sábado, 2 de dezembro de 2023

A PARÁBOLA DO ADMINISTRADOR INFIEL - Lucas 16.1-13

Por Pr Silas Figueira

Texto base: Lucas 16.1-13

INTRODUÇÃO

A parábola do administrador injusto foi, em todas as épocas, uma das mais difíceis passagens do evangelho para os intérpretes. Os inimigos do cristianismo até mesmo utilizaram-na constantemente como arma de ataque para explicitar a falta de moral com que Jesus instrui seus ouvintes neste momento. [1] Kenneth Bailay disse que a aparente incongruência de uma história que louva um patife, tem sido um aparente embaraço para a igreja, pelo menos desde que Juliano, o Apóstata, usou está parábola para asseverar a inferioridade da fé cristã e de seu fundador. [2] Leon Morris nesta mesma linha de pensamento, diz que esta é notoriamente uma das mais difíceis de todas as parábolas quanto à sua interpretação. O problema que jaz à raiz é o elogio ao administrador, que é claramente desonesto [3].

Concordo com John Charles Ryle quando disse que “esta é uma passagem bastante difícil. [...] A deficiência não está nas Escrituras, e sim em nossa frágil capacidade de entender. Se não aprendermos qualquer outra lição desta passagem, aprendamos pelo menos a humildade”. E conclui seu pensamento dizendo: “o administrador é um exemplo a ser evitado e não um modelo a ser seguido”. [4]

Quais as lições que podemos extrair desse texto?

1 – NENHUM ERRO FICA OCULTO PARA SEMPRE (Lc 16.1-3).

Há uma frase que diz “Você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar todas por todo o tempo”. Chegará uma hora em que o erro será desmascarado. Talvez nem todas as pessoas ficarão sabendo, mas de qualquer forma será desmascarado. Foi isso que ocorreu com o mordomo infiel.

Podemos destacar três lições aqui:

Em primeiro lugar, houve uma denúncia (Lc 16.1). O administrador foi acusado (diabolos em grego). O rico fazendeiro, que confiou a administração de seus negócios a seu mordomo, é informado de que este, no exercício de seu trabalho, estava defraudando os seus bens. [5] Um administrador (mordomo) era um servo de confiança, geralmente alguém nascido na residência, que era o chefe do gerenciamento e da distribuição das provisões dom lar. Essa pessoa provia comida a todos os outros servos, gerenciando, dessa forma, os recursos de seu mestre para o bem-estar dos outros. [6]

Wiersbe lembra que o mais importante para o mordomo é servir ao senhor fielmente (1Co 4.2). Ao ver as riquezas a seu redor, o mordomo deve lembrar que pertencem ao senhor e que não são propriedade particular dele, de modo que devem ser usadas de maneira a agradar e beneficiar o senhor. [7] Temos como exemplo Daniel que foi mordomo na casa de Potifar (Gn 39.1-4).

Certamente foi aplicado nesta denúncia o que está registrado em Deuteronômio 19.15: “Uma só testemunha não é suficiente para condenar uma pessoa de algum crime ou delito. Qualquer acusação necessita ser confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas idôneas”.

Preste atenção: Testemunhas idôneas. Eu faço questão de destacar isto, porque muitas vezes algumas pessoas são caluniadas por pessoas de má índole.   

Em segundo lugar, houve um confronto (Lc 16.2). A natureza do seu cargo tornou fácil para ele desviar montantes para seus próprios propósitos. O senhor evidentemente pensou que a acusação era bem fundamentada, pois informou o mordomo que estava demitido e mandou-o preparar uma prestação final de contas. [8] Willian Hendriksen destaca que o administrador designado por ele não era um escravo, mas um homem livre. Por conseguinte, quando esse homem perde seu trabalho, o castigo que recebe não é o que se daria a um escravo. [9]

O confronto foi feito em cima de provas e não de boatos. Devemos tomar muito cuidado para não sairmos acusando pessoas sem provas e, principalmente, por ouvir falar. Nem sempre o que ouvimos é a verdade.

Em terceiro lugar, este homem enfrentou um dilema (Lc 16.3). Neste ínterim, o administrador teve tempo para excogitar um plano de ação. A perda da administração significava a perda do seu meio de vida. Pensou por momentos em trabalhar na terra, mas abandonou a ideia por causa das suas limitações físicas. Pensou em mendigar, mas ficou com vergonha (cf. Eclesiástico 40.28, “é melhor morrer do que mendigar”). [10]

Ele era, em termos contemporâneos, um trabalhador de colarinho branco, e não era capaz de árduo trabalho manual. Além disso, ele, sem dúvida, viu esse trabalho como abaixo de sua dignidade. A outra alternativa era igualmente inaceitável. Se o trabalho manual era abaixo dele, quanto mais teria sido uma vergonha mendigar? O futuro parecia sombrio, e ele não via saída de seu dilema.

Jesus está relatando a vida do homem natural, do não regenerado. Esse homem tem medo das consequências do seu erro, mas não teve nenhum temor na hora de roubar o seu senhor. Pessoas assim estão em nosso meio. Parecem honestas, até a hora que são desmascaradas. E esse tipo de gente está em todas as esferas da sociedade, desde as grandes corporações, até no meio religioso.

Há uma cena no filme “Corajosos” [11] muito interessante. Fala a respeito de CARÁTER E INTEGRIDADE. Javier Martinez é latino e trabalha em uma empresa, e eles fazem um teste para contratar um novo supervisor. Chegaria 17 engradados, mas o chefe queria que colocasse 16 somente no relatório. Javier Martinez vai para casa e pensa sobre o assunto. A esposa diz que precisa muito do dinheiro e talvez não seja errado. Mas Javier decidi fazer a coisa certa. Ele agradece o emprego, mas diz que não pode fazer o que ele pediu. Seria uma desonra para Deus e sua família. Ele ganhou o cargo pois o chefe buscava alguém que pudesse confiar. Ele recebe o elogio: parabéns pela sua integridade. O outro funcionário diz: “Depois de 6 candidatos eu estava ficando desanimado”.

