quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Ateísmo, fé e racionalidade


Por João Heliofar De Jesus Villar

Os ateus estão cansados de ser vítimas do preconceito dos religiosos, garantem os membros da ATEA, uma associação de ateus que ganhou a atenção da imprensa nestes últimos dias. Por conta disso, resolveram promover uma campanha nos ônibus de grandes cidades brasileiras, para mostrar o quão razoável é a cogitação de que não há Deus. A ideia é importada da Europa, como se sabe, e não tem nada de novo.

No Brasil, porém, as empresas de ônibus resistiram inicialmente à divulgação, justamente porque entenderam que o conteúdo da propaganda era preconceituoso. Ao invés de promoverem o ateísmo, as imagens, os dizeres, o tom e tudo o mais da publicidade da ATEA, revelam uma preocupação muito maior em depreciar a fé. Como foi possível constatar nas reportagens publicadas pela mídia, a campanha é extremamente agressiva. Genocidas supostamente crentes são contrastados com ateus charmosos da classe artística; a fé religiosa não oferece respostas e impede perguntas; o ateísmo é o estimulador de toda pesquisa científica, e por aí vai.

Qual a razão desse conflito? Se Deus não existe por que os ateus gastam tanta energia conosco, os crentes?


Tenho observado que não é qualquer tipo de fé que incomoda os ateus. No debate que travou com o então Cardeal Ratzinger, em 2000, o pensador Paolo Flores D’Arcais entregou o jogo. Nesse evento D’Arcais sustentou que é perfeitamente possível uma convivência pacífica da fé religiosa com o ateísmo, desde que os crentes reconheçam que suas crenças não guardam qualquer relação com a racionalidade. Desde que assumamos a posição historicamente atribuída a Tertuliano, “credo quia absurdum”, os ateus nos terão como inofensivos. O perigo, diz D’Arcais, é querer sustentar que a fé é racional. Isso nos torna perigosos, pois poderíamos ter a pretensão de intervir na realidade a partir das pressuposições que formam nossas crenças, o que poderia implicar uma perturbação para um espaço que deve ser governado exclusivamente pela ciência. Crentes que conferem relação de sua fé com a realidade material incomodam, pois pretendem conformar a realidade com seus valores.

A racionalidade estaria exclusivamente na ciência. É um arranjo ruim para nós, pois a ciência fica com a realidade e nós com o resto (a frase é do matemático de Oxford, o cristão John Lennox e foi usada num debate com Richard Dawkins, que pode ser visto no Youtube, com legendas em português).

A tradição cristã não tem nada a ver com esse arranjo. Cabe lembrar que racional é o raciocínio que encontra fundamento na realidade. Na verdade, temos com o ateísmo uma profunda divergência em relação à natureza da realidade. Em que consiste a realidade? Os ateus são naturalistas, materialistas, e sustentam que a natureza é tudo o que existe. Nós afirmamos que há uma realidade sobrenatural, além desta. Francis Schaeffer usa a sugestiva imagem de uma laranja com duas metades. O naturalista vê apenas uma metade da laranja e ignora a existência da outra. Nós vemos a laranja inteira e, se estamos certos, a fé é a verdadeira racionalidade.

Os naturalistas, porém, contrapõem fé e razão e nos colocam diante de uma armadilha e devemos estar conscientes disto. O argumento principal é que não há como se demonstrar que Deus está na realidade. Devemos estar atentos para essa argumentação. É que para um naturalista, uma demonstração racional deve ser científica. A ciência, como se sabe, procura explicar os fenômenos existentes com base em causas exclusivamente naturais. A ciência, enfim, é um método de investigação da natureza. Se Deus está fora da natureza, obviamente Deus não pode ser explicado pela ciência. Isso não prova que a fé em Deus é irracional, mas apenas afirma os limites da ciência.

Nós temos de permanecer firmes na posição cristã acerca desse ponto e perceber que este é o centro da controvérsia. A tradição judaico-cristã expressada no Salmo 19, no primeiro capítulo de Romanos, nas provas de Tomaz de Aquino etc, etc, afirma ousadamente que a realidade visível é expressão de uma vontade invisível, de uma inteligência que não pode ser vista, mas pode ser detectada nas coisas que se veem. O naturalismo, procura desqualificar essa posição, mas não pode fazê-lo sem cair em contradição, já que deve demonstrar que a natureza produziu a si mesma. E aí é obrigada a enfrentar a velha questão filosófica: por que existe algo, em vez do nada?

A natureza não é tudo o que existe. Como percebeu o centurião romano de Cafarnaum – aquele que deixou Jesus maravilhado -, a natureza está sujeita à autoridade, ela tem Senhor. Ela obedece a comandos do tipo cala-te; emudece, porque está sujeita ao seu Criador. Por essa mesma razão, não entendo a dificuldade lógica que os ateus levantam em relação à ocorrência dos milagres, como se a fé em evento desse tipo fosse completamente irracional. A questão não é se os milagres acontecem. A questão é se Deus existe. Porque se Deus é o Criador da natureza, ela é seu soldado, obedece às suas ordens, e lhe bate continência.

Fonte: Ultimato

Ponto de Fuga



Por Jorge Fernandes Isah


Ano novo aproximando-se, já as portas de Janeiro, e estou a me perguntar: o que nos aguardará nos próximos doze meses? Em que condições a igreja evangélica deixará o país ao fim-do-ano? Será que a expansão numérica dos evangélicos no Brasil tem-se refletido em luz, ou "tudo continua como dantes no quartel do Abrantes"? Com os evangélicos não fazendo diferença, nem salgando o mundo?


Quais mudanças serão percebidas na sociedade? Ela terá refletida a sabedoria e santidade bíblicas? Terá se tornado moral e eticamente aprovada? A defender a vida e os princípios estabelecidos por Deus em Sua palavra?

Ou a expansão numérica servirá apenas para aproximar a igreja cada vez mais do padrão do mundo (através da invasão de incrédulos e suas perversões no seio da igreja; e o que é pior, a aceitação passiva por parte daqueles que se dizem cristãos e defensores da fé bíblica)? A interagir e se fundir com o secular de tal forma que não se distingue o aparentemente santo do profano?

Até que ponto, o triunfalismo e o otimismo com as possibilidades de um Brasil evangelizado é realidade ou ficção? Especialmente quando se sabe que a maior parte das pregações têm sido antibíblicas e não-cristãs? É possível se pregar o antievangelho e ainda assim evangelizar em moldes verdadeiramente cristãos? Ou estamos a misturar as coisas, sem saber o que fazemos, guiados por egos inflados, por doutrinas espúrias, com o objetivo de saciar a sanha indolente das criaturas? Sem glorificar o Criador e Senhor?

Há muito tempo se ouve a frase: o Brasil para Cristo! Mas o que pregamos é Cristo crucificado, ressurreto e que está à destra do Pai governando o mundo, ou o anticristo?

Até que ponto, igrejas preocupadas com atividades sociais, de lazer, empresariais, mercadológicas, envoltas pelo pragmatismo e a busca de resultados estatísticos e financeiros podem estar comprometidas com Deus e Sua palavra, ao ponto em que ela transborde e seja impossível não proclamá-la?

Até que ponto, as igrejas estão preocupadas em pregar o arrependimento? E, assim, somente assim, reconhecendo-se nu e miserável o homem poderá quedar-se submisso diante do Deus Todo-Poderoso, santo e justo? Pois sem arrependimento, não houve novo-nascimento, e sem novo-nascimento como será possível ver o reino dos céus?

Até que ponto, um povo obstinado em rejeitar a Deus pode ser chamado de cristão? Como está escrito: “Feriste-os, e não lhes doeu; consumiste-os, e não quiseram receber a correção; endureceram as suas faces mais do que uma rocha; não quiseram voltar”[Jr 5.3].

Até que ponto, o Evangelho estará soterrado pelo humanismo? E se tornará irreconhecível como a mensagem do Deus Vivo?

Até que ponto, continuaremos assentados confortavelmente em nossas poltronas sem clamar, interceder e orar pelas almas escravizadas pelo pecado? E por milhões cegados pelo deus deste mundo?

Até que ponto, todo o nosso entendimento e rigor doutrinários estarão realmente a serviço do Reino de Cristo?

Até que ponto, satisfaz o que temos e não o que damos?

Até que ponto, continuaremos soldados na caserna, enquanto a guerra se desenvolve no campo?

Até que ponto, ser cristão é não ser cristão?

O compromisso dos que são de Cristo é seguir os passos do Mestre, para que se dê muitos frutos, senão será cortado e lançado "onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga" [Mc 9.48].

Quantas vezes é preciso ser vomitado? Por não ser frio nem quente, mas morno? Julgando-se rico, quando se é desgraçado, miserável, pobre, cego e nu?

“Sê pois zeloso, e arrepende-te”
[Ap 3.19].

Notas:
Este texto foi redigido em Janeiro/2010, e decidi republicá-lo no fim-de-ano, como minha última postagem, pois os questionamentos lançados nele ainda me angustiam, e alguns permanecem sem respostas.

[2] Relutei em publicar o texto, porque, nos dias atuais, qualquer espécie de exortação ou alerta é sinal de prepotência e superioridade da parte de quem os faz, afinal, dizem, somos todos iguais, e por que você se considera melhor do que nós? A questão é que não estou a falar somente do que não foi feito, mas do que mesmo feito não foi bem feito, em conformidade com a Escritura. Fazer por fazer é muito pouco. Não fazer achando que se faz é nada. E fazer erradamente é prejuízo. Há, de certa forma, uma espécie de ufanismo por uma Brasil evangelizado, mas fico sempre a me perguntar: o Brasil é realmente um país evangelizado? Qual evangelho é pregado? De Cristo ou do anticristo? Então decidi publicá-lo. Não como uma maneira de dizer: olha, fiz mais do que vocês, que não andam fazendo nada. Não é isso, até porque, considero-me muito, mas muito distante da semelhança com Cristo, como disse no texto "Perdas e Ganhos". Como alguns pregadores sempre dizem que o sermão é primeiramente para eles mesmos, posso afirmar categoricamente que este texto foi escrito e inquirido primeiramente a mim.

