livro que contém o plano da batalha que traz a consumação dos séculos, e então ele vê a busca exaustiva desse anjo forte por todo o universo e eras... para que alguém possa tomar o livro e executar seu conteúdo... Mas NINGUÉM é encontrado!!

João está chorando pelo julgamento, pelo juízo, pela vindicação do Nome e da Glória de Deus. Seu choro está conectado à purificação do planeta do pecado, do universo manchado pelo pecado... Mesmo quando pedimos e oramos pela volta de Cristo, tristemente nossas lágrimas, na maioria das pessoas, não estão sendo derramadas por causa da glória do nome de Deus que deve ser vindicado.

No entanto João e os santos no Apocalipse, oram pela expressão máxima do que é “venha o teu reino” – julgue todo pecado, vindique o Seu santo Nome, trazendo uma restauração plena que Te exalte completamente, trazendo uma exaltação infinita no coração de todos os que amam a Sua vinda.

Não é difícil chorar e sentir angústia sobre todas as coisas que trazem sofrimento para nós pessoalmente ou pelo nosso mundo. Mas aqui João está sendo tão diferente da grande maioria dos homens. Infelizmente da grande maioria dos que se dizem cristãos em nossos dias. A tristeza de João não está encerrada sobre si mesmo, mas sim sobre a GLÓRIA e a VINDICAÇÃO de Deus.

Que em Sua graça infinita, Deus nos conceda um coração que possa chorar as lágrimas que este mundo de lágrimas não conhece.

Fonte: Josemar Bessa

Sou a favor da escravidão

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Por Maurício Zágari

Você é a favor da escravidão? Pode parecer estranho e até ofensivo eu te perguntar isso, afinal, nenhum ser humano civilizado considera a escravidão humana algo correto, não é mesmo? Bem, na verdade, até pouco mais de um século, aqui mesmo no Brasil, milhões de pessoas civilizadas e cultas acreditavam que ter escravos humanos era algo totalmente normal e cabível. Como pode? Como pode tantos indivíduos bons e até mesmo cristãos terem visto essa prática abominável como aceitável? Eu estava vendo fotos do acervo do Instituto Moreira Salles que mostram escravos no Brasil há apenas cerca de 130 anos. As imagens me impactaram e comecei a refletir sobre a escravidão. Meu primeiro impulso foi o de condenar aquela sociedade, que abraçava como natural a ideia de que pessoas podem ser donas de outras e fazer com elas o que quiserem. Mas, pensando mais um pouco, acabei chegando à conclusão de que, se eu vivesse no Brasil daquela época, também não teria problemas com a escravidão. Possivelmente, eu mesmo teria alguns escravos. Por quê? Porque estaria tão inserido naquela realidade que nem gastaria muito tempo pensando sobre a validade daquilo. Na verdade, estaria tão acostumado com aquela situação que minha mentalidade seria: sempre foi assim, sempre será; é como é, não há o que questionar. E essa constatação me conduziu a uma percepção espiritual: eu sou a favor da escravidão. Permita-me explicar.

Você já assistiu ao filme “O show de Truman”? Se não, recomendo que o faça, é um dos longa-metragens mais interessantes a que já assisti. Narra a história de um homem que viveu toda sua vida num gigantesco estúdio de televisão. Todas as pessoas com quem convive são atores, num grande reality show. Sua vida não passa de uma enorme mentira, mas ele vive anos nessa loucura sem perceber. Em certo momento do filme, um repórter pergunta para o diretor e idealizador do show: “Por que o senhor acredita que Truman nunca percebeu que está num programa de televisão?”. A resposta dele é muito significativa: “Nós aceitamos a realidade do mundo conforme nos é apresentada”. Isso explica com clareza por que milhões de pessoas boas acatavam a escravidão como normal: elas nasceram numa realidade em que aquilo era natural, cresceram aprendendo que não havia nada de mais na escravidão e, por isso, nunca questionaram aquela barbárie.

Nascemos escravos do pecado. Crescemos escravos do pecado. No mundo, enxergamos a escravidão ao pecado como algo aceitável. Enquanto as correntes da transgressão prendem nossos pés, não questionamos essa situação. Vemos como algo natural a desobediência a Deus, afinal, a realidade que nos foi apresentada pela sociedade ao nosso redor é a da escravidão ao pecado – e a temos como normal. Até que, um dia, uma alternativa se descortina diante de nossos olhos: Jesus nos dá carta de alforria. Percebemos, então, que é viável uma vida que se desagrada do pecado. É impossível nos livrarmos totalmente das algemas que nos prendem à transgressão, mas o Espírito Santo nos mostra que podemos não nos conformar a ela. “Porque, se fomos unidos com ele [Jesus] na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos [...] Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça” (Rm 6.5-6, 17-18).