Essa é a atitude de um verdadeiro cristão e não a atitude do mordomo infiel. Citando mais uma vez John C. Ryle: “o administrador é um exemplo a ser evitado e não um modelo a ser seguido”. [12]

2 – O MORDOMO TOMA UMA DECISÃO OUSADA (Lc 16.4-7).

Lucas mostra vividamente os esforços tanto físicos como mentais do administrador para garantir o seu futuro. [13] O homem decidiu usar as poucas horas que lhe restavam no escritório para ganhar a amizade de alguns devedores do seu patrão, de forma que após a sua demissão tivesse amigos que o acolhessem. [14]

Em primeiro lugar, ele teve um lampejo de como resolver o seu problema (Lc 16.4-7). Depois de ponderar várias possibilidades, o homem encontrou uma saída para garantir sua segurança no futuro. Chamou os devedores e deu a eles um desconto generoso em sua dívida. A parábola apenas menciona dois devedores como símbolo do que ele fez com os demais. Ao primeiro, que devia cem cados de azeite, ou seja, 4 mil litros, ele deu um desconto de 50% e baixou a dívida para 50%. Ao segundo, que devia cem coros de trigo, ou seja, 4 mil litros, deu um desconto de 20% e baixou para 80%. [15]

Mesmo que foi desonesto em diminuir o valor dos débitos daqueles que deviam a seu senhor, com certeza, ao agir dessa maneira, conquistou muitos amigos. Agindo com impiedade, pensou no futuro. Demonstrando ignomínia em suas providências, fez o bem a si mesmo. Não ficou parado, em indolência, vendo-se levado à pobreza, sem lutar contra isso. Maquinou, planejou e com ousadia executou seus planos. O resultado seria que, ao ser mandado embora daquele emprego, teria outro já garantido. [16]

Craig A. Evans destaca que o ex-mordomo, abrindo mão de suas comissões que lhe eram devidas, contempla agora um futuro menos trevoso, mais promissor. Se entendermos a parábola dessa maneira, tornar-se-á muito mais fácil entender a razão por que Jesus viu na ação do mordomo infiel um exemplo a ser imitado por seus discípulos. Esses, à semelhança do mordomo infiel, deveriam reconhecer a vantagem de abrir mão de um pouco agora, para que um dia, no futuro, se possa ganhar muito mais. [17]

William Hendriksen nos chama a atenção para o fato de que os devedores, provavelmente, pensaram que o administrador convencera o proprietário a fazer a redução das contas. A redução da conta - às vezes devido a condições desfavoráveis do clima que afetavam as colheitas - era algo comum. [18]

Craig S. Keener destaca a esperteza desse administrador, dizendo que todas as trocas de valores requeriam somente pequenas marcas nos papéis, feitas pelos próprios clientes (para não incriminar o administrador, não mais autorizado). [19]

Em segundo lugar, também somos mordomos nosso tempo (Ef 5.15-17). Wiersbe destaca que:

A expressão “remir o tempo” é um termo comercial, que significa “adquirir oportunidades”. O tempo é a eternidade, transformada em pequenas porções de minutos preciosos e confiada a nós. Pode ser usada com sabedoria ou com negligência. A principal lição dessa narrativa é que o mordomo, por mais desonesto que tenha sido, usou a oportunidade com sabedoria e se preparou para o futuro. Para ele, a vida deixou de ser “divertimento” e se tornou um “investimento”.

Como cristãos, também somos mordomos das habilidades e dos dons que Deus nos deu (1Pe 4.10), e devemos usá-los para servir aos semelhantes. O ladrão diz: “o que é seu é meu, dê-me cá!” O egoísta diz: “o que é meu, é meu, fico com tudo!”, mas o cristão deve dizer: “o que é meu é uma dádiva de Deus, vou compartilhá-la!”. Somos mordomos e devemos usar nossas habilidades para ganhar os perdidos, encorajar outros cristãos e suprir as necessidades dos aflitos.

Por fim, o povo de Deus é mordomo do evangelho (1Ts 2.4). Deus confiou-nos o tesouro de sua verdade (2Co 4.7), e é preciso guardar esse tesouro (1Tm 6.20) e investi-lo na vida de outros (2Tm 2.2). O inimigo deseja roubar esse tesouro da igreja (Jd 3, 4), que, portanto, precisa manter-se vigilante e ter coragem.

Assim como o mordomo da história, um dia teremos de prestar contas da forma de administrar nossos bens (Rm 14.10-12; 2Co 5.10). Quem tiver sido fiel receberá elogios e recompensas do Senhor (Mt 25.21; 1Co 4.5); mas quem tiver sido infiel será salvo e entrará no céu, mas perderá as bênçãos (1Co 3.13-15). [20]

3 – O SENHOR ELOGIA A ESPERTEZA DO ADMINISTRADOR (Lc 16.8).

O procedimento do administrador não visava permanecer oculto ao patrão. Isso não teria acrescentado nada ao seu intuito. Este fato precisaria vir a público durante o acerto de contas ligado à entrega do cargo, por meio dos documentos de débito alterados. Sob essa premissa é que se noticia na parábola o louvor do patrão. O senhor, que elogia o administrador, certamente não é Jesus, mas o patrão do administrador, mencionado em Lc 16.3,5. Sem as palavras de elogio do rico latifundiário faltaria a característica principal da parábola. [21]

 Com isso em mente, podemos destacar algumas lições aqui.

Em primeiro lugar, o senhor admira a sagacidade do mordomo. E preciso ressaltar que o senhor louvou o administrador (agora despedido), não por ser tão desonesto, mas por ser tão astuto, tão sagaz, tão esperto. Em outros termos, por preparar “seu ninho”, por preocupar-se em ver abastecidas suas necessidades materiais por um longo tempo no futuro, talvez pelo resto de sua vida. [22]

Em segundo lugar, devemos ser mais atentos ao lidar com as pessoas. Jesus mesmo nos alertou quando disse: “Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10.16).