[3] Alterei apenas as datas na postagem para não parecer estranho a quem ainda não leu estas notas.

Fonte: KÁLAMOS

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A Soberania de Deus e as Nossas Orações


Arthur W. Pink

"E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve." 1 João 5:14

Existem algumas perguntas que surgem na mente das pessoas quando pensam acerca da soberania de Deus.

Já dissemos que as pessoas são incapazes de escolher ser salvos de seus pecados a menos que Deus mesmo mude sua natureza pecaminosa.

Então, a primeira pergunta que responderemos é esta: se Deus realiza o câmbio na natureza das pessoas, por que devem esforçar-se os crentes em pregar o evangelho a todos? temos aprendido que por natureza os homens são pecaminosos, que por si mesmos não podem escolher crer em Cristo. Por que, então, os crentes devem urgir às pessoas a crerem? A resposta é esta: aos crentes lhes é ordenado por Deus pregar o evangelho a todos.

Não pregamos o evangelho pensando que os ouvintes inconversos tenham em si mesmos a capacidade para receber a Cristo como seu Senhor. Pregamos porque sabemos que isto é o que Deus tem nos comissionado fazer.

Sabemos que quando o evangelho é pregado, Deus mesmo fala eficazmente a alguns daqueles que escutam. Àquelas pessoas que Deus tem escolhido, lhes é dada a disposição para crer. Crer que Deus está no controle de tudo é de grande ajuda e estímulo para a pregação evangélica. Os crentes sabem que as pessoas escolhidas por Deus se arrependerão dos seus pecados quando escutem acerca de Jesus Cristo o Salvador.

De fato, esta convicção de que Deus está realizando seus propósitos mediante a pregação, é a base da verdadeira pregação evangélica. Veja Isaias 55:10-11, 2 Coríntios 2:14-17, Romanos 10:14-15 e 1 Pedro 1:23.

Em segundo lugar, outra pergunta que pode surgir é esta: se Deus tem determinado o que vai acontecer, e se também tem o controle sobre tudo o que acontece, então, existe alguma razão para orar? Se Deus já tem tomado todas as decisões, seguramente a oração não tem valor algum. Nós não podemos mudar a vontade de Deus. A nossa resposta é a seguinte: devemos entender o significado verdadeiro da oração. Alguns dizem que a oração é a forma em que Deus permite que as nossas vontades tenham influência no que acontece. Mas a Bíblia ensina claramente que é Deus quem faz com que as coisas sucedam. Portanto, a idéia de que as nossas orações fazem que as coisas aconteçam é errada. Outras pessoas dizem que a oração é uma forma de conseguir que Deus mude a Sua vontade. Mas, como já vimos, Deus já tem decidido exatamente o que vai acontecer. A oração não é algo que possamos usar para mudar as coisas; a nossa oração não muda a vontade de Deus.

A oração é a maneira assinalada por Deus para honrá-Lo. A oração é um meio de adoração a Deus. a oração é o reconhecimento de que dependemos totalmente de Deus, por todo o que somos e o que temos. A oração é o método divino para pedir a bênção de Deus.

A oração faz com que percebamos quão pequenos e fracos somos, e quão grande é Deus. a oração é um dom de Deus para seu povo, a fim de que eles Lhe peçam as coisas que Deus tem determinado. As orações dos crentes formam parte do plano de Deus para efetuar os Seus propósitos eternos. (Veja os seguintes textos que afirmam esta verdade: Mateus 5:10; 1 João 5:14; Romanos 8:26-27).

Além disso, Deus tem determinado que a oração seja um meio para efetuar sua vontade, tal como a pregação do evangelho é o meio utilizado por Deus para salvar os pecadores. As orações dos crentes formam parte do plano de Deus para executar Seus propósitos eternos.

Assim sendo, quando os crentes oram não o fazem para mudar o plano de Deus, senão para que o pano de Deus seja executado. Os crentes podem orar por certas coisas com confiança porque sabem que estão incluídas no plano de Deus. Quando dizemos a Deus as nossas necessidades, estamos encomendando-nos ao Seu cuidado, e Lhe suplicamos que trate com elas de conformidade com Seu plano. Então, pode perceber-se que a oração é basicamente uma atitude, uma atitude de dependência total de Deus. A oração é o oposto de dizer a Deus o que Ele tem que fazer, porque a oração pede para que a vontade de Deus seja feita. Assim, isto responde a nossa pergunta acerca da razão para orar. Os crentes oram por coisas que concordam com o plano que Deus tem pré-determinados, ou seja, coisas que são parte do mesmo plano de Deus. Os crentes oram, não para mudar o plano de Deus, senão para aceitá-lo e achar a bênção de Deus através desse plano.

Em terceiro lugar, talvez a seguinte pergunta tenha chegado a inquietar você: Se Deus tem decidido todo o que sucede, então por que devem preocupar-se os crentes em serem bons? Se Deus tem planejado que os crentes serão bons, então, por que devem preocupar-se de sê-lo eles mesmos?

Mais uma vez, a resposta básica é que os crentes fazem bem, porque Deus tem lhes mandado fazer o que é bom. Em realidade, o conhecimento de que Deus controla todas as coisas ajuda os crentes a realizar o que é bom.

Os crentes confiam em que Deus pode lhes dar a capacidade de realizar coisas boas. Os verdadeiros crentes sabem que em si mesmos não têm o poder de fazer o que Deus tem lhes ordenado. É, portanto, que confiam em que Deus pode lhes dar a fortaleza que necessitam para obedecer a Sua vontade.

Por último, talvez você tenha pensado que é injusto e cruel de parte de Deus escolher só certas pessoas para serem salvas. Porém, lembre-se do seguinte: se Deus não tivesse escolhido e salvo alguns, então ninguém teria sido salvo do pecado. Se Deus não tivesse escolhido ninguém, então todos nós teríamos morrido em nossos pecados. Deus não é injusto ao escolher salvar alguns e outros não, porque ninguém tem o direito de ser salvo, quer dizer, Deus não "deve" a salvação para ninguém. A salvação é inteiramente um assunto da bondade de Deus para as pessoas que não a merecem. Deus tem mostrado sua bondade a certas pessoas, segundo melhor Lhe pareceu a Ele (veja Mateus 11:25-27).

Nós poderíamos pensar que teria sido melhor que Deus salvasse todos, mas não estamos capacitados para decidir isto. Não somos capazes de ver e compreender todo o que Deus vê e compreende. Os caminhos de Deus não são como os nossos caminhos, e nós não podemos compreendê-los integramente (Veja Isaias 55:8-9 e Romanos 11:33-36). Todo quanto podemos dizer é que Deus tem demonstrado seu amor na eleição e salvação de gente que não merece sua bondade. Então, permita-me fazer-lhe uma última pergunta: É você uma das pessoas que Deus tem escolhido para salvação? Existe algum desejo em seu coração de ser uma das pessoas que pertencem a Deus?

TEXTOS BÍBLICOS:

João 17:6, 9: "Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra. (...) Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus".

2 Pedro 1:3: "Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude".

Efésios 2:10: "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas".

1 Pedro 1:5: "Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo".

1 Samuel 3:18: "Então Samuel lhe contou todas aquelas palavras, e nada lhe encobriu. E disse ele: Ele é o SENHOR; faça o que bem parecer aos seus olhos".

Jó 1:20-21: "Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou. E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR".

Este artigo foi traduzido do espanhol para o português por Daniela Raffo. Este artigo é parte de um livro que foi traduzido de uma versão abreviada em inglês intitulada "Quem está no controle?", publicado por Grace Publications Trust, e em sua versão original em inglês por Baker Book House. O título da versão original em inglês é: "A soberania de Deus".

As “novas revelações” produzem meninos espirituais!



E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.” (EF 4:11-16).

Tenho observado ao longo dos anos que aqueles que aceitam alguma revelação extra-Bíblia sempre manifestam uma “meninice” espiritual. Tais pessoas mostram em suas palavras e obras que conhecem muito pouco do verdadeiro Deus, quando conhecem algo, e que este pouco conhecimento não dá sinais de progresso algum, mas, ao contrário, de um afastamento gradual e perigoso da Verdade do Evangelho. Porém a experiência a respeito disto apenas demonstra o que a própria Escritura Sagrada afirma.

O fato é que aceitar “revelações novas” é o mesmo que pensar em conhecer alguém sem nunca tê-lo ouvido, sem nunca ter conversado com ele. Muitos estão assim: Pensam que são profundos conhecedores de Deus, no entanto nunca o ouvem falar pelas Escrituras, mas correm atrás de palavras que de forma alguma Ele falou, correm atrás de “novas revelações”, que na verdade não passam de falsas revelações. A conseqüência é uma ilusão, uma fantasia, uma tolice própria de menino. Eles são “meninos” no entendimento de Deus e de sua vontade para suas vidas. Diante disso façamos uma breve comparação entre as características de um menino e as de um adulto, aplicando-as a vida espiritual, dando no final a única solução real para o problema.

1 – Meninos são inconstantes enquanto que adultos são firmes:

Uma criança não sabe o que quer. Agora quer um brinquedo e chora por ele, mas poucos segundos depois deseja outro. Hoje quer muito participar de um passeio, mas se lhe for apresentado algo mais interessante mudará imediatamente de idéia. Adultos não são assim. Eles mantêm firmeza em seus propósitos.

Quando uma pessoa dá atenção as “novas revelações” e não a Bíblia, ela não conhece a Deus e a sua vontade para sua vida. Esta pessoa não tem conhecimento dos objetivos que Deus ordena nas Escrituras para que os homens busquem alcançar. A vontade de Deus é firme (Sl 19:7). Deus não muda de idéia aconselhando-nos nas Escrituras uma coisa agora e outra diferente momentos depois. Deus não diz, por exemplo, que não devemos ser desonestos para daqui a pouco abrir alguma concessão. Mas quem não ouve a Bíblia estará construindo em terrenos frágeis. Uma das características das “Novas Revelações” é que são mutáveis. Como são falsas, a origem delas não está no Deus imutável, mas nas motivações carnais dos falsos profetas. Tais pessoas presumem (quando presumem) que Deus falou com elas, mas na verdade o que falou foi seu próprio coração pecaminoso (Jr 14:14 e 17:9).

