domingo, 20 de março de 2022

QUEM É O MEU PRÓXIMO? – A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO - Lucas 10.29-37

Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Lucas 10.29-37

INTRODUÇÃO

Esta parábola do Bom Samaritano é a continuidade da conversa que Jesus está tendo com o doutor da lei iniciada no v. 25. A princípio esse escriba queria saber a respeito do que era preciso fazer para herdar a vida eterna, mas ele ficou inquieto com a resposta de Jesus (v. 28), pois havia apenas um problema com a resposta do doutor da lei (v. 27), ninguém nunca fez, nem poderá sempre “fazer” o que a lei estabelece, para com Deus e os homens. Escorregar numa única vez é falhar [1]. Como disse Paulo em Romanos 3.20: “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado”.

Se algum ser humano realmente cumpre com perfeição essa ordenança sobre o amor, então de fato obterá a vida eterna [2]. Pois um compromisso total com abnegado amor (ágape; o mais alto tipo de amor), envolvendo todas as faculdades humanas, incluindo o coração, alma, força e mente, amando a Deus e ao próximo é impossível para qualquer pessoa. Como perguntou os discípulos a Jesus: “Quem poderá pois salvar-se?”, e Jesus respondeu: “Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível” (Mt 19.25,26).

O escriba se embaraçou com a própria resposta que deu a Jesus. Por isso ele tenta se justificar a si mesmo, ele pergunta: “E quem é meu próximo?”. Sobre isso havia uma grande variedade de opiniões entre os judeus. Havia quem pervertia o mandamento de Levítico 19.18, fazendo-o dizer: “Amará ao seu próximo e aborrecerá ao seu inimigo”. Jesus refuta essa interpretação em Mateus 5.43-48. Um ponto de vista amplamente aceito parece ter sido este: “Ame ao seu próximo, o israelita”. Não obstante, os fariseus restringiam isso muito mais, ou seja: “Ame ao seu próximo, o fariseu”. Eles arrazoavam assim: “Essa plebe que não conhece a lei é maldita” (Jo 7.49). E os habitantes de Qumran declaravam que todo aquele que não pertencesse ao seu pequeno grupo era um “filho das trevas”, e devia ser odiado [3].

Quem é o meu próximo? Diante dessa pergunta o Senhor Jesus passa a contar a parábola do Bom Samaritano.

Quais as lições que podemos tirar dessa parábola para nós hoje?

1 – A PRIMEIRA COISA QUE DEVEMOS ENTENDER É O QUE NÃO SIGNIFICA ESSA PARÁBOLA.

Muitas são as interpretações dessa parábola. No entanto devemos observar o que o texto realmente ensina para não cometermos erros de interpretações equivocadas.

- Essa parábola não é uma alegoria. Muitas pessoas interpretam essa parábola de forma alegórica. O homem que que caiu nas mãos de salteadores significa Adão. Os salteadores significa o pecado e Satanás. O sacerdote, a lei moral – o levita, a lei cerimonial, que não podiam e nem tinham qualquer recurso para dar alívio àquele homem, porque pela lei vem o pleno conhecimento do pecado, não a cura dele.

O samaritano significa Cristo, por isso ele foi chamado pelos judeus em João 8.48 de samaritano; que ia de viagem, ou seja, a sua vinda do céu à terra, sua encarnação. A estalagem, sua Igreja, unindo-o com o seu povo; teve o cuidado dele, colocou-o sob o aviso contínuo de sua providência e amor; quando ele partiu, quando ele deixou o mundo, e ascendeu ao Pai; tirou dois dinheiros, a lei e o Evangelho; a Lei convence o homem do pecado, o Evangelho mostrar como o pecado foi removido pelo sacrifício de Cristo, ou, as duas ordenanças: o batismo e Ceia do Senhor; o hospedeiro, os ministros do Evangelho para a edificação da Igreja de Cristo que cuidam do rebanho de Cristo até a sua volta. Quando voltar, será para julgamento do mundo; eu pagarei, recompensará os salvos na glória e os perdidos no castigo eterno.

2º - Essa parábola não fala de salvação por meio das obras de misericórdia. Outros pensam que Jesus está ensinando a respeito da salvação mediante uma vida de sacrifício em favor do próximo. Bailey diz que se ignorarmos o diálogo de Jesus com o doutor da lei, essa parábola se torna apenas uma exortação ética para alcançar as pessoas necessitadas [4]. Este também é outro erro que se tem cometido. No entanto, a Bíblia deixa claro que devemos socorrer os necessitados e não desprezá-los. Tanto que Tiago em sua epístola nos fala: “A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1.27, conf. Tg 2.14-18). Isso não é salvação pelas obras, mas a fé em ação.

2 – A ATITUDE DO DOUTOR DA LEI (Lc 10.29).

Esse doutor da lei tentou Jesus primeiramente com uma pergunta capciosa e agora tenta se esquivar com uma pergunta evasiva [5]. Se o perito na lei fosse um homem honesto, teria reconhecido que não amava Deus como devia; ele nem mesmo amava o próximo como devia. Esse homem, imerso no estudo da lei de Deus, deveria ter se abalado com a mensagem da lei. Ele deveria ter sentido uma profunda convicção. Deveria estar penitente, contrito, humilde. Sua próxima pergunta deveria ter sido algo como: “Se por experiência própria e amarga eu percebo que não consigo cumprir nem mesmo os mandamentos mais básicos da lei; onde posso encontrar redenção?” [6]. Leon Morris diz que ao abordarmos a parábola, devemos ter em mente que ela é contada ao intérprete da lei em resposta à pergunta: “Quem é o meu próximo?” e não, “Que devo fazer para ser salvo?” [7].

Com isso em mente podemos destacar duas coisas:

1º - Ele queria convencer os outros que era um homem justo. Este homem era tão orgulhoso que não se quebrantou diante da própria resposta dada (v. 27). Kenneth Bailey citando Karl Barth diz que o doutor da lei não sabe que somente por misericórdia ele pode viver e herdar a vida eterna. Ele nem sabe o que é isso [8]. Diante disso, ele se recusou a confessar a realidade do seu coração pecador desdenhando a convicção de pecado que ele, certamente, sentiu aumentar internamente. Este foi o comportamento que Paulo viria condenar da nação de Israel como um todo, como lemos em Romanos 2.23-29.