Charles L. Childers diz que o senhor que elogiou o mordomo na história era o dono dos bens na história, é claro, e não Jesus. Embora o homem rico tivesse sido roubado, ele admirou esta demonstração incomum de prudência, de lidar com o dinheiro para fazer amigos. [23] Isso mostra que os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz. Ou seja, se os filhos da luz usassem a mesma destreza para as coisas certas que os filhos do mundo usam para as coisas erradas, o reino de Deus avançaria com muito mais vigor. [24]

4 – O CONSELHO DE JESUS AOS DISCÍPULOS (Lc 16.9).

Jesus não está dizendo que devamos ter a mente mundana ou ser desonestos. Está afirmando o fato óbvio de que nas questões do mundo os mundanos com frequência demonstram mais sagacidade ou astúcia do que os filhos de Deus demonstram nos assuntos que afetam sua salvação eterna. [25]

Com isso em mente, podemos destacar algumas lições.

Em primeiro lugar, devemos usar as oportunidades com sabedoria (Lc 16.9). Um dia desses, a vida terminará, e não será mais possível ganhar nem gastar dinheiro. Assim, enquanto há oportunidade, deve-se investir o dinheiro em “fazer amigos” para o Senhor. Isso quer dizer ganhar para Cristo pessoas que, um dia, nos receberão de braços abertos no céu. Mais cedo ou mais tarde, a vida e os recursos terminarão, de modo que convém usá-los com sabedoria. É triste ver como a riqueza de Deus está sendo desperdiçada por cristãos que vivem como se Jesus jamais tivesse morrido e como se o julgamento jamais fosse chegar. [26]

Craig A. Evans é enfático em dizer que enquanto os seguidores de Jesus estiverem na terra, deverão fazer uso dos recursos deste mundo, para que se mantenham a si mesmos e à obra da igreja. Todavia, quando estes recursos se exaurirem e a obra daquela vida terminar, os seguidores de Cristo podem esperar ser recebidos num lar eterno, não temporário, um lar cujos recursos são infinitos. [27]

Em segundo lugar, Jesus alerta para o bom uso do dinheiro. Jesus conhece o poder maligno no dinheiro, mas os servos de Deus devem usá-lo, para o reino de Deus. Eles o usam com prudência, e é apropriado fazer amigos com o seu uso. [28]

Matthew Henry destaca algo muito interessante quando diz que: 

As coisas deste mundo são as riquezas da injustiça, ou a falsa riqueza, não só por serem frequentemente conseguidas através de fraudes e injustiças, mas porque aqueles que confiam nelas em busca de satisfação e felicidade certamente serão enganados; pois as riquezas são coisas perecíveis, e desapontarão aqueles que depositarem nelas as suas expectativas.

Embora não possamos confiar nestas riquezas de injustiça quando se trata de nossa felicidade, elas podem e devem ser usadas em subserviência à nossa busca daquilo que é a nossa felicidade. Embora não possamos encontrar a verdadeira satisfação nelas, podemos fazer amigos com elas, não por meio de compra ou mérito, mas por recomendação. Dessa forma podemos fazer de Deus e de Cristo nossos amigos através delas, fazer dos anjos e dos santos nossos amigos, e fazer dos pobres nossos amigos. Isto é algo muito desejável: sermos favorecidos na prestação de contas e no estado futuro. [29] 

A herança do passado deve ser usada com sabedoria no presente, a fim de garantir dividendos espirituais no futuro. Todos devemos ter o desejo de chegar ao céu e de encontrar pessoas que creram em Cristo porque investimos na pregação do evangelho ao redor do mundo, começando em casa. [30]

5 – JESUS FAZ UM ALERTA A RESPEITO DA FIDELIDADE (Lc 16.10-13).

Estas palavras de Jesus indicam claramente que ele não aprovava e nem sequer justificava a desonestidade e a infidelidade do mordomo da parábola. [31] A fidelidade não é acidental: surge daquilo que um homem é de fio a pavio. O que o homem faz com as pequenas coisas da vida, faz também nas coisas grandes. Sua fidelidade ou sua desonestidade aparece a cada passo. A vida é uma unidade. [32]

Com isso em mente, podemos aprender algumas lições aqui.

Em primeiro lugar, quem não é fiel no pouco não o será no muito (Lc 16.10). Alguns afirmam que se tivessem mais dinheiro eles dariam mais. Mas a verdade é que as circunstâncias não determinam a nossa fidelidade. Alguns, como a viúva pobre, descrito em Lucas 21.1-4, não tinha praticamente nada para dar, e, no entanto, deu tudo; outros que têm tudo, não dão nada. A questão não é financeira, mas a integridade e o caráter espiritual. Aqueles que são fiéis com o pouco que eles têm, serão fiéis se tiverem muito; aqueles que são injustos, orgulhosos, indulgentes no uso do pouco, serão também se tiverem muito. O fator determinante não é o quanto as pessoas possuem, mas o quão forte é a sua fidelidade para com Deus.

Champlin diz que “o pouco”, no que devemos ser fiéis, é uma alusão ao dinheiro e outras questões afins, mas também tem aplicação espiritual. A fidelidade depende não da quantia que é entregue a alguém, mas do senso de responsabilidade. Aquele que sente isso no pouco, também o sentirá no muito, e vice-versa. [33]

Em segundo lugar, o que está em jogo aqui é o nosso caráter (Lc 16.11,12). O caráter não é determinado por algo externo a si mesmo, como uma recompensa, mas é uma disposição única e consciente, independentemente de recompensa. [34] Leon Morris diz que Jesus contrasta as riquezas de origem injusta, as terrestres, com a verdadeira riqueza, a riqueza celestial que somente Deus pode dar. De acordo com o princípio definido no versículo anterior, o homem que emprega seu dinheiro da maneira errada revela-se indigno de tratar de coisas mais importantes. Não deve ficar surpreendido se Deus as afasta dele. [35]

Concordo com Wierbe quando diz que os infiéis no uso do dinheiro também se mostram infiéis no uso das “verdadeiras riquezas” do reino de Deus. Não é possível ser ortodoxos na teologia e, ao mesmo tempo, heréticos no uso dos recursos financeiros. [36] Quem não consegue ser fiel com o alheio, ou seja, com os bens materiais, que são temporais e não nos pertencem, uma vez que nada trouxemos para este mundo e nada dele levaremos, não pode receber as verdadeiras riquezas, que são espirituais e eternas. [37]

