segunda-feira, 25 de maio de 2020
segunda-feira, 18 de maio de 2020
sábado, 9 de maio de 2020
O BATISMO DE JOÃO E O BATISMO DE JESUS
Por Pr. Silas Figueira
Texto base: Lucas 3.15-18
INTRODUÇÃO
O aparecimento de João foi como
o ressoar repentino da voz de Deus. Naquela época os judeus estavam
conscientes de que os profetas já não falavam. Dizia-se que durante
quatrocentos anos não tinha havido profeta algum. Ao longo de vários
séculos a voz da profecia se manteve calada. Tal como eles mesmos
diziam: “Não havia voz, nem quem respondesse”. Mas em João
voltou a fazer-se ouvir a voz profética.
Quais eram as características de
João e sua mensagem?
1 – Denunciava intrepidamente o
mal em qualquer lugar que o encontrasse. Se o rei Herodes pecava,
contraindo um casamento ilegal e pecaminoso, João o reprovava. Se os
saduceus e os fariseus, dirigentes da ortodoxia religiosa daquela
época, estavam afundados em um formalismo e ritualismo, João não
duvidava em dizer-lhe diretamente. Se as pessoas comuns viviam
afastados de Deus, João não temia em dizer-lhes a verdade. Em
qualquer lugar que João visse o mal ele o denunciava. Era como uma
luz acesa em algum lugar escuro: era como um vento de Deus que varria
todo o país.
2 – Convocava os homens à
justiça, e o fazia com um profundo sentimento de urgência. A
mensagem do João não era uma mera denúncia negativa. Era uma
apresentação positiva das exigências morais de Deus. Não somente
denunciava a conduta dos homens, pelo que tinham feito, mas sim os
convocava a fazer o que deviam fazer.
3 – João vinha de Deus. Sua
procedência era o deserto (Lc 1.80). Achegou-se aos homens só
depois de ter passado anos de preparação sob a orientação de
Deus.
Agora este homem se apresenta não
somente denunciando o pecado e falando a respeito da vinda do
Messias, mas ele aparece batizando as pessoas que criam em sua
mensagem e se arrependiam de seus pecados. No entanto, ele fala que o
seu batismo era com água, mas que viria outro que batizaria com o
Espírito Santo e com fogo. João deixa claro que havia duas espécies
de batismos: um externo e outro interno.
Diante disso, quais as lições
que podemos tirar desses versículos?
1 – JOÃO RECONHECIA AS
LIMITAÇÕES DO SEU BATISMO (Lc 3.15,16).
O ministério de João Batista
teve um resultado estrondoso. Mesmo pregando no deserto, multidões
saíam das cidades e vilas para ouvi-lo. Pessoas de Jerusalém, de
toda a Judeia e de toda a circunvizinhança do Jordão foram ao
encontro dele, e eram por ele batizadas no rio Jordão, confessando
seus pecados. No entanto, João deixou claro que o seu batismo era
externo, com água, mas viria outro após ele que batizaria com o
Espírito Santo e com fogo. João era somente um eco, uma voz, mas o
que viria após ele era a verdadeira voz, era o Verbo de Deus.
Podemos ver quatro lições
importantes aqui:
1o
– João sabia quem ele era (Lc 3.15).
João em momento algum colocou-se maior do que era, como é o costume
de alguns – muito pelo contrário, ele se anulou. Ele era um servo
que não era digno de desatar as correias das alparcas do seu Senhor.
O servo ou escravo que lavava os pés dos seus senhores eram os
escravos mais inferiores, João, diante de Jesus, não era digno nem
de fazer tal coisa. Diferente de alguns pregadores atuais que estão
dizendo que são perfeitos iguais a Deus, diferentemente de João se
via pequeno e indigno.
2o
– Ele sabia exatamente seu lugar e qual a sua missão.
As pessoas até poderiam pensar que ele era o Messias, mas João não
quis tomar para si esse título que não lhe pertencia. O fato das
pessoas pensarem que João poderia ser o Messias não alterou em nada
quem ele realmente era. Ele não tomou para si essa prerrogativa.
Aliás, ele deixou bem claro isso quando disse a respeito de Jesus:
“É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). No
entanto, o que temos visto hoje são pessoas que se pudessem davam um
golpe de estado no inferno para tomarem o lugar do diabo.
3o
– João reconhece as limitações do seu ministério (Lc 3.16).
O batismo de João na água era uma exigência, cujo alvo era a
conversão. Eu batizo vocês em direção da conversão ou para
dentro da conversão. João batizava para se deixar os pecados, para
que se viva em obediência a Deus na nova vida do reinado dos céus.
Ele pode batizar com água, mas só Jesus batiza com o Espírito
Santo e com fogo. Ele pode administrar o batismo externo, mas o
batismo interno que gera a verdadeira bênção, só o Senhor pode
realizar. Ele pregava sobre remissão de pecados, arrependimento, mas
só Jesus pode perdoar os pecados. O batismo de João tocava somente
a superfície e não trazia resultados permanentes. O batismo de
Jesus, diferente do de João, gera vida eterna.
4o
– João apontava para além de si mesmo (Lc 3.16).
João não somente era uma luz que iluminava o mal, uma voz que
reprovava o pecado, ele ia além disso, ele era um sinal indicador do
caminho para Deus. Ele não desejava que os homens se fixassem nele,
seu objetivo era prepará-los para Aquele que havia de vir. Por isso
ele diz: “mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do
qual não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos
batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3.16).
2 – O BATISMO DE JESUS É
COM O ESPÍRITO SANTO E COM FOGO (Lc 3.16).
João diz que o seu batismo era
limitado e externo, mas o batismo do Messias era com o Espírito
Santo e com fogo. Muito se tem falado a respeito do batismo com o
Espírito Santo e com fogo. Para uns é uma experiência que advém a
conversão, para outros é a conversão. No meio pentecostal ele deve
ser buscado, pois, segundo eles, é uma segunda bênção. Para
outros, existe uma segunda bênção, mas não pode ser chamado de
batismo com o Espírito Santo.
No entanto, você não encontra
em parte alguma do Novo Testamento uma ordem dada por Jesus ou alguns
de seus apóstolos para se buscar o batismo com o Espírito Santo.
Mais afinal o que vem a ser o
Batismo com o Espírito Santo e com fogo?
1o
– O
que é o Batismo com o Espírito Santo e com fogo.
O batismo com o Espírito Santo e com fogo não é o que os
pentecostais ensinam. O batismo com o Espírito Santo é a conversão.
A expressão batismo com o
Espírito Santo e com fogo nos casos de Mateus e Lucas só aparece no
contexto da pregação de João Batista. O contexto dessa pregação
é o anúncio do Reino dos Céus e a necessidade de arrependimento
(mudança de mente) para ingresso nesse reino. O termo grego metanóia
– arrependimento – utilizado pelos evangelistas designa a
renúncia ao pecado e uma volta a Deus.
O batismo com o Espírito Santo é
o ato do Espírito Santo reunir em uma unidade espiritual, pessoas de
diferentes origens raciais e formação social, a fim de que se
formem o Corpo de Cristo – a ekklesia ou igreja (Rm 12.4,5; 1Co
12.27; Ef 4.4, 5.29,30; Cl 1.24). Como nos fala 1Co 12.13: “Pois
todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer
judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido
de um Espírito”.