Esta tem sido a atitude de muitas pessoas diante do evangelho. Muitos tentam se justificar ao invés de se prostrar confessando os seus pecados e sua incapacidade de cumprir as ordenanças de Cristo. Muitos pensam que seus méritos de “misericórdia” serão suficientes para alcançar a salvação. Ledo engano.

2º - Ele é irônico na pergunta: “Quem é meu próximo?”. A fim de esvaziar a suspeita de que ele não cumpria a síntese da lei, ele pergunta pelo significado e pela limitação do conceito “próximo”, apresentando uma ágil réplica: “Quem é o próximo para mim?” Não pergunta: “Que devo fazer para amar dessa maneira?” mas deseja que se explique quem se enquadra intelectualmente no conceito de próximo [9]. Na interpretação do doutor da lei o seu próximo era um judeu, a não ser que Jesus tenha uma interpretação diferente de próximo. Na ironia da sua pergunta Jesus lhe dá uma resposta avassaladora. Uma resposta que o deixou sem argumento e descobriu de forma contundente quem era o seu próximo.

3 – A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO – UMA LIÇÃO DE VIDA (Lc 10.30-37).

Essa parábola é exclusiva do evangelho de Lucas. Ela é uma das mais belas parábolas da Bíblia. John MacArthur diz que ela é uma das parábolas mais queridas e mais interessantes de Jesus. É tão conhecida que já se tornou uma expressão proverbial para um comportamento generoso e sacrificial. Chamar alguém de “bom samaritano” é um elogio nobre [10].

Esta parábola nos traz lições muito mais profundas e nos mostra o quanto a religiosidade pode ser uma cortina de fumaça se não for vivida de forma coerente com as Escrituras. Observemos a atitude dos salteadores, do sacerdote e do levita e, por fim, a atitude do samaritano.

1º - A atitude dos salteadores (Lc 10.30). Esta parábola tem traços de realidade; ladrões infestavam a estrada de Jericó naquela época. A estrada de vinte e sete quilômetros que desce pelo deserto, de Jerusalém para Jericó, tem sido perigosa durante toda a sua história [11]. Na verdade, tão perigosa que as pessoas chamam-na “via sangrenta” [12]. As duas cidades aqui mencionadas distam cerca de sete horas uma da outra. O caminho de Jerusalém a Jericó levava pelo temido deserto rochoso de Judá [13]. Jesus não diz que os salteadores da Sua história roubaram o homem: aquilo seria subentendido. Concentra-Se nos maus tratos violentos dados ao viajante. Deixaram-no semimorto [14]. Não se tem qualquer informação sobre o homem, além dos acontecimentos de sua jornada. Seu nome não é informado, nem mesmo a sua raça é declarada. No entanto, a implicação da história é que ele era judeu – grande parte da essência e da força da história dependem deste fato [15].

Jesus não conta algo que o doutor da lei já não soubesse. Fazer essa viagem era correr riscos. Devido a isso, muitos viajavam em caravanas para evitar tais perigos. Outro detalhe que precisa ser observado é que uma pessoa podia ser identificada pela roupa que vestia. Sendo assim, era comum saber se a pessoa com quem se encontrava era judia ou de outra nacionalidade. No entanto, os salteadores deixaram este homem despojado de suas roupas, desta forma quem iria ajuda-lo uma vez que não podia ser identificado? Propositalmente Jesus complica a história.

2 – A atitude do sacerdote e do levita (Lc 10.31,32). Tendo descrito a terrível situação do homem assaltado, Jesus imediatamente introduz um raio de esperança, lembrando que por acaso um sacerdote e um levita estavam descendo nessa estrada. Esta parece ter sido a melhor notícia possível. Um sacerdote era um servo de Deus, aquele que oferecia sacrifícios pelos pecados do povo, que se espera que seja um modelo de virtude espiritual e o melhor, mais piedoso, e mais justo dos homens, assim como o levita. Ambos estariam intimamente familiarizado com a lei e comprometidos com seus princípios, um dos quais era a exigência de mostrar misericórdia. Em Levítico 19.34 Deus ordenou que o povo de Israel que Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-ás como a ti mesmo, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus”. De acordo com Êxodo 23.4-5, eles deveriam resgatar o burro de um inimigo se ele estivesse desgarrado, ou caído debaixo da sua carga, muito mais o próprio homem. Mas não foi isso que ocorreu!

Apesar de um grande número de sacerdotes e levitas viverem em Jericó e subirem até Jerusalém quando chegava o seu período de servir no Templo [16], este pobre homem moribundo enfrentou a indiferença dos religiosos, com uma pequena diferença, o sacerdote viu o homem ferido, “passou pelo outro lado” (Lucas 10.31). O texto grego usa um verbo que não ocorre em nenhum outro lugar das Escrituras: antiparerchomai. O prefixo “anti” significa, é claro, “oposto”. O sacerdote deliberadamente se deslocou para o lado oposto da estrada. O levita, por sua vez, ainda se aproximou para vê-lo (Lc 10.32). Se os salteadores o deixaram semimorto, o sacerdote e o levita o deixaram para morrer. Se os salteadores assaltaram esse homem é provável que o sacerdote e o levita não corressem esse risco pelo cargo que ocupavam no templo, o medo deles era de ficarem cerimonialmente impuros.

A lei escrita relacionava cinco fontes de contaminação. O contato com cadáver estava no topo. A lei oral acrescentava mais quatro. O contato com um não-judeu era a primeira desta lista adicional [17]. Em busca de evitar o pecado e alcançar a santidade estes homens evitaram ajudar este semimorto. No entanto, não existe justificativa para tal negligência desses dois religiosos. A tentativa de absolvê-los, dizendo que, se entrassem em contato com um cadáver, eles incorreriam em impureza ritual, o que o deixariam impossibilitados de exercer suas funções no templo, não justifica. Em primeiro lugar, eles não estavas indo para o templo, mas para casa, e é possível que não tivessem de voltar ao templo senão depois de certo tempo. Não havia justificativa alguma para a negligência pecaminosa do sacerdote e do levita.