Até aqui nenhuma novidade. Tenho certeza de que você já sabia que a salvação em Cristo no torna livres da escravidão do pecado. Você é chamado pela graça de Deus e, com isso, torna-se absolutamente, totalmente, inquestionavelmente livre, certo?

Errado.

Eis o ponto fundamental: na verdade, a salvação não vem para nos tornar livres da escravidão. Ela vem apenas para mudar o nosso dono. Continuamos escravos, mas não mais do pecado: de Cristo. “O que foi chamado no Senhor, sendo escravo, é liberto do Senhor; semelhantemente, o que foi chamado, sendo livre, é escravo de Cristo” (1Co 7.22). Ou seja: deixamos de ser escravos do pecado para nos tornarmos escravos de Jesus. Nesse sentido, sou, sim, totalmente a favor da escravidão e me contento com essa realidade, apresentada não mais pelo mundo, mas pelas Escrituras sagradas. “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna” (Rm 6.22).

A grande diferença entre esses dois tipos de escravidão é que o pecado nos torna apenas escravos – seres abatidos, sem vontade própria, destituídos de liberdade. Porém, ao nos tornarmos escravos de Cristo, recebemos também outros títulos: somos feitos filhos de Deus, amigos de Jesus, herdeiros da eternidade, verdadeiramente livres!“Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado. O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.34-36). Ser escravo de Cristo significa receber alforria não para ser um indivíduo autônomo e independente, mas totalmente acorrentado à liberdade que a vida eterna nos concede. Portanto, aceite a escravidão, ela é uma realidade inevitável.

Infelizmente, mesmo ao nos tornarmos escravos de Cristo algumas correntes de nosso antigo senhor continuam atadas aos nossos membros. Por isso, embora tenhamos sido chamados pela graça à servidão a Deus, continuamos sendo puxados de volta à senzala do pecado. É o que Paulo escreveu: “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado” (Rm 7.14-25).

Não tem jeito, meu irmão, minha irmã, você é e será sempre escravo. A questão é: de quem? Se Cristo te chamou pela graça, você pertence ao Senhor, mas saiba que o pecado não ficou feliz com essa mudança. O pecado quer você de volta. Não permita que isso aconteça, lute pela sua servidão ao único amo que oferece a paz, Jesus Cristo. A cruz te libertou, mas o Diabo quer manter você acorrentado. O que te manterá longe da senzala da transgressão é a sua santidade. Muitas vezes fraquejamos, caímos, perdemos a batalha, nos arrastamos como cães ao antigo vômito da escravidão ao pecado. Mas Jesus não se conforma com isso, pois você pertence a ele. Então ele te chama constantemente ao arrependimento e, se você rende sua vontade a ele, o perdão sempre está ao seu alcance.

Você é cristão mas tem cedido ao pecado? As correntes da desobediência o têm arrastado de volta ao lugar de onde saiu? Você tem praticado novamente aquilo de que Jesus já te libertou? Então a hora é esta: ouça a voz do Bom Pastor chamando-o de volta. Peça perdão. Abandone essa prática. Você pertence a Cristo e foi chamado para habitar não mais nas imundas senzalas do pecado, mas nas puras mansões celestiais. Você é escravo da liberdade. Não abra mão disso.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

Fonte: Apenas

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

QUERO TRAZER À MEMÓRIA O QUE ME PODE DAR ESPERANÇA


Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Lm 3.1-3; 19-21

INTRODUÇÃO

O livro de Lamentações nos retrata a condição caótica que ficou Judá após a invasão do Império Babilônico por Nabucodonosor. Esse livro registra a triste figura de uma nação totalmente destruída pelo inimigo. Tanto que na Septuaginta – o Antigo Testamento em grego – esse livro leva o título de “Cânticos Fúnebres”. O livro de Lamentações consiste em cinco poemas e os primeiros quatro poemas são acrósticos alfabéticos, o que significa que cada grupo de versículos começa com uma letra diferente do alfabeto hebraico, que consistia de vinte e duas letras.

Neste livro, a mágoa do profeta jorra como a de um enlutado no sepultamento de um amigo íntimo que teve morte trágica. As lamentações reconhecem que a tragédia era o juízo divino contra Judá pelos séculos de rebeldia contra Deus. Chegara o dia da prestação de contas, e foi muito terrível.

Jeremias durante seu ministério público tentou levar a nação ao arrependimento, mas tal coisa não aconteceu. Por cerca de quarenta anos esse profeta do Senhor profetizou que o mal estava às portas da nação, mas os reis preferiram dar ouvidos aos falsos profetas que profetizavam o que eles queriam ouvir do que ouvir a verdade que estava na boca de Jeremias. Mas antes de Jeremias, o profeta Isaías, cerca de cento e quinze anos antes, já vinha alertando Judá a cerca do seu pecado e quais seriam as suas consequências. Isso prova a longanimidade de Deus. Pois antes dEle enviar o castigo Ele procurou alertar o seu povo para que houvesse mudança de atitude. No entanto, ninguém deu ouvido a voz de Deus, pelo contrário, iam cada vez mais se envolvendo no pecado.