Em terceiro lugar, Jesus mostra que é impossível servir a dois senhores (Lc 16.13). É imediatamente evidente que Jesus aqui está reiterando as palavras que usou no Sermão do Monte (Mt 6.24). E por que não? Um dito tão precioso é digno de repetição. Além disso, a passagem se harmoniza nitidamente com o contexto em ambos os lugares. Simplesmente significa que é psicologicamente impossível que alguém dê sua sincera devoção a dois senhores. O objeto da devoção será ou Deus ou mamom. Não pode ser ambos. [38]

Jesus refere-se aqui a servir como um escravo. Os escravos, ao contrário dos trabalhadores modernos, não tinham a opção de trabalhar em um segundo emprego, para uma segunda entidade patronal. Eles eram propriedade de um senhor que tinha o controle singular e absoluto sobre eles. Esse tipo de serviço exclusivo não poderia ser prestado a dois senhores ao mesmo tempo.

Da mesma forma, uma pessoa não pode ser, ao mesmo tempo, escravo de Deus e das riquezas materiais. Eles não podem ser corregentes no mesmo coração, pois onde as riquezas manter o domínio do coração, Deus perdeu a sua autoridade. Aqueles que amam o dinheiro vai desprezar e se ressente do que Deus exige deles a respeito dele. Mas aqueles que o amam a Deus vai escolher honrá-lo por não fazer da riqueza terrena seu mestre. Em vez de usá-la para satisfazer egoisticamente seus desejos, eles vão procurar gerir o dinheiro que o Senhor confiou a eles, para a salvação das almas para a glória de Deus.

CONCLUSÃO 

David A. Neale destaca que integridade e lealdade a Deus são questões que estão no coração do uso da riqueza na vida dos crentes. A lealdade é primariamente uma questão de relacionamento. Quando a lealdade é dedicada aos bens materiais, o relacionamento fiel a Deus é subvertido. Até comparar o serviço ao dinheiro como serviço a Deus enfatiza o poder ofuscante do materialismo. O seu poder é tão grande que os bens materiais conseguem competir com os afetos da pessoa, e até com respeito à grandeza de Deus, assim como aconteceu com o filho pródigo e com o administrador desonesto. [39] Assim aconteceu com Judas Iscariotes que estava ali ouvindo todos esses ensinamentos do Senhor Jesus.

Isso serve de alerta para todos nós!

Pense nisso!

Bibliografia:

1 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 331.

2 – Bailey, Kenneth. As Parábolas de Lucas, Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1985, p. 199.

3 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 231.

4 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 267.

5 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 474.

6 – MacArthur, John. Comentário John MacArthur, Gênesis a Apocalipse, Ed. Thomas Nelson, Rio de janeiro, RJ, 2019, p. 1273.

7 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo An-dré, SP, 2007, p. 309.

8 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 232.

9 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 315.

10 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 232.

11 – CORAJOSOS. Direção: Alex Kendrick. Produção de Sherwood Pictures. Estados Unidos:  2011.

12 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 267.

13 – Ash, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas, Ed. Vida Cristã, São Paulo, SP, 1980, p. 243.

14 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 457.

15 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 475.

16 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 267.

17 – Evans, Craig A. O Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Lucas, Ed. Vida, São Paulo, SP, 1996, p. 272.

18 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 317.

19 – Keener, Craig S. Coemntário Histórico-Cultural da Bíblia, Novo testamento, Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 2017, p. 262

20 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 310.

21 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 336.

22 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 318.

23 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 457.

24 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 476.

25 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 318.

26 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 310.

27 – Evans, Craig A. O Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Lucas, Ed. Vida, São Paulo, SP, 1996, p. 273.

28 – Robertson, A. T. Comentário de Lucas, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2013, p. 290.

29 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 662.

30 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 311.

31 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 321.

32 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 235.

33 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 160.

34 – Edwards, James A. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 581.

35 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 235.

36 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo An-dré, SP, 2007, p. 311.

37 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 478.

38 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 322.

39 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 182. 

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

O IRMÃO MAIS VELHO, PERDIDO DENTRO DE CASA - Lucas 15.25-32

Por Silas Figueira

Texto base: Lucas 15.25-32

INTRODUÇÃO

Nestes versículos começa a segunda porção da parábola do filho pródigo. Na realidade fala da história de outro filho pródigo – aquele que permaneceu em casa, e não o que fez, a longa jornada para o país distante. [1] O filho mais velho não gastou sua herança dissolutamente. Não vivia em orgias e farras. Nunca havia envergonhado o pai. Sempre estivera na casa paterna, trabalhando para o pai, mas também estava perdido. Há pessoas perdidas dentro da igreja que nunca foram para uma boate, nunca se drogaram, nunca se prostituíram, mas estão perdidas na casa do pai. [2]

John MacArthur diz que:

“Existem duas variações básicas de pecadores. Alguns são diretos e intrépidos em sua maldade; eles não ligam muito para quem vê o que eles fazem. Invariavelmente, o pecado deles é o orgulho – o tipo de pecado que se vê em um amor desnecessário por si mesmo e a incontrolável luxúria por prazeres próprios. Do outro lado, estão os pecadores secretos, que preferem pecar quando ninguém mais está vendo. Eles tentam mascarar seus pecados de várias formas, sempre com a pretensão da religião. O orgulho também é um pecado, mas é um tipo de orgulho que se manifesta na hipocrisia”. [3]

James R. Edwards também destaca que o filho mais moço estava totalmente separado, mas o mais velho só estava separado de forma velada. Por todas as aparências, o campo é um lugar apropriado para ele estar: ele está fazendo o que se espera que se faça, e a uma distância apropriada do pai. A separação do irmão mais moço obviamente não era segura, mas a do irmão mais velho aparentemente o é. As aparências, contudo, enganam, pois, dos dois irmãos, o mais velho está separado de forma mais perigosa. [4]

Vejamos o que esse texto tem as nos ensinar.