Wiersbe diz que não é difícil pensar em justificativas para a atitude do sacerdote e do levita. (Talvez nós mesmos já tenhamos usado algumas delas!) O sacerdote havia servido a Deus no templo a semana inteira e sentia-se ansioso por voltar para casa. Talvez houvesse bandidos por lá e estivessem usando a vítima como “isca”. Por que se arriscar? De qualquer modo, não era culpa dele que o homem tivesse sido atacado. Por ser uma estrada movimentada, alguém acabaria ajudando o homem. O sacerdote deixou a responsabilidade para o levita que, por sua vez, não fez coisa alguma! O mau exemplo de um homem religioso tem grande poder [18].

3 – A atitude do samaritano (Lc 10.33-35). Ao usar o samaritano como o herói, Jesus desconcertou [o doutor da lei], pois judeus e samaritanos eram inimigos (Jo 4.9; 8.48). Não foi um judeu que ajudou um samaritano; antes, um samaritano ajudou um judeu que havia sido ignorado por seus compatriotas! [19]. Se havia alguém que não tinha nenhuma razão para ajudar este pobre moribundo era este samaritano. Jesus faz de um inimigo o herói improvável desta parábola.

Observe a atitude desse samaritano: Tendo desmontado, o samaritano atravessou para o outro lado da estrada onde o homem semimorto jazia deitado. Imediatamente ministra os primeiros socorros, ungindo suas feridas com vinho (em virtude de seu conteúdo alcoólico era desinfetante e antisséptico) e derramando sobre elas azeite suavizante, o qual agia como um tipo de pomada. Depois o leva até uma estalagem pondo-o no seu próprio animal. Chegando lá continuou “cuidando dele” pessoalmente. No dia seguinte o samaritano tirou dois denários (dinheiros) eram uma quantia equivalente a dois dias de salário para o trabalhador mediano (cf. Mt 20.9), soma essa que, segundo os preços de seu tempo para “alojamento e comida”, bastava sobejamente para vários dias (cerca de dois meses). O samaritano é cuidadoso em garantir ao hospedeiro que ele não sofreria prejuízo algum pelo bom cuidado prestado ao judeu. É como se ele dissesse: “Em meu regresso, eu pessoalmente pagarei toda despesa adicional que porventura você tenha. E assim ponha-a em minha conta, não na dele” [20].

Com esta atitude (v. 35), ele deu ao hospedeiro um cheque em branco. Sua generosidade não conhecia limites. Ele se importava com o estrangeiro ferido, cuidando dele como se fosse um familiar ou grande amigo. Esse é o tipo de amor ilimitado da qual o escriba não amava.

John MacArthur diz que Jesus virou a pergunta do perito na lei de ponta-cabeça. A pergunta que ele fizera foi: “Quem é meu próximo?” Mas essa não é a pergunta correta. Jesus está lhe mostrando por meio dessa parábola que a compaixão justa não é limitada. Ela não procura definir os sofredores que merecem receber ajuda. As obrigações do segundo mandamento não se definem pela pergunta de quem é o seu próximo [21].

4 – JESUS CONCLUI A CONVERSA DEVOLVENDO A PERGUNTA (Lc 10.36,37).

Jesus modificou o ponto de vista do doutor da lei, e deixou que ele decidisse qual dos três (o sacerdote, o levita ou o samaritano) agiu como um próximo para o homem ferido [22]. Para não ter de citar a palavra samaritano, o professor da lei utiliza a paráfrase: “Aquele que exerceu a misericórdia nele” [23].

Mediante esta parábola nós podemos chegar à seguinte conclusão: 1) Devemos ajudar as pessoas que precisam verdadeiramente de nossa ajuda; 2) Qualquer homem de qualquer nação que estiver necessitado é o nosso próximo; 3) A nossa ajuda tem que ser prática, e não pode consistir apenas em sentir pena. Isso é o que nos ensina Jesus com esta parábola e o que nos ensina Tiago em sua epístola (Tg 2.1,14-18).

CONCLUSÃO

Quero terminar com as palavras de J. C. Ryle que diz que estas palavras significam que o crente precisa estar disposto a manifestar bondade e amor a todos os se acham em necessidade. Nossa bondade não pode estender-se apenas aos nossos familiares, amigos e parentes. Temos de amar e ser bondosos com todas as pessoas, sempre que a ocasião exigir [24].

Pense nisso!

Bibliografia

1 – Robertson, A. T. Comentário de Lucas, à luz do Novo Testamento grego, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2013, p. 205.

2 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, São Paulo, SP, Ed. Cultura Cristã, 2003, p. 90.

3 – Ibidem, p. 91.

4 – Bailey, Kenneth E. As Parábolas de Lucas, Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1985, p. 76.

5 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 341.

6 – MacArthur, John. As Parábolas de Jesus, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeira, RJ, 2018, p. 106.

7 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 178.

8 – Bailey, Kenneth E. As Parábolas de Lucas, Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1985, p. 82.

9 – MacArthur, John. As Parábolas de Jesus, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeira, RJ, 2018, p. 111.

10 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 157.

11 – Bailey, Kenneth E. As Parábolas de Lucas, Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1985, p. 85.

12 – Keller, Timothy. Ministério de Misericórdia, o chamado para a estrada de Jericó, Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 2016, p. 11.

13 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 158.

14 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 178.

15 – Childers Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 413.

16 – Ibidem, p. 414.

17 – Bailey, Kenneth E. As Parábolas de Lucas, Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1985, p. 88.

18 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 274.

19 – Ibidem, p. 275.

20 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, São Paulo, SP, Ed. Cultura Cristã, 2003, p. 93, 94.

21 – MacArthur, John. As Parábolas de Jesus, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeira, RJ, 2018, p. 112.

22 – Robertson, A. T. Comentário de Lucas, à luz do Novo Testamento grego, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2013, p. 208.

23 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 159.

24 – Ryle, J. C. Meditação no Evangelho de Lucas, Ed. Fiel, São José dos Campos, SP, 2002, p. 181. 

segunda-feira, 14 de março de 2022

O QUE FAZER PARA HERDAR A VIDA ETERNA? - Lucas 10.25-28


Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Lucas 10.25-28

INTRODUÇÃO

De todas as perguntas que poderiam ser feitas, nenhuma é mais importante do esta que foi feita por este doutor da lei: “Que farei para herdar a vida eterna?”. Essa pergunta revela uma inquietação que está enraizada no coração do ser humano, a realidade de que cada alma humana é imortal. Mas a questão não é se as pessoas vão viver para sempre, mas onde elas vão viver para sempre, se no céu ou no inferno.