Como resultado o Senhor enviou o castigo que disse que havia dito que enviaria. O que ocorreu em Jerusalém foi a mão do Senhor sobre ela por terem desprezado a correção e darem ouvidos aos falsos profetas e por não terem abandonado o pecado, quebrando assim a aliança que tinham com Deus.

Com a invasão babilônica, a maioria dos sobreviventes foi deportada para a Babilônia. A primeira deportação ocorreu em 605 a.C. Nessa primeira deportação foram levados os jovens. No ano 600 a.C, foi levado mais uma parte do povo e por fim, no ano 585 a.C. a nação foi totalmente destruída, inclusive o templo e os muros da cidade.

Que lições podemos tirar desse livro que retrata de forma tão vívida a destruição da cidade de Jerusalém?

I – A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O PECADO É ALGO ABOMINÁVEL AOS OLHOS DE DEUS – Lm 1.5,8,9; 4.6,13.

O pecado é abominável aos olhos de Deus e ele sempre trás suas tristes consequências.    As suas consequências nem sempre recairão somente sobre a pessoa que peca, mas também poderá recair sobre a vida dos filhos, ou seja, sobre os seus descendentes – Lm 5.7, e isso, infelizmente, ocorreu; não só porque os pais pecaram, mas porque os filhos também não se arrependeram de seus pecados. A herança deixada pelos pais foi o pecado e a prática dele e não o exemplo de uma vida santa. Qual legado você está deixando para os seus filhos?

Preste atenção como o Senhor através da boca de Isaías já falava a respeito do pecado do Seu povo – Is 1.10-21. Observe que o Senhor não deixou de alertar a cerca do pecado da nação. Veja o que o Senhor por boca do profeta Jeremias disse também: Jr 8.4-12.

Meu querido irmão e minha querida irmã o Senhor não mudou sua maneira de agir, Ele continua chamando a atenção do Seu povo contra o pecado. Ele continua mostrando que o pecado é abominável aos Seus olhos e nos mostra quais são as suas consequências ainda hoje. O apóstolo Paulo em Rm 3.23 nos diz que “todos pecaram e carecem da glória de Deus”, e em Rm 6.23 ele afirma que “o salário do pecado é a morte”.

A graça de Deus não nos isenta de uma vida santa em Sua presença, pelo contrário, observe mais uma vez o apóstolo Paulo nos fala em Gl 5.16-21 quando ele nos diz que devemos andar no Espírito para não satisfazermos a vontade da carne. E a relação que ele nos dá das obras da carne é algo que temos visto todos os dias no mundo perdido e porque não dizer dentro da igreja também. E ele diz que quem tais coisas praticam não herdarão o Reino de Deus.

Por isso mais uma vez afirmamos que o pecado é algo abominável aos olhos de Deus.

II – A SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO AQUI É A TRÁGICA CONSEQUÊNCIA DO PECADO.

Jeremias nos mostra no livro de Lamentações o que ocorreu com o povo que se rebelou contra o Senhor após a invasão dos Caldeus. Vejamos os ocorridos:

Em primeiro lugar ele fala da escravidão do povo – Lm 1.1.

Em segundo lugar ele fala a respeito do exílio ocorrido – Lm 1.3,6, 18.

Em terceiro lugar ele fala que os anciãos e os sacerdotes foram humilhados, enforcamentos e as mulheres violentadas – Lm 4.16; 5.11,12.

Em quarto lugar ele fala que Nabucodonosor levou os utensílios consagrados do Templo 1.10.

Em quinto lugar ele fala que o Templo foi destruído e os muros da cidade derrubados – Lm 2.6-9.

Em sexto lugar ele fala das muitas mortes que ocorreram, tanto velhos quanto moços – Lm 2.21,22.

Em sexto lugar ele fala da fome que se instalou em Judá foi tremenda a ponto das mães matarem seus próprios filhos e comerem – Lm 1.11; 2.11c,12; 4.4,9,10.

Em sétimo lugar ele fala dos profetas mentirosos que enganaram o povo – Lm 2.14.

É mais fácil ouvir a mentira que a verdade, porque a verdade incomoda, trás mal estar aos ouvidos, no entanto a verdade liberta. Mas as pessoas não querem a liberdade, pois liberdade envolve responsabilidade, santidade, vida na presença do Senhor, e isso muitos não querem. Como disse Jesus em Jo 3.19,20:

“O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras”.

O profeta passa descrever a sua dor diante de todo esse ocorrido e a total falta de esperança de livramento – Lm 3.1-8, 14-19.