Ora, o coração dos homens é inconstante (Sl 78:8, Tg 1:8). “Profecias” assim não são firmes, mas mudam de acordo com as circunstancias e desejos do “profeta” e do ouvinte. Certe vez ouvi um homem dizer: “Deus me mandou ser membro desta igreja”. No entanto ele já havia dito isso de outra igreja. Que inconstância, não? Além disso, blasfema, por usar o Nome de Deus em vão. Mas a “inconstância” é uma “constante” na vida destas pessoas. Por isso afirmo: são meninos espirituais.

2 – Meninos são influenciáveis, enquanto que adultos tomam o controle de si mesmos:

Crianças são altamente propensas a serem manipuladas. Devido a sua inocência infantil, acreditam em qualquer promessa atrativa. Podem cair em conversas de pessoas perigosas que procuram aproveitar-se delas ou fazer-lhes qualquer mal. É por isso que precisam de um adulto para protegê-las. E é assim porque os adultos são diferentes, ou seja, podem guiar a si próprios, cuidar de si próprios. Adultos não caem em conversas que facilmente enganam crianças. É muito mais fácil uma pessoa manipular uma criança que fazer o mesmo com um adulto. O adulto possui maturidade, discernimento , o que o leva a ter o controle de si mesmo, não seguindo outra pessoa que quer lhe fazer o mal.

Na área espiritual acontece algo semelhante. Devido a muitas pessoas não se apegarem a Rocha Fiel, a Luz Verdadeira de Cristo nas Sagradas Escrituras como única regra de fé e prática, ficam a mercê dos manipuladores espirituais. Como “meninos espirituais”, por estarem em trevas, acreditam que o “branco” é “preto”, e que o “preto” é “branco”, pois são levadas pelo que os manipuladores dizem a elas. Tais pobres “crianças” são dominadas por seus “orientadores”, que as tratam como bem querem com o propósito de satisfazerem seus caprichos mais egoístas. Dão a eles seu dinheiro, seus bens, suas famílias, sua “fé”, seus corações, suas almas.

O fim de tudo isso é o inferno. São como pobres crianças levadas por pedófilos assassinos que lhes atraem com doces e brincadeiras. Sim, pobres são estas almas que levadas por seus “orientadores espirituais” seguem em direção a morte eterna achando que estão indo ao encontro da Vida Eterna. É preciso alertar estas “crianças” para que não continuem seguindo estes “pedófilos espirituais”. Mas infelizmente muitos continuarão a acreditar nas falsas promessas, e tudo porque não investigam suas Bíblias nem ouvem os verdadeiros pregadores da justiça que só anunciam o que está escrito. Muitos continuarão “meninos”, continuarão influenciáveis, influenciáveis, influenciáveis (Is 8:19-22). Que pena!

Mas aqueles que se agarram a Verdade Bíblica como única regra de fé e prática são aptos a discernir as artimanhas dos falsos pregadores. É assim porque possuem a luz da Palavra, possuem entendimento de adulto. Estes não caem em qualquer conversa. Logo eles percebem que um ensino é falso, visto que tais ensinos não seguem as Escrituras que eles conhecem (Ef 4:13-15).

3 – Meninos são egocêntricos enquanto que adultos são altruístas:

Crianças vivem para si. Querem, querem, e querem! Não tem disposição, e nem podem satisfazer a outros. Já os adultos estão aptos para cuidar das crianças, e de fato fazem (ou deveriam fazer) isso. Adultos amam seus filhos, por isso cuidam deles e se dispõem a grandes sacrifícios por eles.

Aqueles que não seguem a Bíblia como suficiente Palavra de Deus são também levados a algo semelhante. Eles não conhecem a Deus, não conhecem seu amor. Nada entendem sobre o amor de Deus por nós, sobre nosso amor a Deus, e sobre nosso amor aos irmãos. Estas três coisas andam juntas, e as descobrimos à medida que Deus fala conosco nas Escrituras, à medida que por elas, as Escrituras, Ele revela a nós seu amor em Cristo (I Jo 4:7-5:5)! Aqueles que se apegam as Escrituras como suficientes, passam a conhecer o amor de Deus, e assim amam a Deus e ao próximo. São como adultos que amam e cuidam de seus filhos! Eles se dispõem a dar suas vidas pelos irmãos, sacrificam-se por eles, pois seu amor é prático e não da boca para fora (I Jo 3:11-24).

“Meninos espirituais” não são assim. Eles querem, querem, e querem. Querem riqueza, saúde e soluções de problemas na família. Mas sacrificar-se pelos outros? Não, não, isso eles não querem! E morrer por Cristo como os antigos cristãos? Isso também não querem! O que eles querem é a satisfação de todos os seus desejos egoístas, mas satisfazer os outros eles não querem. Tais “meninos” são o que as “novas revelações” têm produzido.

4 – Meninos choram, enquanto que os adultos consolam:

Crianças choram! Choram porque caiu o brinquedo, ou porque a mãe se afastou um pouquinho. Por motivos mais banais eles “abrem o berreiro”. É assim porque eles não entendem as coisas. Ora, são crianças! Já os adultos não choram a toa. Aliás, os adultos é que consolam as crianças.

De forma semelhante, aqueles que seguem outras “revelações” acabam caindo em uma crescente falta de entendimento a respeito de Deus, visto que é apenas pela Bíblia que realmente o conhecemos. Eles não crêem e não aceitam a soberania divina conforme nos mostra a Bíblia. Eles estariam dispostos a manipular a Deus se o pudessem, mas não aceitam o controle absoluto do Rei dos reis. Por isso, se as coisas não saem como planejam, eles se desesperam e choram. Eles também são rápidos em murmurar e cair em amargura contínua.

Pessoas que conhecem a Deus pela Bíblia não são assim. Elas se tornam adultas no entendimento de que Deus é absolutamente soberano. Crêem que tudo ocorre no decreto de Deus, e é feito para sua glória, para o bem dos seus, e juízo dos ímpios (Jr 50:45, Sl 139:16, Rm 11:33-36, Rm 8:28-30, Jr 51:13). Estes pode se alegrar até em sofrimentos e ainda consolar aos outros (Jó 1:20-22, 2:8-10, Fp 4:4). Estes crêem e se submetem ao Deus Soberano. Só “adultos espirituais” agem assim. Já os “meninos” só lamentam, choram, e caem em desespero. Ora, são meninos, pois seguem “novas revelações” que apresentam uma visão falsa de quem é Deus. Para eles Deus é manipulável. Quando descobrem pela experiência que não é assim, e isso mais cedo ou mais tarde irá acontecer, acabam caindo em desespero.

5 – Meninos crêem em fantasias, enquanto que os adultos se apegam a realidade:

Crianças conseguem acreditar em personagens fictícios como “duendes” e “Papai Noel”. Já os adultos rejeitam estas crenças e se apegam ao real, ao factual. As crianças crêem em fantasias devido ao pouco entendimento que possuem da diferença entre o real e o imaginário. Quando se tornam adultas elas conseguem fazer esta diferença. Assim o adulto possui esta “luz”.

Na área espiritual é o mesmo que ocorre. Meninos espirituais não possuem muito da luz única: A Bíblia (Sl 119: 97-105). Em vez disso eles se deixam levar por ditas “luzes” oferecidas por falsos profetas em suas “novas revelações”. Estas “luzes” na verdade não passam de lâmpadas queimadas. Para nada servem, pois mantêm as pessoas na ignorância de Deus e as afundam em terríveis fantasias. Porém o Evangelho Verdadeiro, que é segundo a Bíblia, liberta de toda esta ilusão de menino e leva os homens a uma compreensão adulta da realidade espiritual (At 19:23-29)!

6 – A solução:

Qual a solução para esta meninice espiritual? A resposta óbvia é: Crer que a Bíblia é suficiente e que hoje não existem “novas revelações”, e por conseqüência, abandonar estas “novas revelações”, e voltar-se para a Bíblia como única regra de fé e prática. Cito a seguir parte de meu comentário ao primeiro parágrafo do Capítulo primeiro da Confissão de Fé Batista de 1689, por ser apropriada para o momento:

A Bíblia e só a Bíblia pode nos tornar sábios para a Salvação em Cristo (Leia: I Tm 3:15-16). E é assim porque somente nela está a mensagem que nos leva a termos fé em Cristo, o Salvador que morreu em nosso lugar. Ela foi inspirada por Deus, ou seja, é a sua Palavra e é útil para nos ensinar e mostrar como deve ser a nossa prática como salvos, como cristãos. Nela está “toda boa obra” que Deus quer ver em nós. Para a pergunta do cristão: Onde posso encontrar a vontade de Deus para minha vida? Respondemos: Na Escritura Sagrada.

Não podemos aceitar outro guia para encontrar a salvação (Leia: Is 8:19-22). Todos os outros caminhos são tolos, enganosos e inúteis. Por isso declaramos “À Lei e ao Testemunho”. Aqueles que abandonam a Bíblia não verão a Luz do Senhor, não encontrarão a sua Salvação, mas acabarão por se afastar de Deus, cair em desespero, e até a arrogantemente amaldiçoar ao Senhor em vez de se humilharem diante dele.

Nada a não ser a Palavra de Deus na Bíblia pode convencer alguém a respeito do Caminho da Salvação (Leia: Lc 16:29-31). Nem mesmo se um morto ressuscitasse e tentasse convencê-lo iria alcançar êxito. Só a Bíblia é usada por Deus para nos convencer de nosso pecado e do meio da Salvação em Cristo. Os apóstolos e profetas escreveram a Bíblia (Leia: Ef 2:20). Por isso se diz que eles são o fundamento, pois receberam de Deus a revelação e a escreveram. A pedra principal desse fundamento é Cristo. Cristo é o assunto central das Escrituras, pois Nele Deus se revela como Misericordioso Salvador de seu povo. Só a Bíblia traz esta mensagem. Só por ela encontramos o Salvador
.”Para acessar o comentário na íntegra clique aqui.