O que nos chama a atenção nessa passagem é que esta pergunta não foi feita por uma pessoa comum da comunidade, mas foi feita por um doutor da lei, por um membro renomado da sociedade judaica. Ele era um membro de uma instituição religiosa com pessoas altamente educadas, proeminentes, poderosas e influentes; embora fossem duramente hostis a Jesus e aos seus ensinamentos.  

Este escriba, não identificado, teve um raro privilégio de perguntar a respeito da vida eterna para Aquele que é Ele mesmo a vida eterna (1Jo 5.20), no entanto, este homem é um trágico exemplo da oportunidade perdida, o escriba, apesar de fazer a pergunta certa a pessoa certa e receber a resposta certa, ele virou-se para enfrentar a morte eterna.

Por que este escriba perdeu a oportunidade de receber a vida eterna? Para respondermos a esta pergunta devemos analisar estes primeiros versículos.

1 – A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE NÃO BASTA FEZER A PERGUNTA CERTA COM A MOTIVAÇÃO ERRADA (Lc 10.25).

Muitas vezes Jesus foi questionado a respeito da salvação, como lemos a respeito do jovem rico em Mt 19.16ss; Mc 10.17ss; Lc 18.18-23. Por isso o diálogo com este escriba toma um curso completamente diferente, apesar do conteúdo idêntico da pergunta.

Podemos destacar três atitudes desse escriba diante de Jesus:

1º - Este escriba se aproxima de Jesus com má intenção (Lc 10.25a). Aparentemente este homem se aproxima de Jesus de forma cordial. Observe que o texto diz que “ele levantou-se”. No Oriente Médio o aluno sempre se levanta para dirigir-se ao professor, por cortesia. Aqui o doutor da lei não apenas se levanta, para dirigir-se a Jesus, mas também o chama de “Mestre”, que é a palavra que Lucas usa para “rabi” [1]. As Escrituras fazem questão de destacar a falta de sinceridade deste homem. Não era a pergunta sincera de uma pessoa que estivesse disposta a aprender; era uma prova – um desafio ou uma pegadinha –, ou uma tentativa de confundi-lo [Jesus] com um dilema moral ou um paradoxo para o qual não existia uma resposta clara, como acreditava o especialista [2].

Como disse A. T. Robertson: “O espírito deste doutor da lei era mau. Ele queria armar uma cilada para Jesus, se fosse possível” [3]. A sua aproximação parecia ser de uma pessoa bem intencionada, mas o seu coração não era de uma pessoa assim. Ele tinha um coração maligno. Assim como Satanás se aproximou de Jesus para tenta-lo no deserto, da mesma forma este homem se aproximou de Jesus. O texto é claro em dizer que ele se aproximou de Jesus para “tenta-lo”.

O mesmo acontece hoje. Muitas pessoas se aproximam da igreja ou de pessoas cristãs para “tentar” com perguntas capciosas, com más intenções, com o desejo de nos pegar em alguma falha, seja em palavra ou no nosso comportamento.

É igual a história de um menino que queria pregar uma peça em um sábio. Ele colocou um pássaro escondido entre as mãos e colocou as mãos para atrás, e perguntou ao sábio: “o pássaro que está nas minhas mãos está vivo ou morto?”. Se o sábio dissesse que estava vivo o menino o mataria, se dissesse que estava morto ele o soltaria. Diante desse dilema o sábio então respondeu: “o pássaro que está em suas mãos o destino dele está em suas mãos”.

Existem muitas pessoas assim que passam pelas nossas vidas, por isso devemos pedir a Deus sabedoria para aprendermos a lidar com essas pessoas e com as situações que elas tentam nos colocar. Façamos o que nos diz Tiago 1.5: “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada”.   

2º - Este escriba fez a pergunta certa, embora tendo uma motivação errada (Lc 10.25b). A má intenção desse homem nos é descrita no texto. Ele queria “tentar” Jesus. Sua pergunta não era honesta. O homem não queria aprender, mas embaraçar. Queria colocar Jesus numa enrascada para depois se sentir superior [4]. Como já falamos, mas a despeito da motivação vil do especialista, a primeira pergunta que ele fez é uma pergunta boa. Na verdade, é a melhor pergunta já feita ou respondida, e era uma pergunta que mantinha ocupada a mente daqueles que se aproximavam de Jesus para aprender dele [5].  

J. C. Ryle diz que infelizmente, esta é uma pergunta com a qual poucos se importam. Milhares estão constantemente perguntando a si mesmos: “O que comeremos? Com que nos vestiremos? Como podemos satisfazer a nós mesmos? Como podemos prosperar neste mundo?”. Poucos, muito poucos, tomarão algum tempo para meditar a respeito da salvação de suas almas. Os homens odeiam este assunto, visto que os deixam intranquilos. Fogem do assunto e o descartam. Fiéis e verdadeiras são as palavras do Senhor: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela” (Mt 7.13) [6].

3º - Este escriba tinha uma teologia distorcida (Lc 10.25c). Pode parecer estranho que um membro de uma instituição religiosa fizesse essa pergunta. Afinal, o povo judeu estava convencido de que, como filhos de Abraão (Mt 3.9; Jo 8.39), a quem pertence “a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas; dos quais são os pais” (Rm. 9.4-5a), seria garantida a entrada no reino eterno de Deus. Mas sua herança judaica não iria salvar aqueles cuja religião era rasa, superficial, hipócrita e externa (Lc 3.8; Rm 2.28,29). Este escriba, no entanto, não estava preocupado com sua salvação, pois, para ele, ser judeu era o suficiente para herdar a vida eterna. Na mente desse doutor, a vida eterna era uma conquista das obras, e não uma oferta da graça. Para ele, a salvação era uma questão de merecimento humano, e não uma dádiva divina [7].