III – A TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO AQUI É QUE O PROFETA JEREMIAS NÃO QUER SER CONSUMIDO PELA TRAGÉDIA – Jr 3.21

Eugene Peterson disse que é mais fácil desfalecer em desespero do que viver com base na esperança, pois quando vivemos em desespero não temos de faze nada ou assumir riscos. No entanto, diante desse quadro caótico o profeta Jeremias não quis ser um poço de mágoa; ele não quis morrer envenenado com a amargura de sua alma. Ele quis assumir riscos. Veja como ele descreve a dor que lhe toma o coração: Lm 3.14-20. Mas diante disso ele disse não! Eu não quero ser um poço de amargura, eu não quero morrer consumido pela desesperança e pela dor. Esta é uma das maiores lições que aprendemos com este profeta: “Olhar para vida com esperança, mesmo quando ela nos vem revestida de tragédia e dor”.

Por isso ele nos fala que “quer trazer à memória o que lhe pode dar esperança”. Assim como o apóstolo Paulo também disse: “esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fl 3.113,14).

E quais são essas recordações que ele busca em sua mente?

1ª A primeira coisa que ele traz à memória é que o Senhor é misericordioso – Lm 3.22,23a.

Jeremias em meio ao caos diz para si mesmo: “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã”. A misericórdia de Deus era em primeiro lugar a força motriz para Jeremias continuar vivendo. Ele sabia muito bem que a causa da calamidade que se abatera sobre Judá e Jerusalém era consequência dos seus pecados. Ele não tinha dúvidas disso e nem fazia vista grossa a isso. Mas ele trás à memória a misericórdia de Deus, pois o Senhor tinha um amor constante e foi por amor ao Seu povo que Ele permitiu e até usou os Caldeus contra eles. Veja o que o Senhor fala ao profeta Habacuque que usaria os Caldeus para realizar uma grande obra em meio ao Seu povo através dessa nação perversa. Observe o que Habacuque fala em sua oração:

 “Não és tu desde a eternidade, ó SENHOR, meu Deus, ó meu Santo? Não morreremos. Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aquele povo; tu, ó Rocha, o fundaste para servir de disciplina” Hc 1.12.

Até na disciplina o Senhor é misericordioso. Como nos diz a Palavra de Deus em Provérbios 3.11,12:

“Filho meu, não rejeites a disciplina do SENHOR, nem te enfades da sua repreensão. Porque o SENHOR repreende a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem”.

Por isso que o autor de Hebreus nos diz que “se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos” Hb 128.
A causa de não sermos consumidos é grande misericórdia do Senhor por nós.  E a maior prova da Sua misericórdia foi quando Ele enviou Seu Filho Jesus para morrer em nosso lugar na cruz do Calvário. Como disse Paulo em sua carta aos Romanos:

“Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” Rm 5.7,8.
Leia também Jo 3.16. Ali o Senhor Jesus nos fala que o amor de Deus por nós é tal que Ele deu Seu único Filho para morrer por nós. 

ILUSTRAÇÃO

Conta-se uma história que Napoleão Bonaparte mandou enforcar um de seus soldados por ele ter sido pego dormindo quando estava de guarda. A mãe do jovem, no entanto, pedia insistentemente que Napoleão tivesse misericórdia de seu filho. Napoleão disse para aquela pobre mãe que o filho dela merecia morrer, que ele era culpado de um crime muito grave, pois deixou em perigo todo o seu exército. A mãe do jovem concordou com Napoleão que seu filho merecia a morte, por isso que ela estava lhe pedindo que tivesse misericórdia dele. Com tal argumento Napoleão mandou soltar o jovem e não o matou.

Todos nós merecíamos a morte, mas as misericórdias do Senhor não tem fim, se renovam sobre a nossa vida através do sacrifício de Cristo a cada manhã.

Jeremias se lembrou da misericórdia do Senhor e sabia que aquele quadro caótico que estava sobre a sua nação chegaria ao fim um dia.

2ª A segunda coisa que ele traz à memória que é que o Senhor é fiel – Lm 3.23b.

O Senhor não é só misericordioso, mas também fiel a Sua aliança. E Ele havia feito uma aliança com o Seu povo antes mesmo deles existirem como nação através de Abraão. Veja o que o Senhor disse a Abraão quando o chamou de Ur dos Caldeus:

“Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra” Gn 12.1-3.

Em Levítico 26 o Senhor fala por intermédio de Moisés que a obediência geraria bênçãos, mas a desobediência geraria castigo. Observe o que o Senhor fala a respeito do castigo, mas fala também de perdão se houver arrependimento e confissão do pecado:

“Mas, se confessarem a sua iniquidade e a iniquidade de seus pais, na infidelidade que cometeram contra mim, como também confessarem que andaram contrariamente para comigo, pelo que também fui contrário a eles e os fiz entrar na terra dos seus inimigos; se o seu coração incircunciso se humilhar, e tomarem eles por bem o castigo da sua iniquidade, então, me lembrarei da minha aliança com Jacó, e também da minha aliança com Isaque, e também da minha aliança com Abraão, e da terra me lembrarei” Lv 26.40-42.