Devemos também regatar a guarda do Dia do Senhor (Domingo), como um período de deleite em que nos dedicamos a conhecer a Deus pelas Escrituras (Is 58:13-14).

Amigo, volte-se para a Bíblia abandone as “novas revelações” e deixe de ser menino! Que assim seja para o seu próprio bem, e acima de tudo para a glória do Deus Soberano. Amém!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Como o Pecado Original nos Afeta


Por João Calvino

O Pecado Original de Adão afeta toda a sua Posteridade

Como a vida espiritual de Adão era permanecer ele unido e ligado a seu Criador, assim também, ao alienar-se dele veio-lhe a morte da alma. Portanto, não surpreende se, por sua defecção, afundou na ruína sua posteridade aquele que perverteu, no céu e na terra, toda a ordem da própria natureza. “Gemem todas as criaturas”, diz 5. Primeira edição: “Se vil e execrável ofensa é a apostasia, pela qual o homem se Paulo, “não por sua própria vontade, sujeitas à corrupção” [Rm 8.20, 22]. Caso se busque a causa disso, não há dúvida de que estão a sofrer parte daquele castigo que o homem mereceu, para cujo proveito elas foram criadas. Portanto, quando, de alto a baixo, por sua culpa atraiu a maldição que grassa por todos os recantos do mundo, nada há de ilógico se ela foi propagada a toda sua descendência. Logo, depois que a imagem celeste foi nele obliterada, não sofreu sozinho esta punição que, em lugar de sabedoria, poder, santidade, verdade, justiça, ornamentos de que fora ataviado, lhe sobreviessem as mais abomináveis pragas: cegueira, fraqueza, impureza, fatuidade, iniqüidade, mas ainda nas mesmas misérias enredilhou e submergiu sua progênie.

Esta é a corrupção hereditária que os antigos designaram de “pecado original”, entendendo pelo termo pecado a depravação de uma natureza antes disso boa e pura, matéria a respeito da qual muita lhes foi a contenção, uma vez que nada seja mais remoto do consenso geral que pela culpa de um só todos se façam culpados e, assim, o pecado se torne comum a todos. Esta parece ter sido a razão por que os doutores mais antigos da Igreja abordaram este assunto de forma tão obscura, pelo menos por que o explanaram menos lucidamente do que se fazia necessário.

Contudo, esta relutância não pôde impedir que Pelágio entrasse em cena, cuja profana invenção foi haver Adão pecado tão-somente para seu próprio dano, mas que aos descendentes nada afetou. Naturalmente, com esta artimanha de encobrir a enfermidade, Satanás tentou torná-la incurável. Como, porém, pelo claro testemunho da Escritura se mostrasse que o pecado foi transmitido do primeiro homem a toda a posteridade [Rm 5.12], sofismavam haver-se transmitido por imitação, não por geração. Portanto, bons homens, e acima dos demais Agostinho, nisto laboraram afincadamente para mostrar que não somos corrompidos mediante impiedade adquirida; ao contrário, trazemos depravação ingênita desde o ventre materno. O não reconhecimento desse fato foi o supremo descaramento. Mas ninguém se surpreenderá da temeridade dos pelagianos e dos celestianos quem, pela leitura dos escritos daquele santo varão, Agostinho, tenha percebido que monstros de perversa catadura foram eles em todos os demais pontos.

Por certo que não é ambíguo o que Davi confessa, a saber, ter sido gerado em iniqüidades e de sua mãe concebido em pecado [Sl 51.5]. Não está ele aí a censurar as faltas do pai ou da mãe; antes, para que melhor enalteça a bondade de Deus para consigo, faz remontar a confissão de sua iniqüidade à própria concepção. Uma vez ser evidente não ter sido isso peculiar a Davi, segue-se que sob seu exemplo se denota a sorte comum do gênero humano.

Portanto, todos que descendemos de uma semente impura, nascemos infeccionados pelo contágio do pecado. Na verdade, antes que contemplemos esta luz da vida, à vista de Deus já estamos manchados e poluídos. Pois, “quem do imundo tirará o puro?” Certamente, como está no livro de Jó [14.4], ninguém!

Quando os Sofrimentos se tornam Bençãos


Por J. C. Ryle

Lucas 1.5-12

O primeiro acontecimento narrado neste evangelho é a súbita aparição de um anjo a um sacerdote judeu chamado Zacarias. O anjo anuncia-lhe que milagrosamente ele se tomará pai de um menino e que esse menino será o precursor do Messias prometido há muito tempo. A Palavra de Deus havia predito claramente que, na vinda do Messias, alguém O precederia, a fim de preparar-Lhe o caminho (Ml 3.1). A sabedoria de Deus providenciou as coisas de tal modo que o precursor nasceria na família de um sacerdote.

Não podemos compreender claramente, em nossos dias, a imensa importância do anúncio feito por esse anjo. Para um judeu piedoso deve ter sido boas-novas de grande alegria! Foi o primeiro comunicado de Deus para Israel desde a época de Malaquias. O longo silêncio de quatrocentos anos foi quebrado. O anúncio do anjo dizia ao crente israelita que as semanas proféticas de Daniel se cumpriam completamente (Dn 9.25), que a mais preciosa promessa de Deus finalmente estava para se cumprir e que estava para surgir "a semente" por meio da qual todas as nações da terra seriam abençoadas (Gn 22.18 - ARC). Precisamos nos colocar no lugar de Zacarias, a fim de tributarmos a estes versículos o seu devido valor.

Primeiramente, observemos nesta passagem o belo testemunho proferido sobre o caráter de Zacarias e de Isabel. Somos informados que "ambos eram justos diante de Deus" e viviam "irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor". Pouco importa se interpretamos a expressão "eram justos" como uma referência à justiça imputada ao crente no ato de sua justificação ou à justiça realizada no íntimo dos crentes por operação do Espírito Santo, no processo de santificação. Esses dois tipos de justiça nunca estão dissociados. Não existe qualquer "justo" que não seja santifícado e qualquer "santo" que não seja justificado. Basta saber que Zacarias e Isabel possuíam a graça divina, quando esta era muito rara, e observaram com devoção consciente todos os exaustivos preceitos da lei cerimonial, em uma época quando poucos israelitas se importavam com eles, exceto na aparência.

O que realmente chama a nossa atenção é o exemplo que esse casal santo oferece aos crentes. Todos devemos nos esforçar para servir a Deus fielmente e fazer brilhar toda a nossa luz, assim como eles o fizeram. Não esqueçamos as claríssimas palavras das Escrituras: "Aquele que pratica a justiça é justo" (1 Jo 3.7). Felizes são as famílias cristãs das quais podemos testemunhar que ambos, marido e mulher, são "justos" e se empenham para ter uma consciência livre de ofensas diante de Deus e dos homens (At 24.16).

Em segundo, observemos nesta passagem a árdua provação que Deus se agradou em trazer a Zacarias e Isabel. Eles "não tinham filhos". Um crente moderno dificilmente pode compreender o significado completo dessas palavras. Ao judeu da antigüidade elas transmitiam a idéia de uma aflição bastante severa. A esterilidade era uma das mais amargas experiências (1 Sm 1.10). A graça de Deus não torna uma pessoa imune a qualquer problema. Ainda que esse sacerdote santo e sua esposa eram "justos", eles tinham um "espinho na carne". Lembremos isto, se servimos a Cristo, e não nos assustemos com as provações. Ao invés disso, creiamos que uma mão de perfeita sabedoria está avaliando qual deve ser a nossa porção e que, ao disciplinar-nos, Deus visa fazer-nos "participantes da sua santidade" (Hb 12.10). Se as aflições nos levam para mais perto de Jesus, da Bíblia e da oração, elas são bênçãos! Talvez não pensemos assim. Mas pensaremos, quando acordarmos no mundo vindouro.

Em terceiro, observemos nesta passagem o instrumento pelo qual Deus anunciou o nascimento de João Batista. "Apareceu um anjo do Senhor" a Zacarias. Sem dúvida alguma, o ministério dos anjos é um assunto profundo. Em nenhuma outra parte da Bíblia encontramos menção tão freqüente aos anjos quanto na época do ministério terreno de nosso Senhor. Em nenhuma outra época lemos sobre tantas aparições de anjos quanto durante a encamação de Jesus e sua vinda ao mundo. O significado dessa circunstância é muito claro: a igreja deveria compreender que o Messias não é um anjo; é o Senhor dos anjos e dos homens. Os anjos anunciaram a sua vinda, proclamaram o seu nascimento, regozijaram-se quando Ele surgiu. E, ao fazerem tais coisas, deixaram bem claro a seguinte verdade: Aquele que veio para morrer pelos pecadores não era um dentre os anjos, era Alguém superior a eles — o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

Acima de tudo, há uma coisa a respeito dos anjos que não devemos esquecer: eles se interessam profundamente pela obra de Jesus e pela salvação que Ele providenciou. Cantaram louvores sublimes quando o Filho de Deus veio para estabelecer a paz entre Deus e o homem, por intermédio de seu sangue. Regozijam-se quando pecadores se arrependem, quando homens se tornam filhos na família do Pai celestial. Deleitam-se em ministrar aos herdeiros da salvação. Enquanto estamos nesta terra, esforcemo-nos para ser como os anjos, tendo a maneira de pensar deles e compartilhando de suas alegrias. Este é o modo de estar em sintonia com o céu. As Escrituras afirmam sobre aqueles que lá entram: são "como os anjos" (Mc 12.25).

Finalmente, observemos nesta passagem o efeito que o aparecimento do anjo produziu na mente de Zacarias. Esse homem justo "turbou-se, e apoderou-se dele o temor". A sua experiência é exatamente a mesma de outros santos que passaram por situações semelhantes. Moisés diante da sarça ardente, Daniel às margens do rio Tigre, as mulheres no sepulcro de Jesus e o apóstolo João na ilha de Patmos — todos demonstraram temor semelhante ao de Zacarias. Assim como ele, esses outros santos tremeram e sentiram medo, quando contemplaram visões de coisas pertencentes ao outro mundo.