Hoje muitas pessoas pensam que herdarão a vida eterna pelos seus méritos, por estarem ou fazerem parte de uma instituição religiosa. Outros acham que basta ser uma boa pessoa que já é o suficiente para herdá-la. Como se a salvação partisse de nossas atitudes e não da graça de Deus.

A questão sobre herdar a vida eterna começou a aparecer, principalmente durante o ministério de Jesus e posteriormente com os apóstolos, por causa das dúvidas e medos causados por uma consciência incômoda e um coração descontente ((Mt 25.46; Mc 10. 29,30, Jo 4.36, 5.24,39; 6.27,40,47,54,68; 10.28; 12.25,50; 17.2,3; cf. At 13.48; Rm 2.7; 5.21; 1Tm 1.16; Tt 1.2; 1Jo 1.2; 2.25; 3.15; 5.11,13,20; Jd 21). Assim como Nicodemos que procurou Jesus à noite (Jo 3), muitos sabiam que eles não eram justos diante de Deus; que o seu verniz de atividades religiosas serviram apenas como cal, cobrindo um túmulo “que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia” (Mt 23.27).

Esse incômodo em relação a vida eterna só ocorre em corações sinceros diante de Deus. Veja por exemplo a mulher samaritana em João 4. Esta mulher apesar de ter uma má reputação tinha sede de saber onde era o verdadeiro lugar para se adorar a Deus. Ela tinha sede de Deus, e devido a isso, o Senhor, por misericórdia, se revelou a ela como o Messias prometido. O Senhor não quer de nós perfeição, mas Ele quer de cada um honestidade. A mulher samaritana foi honesta na resposta a respeito de sua vida conjugal, o doutor da lei foi desonesto na sua pergunta.

2 – A SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE JESUS REVERTE A ARMADILHA (Lc 10.26-28).

Já que este escriba era um intérprete da lei ele deveria saber interpretá-la de forma correta. Por isso a pergunta de Jesus: “Que está escrito na lei? Como lês?” (Lc 10.26). A pergunta de Jesus era uma forma de desarmar o escriba da sua arrogância, ou seja, o escriba cai na sua própria armadilha. E isso ocorreu de duas maneiras:

1º - O escriba dá uma resposta comprometedora (Lc 10.27). Jesus estava se referindo ao Keri’at Shema, a leitura diária em voz alta de Deuteronômio 6,4,5: “Ouça, ó Israel: O SENHOR, o nosso Deus, é o único Senhor. Ame o SENHOR, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças”. Ao responder, o perito na lei citou a primeira metade da mesma passagem, acrescentando a segunda metade de Levítico 19.18: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento” e “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Lc 10.27). Era um resumo perfeito das exigências morais da lei [8]. 

Quando lemos Mt 22.37-40 observamos que esta foi exatamente a mesma resposta que Jesus havia dado em outra ocasião quando outro perito na lei lhe perguntou: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” (Mt 22.36). E Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”.

O escriba sabia interpretar a lei, mas não a sua aplicabilidade – A combinação das duas passagens da lei como síntese de toda a lei era nova em sua característica, ou pelo menos não era familiar. Não há nenhum relato acerca de como o mestre da lei encontrou essa resposta. De qualquer maneira, sua resposta evidencia que ele havia compreendido o cerne da lei. Na passagem do AT (Dt 6.5) fala-se de três órgãos fundamentais do ser humano: o coração, a alma e a força. Lucas acrescenta, conforme a Septuaginta, ainda “com todo o seu entendimento”. O coração, foco central da vida humana, precisa ser integralmente rendido a Deus. A alma, o eu, deve colocar-se de tal maneira a serviço de Deus que todos os impulsos sejam regidos pelo Espírito de Deus. A força ou a vontade deve estar às ordens de Deus. Por fim, Deus precisa poder dispor inteiramente do entendimento ou do pensamento, da capacidade intelectual. Assim essa composição de quatro elementos expressa a entrega total a Deus. O segundo dos maiores mandamentos na lei, a saber, o amor ao semelhante, somente pode ser cumprido em conexão com o amor a Deus. Somente a pessoa dominada pelo amor a Deus está em condições de, livre do egoísmo, valorizar o eu do próximo tanto quanto seu próprio eu [9].

Existem muitas pessoas que citam a Bíblia como poucos, mas vivem longe de praticar o que conhecem. Assim como esse escriba que era versado na lei, mas que tinha dificuldade de praticá-la conforme ele mesmo citava. Aliás, é bom destacar que viver da forma correta como está sendo explanado aqui só é possível mediante a graça regeneradora de Deus em nossas vidas.

2º - Jesus lança o escriba em sua própria armadilha (Lc 10.28). Quando disse para o escriba que ele havia respondido bem, que ele deveria fazer isso e alcançaria a vida eterna, Jesus não está ensinando que a salvação é mediante as obras da lei. Jesus está dizendo que se alguém praticar o que o escriba havia falado, tal pessoa certamente era perfeita. Só Jesus cumpriu os ditames da lei de forma plena, mas ninguém. Nós não conseguimos porque somos pecadores. Por isso que a salvação é mediante a graça e não por obras, como lemos em Efésios 2.8,9: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”.

Mas as Escrituras nos deixam claro que é impossível alguém ser salvo por guardar a lei, como está escrito: “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3:20), e “porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gl 3.10 cf. Dt 27.26). Como resultado: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23), De modo que “Não há um justo, nem um sequer” (Rm 3.10 Cf. 5.12; Gl 3.22).

Champlin diz que a contribuição do “legalismo” consistiu em dizer-nos claramente que “DEVEMOS fazer algo”. Pois a fé religiosa precisa transformar-se e manifestar-se na vida prática. O vício do legalismo consiste em incluir o “mérito humano” no quadro, diminuindo a operação do Espírito. A virtude da graça consiste em mostrar que o homem nada é e nem pode ser nada sem a operação do Espírito. A corrupção da graça, pela – crença fácil – mediante o que os homens se olvidam que precisam do poder transformador do Espírito, oculta o fato de que assim não haverá verdadeira aplicação da graça à vida do indivíduo [10].

Por isso que Jesus diz para este escriba que ele havia respondido bem; faça isso e você alcançará a vida eterna. Mas a grande questão é exatamente esta, quem poderá fazer isso? Somos salvos mediante a graça e não por obras meritórias. Muito menos por guardar a lei.