É nessa fidelidade que Jeremias cria. Ele esperava que no cativeiro babilônico os judeus se lembrassem da aliança que eles haviam quebrado e se voltassem novamente para o Senhor. E através dessa reconciliação o Senhor os traria de volta a terra que o Senhor por juramento lhes havia dado.

Veja o que o Senhor falou com Ezequiel durante o período do cativeiro babilônico:

“Assim diz o SENHOR Deus: Quando eu congregar a casa de Israel dentre os povos entre os quais estão espalhados e eu me santificar entre eles, perante as nações, então, habitarão na terra que dei a meu servo, a Jacó” Ez 28.25.

Assim como o Senhor fez uma aliança com Israel, da mesma forma o Senhor fez uma aliança com cada um de nós também na pessoa do Seu Filho Jesus. Na última ceia antes da crucificação o Senhor tomou o cálice e disse:

“Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós” Lc 22.20.

Jesus disse que estaria conosco todos os dias até a consumação do século (Mt 28.20c). Jesus falou que enviaria o Consolador para estar conosco todos os dias e que em nós faria morada (Jo 14.16-18,23). Mas também disse que se confessarmos os nossos pecarmos Ele nos perdoaria os pecados, pois Ele é fiel e justo (1Jo 1.9) e disse que voltaria para estarmos com Ele para todo o sempre (1Co 15.50-58).

Deus é fiel. E Ele não pode ser diferente disso, faz parte do Seu caráter a fidelidade. Veja o que o apóstolo Paulo nos fala a respeito disso: “se formos infiéis, Ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” (2Tm 2.13).

Deus é fiel. Aleluia!

3ª A terceira coisa que ele traz à memória é que o Senhor era a sua verdadeira herança e a sua única esperança na terra dos viventes – Lm 3.24.

Em outras palavras o profeta está dizendo que o Senhor é o que lhe resta, por isso tinha esperança. O Senhor era a sua herança. Era a única coisa que era real em sua vida. E isso era o que importava. Os bens materiais podem se perder, a família pode morrer, os sonhos podem deixar de existir, mas o Senhor nunca ira deixar de ser o nosso bem maior.  

Como disse Lutero em seu hino Castelo Forte na última estrofe:

Se temos de perder,
Os filhos, bens, mulher,
Embora a vida vá,
Por nós Jesus está,
E dar-nos-á seu Reino.