1 – O FILHO MAIS VELHO NÃO SE CONFORMA COM A FESTA FEITA PARA O IRMÃO (Lc 15.15.24-28).

Ao descobrir a causa da celebração, o irmão mais velho fica indignado e recusa-se a tomar parte nela. Sente-se ludibriado, visto que nenhuma festa foi celebrada em sua homenagem, a ele que sempre foi fiel. [5]

Com isso em mente, podemos destacar algumas lições:

Em primeiro lugar, ele não se alegra com a volta do irmão. Graças a Deus o irmão mais novo não encontra o irmão mais velho primeiro. Imagino que o irmão mais velho não deixaria o seu irmão entrar na aldeia sem antes demonstrar total arrependimento. Depois, se o deixasse entrar, não seria em casa. Se o irmão mais novo tivesse sorte, iria morar com os trabalhadores de seu pai. Provavelmente seria ofendido e humilhado por seus erros, e não reconciliado por seu arrependimento.

Em segundo lugar, ele não escondeu a sua indignação por tudo que estava acontecendo (Lc 15.28). O irmão mais velho não faz questão nenhuma em disfarçar a sua ira por tudo que estava acontecendo. Ele se indignou. Esta explosão foi o resultado de longo ressentimento com relação ao irmão voluntarioso, e suspeitas da parcialidade do pai, a favor do filho errante. [6] 

Jesus ensinou que os dois principais mandamentos da Lei são amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo. Esse filho quebrou esses dois mandamentos: ele nem amou a Deus, representado pelo Pai, nem amou ao seu irmão. Ele não perdoou o Pai por ter recebido o filho pródigo, nem perdoou o irmão pelos seus erros. Há pessoas que estão na igreja, mas não têm amor por Deus nem pelos perdidos. Estão na igreja, mas não amam os irmãos. [7] Leon Morris destaca que não se pode deixar de ver a semelhança com os fariseus. Podemos facilmente imaginar o irmão mais velho dizendo acerca do pai: “Este recebe pecadores e come com eles” (Lc 15.2). [8]

2 – O IRMÃO MAIS VELHO JUSTIFICA SUA IRA (Lc 15.29,30).

Ele era veloz para ver o pecado do irmão, mas não enxergava os próprios pecados. Era cáustico para condenar o irmão, enquanto via a si mesmo como o padrão da obediência. Os fariseus definiam pecado em termos de ações exteriores, e não de atitudes íntimas. Eles eram orgulhosos de si mesmos. [9]

Com isso em mente, vamos analisar as suas justificativas.

Em primeiro lugar, sua ira não era dirigida totalmente ao irmão mais novo, mas também ao pai. Ele não se conformava em saber que o irmão mais novo fora recebido com festa depois de tudo que fez. E cá entre nós, há muito do irmão mais velho em nossas veias. Há ou não há?

Em segundo lugar, ele não servia ao pai como filho, mas como em escravo. Leon Morris diz que o verbo douleuo, “servir como escravo”, o desmascara. O filho mais velho nunca realmente entendera o que significa ser um filho. E talvez por isso nunca entendeu o que significa ser um pai. Não podia entender por que seu pai ficou tão cheio de alegria com a volta do pródigo. [10]

Se servirmos a Deus dentro da visão do irmão mais velho, seremos os mais miseráveis dos servos. Quem não se vê como filho nunca entenderá a graça de Deus. Somos salvos pela graça e não pelas obras (Ef 2.8-10). Uma pessoa que serve a Deus assim como o irmão mais velho, não entendeu o que é servir a Deus. Tal pessoa está servindo a si mesmo e não a Deus.

É igual a história de uma mulher que estava conversando com uma de suas amigas. E essa amiga era cristã e servia a Deus em outra igreja. E ela começou a dizer como era maravilhoso servir a Deus, como Jesus a amava e que a graça do Senhor a inundava de alegria pela sua salvação. A amiga sem pestanejar disse para ela: “Esse Jesus eu quero conhecer. O que eu sirvo na minha igreja é totalmente diferente do seu!”.

O problema nunca está em Deus, mas na maneira como Ele nos é apresentado e como o servimos.

Em terceiro lugar, na visão do filho mais velho, o pai estava agindo de forma injusta. O pai divide seus bens com o filho mais novo (haveres; vida – bios em grego – vv. 12, 30) e abate o “novilho gordo”, o melhor do rebanho para ele. Mas o pai, para seu filho mais velho que trabalha há muito tempo e é moderado e obediente, não separa “nem um cabrito para ele festejar com seus amigos”. É importante observar que a cobiçada celebração do filho mais velho não inclui o pai. [11] E muito menos o irmão mais novo. A festa que ele quer realizar não inclui a família, mas somente ele e os amigos.

Essa atitude nos lembra Asafe no Salmo 73.13 quando disse: “Na verdade que em vão tenho purificado o meu coração; e lavei as minhas mãos na inocência”.

Em quarto lugar, o irmão mais velho joga na face do pai os pecados do irmão. Dizem que a melhor arma de defesa é o ataque. No entanto, o ataque do filho mais velho ao irmão e ao pai é desproporcional e maldosa. Pela expressão do irmão mais velho, vemos que ele sabia onde o irmão estava e o que estava fazendo. Ele acompanhava de perto os erros do irmão.

Existem muitas pessoas que tem prazer no pecado dos outros, pois assim, se sentem mais santas, mas justas e merecedoras das bênçãos de Deus. Tais pessoas ainda não entenderam a graça de Deus. Champlin destaca que para o irmão mais velho, o arrependimento jamais poderia encobrir a má reputação quanto ao passado. [12]

Em quinto lugar, ao desprezar a graça do pai, ele estava se condenando. Quer estivesse disposto a admitir isso ou não, o irmão mais velho precisava do perdão e da misericórdia do pai tanto quanto o Pródigo. Em vez de se ressentir da bondade do pai com seu irmão, esse filho deveria ter sido o mais ávido participante da comemoração porque ele também estava precisando desesperadamente desse tipo de misericórdia. Se ele simplesmente tivesse uma compreensão honesta da maldade do próprio coração, teria se agarrado à misericórdia do pai como a maior razão de todas para se regozijar. [13]

Ele odiava o irmão e demonstrava esse mesmo ódio para com o pai. Este homem era uma pessoa amarga e não fazia nenhuma questão em esconder o seu descontentamento. Ele se via melhor que seu irmão e o único digno de ser amado. Essa armadilha é perigosa, e muitos têm caído nela. Ela faz nos ver merecedores e não alvos da misericórdia de Deus.