Essa armadilha que o escriba tentou armar para Jesus foi a armadilha que ele mesmo caiu. Isso lembra da forca que Hamã fez para enforcar Mardoqueu foi a forca que o próprio Hamã foi morto (Et 7.8,9).

CONCLUSÃO

Esses quatro primeiros versículos desse diálogo era só o começo da parábola do Bom Samaritano. Este homem ainda estava longe de entender o que Jesus havia lhe falado. Se ele fosse uma pessoa humilde e tivesse feito a pergunta sincera sobre como herdar a vida eterna, a resposta de Jesus teria sido suficiente para ele. E, provavelmente, o escriba saberia que é impossível ao homem herdar a vida eterna pela prática da lei.

Esse escriba é o retrato de muitas pessoas hoje em nossa sociedade. Quantas pessoas pensam que herdarão a salvação por seus próprios méritos, por serem pessoas de boa reputação ou por fazer parte de uma instituição religiosa. Mas a Bíblia é clara em afirmar que o único caminho que leva o homem a Deus é mediante o sacrifício de Jesus na cruz. Não há outra forma de chegarmos ao céu por atalhos criados pelos homens. Se quisermos herdar a vida eterna só mediante a adoção de Deus pai mediante o Seu Filho Jesus (Ef 1.5).

Pense nisso!   

Bibliografia:

1 – Bailey, Kenneth E. As Parábolas de Lucas, Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1985, p. 77.

2 – MacArthur, John. As Parábolas de Jesus, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeira, RJ, 2018, p. 108.

3 – Robertson, A. T. Comentário de Lucas, à luz do Novo Testamento grego, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2013, p. 204.

4 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 338.

5 – MacArthur, John. As Parábolas de Jesus, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeira, RJ, 2018, p. 108.

6 – Ryle, J. C. Meditação no Evangelho de Lucas, Ed. Fiel, São José dos Campos, SP, 2002, p.177.

7 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 339.

8 – MacArthur, John. As Parábolas de Jesus, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeira, RJ, 2018, p. 109.

9 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 157.

10 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 108. 

sábado, 5 de março de 2022

O RETORNO DOS SETENTA DISCÍPULOS – A TRÍPLICE ALEGRIA MANIFESTA - Lucas 10.17-24

Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Lucas 10.17-24

INTRODUÇÃO

No devido tempo, os setenta voltaram. Lucas não informa quanto tempo ficaram fora, nem onde foram para prestar contas, mas no devido tempo juntaram-se a Jesus outra vez [1]. Eles relatam com alegria o sucesso de sua atuação (Lc 10.17-19). No entanto, o Senhor lhes mostra que a alegria que lhes invadia o coração não se comparava a alegria da salvação (Lc 10.20). Posteriormente eles ouvem do Senhor Jesus a respeito de um sentimento de alegria acerca do desenvolvimento de sua obra (Lc 10.21-24). Rienecker diz que a alegria dos discípulos e a alegria do Senhor constituem a ideia-mestra de todo o relato [2]. Nessa mesma linha de pensamento Wiersbe destaca uma tríplice alegria: a alegria do serviço (Lc 10.17-19), a alegria da salvação (Lc 10.20) e a alegria da soberania (Lc 10.21-24) [3]. 

Sobre esta tríplice alegria que eu quero pensar com você e quais as lições que podemos tiara delas.

1 – A PRIMEIRA LIÇÃO É A ALEGRIA DO SERVIÇO (Lc 10.17-19).  

Os discípulos retornam com alegria devido ao resultado alcançado. Eles viram que havia autoridade no nome de Jesus e que, pelo Seu nome, até os demônios lhes eram sujeitos. Diante das palavras dos discípulos o Senhor destaca que viu Satanás cair do céu como um raio e completa dizendo que Ele lhes havia dado autoridade sobre os poderes das trevas.

Diante desse relato podemos destacar três coisas:

1º - Em primeiro lugar, devemos entender a autoridade que há o nome de Jesus (Lc 10.17,19). Observe que os discípulos destacam que os demônios lhes eram sujeitos pela autoridade do nome de Jesus. Eles não expulsavam demônios em seu próprio nome, nem em nome de outra pessoa.

Há autoridade no nome de Jesus, e mediante esse nome o inferno estremece. O apóstolo Paulo escrevendo aos Filipenses diz: “Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fl 2.9-11). Em 1 João 3.8b lemos: “Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo”. Em Atos 10.38 nos diz: “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele”.  

Ao fazermos a obra de Deus devemos entender que todo sucesso depende da autoridade do nome precioso de Jesus. A glória é dele e para ele somente.

● Observemos com cautela o versículo 19 que diz: “Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum”. Muitas pessoas entendem este versículo de forma literal, mas há um perigo em analisa-lo assim.

Champlin nos chama a atenção dizendo que neste versículo encontramos um eco de Sl 91.13: “Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente”. Temos uma virtual duplicação do trecho de Mc 16.18: “Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum” [4]. O Senhor deu permanentemente aos crentes autoridade ou poder, sobre Satanás e os demônios, representado metaforicamente aqui como serpentes (Ap 12.9; 20.2) e escorpiões (Ap 9.3,5,10). Podemos afirmar que serpentes e escorpiões são poderes demoníacos; são símbolos de agentes destruidores sobrenaturais, que podem perseguir as vidas dos discípulos do reino.

Só há um caso registrado no Novo Testamento em que vemos um cumprimento literal dessa promessa, fato que ocorreu na vida de Paulo que escapou dos efeitos fatais de veneno de uma víbora que lhe mordeu a mão, segundo está registrado acerca de sua chegada à ilha de Malta (Atos 28.3). Entretanto, a comparação com Sl 91.13 leva-nos a crer que o significado principal dessas palavras é simbólico, isto é, as serpentes e os escorpiões são símbolos de poderes espirituais malignos. O significado principal é que os cristãos têm poder para pisar triunfantemente sobre os exércitos de Satanás, através do auxílio e da graça de Jesus Cristo [5].