Quem tem sido a sua herança meu irmão? Os bens dessa terra ou o Deus Eterno?
4ª A quarta coisa que ele traz à memória é que o Senhor era bom para os que esperam nEle  – Lm 3.25.
É bom ter esperança em Deus porque ele é bom para todos o que nEle esperam. Jeremias não tinha em quem esperar. Os reis de Judá esperaram ajuda de outras nações contra o exército babilônico, mas estes não vieram. Mas Deus não falha. Ainda que seja na quarta vigília da noite Ele vem nos socorrer.
Em Jo 6.17 nos diz: “E, tomando um barco, passaram para o outro lado, rumo a Cafarnaum. Já se fazia escuro, e Jesus ainda não viera ter com eles”.
O texto nos diz que Jesus ainda não havia chegado. Essa palavra “ainda” está cheia de esperança. Observe que o texto não diz que Jesus não viera, mas diz que ainda não viera ter com eles. Meu querido irmão, ainda não chegou o momento de o Senhor agir em sua vida, mas vai chegar o momento. Faça como Jeremias traga à memória a fé e a esperança, lembre-se que o Senhor é bom e irá vir ao seu encontro para socorrê-lo. 
5ª A quinta coisa que ele traz à memória é que o Senhor era o seu Salvador – Lm 3.26.
Jeremias não perdeu a esperança porque o Senhor era o seu salvador. A salvação vem do Senhor e somente dEle. Mas a salvação não se resume a sermos livres das calamidades dessa vida e nem do tormento eterno. Entenda uma coisa, a salvação não se resume em ir para o céu, mas em estar livre do pecado e ter prazer em Deus. É ser livre dos desejos da carne e ter no Senhor o nosso real prazer. É adorá-lo pelo o que Ele é e não pelo o que Ele dá e faz.
Como disse Rabia 800 d.C: “Se eu te adorar por medo do inferno, queima-me no inferno. Se eu te adorar pelo paraíso, exclua-me do paraíso. Mas se eu te adorar pelo que Tu és, não esconda de mim a Tua face”.
Se você está servindo ao Senhor por medo das consequências ruins que podem lhe acontecer então você não entendeu ainda o que é servir ao Senhor.
Mas é também reconhecer que do Senhor vem o socorro no momento de tribulação. Como nos diz Davi no Salmo 20.7-9:
“Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus. Eles se encurvam e caem; nós, porém, nos levantamos e nos mantemos de pé. Ó SENHOR, dá vitória ao rei; responde-nos, quando clamarmos”.
O Senhor não mudou, Ele continua agindo com poder e graça em nossas vidas.
6ª A sexta coisa que ele traz à memória é que o Senhor atende aos humildes – Lm 3.29.
Por a boca no pó significa ter uma vida de humildade. É se humilhar debaixo da potente mão do Senhor. É reconhecer a nossa pequinesa e não nos vermos como melhores que os outros. Como disse o apóstolo Paulo em Fl 2.3:
“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo”.
Esse é o sentimento que deve reger o nosso coração. Mas há pessoas que mesmo diante da calamidade ainda se sentem os “donos da cocada preta”. Nem diante da calamidade se tornam mais humildes. A soberba “os cinge como um colar” (Sl 73.6). No entanto a Bíblia é muito clara quando diz: “Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado” (Lc 14.11). E próprio Senhor Jesus nos diz que devemos aprende com Ele o que é humildade: “aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11.29).
Ser humilde não é ser fraco, mas é reconhecer que sozinhos não chegaremos a lugar algum e que por intermédio do Senhor que alcançamos grandes coisas.
Meu irmão ponha a boca no pó, reconheça seus pecados e os confesse, pois um coração contrito o Senhor não rejeita.
7ª A sétima coisa que ele traz à memória é que o Senhor não se prolonga em Sua ira – Lm 3.31,32.
Embora fosse severo o cativeiro babilônico imposto pelo Senhor a Judá, este tinha por finalidade corrigir o Seu povo e trazer-lhes ao arrependimento. Após setenta anos (Jr 25.11,12), o remanescente voltaria para Jerusalém e reconstruiria o templo, os muros e a cidade. Mas mesmo no cativeiro babilônico o Senhor não os abandonou muito pelo contrário, através de Jeremias lhes mandou dizer que tinha o melhor para eles. Veja o que o Senhor lhes disse:
“Assim diz o SENHOR: Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar. Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o SENHOR, e farei mudar a vossa sorte; congregar-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o SENHOR, e tornarei a trazer-vos ao lugar donde vos mandei para o exílio” Jr 29.10-14.
O castigo divino dura por algum tempo; Sua misericórdia é para sempre. O Senhor não se esquece do seu povo. O Senhor não se esqueceu de você, no momento de aflição Ele sempre envia o Consolador para nos renovar a fé e a esperança. O apóstolo Paulo em Rm 8.26,27 diz que Espírito Santo intercede por nós:
“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos”.
Essa é uma das maiores alegrias que o cristão pode ter, saber que mesmo que a tragédia nos assole a misericórdia do Senhor estará sobre nós todos os dias. Lutas virão mas precisamos trazer à memória o que realmente importa: Que a misericórdia do Senhor é sobre nós todos os dias.

CONCLUSÃO

Quando a angústia vier saiba que o Senhor está ao seu lado todos os dias para lhe consolar. Não quero com isso dizer que não teremos sequelas em nossa vida, seria muita presunção e ingenuidade de minha parte falar tal coisa, mas que essas sequelas não sejam maiores que a nossa superação com a ajuda do nosso Deus. Somos humanos e não robôs. Até Jesus chorou no túmulo de Lázaro, quem somos nós para não chorarmos diante das adversidades da vida também. Uma coisa é sofremos diante das perdas e lutas que a vida nos proporciona, outra coisa é afundarmos num poço de angústia e depressão podendo sair dele com a ajuda do nosso Deus.

A vida não é colônia de férias, como nos fala o Rev. Hernandes Dias Lopes, mas também não um eterno sofrimento. Por isso que o salmista nos fala com muita propriedade: “Este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (Sl 118.24).

E como nos diz a Palavra de Deus em Fl 4.8:

“Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento”.

Que o Senhor nos ajude a superarmos as crises que vem sobre nós, em todo o louvando e trazendo à memória a Sua Palavra.

Pense nisso!

Que o Senhor lhe abençoe!

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

INVERSÃO DE AUTORIDADE OU QUEM É QUE MANDA AQUI?


Por Pr. Silas Figueira

Por que me chamais Senhor, Senhor e não fazeis o que vos mando? Lc 6.46

Estamos vivendo uma grande crise, seja na igreja, em nossos lares, na sociedade e esta crise se chama “Crise de Autoridade”. E esta crise não vem de hoje, mas de muito tempo. O texto de Lucas 6.46 nos diz que o Senhor Jesus estava mostrando essa crise. As pessoas o chamavam de Senhor, e Ele o é, no entanto não faziam o que Ele mandava. E já que os homens não se sujeitam a autoridade divina, automaticamente não se sujeitarão as autoridades constituídas também. Seja ela a dos pais e as da sociedade. Estamos vivendo uma época onde encontramos muitos “caciques, mas poucos índios”.  

