quarta-feira, 21 de maio de 2025

A CONVERSÃO DE ZAQUEU - Lucas 19.1-10


Por Silas A. Figueira

Texto base: Lucas 19.1-10

INTRODUÇÃO  

James R. Edwards diz que o chamado de Levi (Mateus) e as parábolas dos perdidos e achados, por conseguinte, preparam os leitores para o encontro de Jesus com Zaqueu. O encontro de Jesus e o chefe dos publicanos é um ponto temático culminante não só das duas unidades precedentes, mas da associação de Jesus com os proscritos ao longo do terceiro evangelho.1

A conexão entre o parágrafo final do capítulo 18 e o parágrafo inicial do capítulo 19 é quase inesquecível; porque (a) ambos os eventos ocorreram em Jericó; e (b) no primeiro caso, um homem pobre tomou-se seguidor de Jesus; no segundo, um homem rico fez isso.2

No episódio precedente vimos o toque de cura de Jesus que restaurou a visão e a fé de um desprezado do ponto de vista religioso e social, em Israel, diz Evans. No episódio a seguir temos outro exemplo da restauração de alguém que também era desprezado, não por causa de problemas de ordem física, nada que se julgasse ser causado pelo pecado, mas desprezado por causa de sua profissão.3

Leon Morris destaca que a história de Zaqueu fica em contraste marcante com a do jovem rico. Vindo tão cedo depois da declaração enfática acerca da dificuldade da salvação dos ricos (Lc 18.24-25), este incidente deve ser visto como uma manifestação notável da graça de Deus (Lc 18.27).4

Jericó era uma cidade muito rica e importante. Estava localizada no vale do Jordão e dominava o caminho de Jerusalém e o cruzamento do rio que dava acesso às terras do leste do Jordão. Contava com um grande bosque de palmeiras e abetos balsâmicos famosos no mundo que perfumavam o ar por vários quilômetros quadrados. Seus jardins de rosas eram bem conhecidos. Era chamada “A cidade das Palmas”. Os romanos deram fama mundial a suas tâmaras e seu bálsamo. Tudo isto fazia com que fosse um dos maiores centros impositivos de toda a Palestina.5

Por ser uma cidade fronteiriça, em Jericó havia uma alfândega. Como era também uma das cidades mais ricas da Palestina, situada em uma das regiões mais férteis da Judeia, com um belo palácio herodiano e residência de muitas famílias sacerdotais abastadas, o valor do recolhimento de impostos era volumoso ali.6 Champlin também chama a atenção para o fato de que Jericó era usada por Herodes como sua capital de inverno, tendo sido ornamentada por estruturas tipicamente gregas ou romanas (helenísticas), por Herodes e por seu filho, Arquelau, de tal modo que não tinha a aparência típica das cidades da Palestina.7

Jesus estava passando pela última vez por Jericó. Ele estava indo para a cruz. Naquela semana, ele seria morto. Aquele era o dia da oportunidade de Jericó. Era o céu aberto sobre Jericó. Era a salvação oferecida a Jericó. Era o dia mais importante na agenda da cidade de Jericó.8 MacArthur nessa mesma linha de pensamento destaca que Deus procura os pecadores, porque “não há ninguém que busque a Deus” (Rm 3.11), a não ser que Ele graciosamente os chame, eles jamais virão (cf. Rm 1.6,7; 8.28; 11.29; 1Co 1.9, 23,24, 26; Gl 1.6; Ef 4.  1,4). Depois que Adão e Eva pecaram e tentaram se esconder do Senhor, Deus chamou-lhes: “Onde estás?” (Gn 3.8,9). Ao longo da história Deus tem continuado a procurar o perdido (cf. Ez 34.11,16; Lc. 15.4-32). Não haveria reconciliação, salvação, perdão, ou esperança do céu se o Senhor não o fizesse.9

Como disse Matthew Henry: “Esta cidade tinha sido construída sob uma maldição, ainda assim Cristo a honrou com sua presença, pois o Evangelho remove a maldição”.10

Uma multidão se acotovelava para ver Jesus, mas só dois homens foram salvos: um rico e outro pobre. Um à beira do caminho e o outro empoleirado em uma árvore. Para se encontrar com Cristo, um precisou se levantar, e o outro precisou descer. Um era esquecido, e o outro era odiado. Um era aristocrata e o outro era mendigo, mostrando que Deus não faz acepção de pessoas. Não importa a sua posição política, financeira, a cor da sua pele ou a sua religião, Jesus veio aqui para salvar você. Esta pode ser também a sua última oportunidade. O tempo é agora para o encontro da salvação.11

Vejamos quais as lições que esse texto tem a nos ensinar.

1 – AS BARREIRAS QUE IMPEDIAM ZAQUEU DE VER JESUS (Lc 19.1-4).

Este é o único lugar no Novo Testamento onde se menciona um “líder de coletores”.12 Zaqueu não era simplesmente um publicano como os demais, mas, sim, maioral dos publicanos (architelones). De modo que seu significado exato é desconhecido, mas parece indicar o chefe da repartição local de impostos. Zaqueu empregaria outros para fazer a coleta propriamente dita dos impostos, ao passo que ele pagaria aos romanos a parte exigida por eles. Não é surpreendente que Zaqueu era rico. [13] Zaqueu estava no topo da pirâmide.

O nome Zaqueu é de origem hebraica e significa “puro”, “justo”. [14] Era um nome judeu, uma variante do qual no Antigo Testamento aparece como “Zacai” (Ed 2.9; Ne 7.14). [15] Zacai era um nome comum entre os judeus. Havia um famoso rabino, aproximadamente nesta época, com este nome. [16] Outro cobrador de impostos conhecido pelo seu nome foi Mateus ou Levi (Mt 9.9).

John MacArthur destaca que os cobradores de impostos eram os párias mais odiados e desprezados em Israel.

Não era um crime a ser um cobrador de impostos, uma vez que a tributação é uma instituição divina. O reino teocrático de Israel no Antigo Testamento foi financiado por um sistema de tributação detalhado no qual cada pessoa pagava essencialmente 23,3 por cento de sua renda para apoiar o governo. Quando alguns cobradores de impostos arrependidos perguntaram a João Batista: “Mestre, o que devemos fazer?” (Lc 3.12), ele não lhes disse para parar seus trabalhos como cobradores de impostos, mas sim ordenou-lhes, “Recolham não mais do que aquilo que você foi ordenado” (v. 13). Jesus ordenou que os impostos deveriam ser pagos quando disse: “Dai a César o que é de César” (Lc 20.25; cf. Rm 13.7), e Ele mesmo pagou os impostos necessários (Mt 17.24-27).

O que Deus condenava eram os impostos abusivos ou ilegítimos, extorsão, desonestidade, e tirar dinheiro de pessoas por uso de violência física, intimidação e crueldade, como os cobradores de impostos no mundo antigo faziam.17

Hernandes Dias Lopes enfatiza que Zaqueu era maioral ou o chefe dos publicanos.

Embora seu nome signifique “puro”, ele era considerado um homem repugnante pelo povo. Zaqueu era a antítese do seu nome. Seu nome significa justo, mas ele enriquecera por meios fraudulentos. Ele era o cabeça daquele odiado esquema de corrupção. Era um homem inteligente e esperto que usava o trabalho de outros para se fortalecer. Mas, a despeito da sua posição, ele procurou ver a Jesus (19.3). Espiritualmente, era um homem infeliz, necessitado, insatisfeito, perdido e incompleto. Sua vida era marcada por um vazio que nem a fama, nem o dinheiro, nem o sucesso podia preencher. Ele tinha dinheiro, mas não tinha paz. Era rico, mas não feliz. “Melhor é o pouco havendo temor do Senhor, do que grande tesouro onde há inquietação” (Pv 15.16).18 

Apesar de Zaqueu ser um homem de grande influência na cidade de Jericó, ele encontrou alguns obstáculos para ver Jesus.

Primeiro, o obstáculo da multidão (Lc 19.3b). A cena não é uma aldeia quieta da Galileia, mas uma cena bem pública às portas de Jerusalém. Os que estavam ali não eram os poucos que estiveram com Jesus em Seus primeiros dias, mas uma multidão tão grande que um homem pequeno como Zaqueu nem conseguia vê-lo. [19] Havia tantas pessoas que Zaqueu estava encontrando dificuldades, não só para ver Jesus, mas também de identificá-lo.