A razão para pensarmos assim se encontra na última porção do versículo que nos diz: “e nada vos fará dano algum”, que nos dá a ideia de que eles seriam preservados da morte e de qualquer implicação do mal. No entanto, quando lemos Atos dos apóstolos e, principalmente, as cartas Paulinas, nós observamos que os servos do Senhor foram perseguidos e mortos. Observe o que o apóstolo Paulo nos fala em Rm 8.35-39. A História da Igreja nos relata o quanto nossos irmãos do primeiro século foram perseguidos e mortos. Leia a história da Igreja e veremos que isso ocorreu no decorrer dos anos e perdura até os dias de hoje.

Nós não precisamos temer Satanás e os demônios, uma vez que “o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés” (Rm 16.20), “Mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno” (2Ts 3.3.), e “porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo” (1Jo 4.4). No entanto, pensar que somos imunes as adversidades e intocáveis aos ataques de Satanás seria muita imaturidade espiritual de nossa parte. 

2º - Em segundo lugar, devemos entender que estamos lutando com forças poderosas. Todos os anjos foram originalmente criados santos, mas Satanás, se corrompeu pelo seu orgulho e o desejo de ser igual a Deus. Na sua sagacidade seduziu um terço dos anjos (Ap 12.4), Satanás liderou uma rebelião mal sucedida contra Deus. A Bíblia o descreve como o príncipe deste mundo (Jo 12.31), o príncipe do poder do ar (Ef 2.2), o deus deste mundo (2Co 4.4), assassino e o pai da mentira (Jo 8.44), enganador (Ap 12. 9), acusador dos crentes (Ap 12.10), e maligno (1Jo 5.19). Os demônios, os anjos que seguiram Satanás são irrecuperáveis e um dia serão lançados no lago de fogo (Mt 25.41), juntamente com o seu líder (Ap 20.10). Como Satanás, eles são os inimigos de Deus, de Cristo, do Espírito Santo, e do povo de Deus. Eles enganam os incrédulos (1 Tm 4.1; 2Co 4.4), e utilizam falsos mestres para difundir doutrinas demoníacas que torce e perverte as Escrituras.

Por isso não podemos subestimar esse terrível adversário, muito pelo contrário, devemos nos sujeitar a Deus, resistir ao diabo para que ele se aparte de nós (Tg 4.7). Só em Deus venceremos Satanás. Mas também não devemos superestimá-lo como fazem alguns, pois ele já foi vencido na cruz do Calvário. Como nos fala Paulo em Cl 2.15: “E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo”.

3º - Em terceiro lugar, devemos destacar duas advertências (Lc 10.18,19). O versículo 18 nos diz que o Senhor via Satanás, como um raio, cair do céu. Isso revela a sua queda iminente. Jesus quis dizer que enquanto eles estavam expulsando os demônios, Jesus estava vendo Satanás cair de seu domínio sobre a vida dos salvos, pelo poder do Evangelho. A atividade dos demônios atingiu o seu apogeu durante o ministério de Cristo na terra, não foram poucos os confrontos do Senhor com os demônios e com o próprio diabo.

Diante disso devemos observar duas advertências:

Primeiro – foi o orgulho que derrubou Satanás do céu (Lc 10.18; Is 14-12-15; Ez 28.13-17). A Bíblia nos fala que este querubim ungido que Deus criou, após pecar contra Deus passou a ser chamado de Satanás (adversário), diabo (caluniador, acusador), serpente, dragão. Este, foi criado perfeito, no entanto o orgulho o derrubou do céu.

Segundo – Jesus adverte do perigo da soberba diante do sucesso (Lc 10.18). Nossas alegrias mais profundas podem abrir uma fenda para a entrada do orgulho. E não há orgulho mais sutil e perigoso do que o orgulho espiritual [6]. Como nos fala Provérbios 16.18: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda”.

J. C. Ryle nos alerta para que jamais nos esqueçamos que o tempo de sucesso é uma ocasião de perigo para a alma do crente. Os corações que se acham deprimidos, quando todas as coisas parecem estar contra eles, com frequência, sentem-se indevidamente exaltados no dia da prosperidade. Poucos assemelham-se a Sansão, que matou um leão, sem contar aos outros (Jz 14.6) [7].

2 – A SEGUNDA LIÇÃO É A ALEGRIA DA SALVAÇÃO (Lc 10.20).

Muitas vezes as nossas alegrias não passam de alegrias passageiras e nos esquecemos da verdadeira alegria, a alegria da salvação eterna. Os discípulos não estavam errados em se alegrar com os resultados positivos que tiveram, mas a verdadeira alegria estava sendo esquecida por eles. Eles voltaram da empreitada vitoriosos, mas o Senhor lhes havia falado que eles sofreriam perseguições e teriam muitas aflições. Aquela alegria era passageira em comparação com a alegria da vida eterna.   

Com isso em mente, podemos destacar duas coisas aqui:

1º - Sinais e prodígios não testificam que alguém seja salvo (Mt 7.21-23). Quem vai entrar no reino dos céus não são aqueles que fazem profissões de fé ortodoxas e emocionantes, nem aqueles que fazem obras milagrosas, mas os que obedecem à vontade do Pai. Não é possível substituir obediência por performance [8].

2º - A nossa real alegria é termos nossos nomes escrito no Livro da Vida. As vitórias conquistadas até então sobre Satanás e a promessa do Senhor de que farão façanhas ainda maiores são inúteis se não tiverem como fundamento a salvação pessoal. Incomparavelmente mais preciosa do que possuir todas as dádivas da graça é a própria graça de Deus, transmitida a todos os verdadeiros discípulos do Senhor pelo fato de que seus “nomes estão inscritos no livro da vida” [9].

Por mais maravilhosos que fossem os milagres que haviam realizado, o maior milagre de todos ainda é a salvação de uma alma perdida. O termo grego traduzido por “escritos” ou “arrolados” quer dizer “registrar formal e solenemente”. Esse termo era usado para a assinatura de um testamento, de uma certidão de casamento ou de um tratado de paz e também para o registro de um cidadão; o tempo perfeito no original indica que “permanece arrolado” [10]. É uma salvação que não se perde, pois quem a prometeu irá cumprir o que disse.  

3 – A TERCEIRA LIÇÃO É A ALEGRIA DA SOBERANIA (Lc 10.21-24).