Na realidade a Igreja nasceu no
dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado sobre o
pequeno grupo de discípulos de Jesus, constituindo-os o núcleo do
corpo de Cristo. Com isso, podemos afirmar que a Igreja não é uma
invenção humana, mas a sua criação veio por intermédio do
Espírito Santo.
O batismo com o Espírito Santo
não é idêntico à plenitude do Espírito (Gl 5.22-25). O primeiro
é um evento que ocorre de uma vez por todas, quando alguém crê em
Cristo. A plenitude do Espírito, que significa ser cheio com o
Espírito é uma experiência individual que pode ser repetida e tem
a ver com a devoção cristã (Ef 5.18 e ss.) e com o ministério (At
4.8, 13.9). Em nenhuma parte o Novo Testamento ordena os crentes a
serem batizados com o Espírito Santo, como o faz no sentido de serem
cheios com o Espírito Santo (Ef 5.19), pois o batismo é um fato que
ocorre por ocasião do início da fé.
2o
– O Batismo com o Espírito Santo ocorreu em quatro grupos
distintos. Vamos
destacar esses quatro grupos e ver porque que o Espírito Santo
desceu sobre eles.
1 – O primeiro ocorreu nos dias
de Pentecostes, no nascimento da Igreja (At 2.1-21). Esse batismo
além de significar o nascimento da igreja, veio também
especificamente sobre judeus.
2 – O segundo ocorreu com os
samaritanos (At 8.12-17). Os judeus não se davam com os samaritanos
por serem um povo misto. A ida de Pedro e João como representantes
da igreja de Jerusalém significava a quebra desse preconceito sobre
este povo. Por isso que a vinda do Espírito Santo desceu sobre ele
só depois que os representantes da igreja de Jerusalém chegaram
ali.
3 – O terceiro ocorreu na casa
de Cornélio (At 10.44-48). Os judeus procuravam não se envolver com
gentios, pois os consideravam impuros (At 10.28). Aqui foi uma quebra
de paradigmas e estava se cumprindo aqui o que Jesus havia ordenado
em Atos 1.8.
4 – O quarto ocorreu com com os
discípulos de João Batista quando Paulo estava em Éfeso (At
19.1-6). Esses representavam a antiga Aliança e a promessa da vinda
do Messias.
Mais uma vez eu repito: em
nenhuma parte o Novo Testamento ordena os crentes buscarem o batismo
com Espírito Santo, como o faz no sentido de serem cheios com o
Espírito Santo (Ef 5.19), pois o batismo é um fato que ocorre por
ocasião do início da fé.
3o
– O que é ser batizado com fogo?
Para essa pergunta nós temos duas explicações dentro da Teologia
Reformada.
1 – O Batismo de Julgamento
– O batismo com
fogo, à luz do contexto da pregação de João, é anúncio de
julgamento, como podemos depreender dos versículos anterior e
posterior: “O machado já está posto à raiz das árvores, e toda
árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo”
(Mt 3.10; Lc 3.9) e “Ele traz a pá em sua mão e limpará sua
eira, juntando seu trigo no celeiro, mas queimará a palha com fogo
que nunca se apaga” (Mt 3.12; Lc 3.17).
A partir de Mateus se entende que
parte desse discurso agressivo de João é direcionado aos fariseus e
saduceus, que apoiavam a sua salvação no fato de serem descendentes
de Abraão, pois os mestres rabínicos ensinavam que a todos os
descendentes de Abraão segundo a carne será dado o reino eterno,
ainda que sejam pecadores e desobedientes a Deus. Mas para João isso
não se encaixa no novo reino, “quando
viu que muitos fariseus e saduceus vinham para onde ele estava
batizando, disse-lhes: Raça de víboras! Quem lhes deu a ideia de
fugir da ira que se aproxima?”.
Para um israelita ser chamado de “ninhada de serpentes” era
arrasador, pois a velha serpente era sinônimo de mentira e poder das
trevas. João estava dizendo que não era a semente de Abraão que
estava no coração deles, mas a antiga maldição lançada por Deus
sobre a serpente - Satanás. O fogo citado aqui, claramente aponta
para o julgamento de Deus e a justa condenação dos ímpios.
Dentro desse contexto João
continua sua fala aos fariseus e saduceus e, claro, para aqueles que
deveriam estar ali ouvindo toda essa conversa, explicando a eles da
vinda do Messias, que seria maior do que ele (Mateus 3.11). Esse
Messias estaria apto a oferecer dois batismos, sendo: o batismo com o
Espírito Santo: é o batismo do arrependimento, a morte para a velha
vida, a purificação dos pecados, a nova vida. E o batismo com fogo:
Esse é o batismo no qual os perversos serão batizados, conforme o
próprio João explica na sequência: “A sua pá, ele a tem na mão
e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no
celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível” (Mateus
3.12).
Assim, o crente verdadeiro não
deve ser batizado com esse fogo citado nesse texto, pois se o for,
nem mesmo poderá mais ser chamado de crente, pois, na verdade, nunca
o foi. Antes, se for batizado com esse fogo citado por João Batista,
será um batismo de condenação.
2 – Batismo de misericórdia
e purificação.
Muitos teólogos acreditam que João está falando aqui sobre dois
batismos distintos e opostos, um de graça e o outro de juízo. No
entanto, o texto nos diz que o batismo é um só. Observe que o texto
diz: “esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc
3.16). O evangelista Mateus registrou assim: “ele vos batizará com
o Espírito Santo, e com fogo” (Mt 3.11).
O fogo aqui é uma imagem de
juízo, mas do juízo misericordioso que purifica e limpa, como o
fogo do ourives. Podemos dizer que esse fogo do Espírito limpa e
purifica como destrói o mal. Aquilo que o batismo com água não
consegue fazer o batismo com o Espírito Santo faz.
De acordo com a vasta maioria dos
exegetas bíblicos o batismo com o Espírito e com fogo são
complementares. João Calvino escreve a esse respeito: “A palavra
fogo é acrescentada como um epíteto, e é aplicada ao Espírito,
porque ele remove nossa poluição, como fogo purifica o ouro.
De acordo com as Escrituras,
foram muitas as vezes em que Deus se revelou ao seu povo usando a
figura do fogo. Ele apareceu a Moisés no monte Horebe, numa chama de
fogo no meio de uma sarça que ardia e não se consumia (Êx 3.2).