A mesma multidão quis calar o cego Bartimeu em Jericó. A multidão apertava Zaqueu e não o deixava ver Jesus. Cuidado com a multidão, que pode ser um estorvo na sua vida. Não deixe que a multidão sufoque o seu grito de socorro nem que ela impeça você de ter um encontro com Cristo. Quantas vezes um indivíduo se sente constrangido de ir ao Salvador por causa de parentes, amigos, opinião pública e do povo. Zaqueu não se intimidou por causa da multidão. Seu desejo de ver Jesus foi maior do que o obstáculo da multidão. [20]

Segundo, o obstáculo de sua condição física (Lc 19.3c). A altura de Zaqueu não permitia que ele olhasse por cima da multidão. Não sabemos qual era a altura exata de Zaqueu, mas para Lucas destacar que ele era uma pessoa de pequena estatura, tudo indica que ele deveria sofrer de nanismo. Ele, para falar com as pessoas, tinha que erguer a cabeça. É bem provável que isso era um fator de chacota em sua vida desde novo. É bem provável que Zaqueu trouxesse em sua alma traumas profundos devido a isso.

Muitas pessoas trazem tantos traumas em suas vidas que dificilmente conseguem ver Jesus devido a baixeza de suas condições emocionais. Se veem impuras demais para se aproximarem de Jesus. Pessoas tão machucadas em suas almas que acham que não são importantes para o Senhor. No entanto, o apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios disse:

“Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele” (1Co 1.27-29). 

2 – AS BARREIRAS QUE ZAQUEU SUPEROU PARA VER JESUS (Lc 1.4,7). 

Zaqueu não se conformou em ficar sem ver Jesus. Talvez por ter passado por tantas coisas ruins e ter que enfrentar tantas coisas para superá-las, que ele não mediu esforços para ver Aquele que pela última vez passaria em Jericó. Como dizem: “Se a vida lhe der um limão, faça uma limonada”.

Vejamos quais as barreiras que Zaqueu superou para ver o Senhor.

Primeiro, ele correu à frente da multidão. Ele deixou de lado sua posição social e correu pelo meio da rua, passando à frente de todos para poder achar um lugar que facilitasse ver o Mestre. É provável que durante toda sua vida ele vivesse correndo das chacotas devido a sua pouca altura. Corresse dos outros meninos para não apanhar. Corresse dos bullyings constantes que sofria na cidade. Ele já estava acostumado a correr para poder se defender, mas desta vez, estava correndo para ver Jesus.

Segundo, ele não se importou com a profissão que exercia (Lc 19.2). Ele não era uma pessoa do povo, uma pessoa comum. Ele era o chefe dos cobradores de impostos da cidade mais importante da região. Ele ocupava um lugar de destaque na cidade. Mas nada disso o impediu de correr pelas ruas da cidade para poder ver Jesus.

Wiersbe destaca que no Oriente, não era comum um homem adulto correr, especialmente um funcionário público de posses. Zaqueu, no entanto, correu pela rua como um garotinho seguindo um desfile e até subiu numa árvore! Sem dúvida, a curiosidade é uma das características da maioria das crianças e, nesse dia, Zaqueu deixou-se levar por sua curiosidade. [21]

Uma das coisas que mais impedem as pessoas de verem Jesus é o orgulho. Muitos até abraçam a religião, mas não abraçam a fé genuína, com vergonha de serem taxados de fanáticos. Medo de não serem mais aceitos pelos amigos, e para não ficarem de lado na sociedade, acabam abraçando um Cristo gnóstico. Um Cristo placebo. Um Cristo ao gosto do freguês.

Terceiro, ele sobe em um sicômoro (Lc 19.4b). Sendo ele de pequena estatura, não podia ver Jesus. Não obstante, tão profundo era seu interesse pelo Mestre que estava disposto a fazer quase qualquer coisa para vê-lo. Portanto, sabendo para onde Jesus ia, célere correu adiante da multidão e, sem se importar com sua posição social, subiu em um sicômoro, um dos que haviam sido ali plantados à margem da via. É também chamado figueira sicômoro, e é altamente apreciado pela sombra que proporciona. [22]

A figueira brava (ou sicômoro) em que ele subiu era o fícus-sycomorus. Seu tronco horizontal e baixo facilitava a subida, e sua folhagem era suficiente para escondê-lo da multidão. [23]

Existem hoje muitas pessoas iguais a Zaqueu, que são muito curiosas e estão desejosas de ver Jesus. Devido a isso, elas acabam fazendo coisas que foge à normalidade do que é o cristianismo bíblico. Muitas pessoas se envolvem em vários tipos de religiões acreditando que Jesus esteja ali, ou que passará por ali. No entanto, o Jesus bíblico se revela nas Escrituras, através da ação do Espírito Santo, o revelando em nossos corações. Qualquer outro “Cristo” fora das Escrituras é um falso Cristo. E qualquer pessoa que o apresenta ao mundo é um falso profeta.  

Zaqueu encontrou o Jesus verdadeiro, pois Ele estava passando exatamente onde Zaqueu se encontrava. Mas observe que não foi Zaqueu que viu Jesus, mas Jesus que o viu e o chamou.

Quarto, ele não dá ouvidos aos murmuradores (Lc 19.7). Quem são os murmuradores? São aqueles que se enxergam como justos e únicos merecedores da salvação. São aqueles que chegam aos ouvidos de Jesus para dizer: Esse Zaqueu é lalau; ele é sujo, ele é indigno. Os murmuradores são aqueles que acham que são melhores do que os outros. [24]

3 – O ENCONTRO DE JESUS COM ZAQUEU (Lc 19.5,6).

Zaqueu sobe em uma árvore para ver Jesus, mas ele foi surpreendido por Jesus. Ele que queria ver Jesus, foi visto antes pelo Senhor Jesus e abordado pelo Mestre.

Com isso em mente, podemos tirar algumas lições fundamentais aqui.

Primeiro, Jesus buscou Zaqueu antes de Zaqueu buscá-lo (Lc 19.5). Quando Jesus chegou àquele lugar onde Zaqueu estava, sentado na “sala de estar” da árvore. Jesus agiu de maneira que deve tê-lo deixado chocado. Primeiro, o Senhor parou, então olhou para cima e fez contato visual com Zaqueu, e chamou-o pelo nome, embora eles nunca tivessem se encontrado (cf. Sua interação com Natanael em Jo 1.45-48). E o mais impressionante de tudo, o Senhor ordenou Zaqueu para levá-lo para sua casa! [25]

William Hendriksen nessa mesma linha de pensamento diz que é especialmente significativo notar que mesmo que Zaqueu certamente estivesse muito ansioso para ver Jesus, foi este e não o líder dos coletores quem tomou a iniciativa de estabelecer um contato pessoal entre ambos. Era Jesus quem estava buscando e salvando (veja v. 10). [26]

Hernandes Dias Lopes citando Walter Liefeld diz que o desejo de Zaqueu de ver Jesus foi suplantado pelo desejo de Jesus de vê-lo. [27] Wiersbe destaca que Zaqueu pensou que estava procurando Jesus (Lc 19.3), mas, na verdade, era Jesus quem o procurava (Lc 19.10)! Não é próprio da natureza do pecador perdido buscar o Salvador (Rm 3.11). [28]

Segundo, foi um chamado eficaz (Lc 19.5). Charles H. Spurgeon diz que o chamado eficaz significa que o Espírito Santo de Deus age no coração de um homem de tal maneira que quando ele recebe o chamado de Deus, não pode fazer nada senão obedecer a ordem e vir até Deus. [29] Foi isso que ocorreu com Zaqueu quando Jesus o chamou.