Como explicar esse temor? Existe apenas uma resposta: esse temor surge de nosso senso íntimo de fraqueza, culpa e corrupção. A visão de um habitante celestial inevitavelmente nos faz lembrar de nossa própria imperfeição e inconveniência natural para nos apresentarmos diante de Deus. Se os anjos são excessivamente grandes e tremendos, como será o Senhor deles?

Devemos bendizer a Deus porque temos um poderoso Mediador entre Ele e nós, Jesus Cristo, homem. Crendo nEle, podemos nos aproximar de Deus com intrepidez, esperando sem temor o Dia do Juízo. Quando os anjos poderosos saírem para ajuntar os eleitos de Deus, esses não terão motivo para ficar com medo. Os anjos são conservos e amigos dos eleitos de Deus (Ap 22.9).

Devemos tremer ao pensar no terror que sobrevirá aos ímpios naquele dia! Se mesmo os justos sentem-se perturbados por uma aparição súbita de espíritos amáveis, qual será a reação dos ímpios quando os anjos vierem para recolhê-los como palha destinada à fogueira? Os temores dos justos não têm fundamento e são efêmeros. Quando se manifestarem os temores dos perdidos, ficará comprovado que os ímpios tinham motivos corretos para esses temores, que permanecerão para sempre.

26 razões para parar de ver pornografia


Por Jay Dennis

Consequências destrutivas que a pornografia tem sobre um homem

As seguintes consequências são o que acontece quando um cristão vê pornografia. A lista cobre uma grande área dos resultados negativos que a pornografia tem sobre um homem que é seguidor de Jesus.

  1. Alienação de Deus. Você não mais se sente próximo de Deus. Você não experimenta o poder de Deus. Você não mais tem a alegria de sua salvação.
  2. Cega você para as consequências. Temporariamente te desliga da sua caminhada com Deus, de seus relacionamentos com sua esposa, seus filhos e outros. Te cega sobre o que te acontecerá espiritual, física, emocional, mental, social, vocacional e relacionalmente.
  3. Cria expectativas irrealistas. Os homens começam a pensar que toda mulher deveria se parecer com aquelas e que esse tipo de relação é como seu relacionamento com sua esposa deve ser.
  4. Distorce sua visão do sexo. A pornografia te faz acreditar que o sexo é somente para o prazer do homem e que as mulheres são simplesmente objetos a serem usados, ao invés de criações de Deus que devem ser honradas e respeitadas.
  5. Nunca é o bastante. A pornografia tem um efeito crescente. Como uma droga, você precisa de mais e mais para satisfazer a lascívia. Ela te leva rapidamente a um caminho de destruição e para bem longe da paz, alegria, e relacionamentos saudáveis.
  6. Liberdade sobre o que você pensa e faz é perdida. Você se torna escravo de seus pensamentos pecaminosos que levam a atos pecaminosos.
  7. A culpa depois que você vê pornografia. Mas a culpa não é o suficiente para te prevenir de fazer na próxima vez.
  8. A sexualidade saudável é obscurecida pela pornografia. Sexo saudável é somente o sexo marital, que inclui sexo regular, sexo altruísta e sexo amoroso.
  9. Te isola e faz você se sentir totalmente sozinho e como o único que luta contra a pornografia e a lascívia.
  10. Ameaça seu relacionamento com sua esposa ou futura esposa (se você é solteiro), seu testemunho de Jesus Cristo, e tudo em sua vida que é importante para você. Você põe tudo isso em risco pela pornografia.
  11. Te mantém em um ciclo de autodestruição. A pornografia parece medicar a dor em sua vida, mas somente adiciona mais dor à dor. A pornografia te leva a fazer coisas que você nunca pensou que faria. O pecado te levará para mais longe que você gostaria. Ele te manterá mais longe que você gostaria. E te custará mais do que você gostaria de pagar.
  12. Lascívia – lascívia sexual pecaminosa – te leva a atos sexuais pecaminosos. Pornografia posta em sua mente é como colocar gasolina no fogo do desejo sexual errôneo, resultando em pensamentos e ações destrutivas.
  13. Mascara a verdadeira ferida. Você está procurando a cura e torna as coisas piores.

  14. Nunca é uma experiência neutra. Você não pode ver pornografia e não ser afetado por isso. Essa experiência é sempre inconsistente com a Palavra de Deus.
  15. Objetifica as mulheres. A pornografia as transforma em objetos sexuais. Ela sequestra a capacidade do homem de ver uma mulher mais velha como uma figura materna, uma mulher da mesma idade como uma irmã e uma mulher mais nova como a figura de uma filha.
  16. Traz um prazer muito curto, seguido por dor e mais dor.
  17. Abandonar torna-se a luta de uma vida. Uma vez que você permite que a pornografia entre, há uma batalha violenta com Satanás e com sua velha natureza para se vigiar. Uma vez que você permite que a pornografia entre em sua vida, sempre haverá uma batalha. É uma batalha vencível, mas uma batalha diária.
  18. Permanece em sua mente para sempre. Satanás mantém aquela imagem repetindo em sua mente para criar um ciclo de luxúria pecaminosa e te levar de volta à pornografia. Você se torna ligado a uma imagem, não a uma pessoa.
  19. A vergonha entra em sua vida. Culpa é sentir-se mal por algo que você fez. A vergonha, no entanto, é baseada em sentir-se mal por quem você é. A pornografia traz vergonha. Deus nunca traz vergonha. Satanás sempre traz vergonha.
  20. A confiança é perdida com as pessoas que você mais ama e respeita.
  21. Abre a porta para todo pecado sexual. A pornografia é um portal, uma entrada que traz nada de bom e tudo de doloroso, como masturbação compulsiva, desejos, práticas sexuais perigosas, visita a lugares adultos, uso de prostituição, práticas sexuais pervertida e abuso sexual.
  22. Viola mulheres. Como? Você está colocando seu selo de aprovação em uma indústria que degrada e desumaniza mulheres.
  23. Um convite para olhar para outras mulheres.
  24. Extingue a verdade. A pornografia promove a mentira. Você mente para os outros, mente para Deus e mente para si mesmo. Você mente mais para cobrir velhas mentiras. Você se torna uma mentira viva.
  25. Te liga a uma imagem. Você fica preso e ligado à imagem ao invés de sua esposa ou futura esposa se você é solteiro.
  26. Fecha seus lábios para o louvor a Deus, falar sobre sua fé, contar aos outros como eles podem experimentar Deus.
Fonte: iPródigo

Sem graça, com graça, a graça somente


Por Clóvis Gonçalves

Fui buscado pelos que não perguntavam por mim, fui achado por aqueles que não me buscavam... Is 65:1

O fantasma de Pelágio continua a assombrar a igreja. Encontramos vestígios dele no arminianismo popular, o qual acredita que o homem tem em sua natureza poder para buscar a Deus e escolher igualmente entre o bem e o mal. Neste esquema, a graça já não é necessária de modo algum, pois ela se manifestou na cruz, quando Jesus morreu por todos os homens, cabendo a estes, de si e por si, aceitar o dom da salvação.

Menos ruidoso mas igual ou mais danoso é o semi-pelagianismo, que admite a necessidade da graça, mas nega seu caráter determinante. Admitem que a graça é necessária, mas não que é suficiente. Segundo este sistema, a graça encontra a sua eficácia no homem e não em Deus. O semi-pelagianismo encontra sua expressão no arminianismo moderno, mais culto e iluminado que o arminianismo popular, mas nem por isso menos errado, pois sutilmente solapa a Sola Gratia.

Contra pelagianos e semis-pelagianos, temos a voz de Deus via profeta Isaías. Notemos que Deus afirma dos homens que "não perguntavam por mim". Isso revela desinteresse por parte do homem natural das coisas espirituais. Deus e o estado de sua alma não faz parte das cogitações do homem. Qual assunto, por mais frívolo que seja, é mais importante que as coisas espirituais e santas.

Continua o Senhor dizendo que os homens "não me buscavam". Isto mostra que além de desinteresse, os homens não sentem necessidade de Deus. Vivem num vazio existencial mas não atinam que Deus seja o que precisam para dar sentido à sua existência. Correm atrás de dinheiro, prazeres, fama e tantas outras coisas, e quando a alcançam "é apenas canseira e enfado". Mas em sua cegueira não sentem que Deus é e tem o que precisam, então vão em busca de mais dessas mesmas coisas, pensando que se trata de quantidade.

É quando os homens estão nessa indiferença em relação a Deus e quando concentram seus esforços em buscar o que não lhes satisfará, que Deus diz "fui achado por aqueles que não me buscavam". Mesmo que eles não procurassem por Ele, o Senhor disse "eis-me aqui, eis-me aqui"! É Deus que vem ao encontro do homem, que desperta nele interesse e que coloca dentro dele um coração que anele por Jesus.

O pelagiano pode esperar que sua natureza o incline para o bem, isso nunca acontecerá. Arminiano pode apostar suas fichas num livre arbítrio capaz de cooperar com a graça. Mas nós diremos com Salomão: "Leva-nos após Ti" (Ct 1:4).

Soli Deo Gloria

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

“Deus se fez homem”… Ahn?!!


Por Elyse Fitzpatrick

Ok! Espere um momento. Nós estamos realmente muito ocupados e esta época do ano gera todo tipo de responsabilidades adicionais e até algumas distrações, mas o que o título desse post está dizendo mesmo? “ Deus se tornou homem”? …Hummm… Sério?!

O Natal é uma época do ano quando o mundo inteiro é forçado a reconhecer que algo surpreendente e significativo aconteceu. Sim, eu sei que a maioria do barulho natalino não tem a ver com o que nós chamamos a encarnação, mas a verdade é que a própria encarnação altera o mundo de tal forma que mesmo o mercantilismo mais crasso é forçado a render seu cinismo. Palavras como “esperança”, “paz” e “amor” aparecem em sacos de compras. Canções exaltando o nascimento obscuro de um bebê aparentemente ilegítimo são cantaroladas pelos shoppings e em todos os lugares. De repente até mesmo os mais endurecidos entre nós, lembra-se de amigos e familiares de longa data para e retorna para um momento do que realmente importa: a casa, a fé e abnegação. Algo surpreendente aconteceu: Deus se fez homem.