Conduziu o povo de Israel pelo deserto durante quarenta anos, nas
noites escuras e tenebrosas, por meio de uma coluna de fogo (Êx
13.22). Deus desceu sobre o Sinai em fogo (Êx 19.18). O aspecto da
sua glória era como fogo (Êx 24.17). Ali, no Sinai, Deus falou com
Moisés do meio do fogo (Dt 4.12). O Senhor respondeu com fogo à
oração de Elias e provou ao povo apóstata de Israel que só Ele é
Deus (1Rs 18.38). Deus respondeu à oração de Davi com fogo, quando
lhe ofereceu sacrifício (1Cr 21.26). No altar do tabernáculo, o
fogo era mantido continuamente aceso (Lv 6.9). Desceu fogo do céu
quando Salomão acabou de orar, consagrando ao Senhor o templo em
Jerusalém, e a glória do Senhor encheu a casa (2Cr 7.1). Elias foi
transladado da terra para o céu por um carro de fogo e cavalos de
fogo (2Rs 6.17). Isaías orou para que Deus fendesse os céus e
descesse e se manifestasse como quando o fogo inflama os gravetos (Is
64.1,2). Zacarias disse que Deus se coloca protetoramente ao nosso
redor como muro de fogo (Zc 2.5). Ele fez dos seus ministros
labaredas de fogo (Hb 1.7). Nosso Deus é fogo (Hb 12.29). O seu
trono é fogo (Dn 7.9). A sua palavra é fogo (Jr 23.29). Jesus
batiza com fogo (Mt 3.11; Lc 3.16), e o Espírito Santo desceu no
Pentecostes em língua como de fogo (At 2.3).
O Espírito Santo veio sobre a
igreja em forma de fogo para que houvesse a purificação do povo
escolhido. Não creio que o fogo falado em Mateus e em Lucas
represente o fogo do juízo, mas o fogo da santificação.
3 – Haverá um batismo de
juízo (Mt 3.12; Lc 3.10,12; Lc 3.17).
Assim como há o Batismo da purificação, há também o batismo do
juízo. Jesus veio ao mundo para salvá-lo (Jo 3.17,18), mas na sua
volta Ele virá como juiz (Mt 7.21-23, Mt 25.31-33; Ap 20.11-15).
A ideia apresentada aqui é de
urgência. A vinda de Cristo já chegara, pois Ele já estava no meio
do povo; já tinha a pá na mão; o tempo da salvação e do juízo
já havia chegado. Naquele instante o Senhor estava peneirando o
trigo, para separá-lo da palha. O fogo já estava esperando a palha.
Esse fogo não é o fogo dado pelo Espírito, pois esse será para os
salvos, mas será um fogo que nunca se apaga e o bicho nunca morre
(Mc 9.43-49; Ap 21.8).
O fogo de Deus assim como
purifica, queima. Assim como restaura o crente, condena o incrédulo.
O fogo Divino ilumina, mas também queima. Traz alegria, mas também
gera grande angústia.
CONCLUSÃO
O batismo com o Espírito Santo e
com fogo não é o que os pentecostais ensinam. O batismo com o
Espírito Santo é a conversão. A plenitude do Espírito é que deve
ser buscada para termos uma vida consagrada a Deus. Vimos também que
o fogo mencionado por João não fala de julgamento, mas de
purificação. No entanto, devemos deixar claro que o Senhor virá
como juiz e separará as ovelhas e os bodes, os crentes e os
descrentes. Os crentes para a vida eterna e os descrentes para a
morte eterna. Os justos para a vida eterna na presença de Deus e os
descrentes para longe dele.
O céu é real, mas o inferno
também. Não devemos pensar que o amor de Deus o isenta de praticar
a sua justiça santa. Longe disso.
Bibliografia:
1 – Barclay, William.
Comentário do Novo Testamento, Lucas.
2 – Carson, D. A. O Comentário
de Mateus. Editora Shedd, Santo Amaro, S.P., 2017.
3 – Champlin, R. N. O Novo
Testamento Interpretado, versículo por versículo, volume 1, Mateus
e Marcos. Editora Candeia, São Paulo, SP, 1995.
4 – Champlin, R. N. O Novo
Testamento Interpretado, versículo por versículo, volume 2, Lucas e
João. Editora Candeia, São Paulo, SP, 1995.
5 – Davidson, F. O Novo
Comentário da Bíblia, volume 2. Edições Vida Nova, São Paulo,
SP, 1987.
6 – Edwards, James R. O
Comentário de Lucas. Editora Shedd, Santo Amaro, S.P., 2019.
7 – Hale, Broadus David.
Introdução ao Estudo do Novo Testamento, Editora Juerp, Rio de
Janeiro, RJ, 1986.
8 – Keener, Craig S. Comentário
Histórico-Cultural da Bíblia, Novo Testamento. Edições Vida Nova,
São Paulo, SP, 2017.
9 – Ladd, George Eldon.
Teologia do Novo Testamento, Editora Hagnos, São Paulo, S.P.,
reimpressão 2014.
10 – Lopes, Hernandes Dias.
Lucas, Mateus, o Rei dos reis. Comentário Expositivo Hagnos. Editora
Hagnos, São Paulo, SP, 2019.
11 – Lopes, Hernandes Dias.
Lucas, Jesus, o homem perfeito. Comentário Expositivo Hagnos.
Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017.
12 – MacArthur, John.
Comentário do Novo Testamento, Lucas.
13 – Manual Bíblico SBB.
Barueri, SP, 3a edição, 2018.
14 – Morris, Leon L. Lucas,
Introdução e Comentário. Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São
Paulo, SP, 1986.
15 – Rienecker, Fritz.
Evangelho de Lucas, Comentário Esperança. Editora Esperança,
Curitiba, PR, 2005.
16 –Tasker, R. V. G. Mateus,
introdução e comentário. Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São
Paulo, SP, 1985.
UMA MENSAGEM DURA, MAS NECESSÁRIA
Por Pr. Silas Figueira
Texto base: Lucas 3.7-14
A mensagem de João não era uma
mensagem evangelística como conhecemos hoje. Geralmente as mensagens
ditas evangelísticas hoje costumam se falar assim: “Há
um Deus apaixonado por você, que se importa com o que você está
sentindo, sofrendo e vivendo. Ele entende a linguagem do seu
sofrimento, e Ele é profundamente apaixonado por você!”.
No entanto, não foram essas palavras que as pessoas que foram até
ao deserto ouviram de João Batista. William Barclay disse que a
mensagem de João “não
se tratava de boas novas; eram novas de terror”.
Porque “essas novas”
que estava sendo anunciada denunciava o pecado do povo.
É interessante destacar que João
passou a vida no deserto, então não podíamos esperar outra forma
de se expressar se não daquilo que ele vivenciou ali. Ele conviveu
com cobras, escorpiões, aridez, sol escaldante. Por isso que ele
chamou as pessoas que iam até o deserto para vê-lo batizar de “raça
de víboras”. Por
exemplo, Amós que era um criador de ovelhas e colhedor de figos
silvestres, chamou as mulheres de Samaria de “vacas
de basã” (Os 4.1),
era a linguagem que ele estava acostumado a usar. Essa expressão
raça de víboras
era uma dura crítica ao pecado que havia se instalado em Israel em
sua época. Por isso que em qualquer lugar que João visse o mal,
fosse no Estado, na templo, na multidão, intrépidamente ele o
denunciava. João era como uma luz acesa em meio a uma total
escuridão que havia se instalado em todo o Israel, era como um vento
de Deus que varria todo o país.
O relato de Lucas coincide quase
textualmente com Mt 3.7-10. Mas, ao contrário de Mateus, Lucas nada
diz sobre o grande afluxo de pessoas, particularmente da parte dos
fariseus e saduceus, ao batismo de João. Lucas também não diz nada
sobre o batismo em si, nem tampouco sobre o alimento e a vestimenta
de João (cf. Mc 1.5s; Mt 3.7). Mateus dirige as palavras de
arrependimento também aos fariseus e saduceus. De acordo com Lucas,
essas palavras de arrependimento, no entanto, são dirigidas ao povo.