Terceiro, o chamado de Jesus foi pessoal (Lc 19.4a). Jesus encontrou aquele que subira na árvore, chamou-o pelo nome, olhou para dentro de seu coração e convidou-se para ser hóspede na casa dele. Cumpre notar bem cada traço da história. Jesus chama Zaqueu pelo nome, assim como o próprio Deus também chama seus redimidos pelo nome (cf. Is 43.1). [30]

Jesus chamou por Zaqueu, embora, é bem provável que houvesse outras pessoas na árvore. Há diferentes tipos de chamados na Bíblia. Lemos... “...porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (Mt 20.16). Este é um exemplo de chamado geral de Deus para todos os que estiverem ouvindo o evangelho. Os homens não têm em si mesmos o poder para responder a esse chamado. O chamado pessoal é o eficaz. Deus está operando no coração da pessoa que Ele chamou pelo nome. Ela responderá. Ela seguirá o chamado de Deus. [31] O evangelho é anunciado aos pecadores e aos alienados de Deus, diz Champlin, e não há exceções na operação da graça de Deus. [32]

Quarto, foi um chamado urgente (Lc 19.5b). Desce depressa. Essa foi a ordem de Jesus para Zaqueu. A salvação é algo urgente. E hoje. E agora. Não é possível adiar mais. Aquele era o último dia. Aquela era a última hora. Jesus nunca mais passaria por Jericó. Jesus tem pressa para salvar você. Hoje é o dia da visitação de Deus à sua vida. Não perca o dia da sua oportunidade. Não endureça o seu coração. Busque o Senhor enquanto se pode achar. A eternidade jaz à porta. [33]

Os verbos traduzidos por “descer e pressa” são imperativos, e requerem uma ação imediata. O Senhor sabe que não só Ele salvará, mas onde e quando que a salvação terá lugar (cf. Jo 3.8). [34]

Quinto, foi um chamado à humildade (Lc 19.5b). Descer é uma experiência dolorosa. Primeiro, devemos descer do pensamento de que nossas próprias obras podem nos salvar. Temos que descer ainda mais, até reconhecermos que somos pecadores desobedientes. Então, temos que ir ainda mais baixo, até clamarmos por Deus em desespero, dizendo-lhe que não podemos fazer nada para nos salvar. Quando Deus nos trouxe para baixo, então Ele nos levantará. “Ele derrubou dos seus tronos os poderosos e exaltou os humildes” (Lc 1.52). [35]

Matthew Henry nessa mesma linha de pensamento destaca que aqueles a quem Cristo chama devem descer, devem humilhar-se, e não pensar em subir ao céu por qualquer justiça própria; e devem apressar-se em descer, pois os atrasos são perigosos. [36]

Sexto, foi um chamado à comunhão (Lc 19.5c). Jericó, naquela ocasião, era uma das cidades preferidas pelos sacerdotes. Nosso Senhor passou adiante de suas casas, bem como das moradias dos fariseus, a fim de passar a noite hospedado na casa de um publicano. Ali, conforme podemos crer, Jesus viu uma entrada para uma atuação especial, que não pôde encontrar em nenhum outro lugar. [37]

James R. Edwards destaca que esta é a única ocasião nos evangelhos em que Jesus se convida para ficar na presença ou dependência de outra pessoa. [38]

Hernandes Dias Lopes nessa mesma linha de pensamento também destaca que Ele nunca entrou numa casa sem ser chamado e nunca ficou sem ser acolhido. Jesus disse: [...] me convém ficar em sua casa, ou seja, “eu preciso ficar em sua casa”. Estava na agenda de Cristo salvar Zaqueu, como estava na agenda de Cristo passar em Samaria e salvar a mulher samaritana (Jo 4.1,2). [39]

Concordo com John C. Ryle quando diz que nunca podemos desprezar o “dia dos humildes começos” (Zc 4.10). Não devemos reputar insignificante qualquer coisa que se refere à alma. Os caminhos pelo quais o Espírito Santo leva homens e mulheres a Cristo são maravilhosos e misteriosos. Com frequência, Ele inicia em determinado coração uma obra que permanecerá por toda a eternidade, quando aqueles que a observam não percebem nada admirável. Em cada obra, precisa haver um começo; e na obra espiritual o começo em geral é muito insignificante. [40]

4 – JESUS VAI  À CASA DE ZAQUEU (LC 19.6,7).

O pedido no v. 5 deve ter surpreendido tanto Zaqueu como a multidão. Da mesma forma que o cego tinha sido escolhido, aqui também aconteceu agora a mesma coisa. A alegria de Zaqueu superou seu senso de dignidade, e ele desceu a toda a pressa da árvore. [41]

Fritz Rienecker destaca que com pressa maior do que ele jamais usara para recolher o mais palpável rendimento, Zaqueu abriu a casa para o importante viajante, ao qual seu coração se sentira tão extraordinariamente atraído. – O Senhor Jesus havia dito “depressa”, e rapidamente Zaqueu organizara tudo. [42]

Com isso em mente, podemos destacar duas lições.

Primeiro, Zaqueu recebe Jesus com alegria (Lc 19.6). O coração de Zaqueu explodiu de júbilo com o desejo de Jesus de estar em sua casa. De todas as casas da cidade de Jericó, a casa mais improvável seria a de Zaqueu para o Senhor pernoitar. É provável que teria sido a primeira vez que uma pessoa honrada, cerimonialmente limpa e respeitada tivesse ido a sua casa. Como o pai recebeu o filho pródigo (Lc 15.11-32), Jesus abraçou o chefe dos publicanos odiado por todos da cidade. [43]

Segundo, a cidade murmurou da atitude de Jesus (Lc 19.7). A multidão deve ter sido quase unânime na reprovação da escolha de Jesus. Sentiram que a sua atitude era uma afronta aos sacerdotes e a outros líderes religiosos dos locais por onde Ele passara. Sua escolha era uma aprovação visível deste homem chamado tão rotineiramente de “pecador”. Duas coisas os impediram de reconhecer o verdadeiro motivo de Jesus. Uma era o exclusivismo cego deles, que se recusava a enxergar qualquer coisa boa em um publicano. A outra era a incapacidade de entender como Jesus poderia se associar com pecadores sem se contaminar. [44]

Isso prova o amor de Jesus e o propósito urgente de Jesus em salvar Zaqueu. O prazer de Deus é perdoar os seus pecados. Jesus revela que o seu amor é desprovido de preconceitos. A cidade inteira murmurou ao ver Jesus se hospedando com Zaqueu (19.7). Eles sabiam que Zaqueu era um grande pecador. Mas Jesus é o amigo dos publicanos e pecadores. Ele não veio buscar aqueles que se acham justos e bons. Como médico, ele veio curar os que se consideram doentes. [45]

 AS EVIDÊNCIAS DA SALVAÇÃO DE ZAQUEU (Lc 6,8-10).

 Um testemunho não tem nenhum valor a não ser que esteja respaldado por obras que garantam sua sinceridade. Jesus Cristo não pede uma mudança nas palavras, e sim na vida. [46]

Com isso em mente, podemos destacar algumas lições.

Primeiro, a prontidão de Zaqueu em obedecer ao chamado de Jesus (Lc 19.6). A conversão de Zaqueu se deu quando o Senhor o chama e ele o recebe com alegria em sua casa e em seu coração. Zaqueu desceu depressa. Ele obedeceu sem questionar e sem adiar. Abriu sua vida, seu coração, sua consciência e seu cofre e deixou que Jesus entrasse em cada área da sua vida. [47]

Segundo, Zaqueu tomou uma decisão voluntariamente (Lc 19.8). Aqui vemos tanto um verdadeiro espírito generoso como o desejo genuíno de reparar qualquer erro do passado. As duas atitudes refletem uma mudança de coração. O discurso de Zaqueu não foi dirigido à multidão, mas a Jesus. Não era um esforço para convencer as pessoas de que ele era sincero. Ao invés disso, era uma resposta não premeditada, espontânea, de um coração que se tornara limpo, e de um espírito que se tornara novo e que havia recebido a vida eterna. [48]

O rico cobrador de impostos enxergou o erro de seu modo de viver (dado ao materialismo, à desonestidade, à cobiça) e agora vê-se arrependido; e, como evidência de seu arrependimento, promete dar metade de suas riquezas aos pobres e grande parte do que sobraria devolveria às pessoas a quem extorquira. [49] Como disse John C. Ryle: “Quando um crente

rico começa a distribuir sua riqueza e um extorquidor começa a fazer restituições, certamente podemos crer que as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo (2Co 5.17)”. [50]

John MacArthur diz que a salvação do homem é evidente a partir da transformação de sua vida na parte de sua vida em que o seu pecado se manifestou mais abertamente. [51]

Vemos isto em duas atitudes de Zaqueu:

O primeiro sinal de conversão na vida de Zaqueu foi o amor, a generosidade, a disposição de dar. “Eu resolvo dar”. Até então, sua vida era marcada por receber e tomar o que era dos outros. Ele, que sempre tomou, agora quer dar.