Agora, se os não-cristãos respondem a encarnação desta forma, pode-se supor que os cristãos que entendem a realidade sob a sombra deste feriado deveriam ser transformados pela verdade da encarnação todos os dias … mas somos nós? Ficamos chocados quando vemos o bebê na manjedoura? Será que nós balançamos a cabeça e ficamos maravilhados? Ou, então, deixamos a encarnação, e o que Ele fez, de lado e nos focamos naquilo que precisamos fazer? Se for esse o seu caso, aqui estão algumas ideias para ajudar a lembrar o significado da encarnação para você, sobre Ele:

  • A encarnação mostra quão fracos nós somos: Pois, quanto poder e influência tem um bebê? E ainda assim, Ele é o Salvador que precisávamos.
  • O Nome do bebê encarnado, “Jesus” mostra nossa real necessidade: Precisamos de um Salvador do nosso pecado e não de uma reforma moral. Precisamos de um resgatador, não um guru (Mt 1:21)
  • A encarnação nos mostra, de todo jeito, que Ele é como a gente. Ele sofreu como criança. Ele foi tentado de toda forma, como fomos, e ainda assim sem pecado. Ele sabe o que é passar frio, ser dependente, morrer…sim, até ressuscitar.
  • A encarnação nos diz que o natal nunca acaba. Quando guardamos toda decoração e devolvemos todos os presentes errados, Ele ainda continuará sendo o Deus/Homem, intercedendo por nós, tendo a mesma carne que a gente. Natal nunca terminará para Jesus. Ele está eternamente transformado.
  • A encarnação significa que a única pessoa qualificada, por natureza, para pagar por nosso pecado, o fez. A encarnação sempre significou, desde o início, levar Jesus e a gente, para a cruz.
  • A encarnação significa que temos cumprido toda a lei. Porque nós estamos unidos com ele e ele conosco, nós amamos a Deus e ao próximo perfeitamente, porque ele amou. Somos justos porque o Homem-Deus já fez tudo o que precisava ser feito. Nós somos justificados.
  • A encarnação significa que quando entrarmos no céu seremos recebidos por alguém como a gente, mas com cicatrizes nas mãos e pés. Ele será o único com cicatrizes.

A história do natal é em última análise, uma história daquilo que Jesus já fez por nós. É a história dEle, sobre o que a obra dele alcançou por conta de seu amor por sua noiva. Vamos pedir a Deus para nos ajudar a celebrarmos o natal, a encarnação, o ano todo, vamos? Ele fez tudo. Nós somos amados. Que grande presente.

Fonte: iPródigo

"A Oração de Jabez" — Feitiçaria Cristã


A Oração de Jabez — "E foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; e sua mãe deu-lhe o nome de Jabez, dizendo: Porquanto com dores o dei à luz. Porque Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Se me abençoares muitíssimo, e meus termos ampliares, e a tua mão for comigo, e fizeres que do mal não seja afligido! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido." [1 Crônicas 4:9-10].

Com essa simples oração, Jabez colocou toda sua confiança no Deus de Israel. Essa seção em 1 Crônicas é a única vez que ouvimos a respeito de Jabez na Bíblia. Jesus não o citou nos evangelhos e nunca ofereceu a oração dele como um modelo para nós. Nosso Salvador também não instruiu seus discípulos a repetirem essa oração diariamente para que pudessem usufruir as bênçãos de Deus em suas vidas.

O apóstolo Paulo tampouco menciona Jabez em seus escritos. Pedro, João, Lucas e Tiago também não mencionam a oração de Jabez. Aprendi por experiência que é perigoso criar uma doutrina com base em um único verso, e ainda mais perigoso se esse verso estiver no Antigo Testamento e não tiver confirmação de algum autor do Novo Testamento. Assim, foi com grande reserva que tratei esse assunto da garantia de bênçãos, riquezas e expansão de "território" do livro A Oração de Jabez, de Bruce Wilkinson, publicado em português pela Editora Mundo Cristão.

Um Exame da Oração de Jabez nas Escrituras

Deus nos diz no verso 9 que Jabez era um homem bom e honrado, e mais honrado que seus irmãos. O registro histórico nos diz que Jabez foi um dos pilares da incipiente nação de Israel. A história registra que Jabez encorajou o estudo dos escribas daqueles tempos e uma cidade em que os escribas se congregavam para trabalhar e para viver recebeu o nome Jabez em homenagem a ele.

Assim, em 1 Crônicas 2:55, lemos: "E as famílias dos escribas que habitavam em Jabez, foram os tiratitas, os simeatitas e os sucatitas; estes são os queneus, que vieram de Hamate, pai da casa de Recabe." Portanto, Jabez foi um pilar da incipiente nação de Israel, e como tal, Deus o escolheu para uma missão muito importante — mas para esse fato histórico voltaremos dentro de instantes.

Quando Jabez orou, seu foco foi estritamente em seu Deus onipotente, maravilhoso e protetor. Em todos os quatro pedidos, Jabez manteve seu foco em Deus e na vontade soberana de Deus. Ele não estava tentando forçar Deus a fazer algo contrário à sua vontade, nem manipular ou colocar Deus em uma situação constrangedora, que o obrigasse a agir de certa maneira. Jabez simplesmente fez quatro pedidos a Deus que eram a vontade e desejo do seu coração, e Deus respondeu porque o pedido de Jabez era coerente com sua soberana vontade.

O Contexto Histórico da Oração de Jabez

Para compreender como a oração de Jabez realmente estava dentro da vontade soberana de Deus, vamos examinar um comentário bíblico para termos o pano de fundo histórico. [Citaremos o The Jamieson, Fausset, and Brown Commentary, da "The Bethany Parallel Commentary on the Old Testament", publicado em conjunto com a Zondervan Publishing House. ISBN 0-87123-617-3, 1985, Bethany House Publishers, pág. 741].

Veja o pano de fundo apresentado por esse comentário a respeito da oração de Jabez.

"A oração aqui registrada está na forma de um voto, como a de Jacó em Gênesis 28:20. Parece que foi proferida quando Jabez estava iniciando um serviço crítico ou importante, e para que a execução fosse bem sucedida, ele colocou sua confiança não na sua própria capacidade nem na coragem da sua gente, mas desejou ardentemente a ajuda e a bênção de Deus. Muito provavelmente, o empreendimento era a expulsão dos cananeus dos território que ele ocupava; e como essa era uma guerra de extermínio, que o próprio Deus tinha ordenado, suas bênçãos podiam ser mais racionalmente pedidas e esperadas na preservação deles de todos os perigos que o empreendimento envolveria."

Agora, essa informação histórica lança um pouco mais de luz sobre a oração de Jabez, não lança? Naquele momento histórico, Deus ordenou que o exército de Israel atacasse os povos que viviam na Terra Prometida, cuja religião era tão satânica que eles tinham "contaminado a terra" com a prática das suas feitiçarias. Veja a declaração de Deus sobre essa questão:

"Com nenhuma destas coisas vos contamineis; porque com todas estas coisas se contaminaram as nações que eu expulso de diante de vós. Por isso a terra está contaminada; e eu visito a sua iniqüidade, e a terra vomita os seus moradores. Porém vós guardareis os meus estatutos e os meus juízos, e nenhuma destas abominações fareis, nem o natural, nem o estrangeiro que peregrina entre vós; porque todas estas abominações fizeram os homens desta terra, que nela estavam antes de vós; e a terra foi contaminada. Para que a terra não vos vomite, havendo-a contaminado, como vomitou a nação que nela estava antes de vós. Porém, qualquer que fizer alguma destas abominações, sim, aqueles que as fizerem serão extirpados do seu povo." [Levítico 18:24-29].

Assim, Deus ordenou que Moisés, Josué e os outros líderes de Israel organizassem expedições militares para atacar e destruir totalmente os povos adoradores de Satanás. Deus foi bem claro ao dar ordens ao rei Saul:

"Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos." [1 Samuel 15:3].

Esses amalequitas eram os mais vis adoradores de Satanás. Assim, Deus queria erradicar a maldição da feitiçaria hereditária que era desmedida em toda aquela sociedade. A maldição do satanismo pode se estender por sete gerações. Certamente, Deus cortou três gerações da feitiçaria matando todos os anciãos, todos os adultos e todas as crianças. Nenhum amalequita restou, por meio de quem Satanás pudesse ter obtido autoridade legal para atacar os israelitas uma vez que os amalequitas sobreviventes se misturassem com os israelitas.

Além disso, Deus ordenou que o rei Saul aniquilasse todos os animais, por duas razões básicas: Primeiro, aqueles animais não eram usados apenas na produção de alimento, mas também para sacrifícios aos muitos deuses dos amalequitas. Assim, todo o rebanho estava amaldiçoado aos olhos de Deus. Segundo, as práticas sexuais pervertidas dos amalequitas por causa de suas feitiçarias incluíam a bestialidade e a homossexualidade. Assim, as doenças venéreas eram comuns, não somente nas pessoas, mas também entre os animais.

Deus estava decidido a erradicar esse pecado satânico e fazer cessar a poluição moral na Terra Prometida, que estava dando à nação de Israel.

Jabez era um daqueles líderes que em breve iriam atacar os cananeus pelas mesmas razões que os amalequitas foram atacados e aniquilados. Com essa missão militar a ser liderada por Jabez em mente, vamos examinar novamente as quatro partes de sua oração para ver o sentido que fazem no contexto histórico.

"Jabez invocou o Deus de Israel... " — Como o Deus de Israel foi aquele que prometeu vitória militar total sobre os ferozes inimigos que habitavam a Terra Prometida, Jabez sabia exatamente a quem se dirigir para obter ajuda nessa empreitada militar. Deus tinha ordenado o ataque àqueles povos; tinha decretado a severidade da aniquilação; tinha prometido a vitória total para Israel. Assim, Jabez sabia exatamente a quem deveria orar.