Marcos aponta mais para aqueles que vinham de Jerusalém. – Ainda
que em Lucas as camadas dirigentes, a saber, os fariseus e saduceus,
não sejam citados, o espírito predominante da época em todo o povo
não deixa de ser criticado com palavras duras.
Quais as lições que podemos
aprender com esse texto?
1 – O CHAMADO AO
ARREPENDIMENTO É UNIVERSAL (Lc 3.7).
Observe que o sermão de João é
dirigido a todos que iam até onde ele se encontrava. João não foi
muito polido, podemos dize assim, na forma de ministrar o seu sermão.
Ele, tomado pelo Espírito Santo, não pregou para agradar seus
ouvintes, mas para feri-los com a espada do Espírito Santo e
levá-los ao arrependimento. Ele trouxe uma palavra dura, para um
povo de dura cerviz, ou seja, que não dobrava a “nuca” ou o
pescoço em reverência ou em submissão a vontade de Deus (At 7.51).
Afinal, eles eram o povo da aliança, no entanto a haviam abandonado!
Podemos destacar três coisas
aqui:
1o
– O sermão de João denuncia a hipocrisia do povo e dos religiosos
(Lc 3.7; Mt 3.7).
Quando João Batista desmascarou o coração de todo o povo,
principalmente dos fariseus e saduceus, com a expressão “raça
de víboras”, isso
incidiu com impacto no âmago da hipocrisia e do fingimento
farisaicos (Mt 5.17 e Mt 23), pois isso abalou as estruturas
religiosas de sua época. A nação como um todo se via como povo
escolhido de Deus, no entanto, a vida que estavam levando não
condizia com o que eles diziam ser. Essa foi a hipocrisia denunciada.
Esta mesma denúncia Jesus fez
posteriormente aos líderes religiosos em João 8.41,44: “Vós
fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe, pois: Nós não somos
nascidos de fornicação; temos um Pai, que é Deus. [Disse Jesus]
Vós tendes por pai ao diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso
pai; ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade,
porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que
lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira”.
Jesus aqui está se referindo a
Satanás que havia enganado Eva com suas mentiras (Gn 3.1-5; 2Co
11.3; Ap 12.9). Por isso João os chama de “raça
de víboras”, pois
era exatamente assim que eles eram. Entenda uma coisa, na condição
de profeta, João denunciava o estado espiritual do povo que ia até
ele dentro da visão que Deus tinha. Ele falava o que Deus via. João
revela que o veneno que eles carregavam era pior que o veneno da
serpente, pois o veneno da serpente foi o próprio Deus quem nelas
colocou, mas o veneno da hipocrisia que eles carregavam no coração
fora neles colocado pelo diabo.
Os fariseus = os separados,
eram os piedosos praticantes do judaísmo. Seu agir inicialmente era
excelente e visava erguer o povo humilhado como nação e observar
rigorosamente a lei. Posteriormente sua influência tornou-se
perniciosa. Não se satisfaziam em cumprir a lei mosaica (Torá), mas
também consideravam como compromissiva para a vida e o comportamento
a tradição dos pais, os artigos dos anciãos, pelos quais a lei
mosaica foi interpretada e ampliada. No tempo Jesus contavam 248
mandamentos e 365 proibições. Com temerosa preocupação cuidavam
do cumprimento de todas as determinações da lei cerimonial e eram
extremamente meticulosos na prática de obrigações religiosas
exteriores (jejuar, lavar-se, orar, dar esmolas, pagar o dízimo e
santificar o sábado).
Os saduceus = os justos,
derivavam seu nome do rabino Sadoque. Ao contrário dos israelitas
ortodoxos, eles eram os livres-pensadores incrédulos, que negavam a
doutrina da existência dos anjos, a imortalidade, a ressurreição e
o juízo, bem como qualquer influência do regimento universal de
Deus sobre as ações das pessoas.
Eram esses líderes que iam até
João para verem o seu batismo e, com certeza, criticá-lo.
2o
– O sermão de João denuncia a realidade do inferno (Lc 3.7,9).
Mais uma vez João usa de uma figura de linguagem. Era muito comum no
deserto quando a relva seca pegava fogo os animais que nela se
escondiam fugirem de suas tocas para salvar suas vidas se não
morreriam queimadas. E dentre muitos animais estavam as serpentes.
Jesus usou esta mesma figura de linguagem para se referir aos
fariseus e aos saduceus em Mateus 23.33: “Serpentes,
raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?”.
João não evitou falar de temas
graves como a ira vindoura. É melhor escutar sobre o inferno do que
ir para lá. É melhor exortar as pessoas a fugirem da ira vindoura
do que acalmá-las com o anestésico da mentira, mantendo-as no
caminho da perdição. Você já se perguntou do que Deus lhe salvou?
A resposta é simples, talvez você diga: “Ele me salvou dos meus
pecados”. “Não. Ele lhe salvou dEle”. Ele lhe salvou da Sua
ira. Veja o que nos fala Paulo em Efésios 2.1-3:
“E vos vivificou, estando
vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes
segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do
ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência; entre
os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa
carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e
éramos por natureza filhos da ira,
como os outros também”.
3o
– A religiosidade não leva ninguém para o céu (Lc 3.8).
O que nos salva da ira divina é reconhecimento de que somos
pecadores e recebermos Jesus como nosso Salvador pessoal. Isso se
chama arrependimento. Mas para os judeus que iam até João e
rejeitavam o seu batismo ele mostrava que a religiosidade deles não
os impediam de ir para o inferno. Por eles descenderem de Abraão não
os tornava melhores que os gentios, aliás, os tornava piores, pois
eles conheciam a lei e os gentios não. Os filhos de Abraão são os
que tem Jesus como seu salvador pessoal.
A Bíblia é muito clara em
relação a esta doutrina. Veja o que Paulo nos diz em Romanos
4.16,17:
“Portanto, é pela fé, para
que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda
a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é
da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós, (Como está
escrito: Por pai de muitas nações te constituí) perante aquele no
qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as
coisas que não são como se já fossem”.
O mesmo nos é apresentado em
Gálatas 3.7-9,29:
“Sabei, pois, que os que são
da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que
Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o
evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em
ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente
Abraão. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão,
e herdeiros conforme a promessa”.
No Evangelho de João 3.11-13
encontramos o mesmo princípio:
“Veio para o que era seu, e
os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes
o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os
quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da
vontade do homem, mas de Deus”.
2 – O CHAMADO AO
ARREPENDIMENTO TEM QUE GERAR FRUTOS (Lc 3.8,10-14).
João agora mostra que há uma
forma de salvação. Ela ocorre com a conversão e fruto dessa
conversão. O arrependimento tem que ser demonstrado através de uma
nova vida. Através de atos de bondade não só de palavras.
1o
– A palavra “arrependimento” no grego é “metanoia”.
O que significa essa palavra no grego secular? Indica a mudança do
pensamento, precisamente no sentido de que intelectualmente mudei
minha opinião sobre um ou outro assunto. No Novo Testamento a
palavra metanoia,
por sua vez, não significa mudar a opinião sobre algo qualquer
(talvez sobre algumas coisas), mas estende-se sobre a opinião toda e
o pensamento todo da pessoa. Quer dizer uma mudança radical de
coração.