O segundo sinal foi a prontidão para corrigir as faltas do passado. Zaqueu desviou muita coisa de gente inocente. Pisou nos menos favorecidos. Ganhou muita propina pelos cambalachos que fazia para os ricos. Ao encontrar-se com Jesus, ele se dispôs a corrigir as faltas do seu passado. Uma pessoa convertida torna-se honesta. Zaqueu quer agora reparar os erros do passado. Quer restituir às pessoas a quem tinha lesado. Quer limpar o seu nome. Quer uma vida certa. [52]

Sua restituição foi além do que era legalmente necessário. Somente se fosse um roubo deliberado e violento com fins de destruição era necessário restituir o quádruplo (Êx 22.1). Se fosse um roubo comum, e os bens originais não podiam ser devolvidos, devia-se pagar o dobro de seu valor (Êx 22.4,7). Se mediava confissão voluntária, e se oferecia uma restituição voluntária, devia-se pagar o valar original mais um quinto do mesmo (Lv 6.5; Nm 5.7). Zaqueu estava decidido a fazer mais do que a lei pedia. Mostrou por suas obras que tinha mudado. [53]

Terceiro, o testemunho de Jesus a respeito da conversão de Zaqueu (Lc 19.9,10). Um pecador em busca do Salvador se encontra com o Salvador que está em busca do pecador. Com verdadeiro arrependimento, o homem encontrou a salvação pessoal. Estas palavras graciosas do Mestre eram uma garantia da salvação de Zaqueu, uma proclamação em sua defesa diante da multidão, e uma promessa a todos os homens, em todos os lugares, e em todas as épocas, de que Jesus Cristo salva os pecadores. [54]

John MacArthur destaca que foi tão completa a transformação de Zaqueu que ele instantaneamente deixou de ser um ladrão para ser um benfeitor; deixou de ser egoísta e se tornou altruísta, deixou de ser um tomador e passou a ser um doador. Ele se tornou um verdadeiro judeu, parte do Israel de Deus (Gl 6.16), um verdadeiro judeu interiormente (Rm 2.28,29). Ele já não era apenas um filho de Abraão por raça, mas um filho de Abraão pela fé. Naquele mesmo dia, ele foi justificado pela fé. O que tinha sido perdido foi salvo e liberto do pecado, da morte e do inferno. O Senhor deu-lhe vida e luz para crer e se arrepender e sua conduta foi transformada. [55]

E Jesus conclui dizendo: “Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19.9, 10). Com essas palavras, este incidente se torna, em microcosmo, a reprodução do ministério de Jesus (cf. 15.3-10; 1Tm 1.15). Esta é uma importante declaração do propósito de Jesus. Hoje confirma a conclusão de que as decisões financeiras de Zaqueu tinham acabado de ser feitas. Filho de Abraão pode ter sido uma repreensão aos judeus que criticavam Zaqueu e queriam exclui-lo dos plenos privilégios judeus. Salvação aqui equivale à vida eterna (Lc 18.18) e ao reino de Deus (Lc 18.17). [56]

CONCLUSÃO

Quando um dia começa, nunca sabemos como terminará. Para Zaqueu, aquele diaterminou em alegre comunhão com o Filho de Deus, pois o publicano havia sidotransformado e tinha diante de si uma nova vida. Jesus ainda procura os perdidose deseja ardentemente salvá-los. Você já foi encontrado? [57]

Pense nisso!      

Bibliografia:

1 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 665.

2 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 423.

3 – Evans, Craig A. O Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Lucas, Ed. Vida, São Paulo, SP, 1996, p. 316.

4 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 255.

5 – Barclay, William. Comentário do Novo Testamento, Lucas, p. 203.

6 – Keener, Craig S. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia, Novo Testamento, Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 2017, p. 269.

7 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 182.

8 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 546.

9 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Mateus a Apocalipse, Lucas, p. 2883.

10 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 687.

11 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 546.

12 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 424.

13 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 255.

14 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 470.

15 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 665.

16 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 687.

17 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Mateus a Apocalipse, Lucas, p. 2885.

18 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 548.

19 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 220.

20 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 550.

21 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 326.

22 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 426.

23 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 470.

24 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 550.

25 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Mateus a Apocalipse, Lucas, p. 2887.

26 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 426.

27 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 550.

28 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 326.

29 – Spurgeon, Charles H. Sermões Sobre a Salvação, Ed. PES, São Paulo, SP, 1992, p. 17.

30 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 383.

31 – Spurgeon, Charles H. Sermões Sobre a Salvação, Ed. PES, São Paulo, SP, 1992, p. 18.

32 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 183.

33 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 550.

34 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Mateus a Apocalipse, Lucas, p. 2887.

35 – Spurgeon, Charles H. Sermões Sobre a Salvação, Ed. PES, São Paulo, SP, 1992, p. 19.

36 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janei-ro, RJ, 2008, p. 688.

37 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 183.

38 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 667.

39 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 551.

40 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 304.

41 – Ash, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas, Ed. Vida Cristã, São Paulo, SP, 1980, p. 269.

42 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 383.

43 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Mateus a Apocalipse, Lucas, p. 2887.

44 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 470.  

45 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 551.

46 – Barclay, William. Comentário do Novo Testamento, Lucas, p. 205.

47 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 552.

48 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 470. 

49 – Evans, Craig A. O Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Lucas, Ed. Vida, São Paulo, SP, 1996, p. 316.

50 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 305.

51 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Mateus a Apocalipse, Lucas, p. 2888.

52 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 553.

53 – Barclay, William. Comentário do Novo Testamento, Lucas, p. 205.

54 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 471.

55 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Mateus a Apocalipse, Lucas, p. 2888.

56 – Ash, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas, Ed. Vida Cristã, São Paulo, SP, 1980, p. 270.

57 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 327. 

sábado, 10 de maio de 2025

Linguagem Inclusiva, Pró-feminismo e Politicamente Correta nas Versões Bíblicas Nova Almeida Atualizada (NAA) e Nova Versão Internacional (NVI 2023)


Por Pr Altair Germano

Em seu livro "As Origens Cristãs a Partir da Mulher: Uma Nova Hermenêutica" (Paulinas, 1992, p. 68), a teóloga feminista Elisabeth S. Fiorenza já comemorava a linguagem inclusiva e politicamente correta utilizada pelo editores da versão bíblica Revised Standard Version (RSV), alegando que isso se deu em função do estímulo da Força Tarefa Sobre Tradução Bíblica Inclusiva do Departamento de Educação e Ministério do Conselho Mundial das Igrejas (CMI), uma organização progressista e ecumênica (as duas coisas andam sempre juntas).

No Brasil, o uso na Bíblia da linguagem inclusiva e politicamente correta, cujo os defensores alegam libertar as Escrituras do androcentrismo e do patriarcado, já é uma realidade nas versões Nova Almeida Atualizada (NAA) e Nova Versão Internacional (NVI 2023), e em outras versões modernas. Como exemplo, observe estes casos:

- O uso de "ser humano" em lugar de "homem": Gênesis 1.26,27; 6.3; Deuteronômio 8.3; Jó 14.1; Salmo 144.4; Eclesiastes 8.6; Isaías 2.22; Mateus 4.4; Lucas 4.44; Romanos 3.28.

- O uso de "pessoa(s)" em lugar de "homem": Gênesis 6.1; Mateus 16.26; Marcos 8.36,37.

- O uso de "ninguém" em lugar de "homem": Gênesis 2.5; Marcos 10.9.

- O uso de "cada um" em lugar de "homem": 1 Coríntios 11.28.

Na Nova Versão Internacional (NVI 2023), temos: 

- O uso da palavra "aliada" em lugar de "adjutora, auxiliadora": Gênesis 2.18,20.

- O uso da palavra "antepassados" em lugar de "pais": Deuteronômio 6.3; 7.12; 8.1; Josué 24.15; 1 Reis 8.57; Salmo 22.4; 39.12; 95.9; 106.7; Provérbios 22.28; Jeremias 7.7; Daniel 2.23; Zacarias 1.4; Mateus 23.32; João 4.20; Hebreus 3.9; 1 Pedro 1.18.

Prefira as versões bíblicas tradicionais: Almeida Revista e Corrigida, Almeida Corrigida Fiel e King James 1611.