Ele estava escorado orgulhosamente em sua religiosidade, arrotando uma santarronice discriminatória. Só ele presta; o pai e o irmão estão debaixo de suas acusações mais veementes. Sua mágoa começa a vazar. Para ele, quem erra não tem chance de se recuperar. No seu vocabulário, não existe a palavra perdão. Na sua religião, não existe a oportunidade de restauração. [14]

3 – A ATITUDE DO PAI (Lc 15.31,32).

A resposta do pai trazida na sequência representa uma obra prima do amor paterno. Sem o menor tom de irritação, sem o mais leve traço de repreensão o pai se justifica com tranquilidade e mansidão contra a acusação de injustiça em relação ao filho mais velho. O pai dirige-se ao filho mais velho como “filho”. Essa interpelação é uma delicada e amorosa correção em relação ao termo “pai”, que o filho mais velho deixou de utilizar em suas duras e injustificadas acusações de mágoa e ira. [15]

A atitude do pai é reveladora para o filho mais velho.

Em primeiro lugar, o pai lembra da comunhão entre eles. “Filho, tu sempre estás comigo”. Aquilo pelo que deveria estar mais agradecido, e que ignorava ou negligenciava, era: Sempre estás comigo. O amor, a honra, o respeito, e o companheirismo de seu pai, deveriam estar guardados com ele acima de qualquer coisa. [16]

Se nossa comunhão com Deus está rompida, não conseguimos ter comunhão com nossos irmãos e irmãs. Da mesma forma, se abrigamos em nosso coração algum rancor contra outros, também não somos capazes de ter comunhão com Deus (ver Mt 5.2126; 1Jo 4.18-21). Devemos perdoar os que pecam quando demonstram arrependimento e, com graça e humildade, procurar restaurá-los (Mt 18.15-35; Gl 6.1-5; Ef 4.32). [17]

Em segundo lugar, o pai quer restaurar a família. “...este teu irmão...”. O filho mais velho dirige-se ao pai chamando seu irmão de “este teu filho” (v. 30). No entanto o pai lembra ao filho mais velho que quem havia retornado era o “teu irmão”. Na restauração da família, o amor do pai cria uma nova família. O pai recupera o filho e, daí, o filho mais velho recupera – ou ganha pela primeira vez – um irmão. [18]

Em terceiro lugar, o pai lembra ao filho mais velho o motivo de tanta alegria (Lc 15.32). “Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se”.

MacArthur destaca que no que concernia ao pai, a comemoração era perfeitamente cabida e natural. Seu filho perdido tinha retornado uma pessoa diferente. Era como receber alguém de volta dos mortos. Eles tinham que celebrar isso. Não havia alternativa: “... nós tínhamos que celebrar...”. Teria sido errado não celebrar. A implicação implícita deveria ter tocado o coração do filho mais velho: “Nós celebraremos por você também, se vier”. [19]

Em terceiro lugar, a pai é a figura central desta parábola. O amor do pai irradia do centro da história, iluminando todos ao seu redor – o ressentido filho mais velho e o humilhado filho mais novo. [20] O tema central é, portanto, “o amor anelante do pai pelos perdidos”. O Pai os busca, os traz de volta e se alegra em sua conversão operada pelo Espírito. Esse é o ponto central das três parábolas. [21]

CONCLUSÃO

A aplicação desta parábola é clara. Os publicanos e pecadores são representados pelos pródigos. Embora seus pecados sejam muitos e graves, eles encontrarão o perdão quando retornarem ao Pai Celestial com um verdadeiro arrependimento. Por outro lado, os escribas e fariseus representados pelo irmão mais velho não são apenas desprovidos de amor pelos pecadores, mas tentam evitar que Deus opere na vida de outras pessoas. Não fazem nada para restaurar o perdido, e usam a influência que possuem para se oporem a qualquer um que procurar fazê-lo. Esta foi uma das maiores razões da oposição que fizeram a Jesus. [22]

Wiersbe destaca que neste capítulo, todos se alegraram, exceto o irmão mais velho. O pastor, a mulher e seus amigos alegraram-se ao encontrar algo. O filho mais novo alegrou-se ao voltar e ser recebido por um pai amoroso e bondoso. O pai alegrou-se ao receber o filho de volta em segurança. Mas o irmão mais velho não quis perdoar o irmão, de modo que não sentiu alegria alguma. Poderia ter se arrependido e participado da festa, mas se recusou e, assim, ficou do lado de fora, sofrendo. [23]

Pense nisso!

Bibliografia:

1 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 156.

2 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 466.

3 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 163.

4 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 565.

5 – Evans, Craig A. O Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Lucas, Ed. Vida, São Paulo, SP, 1996, p. 265.

6 – Robertson, A. T. Comentário de Lucas, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2013, p. 282.

7 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 466.

8 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 229.

9 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 466.

10 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 229.

11 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 566.

12 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 157.

13 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 186.

14 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 467.

15 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 328.

16 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 456.

17 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo An-dré, SP, 2007, p. 308.

18 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 569.

19 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 196.

20 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 176.

21 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 304.

22 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 456.

23 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 304. 