Mas nessa crise alguém tem que mandar, pois mesmo diante de uma crise de autoridade sempre haverá um líder. E o que temos visto é que estamos vivendo uma Inversão de Valores em relação à autoridade constituída por Deus. As pessoas estão querendo mandar quando na verdade deveriam obedecer, estão querendo revindicar seus direitos quando na verdade não tem direito algum ou pelo menos não o que exigem. Tudo isso começou com Satanás e ele por sua vez tem posto essa ideia fixa na cabeça das pessoas. Começou com Adão e Eva e chegando até nós hoje e, infelizmente, continuará até a volta de Jesus. Mas eu quero pensar com você sobre essa crise dentro de nossas igrejas.

INVERSÃO DE AUTORIDADE DENTRO DA IGREJA

Há uma inversão de valores instalada dentro de nossas igrejas hoje. Muitos líderes cristãos estão ensinando aos membros de suas igrejas que eles devem revindicar os seus direitos diante de Deus, pois assim como Deus é eles são também. Hank Hanegraaff em seu livro Cristianismo em Crise nos diz que alguns líderes estão ensinando que quando o Senhor criou Adão, criou uma criatura que não estava subordinada a Ele e que o Criador não podia exercer Sua autoridade na Terra sem primeiramente obter sua permissão [1]. Mas por causa da queda nossos primeiros pais perderam sua condição de deuses e foram infundidos com a própria natureza de Satanás, ou seja, o primeiro homem e a primeira mulher foram transformados de divinos para demoníacos ficando assim sujeitos ao pecado, às enfermidades e ao sofrimento. Mas através da encarnação de Cristo, sua morte e ressurreição, nós hoje nos tornamos também uma encarnação divina – tal qual Jesus de Nazaré! E, como encarnação de Deus, podemos ter saúde e riqueza ilimitadas. Assim podemos ter um palácio como Taj Mahal, com um Rolls Royce defronte dele [2].

Essa tem sido a ideia plantada na cabeça de muitas pessoas. Assim sendo – pensam eles – “já que eu sou um pequeno deus eu devo exercer a minha total autoridade na Terra”. Há uma distorção da Palavra de Deus e com isso muitas pessoas em muitas igrejas se tornaram arrogantes, presunçosas e pior, se veem autossuficientes. Pensam que Deus está a sua disposição e que Ele tem que realizar as suas vontades. O Senhor, para tais pessoas, não passa de um gênio da lâmpada, ou da Bíblia; basta abri-la e fazer os seus pedidos, ou melhor, fazer as sua exigências e o Senhor irá realizá-los. Pobres criaturas que pensam assim.

Nessa mesma linha de pensamento, alguns líderes “cristãos” estão dizendo que é errado orar dizendo para Deus fazer a Sua vontade. Eles ensinam que quem ora assim é porque não tem fé. E se você tem fé basta revindicar os seus direitos, ou melhor, basta falar com fé que as coisas devem acontecer.

Mas veja o que Tiago nos fala a respeito:

“Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna” (Tg 4.13-16).

Quanta pretensão dessas pessoas que pensam diferente da Palavra de Deus. Como nos fala o Texto sagrado: “Toda jactância semelhante a essa é maligna”. Podemos falar sem medo de errar, quem tem ensinado diferente do que nos fala a Palavra de Deus são pessoas usadas por Satanás, são lobos em pele de cordeiros.

Observe a oração que o Senhor Jesus fez no Jardim do Getsêmani:

“E, saindo, foi, como de costume, para o monte das Oliveiras; e os discípulos o acompanharam. Chegando ao lugar escolhido, Jesus lhes disse: Orai, para que não entreis em tentação. Ele, por sua vez, se afastou, cerca de um tiro de pedra, e, de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua. Então, lhe apareceu um anjo do céu que o confortava. E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra” (Lc 22.39-44).

Muitos líderes pensam que essa oração do Senhor era sinal de Sua fraqueza na carne. A oração do Senhor no Jardim do Getsêmani é o maior sinal de submissão à autoridade do Pai. Entenda uma coisa, a vontade de Deus é absoluta, se não fosse da vontade de Deus que Jesus fosse crucificado isso não teria acontecido, mas era da vontade dEle que o Nosso Senhor passasse por ela. Através dessa humilhação que o Senhor Jesus alcançou toda autoridade no céu e na terra. Veja o que o apóstolo Paulo nos fala a respeito:

“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fl 2.5-11).

Portanto, quando a submissão vem a partir do conhecimento da vontade de Deus, e eu sei qual é a vontade de Deus para minha vida através da leitura da Bíblia, pois ela é a nossa regra de fé e prática, eu não vou cometer tais devaneios.  Mas o que temos visto por aí é que a Palavra de Deus tem sido negligenciada nos púlpitos ou distorcidas neles. Por isso que por aí tanta gente confusa e algumas já até perderam a fé.