Tempos difíceis!

segunda-feira, 10 de março de 2025

A CURA DO CEGO BARTIMEU - Lucas 18.35-43

Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Lucas 18.35-43

INTRODUÇÃO

A história de um cego que recuperou a vista segue-se à da “cegueira” dos discípulos (v. 34), destaca Anthony Lee Ash [1] É importante observarmos que as curas tinham um propósito maior que a cura em si. Elas tinham a finalidade de ilustrar as lições que Jesus ensinava. No caso em questão, fala a respeito da cegueira espiritual que os discípulos ainda tinham, mas que após a ressurreição de Jesus seria “curada”.

A. T. Robertson destaca que Mateus e Marcos narram que Jesus e os discípulos estavam saindo de Jericó (Mc 10.46), ao passo que Lucas situa o incidente dizendo que eles estavam chegando perto de Jericó (Lc 18.35). A razão provável é que Marcos e Mateus se referem à velha Jericó, cujas minas foram descobertas, enquanto Lucas alude à nova Jericó romana. Essa explicação coloca os dois cegos, citada apenas por Mateus, entre as duas cidades. Marcos e Lucas mencionam só um cego (Mc 10.46; Lc 18.35), Bartimeu – que significa filho de Timeu, (citado apenas por Marcos). Este é um nome aramaico como Bartolomeu. [2]

Para Craig A. Evans a razão de Lucas desejar fixar a impressão de que Jesus não está saindo de Jericó, ao curar o cego, é que ele quer acomodar o episódio de Zaqueu, que ele narra a seguir (Lc 19.1-10), o qual também ocorre em Jericó. Dificilmente Jesus estaria saindo de Jericó, quando curou o cego, para voltar à cidade e encontrar-se com Zaqueu. [3]

A cidade de Jericó, além de ser um posto de fronteira e alfândega (Lc 19.2), também era a última oportunidade de abastecimento de provisões e local de reuniões, em que grupos pequenos se organizavam para a viagem em conjunto à cidade de Jerusalém. Desta forma, protegidos contra os salteadores de estrada (Lc 10.30), os peregrinos partiam deste último oásis no vale do Jordão para o último trecho de uns 25 quilômetros, uma subida íngreme de perto de 1.000 metros de altitude, através do deserto acidentado da Judeia até a cidade do templo. [4] Durante essa viagem Jesus estava rodeado de uma multidão de discípulos, mas também de um grande ajuntamento popular (Lc 19.39). A iminente festa da Páscoa (Lc 22.1) permite supor sem sombra de dúvida que Jesus viajava para Jerusalém junto com caravanas de peregrinos. [5]

Com isso em mente, podemos tirar algumas lições da história desse pobre mendigo cego.

1 – ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA CIDADE DE JERICÓ.

Existem algumas caraterísticas da cidade de Jericó que são interessantes destacarmos.

Primeiro, Jericó era uma das cidades mais antigas da história. Esta cidade é citada pela primeira vez em Josué 2.1. Jericó foi a maior fortaleza derrubada por Josué e seu exército na conquista da terra prometida (Js 6.20,21). Ela foi o primeiro obstáculo que os hebreus tiveram que enfrentar na nova terra. Esta cidade foi destruída e abandonada várias vezes. O sítio arqueológico onde ficava a antiga Jericó está a meio quilômetro da moderna e tem apenas poucas ruínas desabitadas. 

Segundo, Jericó era uma cidade amaldiçoada (Js 6.26). “Naquele tempo, Josué fez o povo jurar e dizer: Maldito diante do Senhor seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó; com a perda do seu primogênito lhe porá os fundamentos e, à custa do mais novo, as portas” (ARA).

Esta profecia se cumpriu nos dias do profeta Elias (1Rs 16.34): “Em seus dias, Hiel, o betelita, edificou a Jericó; quando lhe lançou os fundamentos, morreu-lhe Abirão, seu primogênito; quando lhe pôs as portas, morreu Segube, seu último, segundo a palavra do Senhor, que falara por intermédio de Josué, filho de Num” (ARA).

Mas foi nesta mesma cidade que Raabe, a prostituta, por ter escondido os espias que Josué tinha enviado para fazer um relatório da cidade foi salva, ela e sua família (Js 2.1-6, 6.22,23). Por este ato, Raabe entrou na genealogia de Jesus (Mt 1.5). Apesar desta cidade estar debaixo da condenação divina, a graça do Senhor alcançou aqueles que deveriam ser salvos.

Spurgeon diz que havia maldição sobre Jericó, mas a presença de Jesus trouxe uma bênção. Supomos que Ele precisou passar por Jericó, como antes lhe era necessário passar por Samaria. [6]   

Terceiro, Jericó era uma cidade encantadora. Jericó oferecia um oásis verdejante de água e tamareiras para os peregrinos cansados e sedentos. [7] Era chamada a cidade das palmeiras e dos sicômoros. Jericó era a cidade dos prazeres. Ali estava o palácio de inverno do rei Herodes. Ali ficavam as fontes termais. Ali moravam milhares de sacerdotes que trabalhavam no templo de Jerusalém. Jericó era a cidade da diversão. Era a cidade que ficava no lugar mais baixo do planeta, 400 metros abaixo do nível do mar. E a maior depressão da terra. Jericó era uma cidade próxima ao mar Morto. [8]

2 – AS CONDIÇÕES EM QUE VIVIA ESTE CEGO ANTE DE JESUS PASSAR POR JERICÓ. 

Nada sabemos sobre a vida de Bartimeu, além do que é revelado nos poucos versículos sobre ele. O nome de seu pai era Timeu, e por isso ele é chamado de Bartimeu. A Bíblia não explica se ele era cego de nascença ou se ficou cego no decorrer de sua vida. O texto bíblico simplesmente apresenta Bartimeu como um cego que mendigava na cidade de Jericó.

Diante dos poucos versículos que falam a seu respeito, podemos observar como vivia este pobre cego.

Primeiro, ele mendigava porque era cego (Lc 18.35). Apesar de morar em uma das belas cidades da região, ele não podia desfrutar de sua beleza. Não sabemos como ele perdeu a visão, embora naquela época era muito comum os problemas oftalmológicos. Devido a esta condição desfavorável, este pobre homem viva mendigando.

Ao lermos os Evangelhos, observamos que não foram poucos os cegos que o Senhor Jesus curou em seu ministério. Alguns foram levados à Jesus (Mt 15.30; Mc 8.22). Quando Jesus havia saído da casa de Jairo, dois cegos passaram a segui-lo e insistir que os curasse (Mt 9.27-30). Outro foi da iniciativa do Senhor em curá-lo (Jo 9.1-8). Em Mateus 12.22 Jesus expulsa o demônio de um homem que o havia deixado cego e mudo. Sem contar os que não foram registrados diretamente (Lc 7.18-23). É impossível enumerar quantos cegos o Senhor curou em seu ministério. Mas podemos afirmar que foram muitos.

Segundo, ele estava à beira do caminho (Lc 18.35). A localização do pedinte à beira da estrada o estigmatizava como um proscrito social (e talvez religioso). [9] Enquanto as multidões iam para Jerusalém para a festa da Páscoa, este pobre mendigo ficava à beira do caminho ouvindo as multidões em festa. Ele era uma párea da sociedade. Ele não tinha uma família que pudesse sustentá-lo para que ele não precisasse passar por este constrangimento diariamente.

Faltava-lhe luz nos olhos e dinheiro no bolso. Ele estava entregue às trevas e à miséria. Vivia a esmolar à beira da estrada, dependendo totalmente da benevolência dos outros. Um cego não sabe para onde vai, um mendigo não tem para onde ir. [10] Champlin diz que o pior infortúnio é que ele não pode ver as alegrias, as maravilhas do mundo de Deus, os rostos de seus amigos. Não é de se estranhar que a cegueira conquista a nossa simpatia; mas é duplamente estranho que a cegueira da alma nos deixa inabalados. [11]

Matthew Henry destaca que este pobre cego era o símbolo mais adequado da humanidade que Cristo veio curar e salvar; eles são, portanto, infelizes e miseráveis, porque são tanto pobres como cegos (Ap 3.17). [12]

Terceiro, ele era um mendigo sem nome. Nem Lucas e nem Mateus o identifica com alguma referência familiar. Marcos nos diz que ele era filho de Timeu, por isso ele era chamado de Bartimeu. Este não era o seu nome, mas a identificação de quem ele era filho. 

3 – O ENCONTRO DO CEGO COM JESUS (Lc 18.36-43).