Quando consideramos a Pessoa de Deus e Seus atributos, a maioria de nós pensa em características como a santidade, soberania, onisciência, onipresença, imutabilidade, justiça, ira, amor, graça, misericórdia. Raramente considerado, no entanto, a alegria de Deus. Os atributos de Deus garantem não só a sua alegria eterna, mas também a de todos os habitantes do céu. Como está escrito: “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4). A realidade dominante do céu é alegria para todo o sempre, é por isso que o Senhor disse que aqueles que entram no céu “entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25.21).

Três realidades naquele exato momento do retorno dos setenta que levaram Jesus a se exultar em seu espírito, a vontade soberana do Pai, o poder supremo do Filho, e privilégio dos santos. Vejamos cada um deles:

1º - A vontade soberana do Pai (Lc 10.21). Esta é a primeira vez que lemos nos Evangelhos que Jesus exulta de alegria. Sua alegria reside não em seus extraordinários milagres, mas na soberania de Deus na salvação [11]. Por três vezes os evangelistas nos informam que Jesus chorou, apenas uma vez que Ele se regozijou.

Apesar da oposição e rejeição que Jesus que vinha enfrentando, sua missão não foi um fracasso; ela estava se desenrolando exatamente do jeito que o Pai planejou. O Senhor encontrou alegria na realidade de que Seu Pai, que rege o universo, faz exatamente de acordo com seus propósitos e planos e isto estava lhe trazendo uma santa alegria.

A realidade central porque Jesus elogiou Seu Pai que escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e ... revelaste às criancinhas, é que Pai tinha soberanamente determinado a quem as verdades deveriam ser reveladas, e de quem elas deveriam ser escondidas. Operado dentro dessa determinação o Pai revelou aos eleitos, pois de outra forma, essas verdades não são discerníveis através da sabedoria humana ou inteligência. Por isso Paulo escrevendo aos Coríntios disse: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1Co 2.14, conf. 1Co 1.18-2.1-5).

J. C. Ryle diz que não podemos extrair dessas palavras uma lição errada, inferindo que algumas pessoas são naturalmente mais dignas da graça e salvação divinas que outras. Todos são pecadores e não merecem nada, exceto a ira de condenação. A sabedoria do mundo frequentemente torna as pessoas orgulhosas e aumenta sua inimizade natural contra o Evangelho de Cristo. O homem que não se orgulha de seu conhecimento e de sua suposta moralidade, geralmente, é aquele que encontra menos dificuldades para chegar ao conhecimento da verdade. Os publicanos e pecadores, frequentemente, são os primeiros a entrar no reino de Deus, enquanto os escribas e fariseus ficam do lado de fora [12].  

2º - O poder supremo do Filho (Lc 10.22). Jesus eleva a sua voz aos céus e faz uma oração. Não foram palavras dirigidas aos discípulos, mas ao Pai. Jesus se alegrou não só no plano soberano de Deus, mas também em seu papel nesse plano. Na harmonia perfeita da Trindade, todas as coisas – cada circunstância no universo, quer no céu, terra, ou para o inferno, envolvendo anjos, homens, ou demônios, têm sido entregue a Jesus por Seu Pai (Mt 28.18; Jo 3.35; 13.3; 17.2). De acordo com o projeto soberano do Pai, ninguém sabe quem é o Filho senão o Pai e ninguém sabe quem é o Pai, se não o Filho. E somente aqueles a quem o Filho o quiser revelar pode vir a conhecer o Pai.

Fica claro na Bíblia que Deus predeterminou antes da fundação do mundo, aqueles que seriam salvos e para quem Ele se revelaria. Jesus disse em João 6.44: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer”, e depois repetiu: “Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido” (Jo 6.65). Antecipando-se à objeção com base em um sentido humano da justiça corrompida pela queda, Paulo escreve: “Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece. Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra. Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer” (Ro 9.14-18).

 3º - O privilégio dos santos (Lc 10.23,24). Depois da Sua oração, Jesus tinha uma palavra para Seus discípulos. Falou-lhes particularmente, que dá a entender que as palavras anteriores foram pronunciadas dentro do alcance dos ouvidos de mais pessoas que os discípulos [13].

Essa bendita alegria não era apenas para aqueles a quem Jesus se dirigiu naquele dia, mas para todos os que creem nEle. As coisas que eles tiveram o privilégio de ver e entender incluem as grandes verdades de que o Messias havia chegado, a salvação de Deus havia sido revelada, a obra da redenção realizada, o reino prometido oferecidos a todos os profecias do Antigo Testamento, estava se cumprido em Cristo, que faria a oferta final pelo pecado. Satanás havia encontrado seu conquistador, demônios foram completamente dominados, doenças vencidas, natureza submissa, a morte derrotada por Cristo, e perdão e vida eterna concedida a todos os que creem.

Mesmo o mais proeminente dos santos do Antigo Testamento não foram abençoados com o conhecimento dado aos crentes sob a nova aliança, como nos fala Pedro em sua primeira carta: “Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar” (1Pe 1.10-12).

CONCLUSÃO

A tríplice alegria apresentada aqui nos revela que a salvação que um dia nos foi prometida é uma realidade, que o nosso Salvador deu autoridade à Sua Igreja e uma mensagem de fé e renovo. Uma mensagem que nos traz a alegria de que viveremos para sempre em gozo eterno na presença do nosso Deus.

A derrota de Satanás, das doenças e de outros males no tempo do ministério de Jesus e dos apóstolos é uma prova de que tudo isso um dia irá acabar para todo o sempre. Por isso, vivamos firmes na fé, crendo que o nosso Redentor reina e que o mal está prestes a terminar. Mas tenhamos em mente isto: “O céu não é aqui, mas podemos desfrutar da alegria eterna desde já!”.

Bibliografia

1 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 174.

2 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 154.

3 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 273.

4 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 106.

5 – Childers Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 411.

6 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 333.

7 – Ryle, J. C. Meditação no Evangelho de Lucas, Ed. Fiel, São José dos Campos, SP, 2002, p.171.

8 – Lopes, Hernandes Dias. Mateus, Jesus, o Rei dos reis, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2019, p. 243.

9 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 154.

10 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 274.

11 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 334.

12 – Ryle, J. C. Meditação no Evangelho de Lucas, Ed. Fiel, São José dos Campos, SP, 2002, p.175.

13 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 176.