A metanoia (meia-volta,
conversão). A conversão é ato de Deus ou da pessoa? Citemos o
seguinte aspecto: A pessoa não pode converter-se a si própria, mas
pode deixar-se converter! – Nosso sim a ele, a nosso Senhor,
origina-se unicamente do sim de Deus por nós. Nosso não, porém, é
unicamente a nossa culpa!
Usando uma ilustração: Quando
se joga uma boia salva-vidas a uma pessoa que está se afogando e ela
a segura, e de fato a agarra firmemente com toda a sua energia – a
pessoa assim resgatada não pode dizer: Eu me salvei, mas terá de
dizer: Eu fui resgatada. Da mesma forma, a pessoa salva terá de
reconhecer: Se eu não tivesse agarrado com toda a seriedade aquela
boia, eu sozinho seria culpado da minha morte nas ondas. Assim, ter
sido salvo é um presente. Afogar-se, porém, é culpa!
Conversão não é produto do
esforço, mas dádiva! Perder-se, no entanto, é culpa, culpa
própria, cem por cento!
2o
– João diz que o arrependimento tem que vir acompanhado de frutos
(Lc 3.8-14).
Um dos melhores exemplos que encontramos na Bíblia a esse respeito é
a conversão de Zaqueu. Ele não só se converteu como tentou reparar
os erros do passado. Essa é a conversão que João Batista está
pregando aqui.
É
o que Tiago diz quando aborda em sua carta que a fé sem as obras é
morta (Tg 2.14-18). A fé tem que vir acompanhada de testemunho de
vida e não só de palavras. Paulo fala a mesma coisa em Efésios
4.28: “Aquele
que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o
que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver
necessidade”.
O arrependimento tira o egoísmo
do coração do homem. É o resumo da lei: “amar a Deus acima de
todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (Mt 22.37-39).
3
– A SECULARIDADE DA VIDA É CULTO A DEUS (Lc 3.10-14).
Muitas
pessoas pensam que culto é o momento que passamos juntos para adorar
a Deus, mas, na verdade, o culto é vida que levamos. Estamos em
culto em tudo que fazemos de forma honesta. Veja o que o Senhor Jesus
nos diz em Mateus 5.16: “Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas
boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”.
Deus será glorificado em nossas vidas lá fora, na nossa vida
secular. Deus é glorificado em nosso testemunho diário em um mundo
em trevas.
João mostra que a vida é um
culto e ele se revela nas nossas atitudes.
1o
– João fala de um Evangelho social (Lc 3.10,11).
João diz que não devemos ser egoístas, mas compartilhar nossos
bens com os que estão passando por necessidade, pois Deus nunca
absolverá ao homem que se contente tendo muito enquanto outros têm
pouco (Pv 19.17; Lc 6.38; Rm 12.19-21; Tg 2.14-16; 1Jo 3.17,18).
2o
– João fala de um Evangelho de gente honesta (Lc 3.12-14).
Ordenava aos homens não deixarem seus trabalhos, e sim trabalhar com
honestidade, fazendo seu trabalho como devia ser feito. Que o coletor
de impostos seja um bom funcionário, que um soldado seja um bom
defensor. O dever do homem era servir a Deus onde Ele o tinha posto.
João estava convencido de que em nenhuma parte se pode servir a Deus
melhor que no trabalho diário. O nosso culto é prestado a Deus lá
fora no mundo.
Como
nos fala o autor de Hebreus 13.12,13: “E
por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio
sangue, padeceu fora da porta. Saiamos, pois, a ele fora do arraial,
levando o seu vitupério”.
O culto a Deus não começa aqui
dentro, começa lá fora. Na minha vida secular, no meu
relacionamento em meu lar, na escola, na faculdade, no trabalho, no
laser. A fé cristã não se limita o estar dentro da igreja, nas
manifestações de adoração que exercemos quando nos reunimos para
culto. Por exemplo, o louvor não começa quando eu me reúno para o
culto, na verdade o louvor não começa, ele é uma continuidade lá
de fora. Pois louvor é vida! A adoração dentro da igreja só é
legitimado quando manifesto no meu dia a dia lá fora. No secular.
Pois ele é uma extensão do que eu fiz do lado de fora do portão.
CONCLUSÃO
A mensagem de João Batista foi
uma mensagem dura, mas necessária. Ela foi um alerta para as
multidões que iam até ele para serem batizadas. João chamou a
atenção para a hipocrisia que estava sendo a religião que estavam
praticando. Era uma religião descompromissada com Deus, havia
sacrifício de animais, mas não sacrifício de vida. Havia culto,
mas não havia adoração verdadeira. O povo era o reflexo dos
líderes religiosos da época. Foi contra essa hipocrisia que João
criticou de forma tão veemente. João estava preparando o coração
do povo para a vinda do Messias. João deixou claro que o Messias
tinha o seu machado na mão e cortaria toda árvore que não
estivesse dando bom fruto.
Hoje,
assim como nos dias de João, devemos entender que a nossa religião
deve der pautada numa fé demonstrada na vida fora da igreja e
refletida dentro dela. Que a adoração é vivida na vida secular,
onde Deus será exaltado através do nosso viver diário. Como nos
fala um antigo hino: “Se
eu tiver Jesus ao lado e por Ele auxiliado, se por Ele for mandado,
aonde quer que for irei”.
E onde estivermos, ali será lugar de culto e adoração, pois Deus
se faz presente em nossas vidas.
Pense nisso!
Bibliografia:
1 – Barclay, William.
Comentário do Novo Testamento, Mateus.
2 – Barclay, William.
Comentário do Novo Testamento, Lucas.
2 – Champlin, R. N. O Novo
Testamento Interpretado, versículo por versículo, volume 2, Lucas e
João. Editora Candeia, São Paulo, SP, 1995.
3 – Davidson, F. O Novo
Comentário da Bíblia, volume 2. Edições Vida Nova, São Paulo,
SP, 1987.
4 – Keener, Craig S. Comentário
Histórico-Cultural da Bíblia, Novo Testamento. Edições Vida Nova,
São Paulo, SP, 2017.
5 – Lopes, Hernandes Dias.
Mateus, Jesus, Rei dos reis. Comentário Expositivo Hagnos. Editora
Hagnos, São Paulo, SP, 2019.
6 – Lopes, Hernandes Dias.
Lucas, Jesus, o homem perfeito. Comentário Expositivo Hagnos.
Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017.
7 – MacArthur, John. Comentário
Bíblico. Editora Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2019.
8 – Manual Bíblico SBB.
Barueri, SP, 3a edição, 2018.
9 – Morris, Leon L. Lucas,
Introdução e Comentário. Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São
Paulo, SP, 1986.
10 – Rienecker, Fritz.
Evangelho de Mateus, Comentário Esperança. Editora Esperança,
Curitiba, PR, 2017.
11 – Rienecker, Fritz.
Evangelho de Lucas, Comentário Esperança. Editora Esperança,
Curitiba, PR, 2005.
12 – Tasker, R. V. G. Mateus,
Introdução e Comentário. Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São
Paulo, SP, 1980.