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO - PERDIDO NO MUNDO Lucas 10.11-24

Por Silas Figueira

Texto base:Lucas 10.11-24 

INRTRODUÇÃO 

A parábola do filho pródigo, como esta narrativa é normalmente chamada, é uma das histórias mais amadas em todo o mundo. E maior e mais complexa do que as duas parábolas anteriores, e tem uma aplicação mais ampla. Mas o ponto principal da história é o mesmo das que a precedem. A parábola completa inclui os versículos 11-32, mas ela é tratada aqui em duas partes; a primeira cuida do filho pródigo (o mais novo), e a segunda do filho mais velho. A parábola é encontrada apenas em Lucas. [1]

Muitos consideram esta história esplêndida como a melhor de todas as parábolas, diz Leon Morris. Certamente está entre a mais querida de todas elas. O coração humano corresponde à mensagem do amor perdoador que Deus tem para os pecadores, conforme é tão claramente exposto aqui. Jesus não está tratando aqui com a totalidade da mensagem do evangelho, mas, sim, do único grande fato do amor perdoador de Deus. [2] Esta última parábola trata de três personagens: o filho mais novo, o filho mais velho e o Pai amoroso. [3]

John MacArthur destaca que: 

De fato, o contexto de Lucas 15, com seu tema de alegria celestial pelo arrependimento terreno, revela o sentido de todas as maiores características da parábola. O filho pródigo representa um típico pecador que se arrepende. A paciência, o amor, a generosidade e a alegria do pai pelo retorno do filho são emblemas claros e perfeitos da graça divina. A mudança na atitude do filho pródigo é um retrato de como deve ser o arrependimento verdadeiro. E a indiferença fria do irmão mais velho — o verdadeiro foco da história, no fim das contas — é uma representação vívida da mesma hipocrisia maligna que Jesus estava confrontando, encontrada no coração dos escribas hostis e dos fariseus a quem ele primeiro contou a parábola (Lucas 15.2). Eles se ressentiam amargamente dos pecadores e cobradores de impostos que se aproximaram de Jesus (v. 1), e tentaram encobrir sua indignação mundana com pretextos religiosos. Mas suas atitudes traíram sua falta de fé e seu egoísmo. A parábola de Jesus arrancou a máscara de sua hipocrisia. [4]

Fritz Rienecker também destaca que na narrativa sobre o filho perdido Jesus passa da defesa para o ataque. Confronta seus críticos, na pessoa do filho mais velho na parábola, com a abjeta réplica destes. Por isso essa terceira parábola constitui um complemento final para as duas primeiras parábolas. [5]

Esta história mostra a natureza do arrependimento. O mais moço pode representar os judeus pecadores (vs. 1,7,10) e o mais velho, os que criticavam Jesus. O pai provavelmente não representa Deus (note que ele é distinguido do “céu” nos vs. 18,21), mas demonstra semelhança com Deus. [6]

Olhemos com detalhes para esta parábola do filho pródigo.

1 – A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO (Lc 15.11-24).

Chamamos essa história de “Parábola do Filho Pródigo” (pródigo quer dizer “esbanjador”), mas poderia ser chamada também de “A Parábola do Pai Amoroso”, pois sua maior ênfase não é sobre a pecaminosidade do filho, e sim sobre a benevolência do pai. Ao contrário do pastor e da mulher nas parábolas anteriores, o pai não saiu à procura do filho, mas foi a lembrança da bondade do pai que levou o rapaz ao arrependimento e ao perdão (ver Rm 2.4). [7]

Antes de analisarmos com detalhes a parábola do filho pródigo, vejamos alguns pontos a nível de introdução.

Em primeiro lugar, o Senhor Jesus Cristo era um mestre contador de histórias. Suas histórias eram analogias inigualáveis esclarecendo verdades espirituais. Tinham um profundo significado espiritual relativo ao reino de Deus e da salvação, que eram, em si mesmos, histórias extraídas da experiência da vida cotidiana dos seus ouvintes. Fritz Rienecker destaca que a parábola do filho perdido foi delineada de forma muito especial, magistral. – Contudo a tônica dessa terceira parábola não recai sobre o filho perdido, nem sobre sua perda, nem em seu retorno para casa, mas sobre o pai. [8]

Em segundo lugar, esta parábola retrata a inclinação natural do coração do homem. Nosso Senhor nos mostrou um “filho mais moço” que se apressou em seguir seu próprio caminho, partiu para uma terra distante, longe da casa de um pai bondoso, e “lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente”. Temos aqui um retrato fiel da mentalidade com a qual todos nascemos. Somos semelhantes a esse rapaz. Por natureza, somos orgulhosos e voluntariosos. Não temos prazer na comunhão com Deus. Apartamo-nos dEle, indo para bem distante de sua pessoa. Desperdiçamos nosso tempo, energias, capacidades, afeições em coisas inúteis. [9]

Em terceiro lugar, esta parábola retrata a alegria de Deus sobre a salvação dos perdidos. Enquanto as duas primeiras parábolas enfatizam a busca de Deus pelos pecadores, esta terceira parábola centra-se mais no aspecto humano da salvação do homem, sua rebelião, o arrependimento, e a volta para Deus.

2 – OS PASSOS DO FILHO MAIS JOVEM – DA REBELIÃO AO ARREPENDIMENTO (Lc 15.11-24).

A primeira parte da parábola, a descrição do filho mais novo, contém cinco blocos que correspondem aos estágios de desenvolvimento na vida de um pecador que se converte: a partida (v. 11,12); a miséria em terra distante (v. 13-16); a contrição pelo pecado (v. 17-19); o retorno ao pai (v. 20s); a aceitação do filho (v. 22-24). Em outras palavras: pecado, castigo, arrependimento, conversão e justificação. [10]

Em primeiro lugar, a partida (Lc 15.11-13). O filho vivia na casa do Pai, tinha comunhão e conforto. Nada lhe faltava: ele tinha abrigo, pão, roupa, calçado e anel no dedo. Tudo o que pai possuía também lhe pertencia. Ele vivia cercado de bênçãos. Porém, um dia aquele jovem cavou um poço de insatisfação dentro do seu próprio coração e começou a sentir-se infeliz dentro da casa do Pai. Esticou o pescoço, olhou pela janela da cobiça e viu, além do muro, um mundo colorido, atraente, cheio de emoções. Desejou ardentemente conhecer o outro lado. Então, pediu ao pai a sua herança e partiu para grandes e intensas aventuras. [11]

a) Ele fica enfadado - Hendriksen diz que o mais jovem dos filhos enfadou-se de ficar em casa. Como tem sido o caso com alguns jovens desde então (e a situação é ainda mais deplorável hoje), esse jovem queria se ver livre das peias paternas. Estava convicto de que, ao ficar sozinho, longe dos olhos de seus pais (embora nessa parábola não se mencione a mãe), poderia fazer o que bem quisesse, e essa “liberdade” o faria feliz. [12] A. T. Robertson também destaca que o pai não tinha que abdicar em favor dos filhos, mas “esta parábola muito humana retrata a impaciência com as limitações do lar, e a ambição otimista da juventude”. [13]

b) Ele não mede as consequências de suas ações – Não era totalmente incomum na história judaica o pai dar a herança ao filho mais novo antes da sua morte. Abraão deu a herança de Isaque e seus outros filhos, antes da sua própria morte (Gn 25.5-6). Porém era totalmente irregular que o filho a pedisse. [14]