De acordo com o calendário divino, Jesus estava a caminho de Jerusalém para uma última vez. A hora da escuridão tinha vindo para enfrentar o ódio e animosidade dos líderes religiosos de Israel. No entanto, mesmo diante desse fato, o Senhor não deixou de estender a Sua misericórdia sobre a vida deste pobre mendigo cego.

As consequências do encontro deste cego mendigo com Cristo.

Primeiro, ele percebe que algo diferente estava acontecendo (Lc 18.36). Enquanto Se aproximava da cidade, a multidão que estava com Jesus atraiu a atenção do cego que perguntou qual era a comoção, e lhe contaram que passava Jesus, o Nazareno. [13] James R. Edwards diz que um nome popular como Jesus (este nome era o sexto nome masculino mais comum entre os judeus palestinos), em um lugar como Jerusalém e Jericó chamaria pouca atenção, mas “Jesus de Nazaré” era um nome único e preciso. [14]

Segundo, sabendo que era Jesus que estava passando, ele não deixou passar aquela oportunidade (Lc 18.37,38). Aquela era a última vez que Jesus passaria por Jericó. Era a última vez que Jesus subiria a Jerusalém. Aquela era a última oportunidade daquele homem. [15] Embora ele não soubesse disso, ele, mesmo assim, não deixou passar a oportunidade. É quase certo de que o cego ouvira a fama de Jesus e sabe que nele há esperança. É por essa razão que ele clama tem misericórdia de mim. [16]

Terceiro, ele “viu” Jesus como o Messias (Lc 18.38). Essa referência a Jesus como o Filho de Davi é a primeira proclamação pública da identidade de Jesus como o Messias no Evangelho de Lucas. As portas de Jerusalém, torna-se claro que Jesus entrará na cidade santa, não como um sábio viajante, mas como o Messias de Israel. [17]

Quarto, ele buscou a Jesus com perseverança (Lc 18.38,39). Como disse Barclay, a insubornável persistência de Bartimeu. Nada nem ninguém pôde deter seu clamor, sua exigência de ser levado até Jesus. Estava determinado a dialogar com a única pessoa que podia escutá-lo. Na mente de Bartimeu não havia somente um desejo vago, geral, nebuloso e sentimental de ver a Jesus. Era uma vontade desesperada. [18]

Quinto, a multidão tentou abafar sua voz (Lc 18.39). A passagem nos conta que, ao ser repreendido por algumas pessoas, para que se calasse, o cego não atendeu. “Ele, porém, cada vez gritava mais”. Sentiu sua necessidade e achou palavras para expressá-la. Não seria impedido pela repreensão de pessoas que não sabiam nada sobre a miséria da cegueira. O seu sofrimento o fez continuar clamando. E sua importunação foi amplamente recompensada. Achou o que estava procurando. Naquele mesmo dia recuperou a vista. [19]

A multidão havia se tornado um empecilho para o pobre cego mendigo. Certamente, muitas daquelas pessoas que tentaram calar o cego mendigo tinham sido agraciadas pelo Senhor. Receberam a bênção, mas não queriam compartilhá-la com outras pessoas.

Sexto, seu clamor foi ouvido (Lc 18.40). Jesus mandou trazê-lo. Ao longo dos Evangelhos Jesus se revela como sendo não apenas muito poderoso, mas também muito misericordioso. Seu coração está constantemente se condoendo pelas pessoas carentes. Assim também aqui, apesar de ele mesmo estar se aproximando da cruz! Ele se detém e ordena às pessoas – provavelmente aquelas mesmas pessoas que queriam que o homem se calasse – que lhe tragam o homem. Mui amorosamente Jesus lhe pergunta o que ele deseja. [20] Toda atenção de Jesus estava agora para aquele cego mendigo.

Sétimo, ele buscou a Jesus com objetividade (Lc 18.40,41). Bartimeu sabia exatamente o que necessitava. Queria ver. Muitas vezes nossa admiração por Jesus é um sentimento generalizado, muito pouco específico. Quando vamos ao médico sabemos exatamente o que é que nos dói e o que queremos que ele nos cure. O mesmo deveria ser entre nós e Jesus. E isto implica algo que muito poucas pessoas estão dispostas a enfrentar: o autoexame, a autocrítica. Se quando viermos à presença do Jesus sabemos com a mesma exatidão que Bartimeu o que queremos que ele faça conosco, sem dúvida obteremos o cumprimento de nosso desejo. [21]

Que queres que te faça? pode parecer uma pergunta supérflua, diz Sanner, mas sem dúvida serviu para fortalecer a fé deste homem, levando-o a expressar o seu desejo. Ao fazer perguntas, Jesus encorajava as pessoas a expressarem seus desejos, esperanças, aspirações e lhes dava a oportunidade de expressar a fé que possuíam, ocasião em que Ele podia então agir e abençoar. [22]

Oitavo, a sua nova vida com Cristo (Lc 18.42,43). Três fatos ocorreram com Bartimeu após o encontro com Jesus. Primeiro, Bartimeu recuperou a visão (Lc 18.42,43). Segundo, alcançou a salvação de sua alma (Lc 18.42) e terceiro, Bartimeu passou a seguir a Cristo (18.43). 

Jesus diagnosticou uma doença mais grave e mais urgente do que a cegueira. Não apenas seus olhos estavam em trevas, mas também sua alma. Bartimeu viu coisas que Anás, Caifás e as hostes de mestres em Israel não viram. Ele viu que Jesus era o Messias esperado, o Todo-poderoso Deus. [23] John Charles Ryle diz que “a enfermidade do pecado é mais crônica do que a falta de visão”. [24]

Leon Morris destaca que quando Jesus diz “a tua fé te salvou” não significa que foi a fé de Bartimeu que criou a cura, mas, sim, que a fé foi o meio pelo qual ele recebeu a cura. [25]

Jesus não apenas perdoa pecados e salva a alma, mas também cura e redime o corpo. Bartimeu teve seus olhos abertos. Ele saiu de uma cegueira completa para uma visão completa. Num momento, cegueira total; no seguinte, visão intacta. A cura foi total, imediata e definitiva. Jesus passou por Jericó. Ele está passando hoje também pela nossa vida, cruzando as avenidas da nossa existência. Temos duas opções: clamar pelo seu nome ou perder a oportunidade. [26]

CONCLUSÃO 

Esta passagem é importante por várias razões. Primeiro, é um modelo de salvação diante da cruz. Bartimeu entendeu que ele era um pecador, sob o julgamento de Deus, e na necessidade de misericórdia. Ele reconheceu Jesus como o Messias, que veio para salvar o seu povo dos seus pecados (Is 53.5,6; Mt 1.21), e como seu Senhor soberano. Em segundo lugar, a resposta de Jesus mostra que Ele não ignora aqueles que clamam a Ele por misericórdia (Mt 11.28; Jo 6.37). Em terceiro lugar, Jesus é profundamente compassivo sobre a situação dos feridos, pecadores perdidos. E finalmente, embora o Senhor Jesus tenha poder absoluto sobre a doença, Ele não veio apenas para curar os doentes, mas “para buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19.10).

Pense nisso!      

Bibliografia:

1 – Ash, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas, Ed. Vida Cristã, São Paulo, SP, 1980, p. 267.

2 – Robertson, A. T. Comentário de Mateus e Marcos, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2011, p. 227.

3 – Evans, Craig A. O Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Lucas, Ed. Vida, São Paulo, SP, 1996, p. 315

4 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 538.

5 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 380.

6 – Spurgeon, Charles H. O Evangelho Segundo Mateus, a narrativa do Rei, Ed. Estação da Fé, Goiânia, GO, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2018, p. 426.

7 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 660.

8 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 540.

9 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 660.

10 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 540.

11 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 180.

12 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 686.

13 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 254.

14 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 661.

15 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 541.

16 – Evans, Craig A. O Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Lucas, Ed. Vida, São Paulo, SP, 1996, p. 315.

17 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 218.

18 – Barclay, William. Comentário do Novo Testamento, Marcos, p. 260.

19 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 301.

20 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 413.

21 – Barclay, William. Comentário do Novo Testamento, Marcos, p. 260.

22 – Sanner, A. Elwood. Comentário Bíblico Beacon, Marcos, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 290.

23 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 543.

24 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 301.

25 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 254.

26 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 544.