Pedido 1: "Se me abençoares muitíssimo..." — Jabez queria as bênçãos de Deus na batalha contra os cananeus. Ele humildemente compreendia suas limitações em liderar um exército de soldados contra um inimigo feroz e determinado, de modo que naturalmente pediu que Deus o abençoasse.

Pedido 2: "...e meus termos ampliares..." — Naquele momento da história de Israel, Deus estava particionando seções da terra que tinha sido conquistada dos inimigos vencidos e dando essa terra aos líderes israelitas. Como essa terra permaneceria na posse da família, é fácil ver como esses líderes originais queriam uma boa área de terra. Se Jabez iria liderar seus homens na batalha, e obter a vitória, é fácil ver como ele queria que Deus o recompensasse com uma grande extensão de terra.

Pedido 3: "... e a tua mão for comigo..." Os cananeus não seriam um adversário fácil na batalha, embora Deus tivesse prometido estar com os israelitas e dar-lhes a vitória. Certamente, Jabez não queria tomar alguma ação no calor da batalha que desacreditasse Deus e desse a vitória para os inimigos. Assim, é fácil ver por que Jabez queria que a mão de Deus estivesse com ele.

Pedido 4: "... e fizeres que do mal não seja afligido!" — Como dissemos anteriormente, os cananeus praticavam a forma mais vil de feitiçaria de Magia Negra imaginável. Portanto, Jabez sabia que estaria enfrentando não somente os ferozes soldados cananeus, mas também o poder sobrenatural que estava por trás deles — as legiões demoníacas. Jabez conhecia bem o poder da feitiçaria, e sabia que estaria enfrentando os tipos mais terríveis de encantamentos e maldições demoníacas que seriam lançados contra ele. Ele sabia que seria o alvo pessoal dessas maldições satânicas, pois era o líder da força militar. Jabez sabia que os mais poderosos feiticeiros cananeus realizariam rituais poderosos contra ele, para tentar evitar que ele os atacasse.

Assim, Jabez orou pedindo que Deus o preservasse dessas maldições malignas provenientes do poço do abismo! "Faças que do mal não seja afligido!"

Portanto, Jabez pôde comandar seus homens na batalha, certo da proteção de Deus. No entanto, a questão mais importante que quero enfatizar é que ele colocou o foco da sua oração em Deus, não em si mesmo.

O Autor Wilkinson Distorce as Escrituras

Agora, vamos examinar o modo como Wilkinson pegou essa oração bíblica simples e maravilhosa e a distorceu para algo que Deus nunca teve em vista. Vamos começar no início, no prefácio, em que Wilkinson faz primeira afirmação problemática:

"Quero ensiná-lo a fazer uma oração audaciosa que Deus sempre atende..." Mais tarde, na página 24 do original, ele "garante" que sua vida será "marcada por milagres" se você fizer essa oração de Jabez. Em seguida, apresenta um calendário para esse "milagre garantido" ocorrer — 30 dias [pág. 86 do original]! Assim, podemos dizer sem exagero que Wilkinson está prometendo que essa oração "tem a garantia" de sempre ser respondida por Deus, e que ele fará os milagres acontecerem no prazo de trinta dias!

Isso é heresia bíblica! Deus não está obrigado a responder a uma oração sempre da forma positiva. Ele pode responder "sim", "não", ou pode demorar anos antes de responder às orações. Se a premissa de Wilkinson fosse verdadeira, então Jó foi um tolo. Quando Deus permitiu que Satanás atacasse Jó — precisamente por que Jó era um homem reto e amado por Deus — tudo o que Jó deveria ter feito era a Oração de Jabez, e Deus seria forçado a encerrar os sofrimentos de Jó no prazo de trinta dias, e começar a fazer os milagres acontecerem na vida dele.

Similarmente, quando Deus permitiu que Satanás colocasse um "espinho na carne" [2 Coríntios 12:7-12] do apóstolo Paulo para "esbofeteá-lo", tudo o que Paulo precisaria era ter feito a Oração de Jabez e ficaria livre daquela aflição satânica no prazo de trinta dias! No entanto, Jesus Cristo lhe disse: "A minha graça de basta".

Deus nunca é forçado a fazer algo pela repetição de qualquer oração, seja ela bíblica ou pessoal! Ninguém pode querer limitar Deus. Não podemos querer transformar Deus em nosso fantoche, que dança de acordo com os nossos comandos e vontades! Ele é totalmente soberano, justo e íntegro. Wilkinson rebaixa Deus ao nível do homem.

Tenha esse fato em mente, pois terá grande impacto adiante no artigo.

Wilkinson então nos diz como liberar essa maravilhosa oração de Jabez:

"Na manhã do dia seguinte, fiz a oração de Jabez palavra por palavra. Repeti no dia seguinte, e no outro dia seguinte. Trinta anos mais tarde, não parei... desafio-o a tornar essa oração de Jabez parte abençoadora da sua vida diária. Para fazer isso, incentivo-o a seguir resolutamente o plano delineado aqui durante os próximos trinta dias. No fim desse prazo, você começará a observar transformações significativas na sua vida, e a oração estará no seu caminho para se tornar um tesouro, um hábito na sua vida." [pág. 86 ênfase adicionada].

Isso é paganismo! Todos os pagãos de todas as gerações repetem rezas diariamente e dizem que "entesouram" a experiência. Os antigos hindus criaram uma roda de oração diária com a qual podiam controlar todas as orações diárias que queriam orar; hoje, chamamos isso de Rosário. Os pagãos também "seguem religiosamente" esse ritual diário.

Assim, Wilkinson está asseverando que encontrou na Oração de Jabez a fórmula exata de forçar Deus a responder de forma afirmativa — começando a produzir milagres em nossas vidas no prazo de trinta dias!

Ele deixa a máscara escorregar e mostrar um pouco mais de sua natureza pagã quando diz, "Abençoar no sentido bíblico significa pedir ou conceder um favor sobrenatural" [pág. 23]. Novamente, os pagãos pedem continuamente o favor de seus deuses; eles fazem grandes esforços para obter esse favor; cortam-se com lâminas, caminham com pés descalços sobre brasas e sacrificam seus filhos.

No entanto, Wilkinson diz que a palavra hebraica para "abençoar" na Oração de Jabez significa pedir um favor sobrenatural. É mesmo? Vamos voltar à oração de Jabez em 1 Crônicas 4:10, e examinar a definição na Concordância de Strong para a palavra "abençoar". Eis o que encontramos:

"A palavra que foi traduzida como 'abençoar' nessa oração é o item H1288 e é a palavra hebraica barak. A Concordância de Strong dá as seguintes definições para a palavra barak: ajoelhar; ato de adoração a Deus e vice-versa um benefício ao homem; abundantemente; ao todo; parabenizar; grandemente."

A palavra "favor" não é mencionada como um significado dessa palavra hebraica. No entanto, você poderia argumentar, "benefício" não significa "favor"? Não, não significa. Uma consulta ao dicionário revela que "benefício" significa "qualquer coisa que promova ou amplie o bem-estar".

Meu dicionário define "favor" como "um ato que requer sacrifício ou generosidade especial".

Assim, favor tem uma conotação muito forte sobre benefício. Jesus disse que o Pai faz que "o sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos." [Mateus 5:45] Assim, o Pai faz um benefício vir sobre justos e injustos todos os dias do ano. Da mesma forma, Deus trouxe julgamento físico sobre uma nação, e muitos justos sofreram, juntamente com os injustos por causa de quem o julgamento veio. Assim, Jó pôde exclamar, "Ainda que ele me mate, nele esperarei." [Jó 13:15a].

Algumas vezes, Deus resgatou os justos do julgamento e algumas vezes não. Embora tenha resgatado Ló e Noé, não há registro que tenha resgatado Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego durante o tempo dos severos setenta anos de julgamento nas mãos de Nabucodonosor, conforme registrado no livro de Daniel. Eles foram protegidos dos estratagemas do rei, mas perderam suas famílias, foram levados para fora do seu país e foram forçados a servir a um império extremamente pagão.

Assim, Wilkinson está na verdade ensinando paganismo quando diz que o significado da palavra hebraica "abençoar" nessa oração de Jabez significa pedir o favor de Deus. Os pagãos fazem isso diariamente em suas vidas; os cristãos genuínos buscam fazer a vontade de Deus, mesmo que isso signifique sofrer por amor ao seu nome.

Wilkinson então diz, "Claramente, o resultado [de sua oração] pode ser rastreado à sua oração" [pág. 15]. Isso é somente parcialmente verdade; a oração de Jabez enfocou o cumprimento do plano de Deus para ele no ataque aos cananeus. A afirmação de Wilkinson sutilmente muda o foco para o homem, Jabez; todas as heresias e as falsas religiões são centradas no homem, não centradas em Deus.

Feitiçaria em Disfarce

"O último pedido de Jabez é uma brilhante, porém pouco compreendida estratégia para sustentar uma vida abençoada." [pág. 63 do original]. Assim, Jabez foi mais esperto que Deus; ele venceu Deus em uma partida de xadrez espiritual! Ele descobriu uma "estratégia brilhante, porém pouco compreendida" de forçar Deus a abençoá-lo e continuar abençoando de forma milagrosa!

Uma das palavras mais usadas nesse pequeno livro é "milagres", embora a oração bíblica original não contenha essa palavra. Desde o prefácio até o final do livro, Wilkinson promete que a Oração de Jabez pode forçar Deus a operar milagres. Os feiticeiros buscam os milagres continuamente por meio da repetição correta dos rituais, encantamentos e meditações de suas orações a Lúcifer.

Os feiticeiros são, além disso, muito egoístas, pois vidas centradas em si mesmo é uma parte integral de sua religião luciferiana. Anton LaVey diz em seu livro A Bíblia Satânica, "O satanismo incentiva a indulgência na cobiça, orgulho, inveja, glutonaria, lascívia e na indolência (preguiça)". [pág. 46]. Certamente, a Oração de Jabez, de acordo com o ensino de Wilkinson, enfoca as mentes das pessoas nos milagres materiais que estão esperando, encorajando a "cobiça" natural do espírito humano.

Lembre-se, a premissa básica de Wilkinson é que Deus é forçado pela repetição diária da Oração de Jabez a lhe dar bênçãos e milagres em sua vida.