VEIO A PALAVRA DE DEUS A JOÃO NO DESERTO
Por Pr. Silas Figueira
Texto base: Lucas 3.1-6
INTRODUÇÃO
Os eventos narrados em Lucas 1 e
2 tratam da infância de João Batista e de Jesus, sendo que nada nos
é falado a respeito da infância de João, e de Jesus, é falado
somente quando ele foi ao templo aos 12 anos. Sabemos que Jesus foi
morar em Nazaré (Mt 2.23), no entanto, o Evangelho de Lucas diz que
João “esteve nos
desertos até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel” (Lc
1.80). Entendendo que a palavra “deserto” não designa exatamente
o deserto como nós o conhecemos, mas um lugar ermo, sem população,
no qual existem somente florestas, várzeas, estepes e tendas
isoladas de pastores. Deve ser o chamado “deserto de Judá”,
aquela região abandonada na margem ocidental do mar Morto.
O ministério de João Batista
nos é apresentado nos três Evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e
Lucas). Neles a mensagem de João Batista é bem similar, pois
apresenta João como pregador do arrependimento, que utilizou como
lema as palavras de Isaías 40.3: “Voz
do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no
ermo vereda ao nosso Deus”
(Mt 3.1-3; Mc 1.2-4; Lc 3.3-6). Alguns historiadores acreditam que
João Batista tenha vivido na comunidade dos essênios, comunidade
esta que preservou os papiros do Mar Morto, em Qunrã, que ficava
próximo o local onde João estava pregando. Entretanto, não há
nenhum vestígio histórico que confirme isto. Mas podemos afirmar
que João não buscou nem encontrou seu preparo junto a escribas,
fariseus nem grandes eruditos.
Depois de quatrocentos anos de
silêncio, o Senhor volta a falar com seu povo através da boca de um
profeta. João, o Batista foi o último profeta do Antigo Testamento
e o primeiro do Novo. João Batista viveu trinta anos no anonimato,
agora ele se apresenta publicamente. Pouco depois também Jesus,
praticamente repetindo a pequena diferença cronológica entre o
nascimento de ambos começa também o Seu ministério.
Antes de Jesus começar o Seu
ministério, João é enviado pelo para preparar o Seu caminho. A
partir desse ponto temos a introdução do ministério de Jesus. João
é enviado como o precursor do Messias. Como disse o Reverendo
Hernandes Dias Lopes, João é a dobradiça entre o Antigo Testamento
e o Novo.
Quais a lições que podemos
aprender nesse texto?
1 – ENTENDENDO O CONTEXTO
HISTÓRICO (Lc 3.1,2).
Lucas inicia este capítulo
citando o nome de sete homens: um imperador, um governador, três
tetrarcas (governantes sobre a quarta parte de uma região) e dois
sumos sacerdotes judeus. Sendo que cinco eram autoridades políticas
e duas religiosas. Mas a Palavra de Deus não foi enviada a nenhum
deles! Antes, a Palavra de Deus veio a João Batista, um profeta
judeu, filho de um sacerdote, no deserto.
1o
– O poder político está subordinados ao plano de Deus (Lc 3.1,2).
A expressão
“plenitude do tempo”
de Gl 4.4 significa: na época do mais poderoso e mais extenso
império mundial, a saber, do Império Romano, nasce Jesus, tendo a
religião judaica dividida em vários seguimentos (os fariseus, os
saduceus, os essênios, isso sem contar os herodianos, os samaritanos
e os zelotes).
Os personagens políticos nos são
apresentados:
a) Tibério César (14 a 37
d.C.) – Imperador
Romano. Era filho adotivo e sucessor de César Augusto (31 a.C. a
14.d.C.). Este César Augusto foi o primeiro Imperador Romano e foi
no seu tempo de reinado que Jesus nasceu. Tibério César é aquele
de quem Jesus afirmou: “Dai
a César o que é de César”
(Lc 20.24,25). Era a sua efígie que Jesus constatou na moeda que lhe
fora mostrada.
b) Pôncio Pilatos presidente
da Judeia – Pôncio
Pilatos, também conhecido simplesmente como Pilatos, foi governador
da província romana da Judeia entre os anos 26 e 36 d.C. Pôncio
Pilatos tratava apenas dos impostos e rebeliões armadas contra Roma.
Logo, Herodes era submisso ao imperador romano, representado por
Pôncio Pilatos. Problemas que envolvessem a religião e a lei dos
judeus eram julgados por Herodes. Isso explica o porquê de Pilatos
enviar Jesus à jurisdição de Herodes, pois a problemática era no
âmbito da religião e não da política.
c) Herodes tetrarca da
Galileia, e seu irmão Filipe tetrarca da Itureia e da província de
Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene
– Herodes não era um nome propriamente dito, mas um título, assim
como César, imperador romano. Depois da morte de Herodes, o Grande,
por volta do ano 4 d.C., seu reino foi dividido entre quatro de seus
filhos, depois de ter reinado quarenta anos. O título tetrarca
significa literalmente governador de uma quarta parte. Assim, ele:
1)
deu a Galileia e a Pereia a Herodes
Antipas, que reinou de
4 a 39 d.C. Jesus viveu seus dias na Galileia sob o governo desse
Herodes. Dentre todos os filhos dos dez matrimônios que Herodes o
Grande havia contraído, Herodes Antipas era o que mais se
assemelhava a seu pai no que dizia respeito à ganância de poder,
luxúria e imoralidade (Cf. Lc 3.19).
2) Deu
a Itureia e Traconites a Herodes
Filipe.
3)
Deu Abilene, que fica ao norte das demais regiões mencionadas, a
Lisânias.
Deste, pouco se sabe, exceto que foi o monarca do pequeno reino de
Abilene sobre o aclive oriental das montanhas do Líbano, a nordeste
de Damasco.
4)
Deu a Judeia, Samaria e Edon a Arquelau (23 a.C. - 18 d.C.). Ele foi
o menos estimado dos filhos de Herodes, foi cruel e despótico. As
queixas dos judeus contra ele finalmente o levaram ao exílio. Assim
foi que os romanos começaram a governar diretamente sobre a Judeia.
Na bíblia é citado apenas uma vez, em Mateus 2, após a morte de
seu pai, Herodes, o Grande.
Essa catastrófica situação
estatal e política, em que o povo eleito de Deus se encontrava sob o
poderio odioso dos herodianos e à mercê da escravidão do domínio
dos romanos, fez com que se manifestasse, como nunca antes, uma
esperança política pelo Messias, um grito de libertação e
redenção da ímpia servidão. Esse clamor por libertação era
canalizado em diversos cânticos messiânicos.
Assim como Moisés, surge no
cenário onde os hebreus estavam sendo oprimidos o nosso Senhor Jesus
para libertar o Seu povo. Não uma nação, mas o mundo da opressão
de Satanás (Jo 3.16). Não como um libertador político, mas como o
Salvador de nossas almas. Formando para si uma nação santa, um povo
de propriedade exclusiva para si (1Pe 2.9). Um povo comprado pelo Seu
sangue (1Pe 1.18,19).
2o)
O mais alto poder religioso está subordinado ao plano de Deus. Agora
nos é apresentado o cenário religioso. A mensagem de João
transcende a esfera da política e da religião. Além da realidade
política opressora e ameaçadora, Lucas marca a deprimente situação
religiosa em Israel por meio dos sumo sacerdotes Anás
e Caifás (Caiafás).