    

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

JESUS PREDIZ SUA MORTE E RESSURREIÇÃO - Lucas 18.31-34

Por Pr. Silas Figueira

INTRODUÇÃO

Quando Jesus falou pela primeira vez a respeito de sua morte, Pedro o reprovou. Quando Jesus falou pela segunda vez sobre seu sofrimento e morte, os discípulos discutiram entre si sobre quem era o maior entre eles. Agora, quando Jesus fala pela terceira vez e com mais detalhes, Tiago e João buscam glórias pessoais, e os outros dez se irritam com eles, porque se sentem traídos (Mc 10.35-45). Nas duas primeiras predições, Jesus havia falado sobre o que haveria de lhe acontecer; agora, ele fala sobre onde as coisas vão acontecer, na santa cidade de Jerusalém (Lc 18.31-34). Os discípulos, porém, pareciam cegos para o significado da cruz. [1]

Leon Morris diz que esta passagem é frequentemente referida como sendo a terceira predição de Jesus do Seu sofrimento, mas é, na realidade, a sétima que Lucas registra, seguindo outras em 5.35; 9.22,43-45; 12.50; 13.32-33; 17.25. [2]

Hendriksen comenta que Pedro chamou a atenção de Jesus para o sacrifício que ele e os demais discípulos tinham feito (v. 28). Jesus agora fixa a atenção do grupo no sacrifício infinitamente maior que ele estava para fazer. [3]

Quais as lições que podemos tirar desse texto?

1 – JESUS CAMINHA PARA JERUSALÉM PARA SER MORTO (Lc 18.31,32).

Uma das maneiras em que os pseudoestudiosos, críticos e céticos constantemente atacam é que os sofrimentos que Jesus enfrentou foi um acidente. Eles argumentam que a sua morte não foi planejada, mas acidental. Sua morte, eles insistem, resultou de um erro de cálculo; foi uma nobre tentativa de trazer bondade ao mundo, mas terminou em um desastre não planejado. Alguns sugerem que Jesus era um ingênuo, bem-intencionado, bom homem, que queria elevar as pessoas religiosamente por suas ideias, mas foi longe demais e gerou ira mortal em seus inimigos. Mas nada poderia estar mais longe da verdade.

Diante disso, podemos destacar algumas lições.

Primeiro, a morte de Jesus foi predita pelos profetas (Lc 18.31). A palavra profética alude a cada traço singular de seu sofrimento, como é descrito por Lucas. Tudo o que foi escrito pelos profetas acerca do Filho do Homem terá de ser consumado. [4] Toda a trajetória de sua vida foi profetizada 700 anos antes e incluiu todos os aspectos como Ele seria o Messias Sofredor, o Servo de Deus ((Is 52.13-53.12).

A cruz não foi um acidente na vida de Jesus, mas uma agenda. Ele veio ao mundo para morrer. Não há nada de involuntário ou desconhecido na morte de Cristo. Ele jamais foi demovido desse plano, quer pela tentação de Satanás, quer pelo apelo das multidões, quer pela agrura desse caminho. [5]

Em momento algum Jesus foi uma vítima bem-intencionada de um plano que o surpreendeu quando deu horrivelmente errado. Ele sabia exatamente como sua vida iria acabar, até os mínimos detalhes (Jo 19.28). Tudo já estava previsto desde antes da fundação do mundo (Ap 13.8), quando o plano de salvação foi formado. O coração da fé cristã é a morte do Senhor Jesus Cristo. Tudo na história da redenção no Antigo Testamento se move em direção à cruz.

Como lemos, nas próprias palavras de Jesus aos discípulos, depois de Sua ressurreição em Lucas 24.25-27,44,45:

“E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras” 

Leon Morris destaca que o propósito de Deus será realizado. No fim, não é aquilo que agrada ao homem, mas, sim, o beneplácito de Deus que será cumprido. [6] A soberania de Deus sempre irá prevalecer, ainda que os homens pensem que estão no controle da história. Loucos são os que pensam assim!

Segundo, Jesus não se acovardou diante da cruz (Lc 18.31,32). Resolutamente, ele marchou para Jerusalém e para a cruz como um rei caminha para a sua coroação. [7] O amor de nosso Senhor Jesus para com os pecadores foi admiravelmente demonstrado em seu resoluto propósito de morrer em favor deles. [8] William Barclay diz que qualquer um é capaz de uma ação heroica em um momento de excitação, mas se requer um homem de valor supremo para enfrentar algo que está a dias de distância e do qual poderia escapar dando as costas. [9]

Hendriksen destaca que quando em conexão com as grandes festas os peregrinos caminhavam rumo a Jerusalém, eles iam lá para adorar e isso incluía levar oferendas. Jesus também está agora “subindo para Jerusalém”, levando a si próprio como uma oferenda pelo “pecado do mundo” (Is 53.10; Jo 1.29). [10] Não podemos deixar de admirar a coragem do Servo de Deus ao seguir para o Calvário, e devemos adorá-lo ainda mais por fazer isso por nós. [11]

Terceiro, Jesus compartilha esse acontecimento aos Doze (Lc 18.31). James R. Edwards diz que Jesus faz a última predição da paixão não a todos os discípulos, mas aos Doze. O anúncio da necessidade do sofrimento no propósito messiânico é reservado aos seguidores mais seletos dele. [12]

Matthew Henry destaca que:

[...] não era adequado que isso fosse falado publicamente naquele momento: 1. Porque muitos que eram simpatizantes moderados dele iriam, a partir de então, virar-lhe as costas; o escândalo da cruz os teria assustado e eles não o seguiriam mais. 2. Porque muitos que eram simpatizantes ferrenhos dele seriam, a partir de então, impelidos a pegar em armas em sua defesa, e isso poderia ter ocasionado um “alvoroço entre o povo” (Mt 26.5), o que teria sido imputado a Ele como acusação, se lhes tivesse dito publicamente antes. E, além desses métodos estarem totalmente em desacordo com o caráter do seu Reino, que não é deste mundo, o Senhor Jesus nunca apoiou nada que tivesse a tendência de impedir os seus sofrimentos. [13]

Isso é algo que devemos tomar como exemplo em nossas vidas. Muitas vezes há uma necessidade de abrirmos o nosso coração diante de algo que, de alguma forma, nos assusta. Mas, nem sempre, poderemos compartilhar com todos. Nem todas as pessoas compreendem o que estamos enfrentando ou o que estamos por enfrentar. Por exemplo, Abraão quando foi sacrificar Isaque como o Senhor lhe havia designado (Gn 22), deixou os dois servos tomando conta do jumento e subiu o monte somente com seu filho. É bem provável que os dois servos tentariam impedi-lo de fazer o que Deus lhe havia pedido. Por isso, devemos ter muito cuidado com quem compartilhamos os projetos de Deus para nossas vidas.

Observe outro exemplo. Quando Jesus falou a primeira vez aos Doze do que lhe estava por acontecer em Jerusalém, veja qual foi a reação de Pedro: 

E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens. (Mt 16.22,23).

Quarto, a liderança de Jesus (Lc 18.31). Jesus ia adiante dos seus discípulos nessa marcha para Jerusalém (Mc 10.32). “E iam no caminho, subindo para Jerusalém; e Jesus ia adiante deles. Não havia nele nenhum sinal de dúvida ou temor. Quando subimos a estrada da perseguição, do sofrimento e da morte, temos a convicção de que Jesus vai à nossa frente. Ele nos lidera nessa jornada. [14] 

2 – JESUS FALA PARA OS DOZE A RESPEITO DE SEU SOFRIMENTO, MORTE E RESSURREIÇÃO (Lc 18.32,33).

Combinando estes versos com os relatos paralelos em Mateus 20.17-19 e Marcos 10. 32-34 dá o registro completo do que o Senhor disse nesta ocasião. Ele seria traído e entregue às autoridades judaicas (Mt 20.18; Mc 10.33) e, depois de um julgamento simulado, condenado por eles até a morte, e entregue aos gentios (uma vez que os judeus não tinham autoridade para executar (Jo 18.31), escarnecido e maltratado, cuspido, açoitado, crucificado e depois no terceiro dia Ele iria ressuscitar.

Jesus disse aos Doze que seria entregue aos gentios. John MacArthur destaca que cada profecia da morte de Jesus (Lc 9.22,44; 12.50; 13.32,33; 17.25) era mais explícita do que a anterior. Essa é a sua primeira menção a ser entregue aos gentios. [15]

Com isso em mente, podemos destacar algumas lições.