Você sabia que os magos e feiticeiros crêem na mesma coisa? Eles acreditam que conhecendo a estratégia correta, a fórmula correta, e repetindo-a da forma correta, os deuses são obrigados a cumprir suas vontades! Essa crença é o elemento-chave na feitiçaria. Os feiticeiros repetem a fórmula correta, sabendo que um demônio virá a esta dimensão para cumprir de forma sobrenatural suas vontades.

Quando uma pessoa é incentivada a participar de um conciliábulo, recebe a promessa que obterá riquezas, poder e sexo. Embora Wilkinson não prometa que Deus oferecerá uma vida sexual melhor, promete que Deus dará mais riquezas e influência. Do ponto de vista dos feiticeiros, Wilkinson é simplesmente outro mago, praticando da forma correta suas artes. O testemunho de Cisco Wheeler, uma ex-satanista, a esse respeito, é muito esclarecedor. Compramos e enviamos a ela um exemplar do livro de Wilkinson para que lesse e avaliasse, com base em sua vida pregressa no satanismo.

Eis o que ela escreveu:

"Se a família de Deus não vai ao mundo, então Satanás trará o mundo do ocultismo para ela em um pacote de um novo evangelho. O mundo ocultista compreende as coisas espirituais."

Vamos parar aqui por um momento. Neste tempo da história mundial, a maioria dos cristãos é tão ignorante da Bíblia que os ocultistas compreendem as questões espirituais melhor que muitos cristãos. Esse triste fato certamente inclui a guerra espiritual! Nós, cristãos, não sabemos o que Satanás está fazendo contra nós, porque não aprendemos o que ele é capaz de fazer!

O apóstolo Paulo disse claramente que "não desconhecemos os seus ardis." [2 Coríntios 2:11].

Se formos ignorantes a respeito das estratégias de Satanás, ele se aproveitará de nós de uma maneira cada vez mais crescente, à medida que caminhamos para os estágios finais que antecedem o aparecimento do Anticristo.

Não percebemos que estamos sendo manipulados e levados a uma das avenidas de Satanás — usando palavras cristãs e doutrinas cristãs falsificadas — e uma maneira de prestidigitação. Bruce Wilkinson está fazendo exatamente esse tipo de ilusionismo mágico. Ouça novamente as palavras de Cisco:

"Bruce Wilkinson: Gostaria que ele parasse de escrever sua própria Bíblia. Satanás é o deus deste mundo. Ele controla com punho de ferro; controla a mente dos homens com um falso evangelho. Ele controla as mentes, porém ele e seu reino são de uma forma espiritual invisível para o olho natural. No mundo ocultista um programador é treinado e conhece bem os assuntos da mente. Na memória de curto prazo, a criança ou o adulto 'faz uma imagem mental'. Na memória de longo prazo, essa 'imagem mental' pode ser fixada no cérebro humano por meio da meditação e da repetição! Na verdade, o elemento mais importante é a repetição, e é mais eficiente quando é realizada por meio do veículo da meditação religiosa."

Cisco continua:

"Os programadores satânicos procuram produzir mudanças na memória de longo prazo de uma pessoa para que ela possa ser controlada mentalmente sem saber. Essas mudanças da memória de longo prazo são insidiosas, pois realmente causam mudanças eletroquímicas no cérebro!"

Agora, vamos examinar de perto esse aspecto criticamente importante do controle mental satânico. Como o pai de Cisco esteve profundamente envolvido em feitiçaria de Magia Negra, Cisco foi programada exatamente dessa forma. Ela é co-autora de vários livros sobre o controle mental realizado pelos Illuminati. Cisco está dizendo que os programadores de controle mental satânico procuram modificar a função da memória de longo prazo da mente de suas vítimas. A maneira como essa função de controle mental funciona é por meio de muita repetição de uma meditação religiosa.

Assim, Satanás usa a natureza religiosa inerente do homem contra o próprio homem. Ele cria falsas religiões com falsas doutrinas que satisfaçam nossa natureza inerentemente religiosa, mas então invisivelmente começa a obter o controle mental por meio da meditação religiosa e da repetição de orações e rezas.

Agora você sabe por que a Igreja Católica Romana enfatizou a repetição das rezas, por meio da meditação religiosa! Os padres e freiras sempre disseram que se puderem cuidar uma criança até a idade de cinco anos, essa criança será católica pelo resto da sua vida. Agora, você sabe que a repetição de rezas por meio da meditação religiosa, produz um controle mental na memória de longo prazo.

O controle mental sobre uma parte significativa da população mundial é o único modo plausível como o Anticristo conseguirá fazer as pessoas segui-lo entusiasticamente quando ele aparecer. Na verdade, os autores de Nova Era admitem estarem preocupados com um único grupo de pessoas: os cristãos fundamentalistas nascidos de novo. Como comparamos tudo estritamente com a Bíblia, não seremos enganados pelo Anticristo, e isso preocupa os líderes da Nova Ordem Mundial.

Como o mundo está bem próximo do aparecimento do Anticristo, parece que chegou o tempo de levar os protestantes a essa técnica de controle mental. Aparentemente, Wilkinson está realizando esse tipo de condicionamento mental!

Wilkinson Organizou Seu Livro Usando Prestidigitação!

As heresias são aparentes desde o prefácio do livro, onde o autor promete ensinar uma oração que Deus sempre precisará responder, fazendo com que os "milagres ocorram regularmente". Desse ponto em diante, até o final do capítulo 3 [pág. 44 do original], Wilkinson apresenta o coração e a alma do seu falso evangelho, um "Evangelho da Prosperidade"; um cristão que tenha discernimento não terá dificuldades em ver essa heresia exposta. Wilkinson até mesmo usou dois termos de Nova Era que são muito preocupantes para mim:

  • Paradigma — pág. 15 do original — Antes de o Movimento de Nova Era tornar-se público em 1975, essa palavra simplesmente não fazia parte do vocabulário normal. Desde então, entretanto, paradigma vem sendo usada por muitas pessoas. Literalmente, paradigma significa um conjunto de conceitos profundos sobre a realidade que moldam o mundo em que vivemos. Os aderentes da Nova Era ensinam que estão quebrando os paradigmas existentes de modo a preparar o mundo para o Anticristo. Wilkinson promete que fazer a Oração de Jabez quebrará os paradigmas existentes em sua vida. Essa similaridade com a Nova Era é próxima demais para o meu gosto!

  • Olhos da Mente — pág. 22 do original — Novamente, antes de 1975, "Olhos da Mente" era uma expressão raramente usada, exceto por pessoas envolvidas no ocultismo. Refere-se à crença ocultista que toda pessoa tem uma espiritualidade latente dentro de si que precisa ser despertada por meio da meditação ocultista. Eles acreditam que essa espiritualidade latente é seu Olho da Mente, e que quando totalmente desenvolvida, fará o Terceiro Olho físico aparecer na testa. Os hindus representam essa crença pintando um Olho da Mente vermelho em suas frontes.

Wilkinson usa seu Olho da Mente para fazer acréscimos às Escrituras, para nos dar um relato fictício das idéias que passaram pela cabeça de Jabez e que o levaram a pedir grandes bênçãos a Deus. Assim, Wilkinson incorre no erro de "fazer acréscimos" à Bíblia. Em várias ocasiões, usa adições fictícias similares às Escrituras para reforçar suas asserções acerca do poder milagroso da Oração de Jabez.

Durante essa seção herética, Wilkinson não menciona o nome de Jesus nem uma única vez! Ele usa nomes de deidade de Deus, Senhor e Cristo, mas nunca o nome Jesus. Os aderentes de Nova Era e outros membros do ocultismo fazem isso regularmente, pois odeiam o nome Jesus, embora não tenham problemas com Deus, Senhor ou Cristo. Veja, Deus e Senhor tornaram-se tão genéricos que podem significar qualquer deidade que a pessoa imagine em sua mente; e o mundo ocultista está ansioso, aguardando o aparecimento do Cristo da Nova Era em breve.

Entretanto, todos os ocultistas odeiam o nome Jesus! Eles forçosamente separam Jesus do Cristo, cumprindo assim a definição bíblica das forças do Anticristo especificamente:

"Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo." [2 João 7].

Portanto, não fiquei satisfeito quando percebi que Wilkinson não menciona o nome de Jesus nem uma vez na seção herética.

Mas então, na página 45 do original, no início do capítulo 4, ele muda totalmente de direção e inicia uma seção de ensino bíblico que a maioria dos cristãos não encontraria muito que rejeitar! Na verdade, se um cristão lesse da seção herética até o final do livro, ficaria impressionado pela verdade da segunda metade. A impressão geral que você tem ao terminar o livro é que Wilkinson conhece as Escrituras, afinal. O fedor da seção herética é bem coberto pela força da verdade dos ensinos bíblicos na segunda metade.

Nessa segunda metade, o nome de Jesus é mencionado cinco vezes.

Acho essa organização do livro A Oração de Jabez muito ofensiva. O leitor é levado pela força da última impressão que o livro deixa, concluindo assim que a heresia de Wilkinson no início deve estar correta! Os cristãos esquecem-se da advertência de Paulo que basta um pouco de fermento (erro doutrinário) para arruinar toda a massa. [1 Coríntios 5:6].

Resumo

Este é um tempo de não seguir a homem algum, mas constantemente comparar aquilo que uma pessoa diz com a Bíblia. Os bereanos fizeram exatamente isso e foram elogiados nas Escrituras pelo seu ceticismo inicial até que conferiram tudo aquilo que o apóstolo Paulo estava anunciando para eles. [Atos 17:10-11].

Acreditamos que a Oração de Jabez, conforme apresentada por Bruce Wilkinson é apenas mais um exemplo de uma longa série de líderes religiosos levando seus seguidores ao caminho do ocultismo. Como o mundo está na iminência do aparecimento do Anticristo, nenhum cristão pode se dar ao luxo de sair da proteção da Bíblia e das suas doutrinas. Contrariamente à opinião comum atual que as doutrinas não são importantes, digo que elas são a âncora da alma nessa área da enganação espiritual no fim dos tempos.