Quando o evangelista cita dois sumo sacerdotes, isso também assinala
o desgaste do governo religioso, pois, de acordo com a lei, somente
um sumo sacerdote podia exercer o mandato. O sumo sacerdote era ao
mesmo tempo a cabeça civil e religiosa da comunidade. Na antiguidade
o posto tinha sido hereditário e tinha duração de toda a vida.
Anás, forma contraída de
Ananias (no hebraico, “protegido
por Yahweh”). Foi
sumo sacerdote dos judeus (ver Lucas 3.2; João 18.13,24; Atos 4.6).
No tempo de Cristo, o ofício sumo sacerdotal tornara-se extremamente
instável, porquanto eram nomeados e destituídos sumos sacerdotes ao
sabor do capricho das autoridades romanas. A sucessão legítima no
sumo sacerdócio já havia cessado sob o regime de Herodes o Grande e
ainda mais sob o domínio dos romanos. O precursor de Pilatos,
Valério Grato, havia deposto o sumo sacerdote Anás no ano de 15 d.
C., para em seguida eleger e expulsar vários novos sumo sacerdotes
ao longo de alguns anos, até que finalmente encontrasse em Caifás
(Caiafás, genro de Anás) um instrumento suficientemente solícito.
Ele exerceu o cargo nos anos 18 a 36 d. C. Apesar de tudo, para o
povo e em virtude da lei Anás continuou sendo o verdadeiro sumo
sacerdote. Essa coexistência de dois sumo sacerdotes foi o começo
da dissolução deste cargo tão importante e relevante no AT. A
decadência de Israel havia, pois, avançado da realidade política
até o coração do povo eleito de Israel. Se o sumo sacerdote era
assim, imagine os sacerdotes! Assim sucedeu que, embora removido do
ofício, Anás reteve grande autoridade. Anos após haver sido
deposto, continuava grande a sua autoridade, pois em Atos 4.6 ele é
o primeiro nome a aparecer na lista de líderes sacerdotais.
A decadência da religião se
revela de forma declarada quando líderes religiosos começam a se
envolver na política. Quando procuram almejar cargos públicos
mediante a liderança que exercem na igreja. A coisa mais comum é
encontrarmos pastores usufruindo do chamado “cabide em emprego”.
É comum encontrarmos pastores em vários órgãos públicos, não
porque foram concursados, mas como cabide de emprego.
2 – A PALAVRA DE DEUS VEIO A
JOÃO NO DESERTO (Lc 3.2b).
Após descrever os poderes
políticos e religiosos de sua época, João aparece na narrativa,
toma a iniciativa e revela o plano de Deus. A semelhança do profeta
Elias em sua maneira de se vestir e profetizar, João dirigiu-se ao
rio Jordão, onde batizava e pregava. Ainda que César reine, os
religiosos estejam corrompidos, o Senhor levanta o Seu servo João
para profetizar e anunciar a vinda do Messias. Deus permanece
definitiva e plenamente no controle do drama mundial.
Israel já estava amargando
quatrocentos anos de silêncio profético. Os sacerdotes realizavam
os sacrifícios. Multidões vinham para as festas. Os escribas e
fariseus eram zelosos das tradições, mas a palavra de Deus estava
ausente. A religião estava rendida à apostasia por um lado e à
hipocrisia pelo outro. Os liberais saduceus dominavam o templo, e os
hipócritas fariseus colocavam fardos pesados sobre os ombros das
pessoas. A cobrança abusiva de impostos e extorsão predominavam nas
mãos dos publicanos. É nesse deserto espiritual que Deus levantou
João, o último profeta da antiga aliança.
1o
– João, um homem incomum para um tempo de apostasia.
Deus, ainda hoje, levanta os seus profetas. Pessoas que não se
conformam com a hipocrisia religiosa e muitos menos com o liberalismo
teológico. No entanto, assim como no passado, ainda hoje profeta
incomoda, pois vê o que Deus vê e revela o que está vendo. Por que
a Palavra veio a João no deserto e não aos sacerdotes e ao sumo
sacerdote? Porque esses homens estavam longe de Deus, apesar de serem
os seus representantes legais. Deus tem compromisso com a verdade e
não com instituições.
A palavra de Deus veio a João,
um homem estranho, com roupas estranhas e um cardápio estranho (Mt
3.4). João era um sacerdote, porém um sacerdote que não concordava
com a religiosidade dos sacerdotes de sua época. João certamente
podia se valer de boas roupas e de boa comida, pois pela lei mosaica
ele deveria se vestir com vestes sacerdotais (Êx 28.4), e se
alimentar de flor de farinha (Lv 2.1-3). No entanto, usava destes
recursos para expor a hipocrisia dos corações e a pobreza dos
homens daquela época.
A roupa feita da pele de camelo
(animal considerado imundo pela lei, Lv 11.4) causava um escândalo
na mente religiosa daqueles dias, assim como alimentar-se de
gafanhotos era algo chocante.
Mas revelar aos religiosos da
época como eles realmente eram ou estavam, era o objetivo de João.
Pelos de Camelo – Mostrava o
quão hostis eram os homens que se diziam servos de Deus, o camelo é
reconhecido pelo seu temperamento hostil, além de ter a
característica de não precisar beber água de contínuo. Ao camelo
basta beber água uma vez pelo período de 40 a 50 dias. A palavra
diz que Jesus é a água da vida, e não ir ao Senhor continuamente
nos gera sede. Quando os homens olhavam para João enxergavam em suas
vestes o que eles mesmos eram. João bem como o Evangelho de Cristo
têm por objetivo revelar como somos diante de Deus.
Cinto de couro– Usado em torno
dos lombos, fazia aos homens lembrar a opressão que o jugo causava
nos bois que serviam como animais de carga. Não havia como não se
constranger olhando João daquela forma paramentado. Eles estavam
rebeldes em função das vestes de camelo, e se estavam também
subjugados pelo pecado através do cinto de couro que João usava em
torno dos seus lombos.
Gafanhotos e mel silvestre – O
gafanhoto era tido como inseto símbolo da destruição (Jl 1.4),
alimentar-se de gafanhotos era mostrar que o devorador é devorado
pelo Senhor, isto salienta o poder do Senhor (Lm 2.2). O mel
silvestre como alimento é o símbolo de Cristo como alimento, veja
Êxodo 16.31 onde o maná é descrito como tendo o sabor de mel.
Assim como João Batista, todo
pregador da Palavra de Deus é aquele que recebe a palavra e a
transmite com integridade e poder.
2o
– João recebe a palavra em um lugar incomum (Lc 3.2).
A Palavra de Deus não se manifestou nos grandes centros urbanos, não
veio através dos religiosos, muito menos no templo. A Palavra de
Deus veio a João no deserto. Duas coisas ocorrem quando a Palavra de
Deus é pregada no poder do Espírito: ou ela atrai ou afasta as
pessoas. No caso de João atraiu, apesar dele não operar nenhum
milagre (Jo 10.41), no entanto, com Jesus afastou (Jo 6.60,66).
No deserto veio a palavra de Deus
a João. Não se explica como a “palavra de Deus” chegou a João.