Primeiro, Jesus fala do seu sofrimento (Lc 18.32,33a). Estes versos não só preveem o sofrimento de Cristo, eles também transmite a magnitude e intensidade do que Jesus, o “Homem de dores” (Is 53.3), resistiu. É interessante notar que o Novo Testamento frequentemente usa a palavra “aflições” no plural quando se refere a Cristo (por exemplo, 2Co 1.5; Fl 3.10; Hb 2.10; 1Pe 1.11; 4.13; 5.1), enquanto no Antigo Testamento, Isaías 53 revela o alcance e a gravidade do que Jesus iria sofrer. A natureza dos Seus sofrimentos pode ser resumida em cinco pontos.

Primeiro, Jesus sofreu deslealdade. Ele foi traído por Judas Iscariotes, um dos mais próximos a ele, um homem em quem ele tinha investido Sua vida e da verdade.

Segundo, Jesus sofreu rejeição (cf. Is 53.3.). Essa rejeição veio antes de tudo a partir de Israel. “Ele veio para o que era Seu”, escreveu João, “e os seus não o receberam” (Jo 1.11). Foram os líderes da nação, os principais sacerdotes e escribas, que o condenou à morte e entregou-o aos romanos para ser executado. As pessoas também rejeitaram diante de Pilatos, gritando “Crucifica-o!” (Mt 27.22). Jesus também foi rejeitado por aqueles mais próximos a ele.

Terceiro, Jesus sofreu humilhação. O Filho de Deus sem pecado, em quem “habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9), foi ridicularizado e maltratado e cuspido. Lucas 22.63 observa que “os homens que detinham Jesus zombavam dele, ferindo-o”. Herodes, com seus soldados, depois de tratar com desprezo e zombando dele, vestiu-o de uma roupa resplandecente e mandou-o de volta a Pilatos.

Quarto, Jesus sofreu injustiça. Ele foi falsamente acusado de pecado (Jo 9.24), sedição, insurreição (Lc 23.13-14), e blasfêmia (Mt 9.3; 26.65; Jo 10.33). Seus julgamentos eram manifestações monumentais de injustiça em todos os pontos.

Quinto, Jesus sofreu lesões corporais. Ele foi brutalmente açoitado com um chicote com várias tiras de couro, no final dos quais foram amarrados pedaços ossos, pedra ou metal. Eram tão graves esses açoitamentos que muitos morreriam. A crucificação era a forma mais horrível de execução.

William Hendriksen destaca que Marcos enumera sete pontos para a terceira predição. São eles: 1. O Filho do homem será traído e entregue nas mãos dos principais sacerdotes e escribas, 2. eles o condenarão à morte, 3. e o entregarão aos gentios, 4. que escarnecerão dele e cuspirão nele, 5. o açoitarão, 6. e o matarão 7. ao terceiro dia ele ressuscitará. [16]

John C. Ryle comenta que o Senhor Jesus bem sabia que sua morte era o principal objetivo pelo qual viera ao mundo. Viera para oferecer sua vida em resgate por muitos. Apresentaria sua alma como oferta pelo pecado e levaria Ele mesmo “em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe 2.24). Ele daria seu corpo e seu sangue em favor da vida do mundo. [17]

Segundo, Jesus fala sobre sua morte e ressurreição (Lc 18.33,34). Jesus preanunciou não apenas sua morte, mas também sua ressurreição. Seu plano eterno passava pelo vale da morte, mas a morte não o poderia reter. Ele quebrou o poder da morte, abriu o sepulcro de dentro para fora, matou a morte e conquistou para nós imortalidade. Agora, a morte não tem mais a última palavra. A morte foi vencida. [18]

3 – A IGNORÂNCIA DOS DISCÍPULOS QUANTO AO SACRIFÍCIO DE JESUS (Lc 18.34).

A incompreensão dos discípulos não era intencional, no entanto de certo modo ocorria por culpa própria. A constatação de que compreenderam muito pouco do que o Senhor disse resulta do pedido dos filhos de Zebedeu (Mc 10.35-40). O coração dos discípulos rejeitava obstinadamente o único sentido inteligível das palavras do Senhor. Sua mente buscava em vão por um sentido diferente e mais tolerável. Os doze eram intelectualmente tão cegos quanto Bartimeu era fisicamente cego naquele momento. [19]

Ficamos admirados diante da cegueira e ignorância desses judeus, destaca John Ryle. Estranhamos o fato de que, em face dos ensinos claros e à luz evidente dos símbolos da lei de Moisés, os sofrimentos do Messias tivessem sido perdidos de vista, diante de sua glória, e sua cruz ocultada por trás de sua coroa. [20]

Com isso em mente, podemos apontar algumas lições.

Primeiro, eles tinham uma expectativa errada do Reino de Jesus. Havia uma boa razão de que os discípulos não conseguiram captar o ensinamento do Senhor sobre seu sofrimento e morte: eles não conseguiam encaixar a morte de Jesus em sua teologia messiânica. Eles esperavam que o Messias seria um rei que iria derrotar os inimigos de Israel e estabelecer Seu reino. Eles estavam procurando uma coroação, e não uma crucificação; por um Messias que mataria seus inimigos, e não aquele que fosse morto por seu próprio povo. A ideia de um Messias crucificado era um absurdo para eles. Era tão ridículo que eles não podiam sequer compreendê-lo. “A palavra da cruz é loucura para os que estão perecendo”, escreveu Paulo em 1 Coríntios 1.18. Assim, “Jesus crucificado” era “para os judeus uma pedra de tropeço” (v 23.); uma barreira enorme que eles estavam enfrentando.

Segundo, só Jesus pode tirar dos nossos olhos a venda da ignorância (Lc 18.34, 24.25-27, 44,45; conf. 2Co 4.4). Por ora, entretanto, eles nada disto entendiam. E isso acontecia não porque fossem faltos de entendimento (impressão real que se tem segundo a versão de Marcos); é que esta palavra lhes era encoberta, não percebendo o que se lhes dizia. Essa compreensão lhes seria partilhada após a ressurreição de Jesus. As Escrituras se cumpririam em sua rejeição. Mas seria em sua ressurreição que se encontraria a esperança de um reino de Deus vindouro. [21]

Champlin diz que a revelação do conhecimento é gradual, e isso tem sua finalidade, normalmente relativa ao desenvolvimento espiritual, para que o indivíduo seja “capaz” de receber novo conhecimento e nova iluminação. Com frequência essa capacidade é “adquirida”. Não é dada a ninguém a troco de nada. Além disso, Deus tem um cronograma para as revelações pessoais e universais, que transcendem aos fatores humanos. [22]

Fritz Rienecker é enfático em dizer que essa incapacidade dos discípulos constitui uma prova inequívoca da necessidade incontornável de que sejam iluminados pelo Espírito Santo. [23]

 CONCLUSÃO 

Quero concluir com as palavras de John C. Ryle: “Será que estamos esquecendo que a morte vicária de Cristo seria sempre uma pedra de tropeço e uma ofensa para a natureza humana orgulhosa? Não reconhecemos que até agora, depois que Ele ressuscitou dentre os mortos e ascendeu à glória, a doutrina da cruz ainda é tolice para muitos e que a morte de Cristo como nosso substituto, na cruz, é uma verdade frequentemente negada, rejeitada e desprezada? Antes de nos admirarmos porque esses fracos primeiros discípulos não entenderam as palavras de nosso Senhor a respeito de sua morte, deveríamos olhar ao nosso redor. Ficaremos humilhados ao recordar que milhares de supostos cristãos não entendem nem valorizam a morte de Cristo em nossos dias”. [24]

Pense nisso!

Bibliografia:

1 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 536.

2 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 253.

3 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 405.

4 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 379.

5 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 536.

6 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 253.

7 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 536.

8 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 299.

9 – Barclay, William. O Novo Testamento Comentado, Lucas, p. 201.

10 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 406.

11 – Wiersbe, Warren W. Marcos, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 190.

12 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 655.

13 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 257

14 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 536.

15 – MacArthur, John. Comentário Bíblico MacArthur, Gênesis a Apocalipse, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2019, p. 1279.

16 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 407.

17 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 299.

18 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 537.

19 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 379.

20 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 300.

21 – Evans, Craig A. O Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Lucas, Ed. Vida, São Paulo, SP, 1996, p. 311.

22 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 180.

23 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 379.

24 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 300.