LÍDERES QUE NÃO PODEM SER QUESTIONADOS

Mas há outro problema instalado dentro da igreja, quando os líderes dizem que são deuses e que devem ser adorados como tal, e por isso não podem ser questionados. Veja por exemplo o que Moris Cerullo disse: "E quando estamos aqui de pé, vocês não estão olhando para Moris Cerullo; vocês estão olhando para Deus, estão olhando para Jesus!” [3]. Se ele é Jesus quem irá questioná-lo? Outro exemplo trágico é do Senhor Terra Nova que tem ensinado aos seus discípulos que o cristão deve preservar a identidade do seu líder. Para o Paipóstolo, o liderado nunca deve questionar a identidade de seu mentor. Segundo o Patriarca apostólico no dia em que João Batista fez isso, perdeu a cabeça. "Ele que havia preparado o caminho de Jesus, que era primo de Jesus, mas que perdeu o legado da identidade de Jesus, quando entrou na rota da suspeita da identidade de seu líder. “Herodes questionou a identidade de Jesus e foi comido por bichos. João Batista questionou a identidade de seu líder Jesus e por isso perdeu a cabeça. Todo aquele que duvida da identidade do líder perde a legitimidade e o legado da liderança de Jesus”, disse o Apóstolo." [4].

Onde está na Bíblia que João Batista perdeu a cabeça por ter questionado a identidade de Jesus? E quem disse que João Batista duvidou da divindade de Jesus?

Em primeiro lugar, foi o próprio João Batista quem disse para os seus discípulos quem era Jesus, leia João 1.29,30:

"No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim. Eu mesmo não o conhecia, mas, a fim de que ele fosse manifestado a Israel, vim, por isso, batizando com água. E João testemunhou, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Pois eu, de fato, vi e tenho testificado que ele é o Filho de Deus".

João está testificando de forma inquestionável que Jesus era o Filho de Deus. Tanto que nos versículos 35 a 46 alguns discípulos de João Batista passaram a seguir a Jesus.

Mas, talvez você pergunte: "João quando estava preso não ficou com dúvidas se Jesus era o Messias que estava por vir?" Pois em Mateus 11.2-6 nos diz isso:

"Quando João ouviu, no cárcere, falar das obras de Cristo, mandou por seus discípulos perguntar-lhe: És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço".

A dúvida aqui não era de João, mas dos seus discípulos. João estava dizendo para os seus discípulos que o tempo dele estava terminando, pois em breve ele iria morrer e os seus discípulos precisavam seguir a Cristo, e mesmo que ele permanecesse vivo, Jesus é quem era o Messias e não ele. Tanto que Jesus operou vários milagres na presença dos discípulos de João exatamente para que eles não tivessem dúvidas de quem Ele era.

Em segundo lugar, João Batista era um homem cheio do Espírito Santo. Ele tinha uma influência sobre as pessoas que não era algo natural, tanto que ele foi-nos apresentado como o Elias que estava por vir (Ml 4.5,6 cf Mt 17.9-13). Assim como o Espírito Santo estava sobre Elias no Antigo Testamento, da mesma forma o Espírito Santo estava sobre João Batista, tanto que eles eram muito semelhantes em matéria de comida e até vestimentas.

A influência de João Batista foi tão forte que foi necessário ele sair de "cena" da forma como saiu, pois se ele permanecesse vivo, provavelmente ele seria um empecílio no ministério de Jesus, não por ele, mas alguns de seus discípulos que provavelmente teriam dificuldade de seguir a Jesus. Você pode observar isso lendo Atos 19.1-7 quando Paulo, mais de vinte anos da morte de João Batista, encontrou discípulos de João lá em Éfeso.

João Batista nunca teve dúvidas de quem era Jesus, aí me vem o Terra Nova nos dizer que João perdeu a cabeça por ter questionado a identidade de Jesus? Destorceu as Escrituras para beneficio próprio. E tem gente que acredita nesse indivíduo. Coitado de quem o segue. Pior que há muitos outros líderes ensinado heresias semelhantes.

Há uma crise de autoridade instalada dentro de muitas igrejas, mas se nós nos comprometermos em observar a Sua Palavra e pô-la em prática, certamente teremos uma vida abençoada. Mas para que isso ocorra é necessário lê-la e estudá-la diariamente. Nunca nos esquecendo do que o Senhor Jesus nos falou em Mateus 7.15-23:

“Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade”.

Pense nisso e fique na Paz!
  
Fonte 

1 – Hanegraaff, Hank. Cristianismo em Crise, CPAD, Rio de Janeiro, 4ª Ed. 2004, p. 24.
2 – Ibid, p. 29.