De qualquer maneira foi-lhe concedida uma revelação direta de Deus.
Nem sempre Deus trabalha pelas vias oficiais. Nas
proximidades do Mar Morto, um deserto totalmente árido, veio a
palavra de Deus a João.
A palavra de Deus se revela em um
lugar incomum para um homem também incomum. João era um homem que
se destacava em sua vida, não pelo local que morava, mas pela vida
que vivia. Ele era uma pessoa compromissada com a verdade. Ele se
destacava por ser um servo leal. Ele não estava vendido como os
sacerdotes e, muito menos, estava de conchavo com os políticos de
sua época como o sumo sacerdote. Isso não é diferente hoje. Quando
estamos compromissados com Deus, geralmente as pessoas nos isolam e
nos veem como estranhos no ninho.
3 – JOÃO, UM MENSAGEIRO
EFICAZ (Lc 3.3-6).
A voz de João ecoou como uma
trombeta no deserto, como nos fala Joel 2.1: “Tocai
a trombeta em Sião, e clamai em alta voz no meu santo monte; tremam
todos os moradores da terra, porque o dia do SENHOR vem, já está
perto”. A mensagem
de Deus chegou em todos os lugares e a pessoas iam até João para
ouvirem o recado de Deus através da boca de seu profeta, e serem
batizadas por ele.
1o
– O conteúdo de sua mensagem (Lc 3.3).
João não estava afalando a respeito de uma mera mudança de mente,
nem um lamento ou um remorso. João pregava uma palavra dura para um
povo de dura servis. Gente religiosa, mas que andava longe de um
verdadeiro compromisso com Deus.
A mensagem de João é para que o
povo se arrependesse de seus pecados. Que se voltassem para Deus. E
como prova de arrependimento, eles deveriam passar pelas águas do
batismo. Esse batismo provavelmente tem suas raízes no Antigo
Testamento (Lv 15.13). O batismo também era um ritual para os
prosélitos entrarem para o judaísmo, ou seja, era um reconhecimento
de que o Deus de Israel era o verdadeiro Deus. Com isso em mente, o
batismo de João representava o reconhecimento de que eles haviam se
afastado de Deus e queriam se retratar com Ele. Era um reconhecimento
de que eles estavam como os gentios.
A mensagem de João era uma
mensagem de juízo e graça. Para àqueles que se arrependem há o
predão, a remissão dos pecados. Não há salvação sem
arrependimento. Ninguém pode confiar em Cristo sem primeiro descrer
de seus próprios méritos. O chamado ao arrependimento não é uma
muito ouvida hoje em muitos púlpitos. Há um crescimento numérico,
mas sem mudança de vida. Há muita adesão as igrejas e não
conversão para entrar no Reino de Deus. Como disse Jesus a
Nicodemos: “Na
verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não
pode ver o reino de Deus. Na verdade, na verdade te digo que aquele
que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de
Deus” (Jo 3.3,5).
2o
– Uma mensagem fundamentada nas Escrituras (Lc 3.4,5).
João está citando Isaías 40.3-5 que diz: “Voz
do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no
ermo vereda a nosso Deus. Todo o vale será exaltado, e todo o monte
e todo o outeiro será abatido; e o que é torcido se endireitará, e
o que é áspero se aplainará. E a glória do Senhor se manifestará,
e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse”.
João não pregou o que ele quis,
o que ele inventou, o que o povo queria ouvir. João Batista foi
bíblico em sua mensagem. Ele não pregou autoajuda, mas ajuda do
alto mediante o arrependimento. Ele não pregou o que o povo queria
ouvir, mas o que o povo tinha necessidade de ouvir. A mensagem dele
estava fundamentada nas Escrituras e não nas novidades que o
cercava. Algo completamente diferente dos dias de hoje, em muitas
igrejas. Hoje há muitos pastores que dizem ser voz profética, mas
não passam de pregadores de novidades. Inventam doutrinas
antibíblicas, que afastam cada vez mais as pessoas de Deus, mas os
mantém cativos em suas igrejas.
Nós não somos a fonte da
mensagem; apenas seus instrumentos. A mensagem de Deus aplana os
montes da soberba através do verdadeiro arrependimento. Aterra os
vales do desespero, endireita os caminhos tortos do pecado e da
hipocrisia e coloca no lugar todas as áreas da vida que estão fora
do propósito de Deus.
3o
– A abrangência da pregação (Lc 3.6).
Tanto gentios como judeus veriam a salvação anunciada por João.
Por isso que o batismo de João caracteriza-se por uma dupla
definição.
1) É um batismo de
arrependimento (conversão).
2) É um batismo pelo perdão dos
pecados.
Tanto judeus como os gentios
careciam do perdão de Deus. A pregação de juízo e arrependimento
de João remetia para a mudança da mentalidade do coração e para a
renovação da vida! A mensagem de João era uma preparação para a
vinda do Messias. João estava aplainando os caminhos tortuosos para
que quando o Rei da Glória se manifestasse, todos estivem prontos
para recebê-lo.
CONCLUSÃO
Assim como foi nos dias de João
Batista, assim tem sido os dias de hoje. Vemos muitas pessoas
envolvidas nas igrejas, mas completamente longe de Deus. Vemos uma
liderança corrompida, envolvida na política e no jogo sujo do
poder. Mas assim como o Senhor levantou João Batista como profeta
para sua época, para preparar o caminho para o Senhor Jesus, hoje o
Senhor está levantando seu povo como voz profética para anunciar a
volta do Senhor.
O fim está próximo, arrenda-te
povo de dura servis. A mensagem de arrependimento precisa voltar aos
púlpitos de nossas igrejas. Devemos ser como João, bíblicos em
nossa mensagem e íntegros em nosso caráter.
Pense nisso!
Bibliografia:
1 – Barclay, William.
Comentário do Novo Testamento, Lucas.
2 – Champlin, R. N. O Novo
Testamento Interpretado, versículo por versículo, volume 2, Lucas e
João. Editora Candeia, São Paulo, SP, 1995.
3 – Davidson, F. O Novo
Comentário da Bíblia, volume 2. Edições Vida Nova, São Paulo,
SP, 1987.
4 – Garder, Paul. Quem é Quem
na Bíblia. Editora Vida, São Paulo, SP, 1999.
5 – Keener, Craig S. Comentário
Histórico-Cultural da Bíblia, Novo Testamento. Edições Vida Nova,
São Paulo, SP, 2017.
6 – Lopes, Hernandes Dias.
Lucas, Jesus, o homem perfeito. Comentário Expositivo Hagnos.
Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017.
7 – MacArthur, John. Comentário
do Novo Testamento, versículo por versículo. Editora Tomas Nelson,
Rio de Janeiro, RJ, 2019.
8 – Manual Bíblico SBB.
Barueri, SP, 3a edição, 2018.
9 – Morris, Leon L. Lucas,
Introdução e Comentário. Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São
Paulo, SP, 1986.
10 – Rienecker, Fritz.
Evangelho de Lucas, Comentário Esperança. Editora Esperança,
Curitiba, PR, 2005.
11 – Wiersbe, W. Warren.
Comentário Bíblico Expositivo, Novo Testamento, Vol. 1. Editora
Geográfica, Sato André, SP, 2012.
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