Diante de tal desejo, este jovem burla todos os costumes da época. O costume era que que a propriedade fosse disposta por um testamento executado após a morte do pai, não por meio de pedido enquanto ele ainda estava vivo (Nm 27.8-11). Era considerado insensato, embora não exatamente ilegal, dispor da propriedade durante a vida do dono. O pedido do filho mais moço envergonha tanto o pai quanto a família. É um certificado de declaração pública que ele não quer mais viver com a família nem ser identificado com ela. O filho ao pedir o que devia ser disponibilizado apenas após a morte do pai, está, com efeito, escrevendo o certificado de morte de seu pai. Na sociedade judaica da Antiguidade, essa era uma ofensa praticamente imperdoável. [15]

Como bem relatou John MacArthur:

Esse talvez tenha sido o aspecto mais perturbador do comportamento do Filho Pródigo. Um filho naquela cultura pedir a herança antecipada era o mesmo que dizer: “Pai, queria que você estivesse morto, você está atrapalhando meus planos. Você é uma barreira. Eu quero a minha liberdade. Eu quero minha realização pessoal. E quero deixar esta família agora. Tenho outros planos que não envolvem você, esta família, esta propriedade e nem mesmo esta cidade. Eu não quero me relacionar com nenhum de vocês. Dê-me a minha herança agora porque vou embora daqui”. [16]

A insatisfação levou esse jovem a rebelião contra o pai, a família e a cultura da época. Assim é o pecado no coração do homem. Ele cega a tal ponto que a pessoa não pensa nas consequências na vida das outras pessoas. Ele age egoisticamente. Ele só pensa nele e no seu “bem-estar”. Este jovem queria partir para uma terra que não trouxesse nenhuma lembrança de sua família, dos costumes de sua terra e que fosse longe dos olhos do pai.

c) O filho busca mais os seus prazeres do que o pai. Está mais interessado em curtir a vida do que em agradar ao pai. Prefere o pai morto a adiar seu desejo de experimentar os prazeres do mundo. Ele mata seu pai no coração e sai de casa levando todos os seus haveres. Para onde esse filho vai? Para uma terra distante! Essa terra distante pode ser o seu coração, o seu computador, o seu bairro, a sua cidade, a sua televisão, o mundo onde você tenta se esconder de Deus para curtir os prazeres do pecado. A terra distante é todo lugar onde você pensa que a felicidade estará disponível para você à parte de Deus. A terra distante no início é cheia de encantos. Há amigos e festas. Há alegrias e celebrações. Há encontros e reencontros. Mas, no fim, sobra um gosto amargo na boca, um vazio na alma e uma terrível solidão assolando seu peito. [17]

No versículo 13 lemos que ele “desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente”. Era nessa direção que a rebelião do Pródigo o estava levando desde o começo. A palavra grega para “desperdiçar” é diasko pizô. É uma palavra que evoca a ideia de separação do grão, quando a pessoa joga o grão para o alto e deixa o vento soprar os resíduos. Significa, literalmente, “espalhar”. Ele simplesmente jogou tudo fora – “vivendo irresponsavelmente”. Ele desperdiçou uma fortuna rapidamente, gastando sua herança na busca do mal. [18]  

d) O pai não diz nada ao filho – No começo da parábola o pai é o grande calado. Da mesma maneira também Deus permite silenciosamente que o ser humano faça o que quer. Poderia protegê-lo do pecado pelo poder da graça. Mas Deus concede ao ser humano a liberdade. Isso é surpreendente e difícil de compreender. Mas visto que de acordo com a vontade de Deus o ser humano foi criado em liberdade e para a liberdade, Deus permite ao ser humano que tome uma decisão realmente livre. Deus permite ao ser humano que siga a estrada que ele mesmo escolhe, deixando-o decidir e proceder de acordo com seus próprios desejos. Curioso é apenas que as pessoas, enquanto estão bem, não pensam em Deus. Quando, porém, passam a sentir problemas, culpam a Deus. O filho mais novo na parábola, porém, não age dessa maneira. É essa a sua salvação. [19]

Em segundo lugar, a miséria em terra distante (Lc 15.14-16). Leon Morris destaca que duas desgraças o feriram simultaneamente – esgotaram-se seus recursos, e sobreveio àquele país uma grande fome. [20] O resultado dessa vida dissoluta o Senhor nos mostrou depois que o filho mais moço desperdiçou todos os seus bens. Ele foi reduzido à condição de necessitado e obrigado a assumir o trabalho de “guardar porcos” e sentindo-se tão faminto, que estava disposto a “fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada”. [21]

a) O pecado cega a pessoa e leva à ruína. O pecado nunca dá o que promete, e os prazeres da vida que os pecadores pensam que estão buscando sempre acabam por se tornar exatamente o contrário: uma dura estrada que inevitavelmente leva à ruína e ao ponto final definitivo. “Pois o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). “Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão” (Rm 8.13). “O pecado, após ter se consumado, gera a morte” (Tg 1.15). O Pródigo estava prestes a descobrir essas verdades de uma forma bem dolorosa e vívida. [22]

b) O arrogante foi abatido. A fome bateu à sua porta. Ele perdeu tudo. Os amigos fugiram. Os prazeres tornaram-se um dilúvio de sofrimento. O jovem começou a passar necessidades. Foi parar num chiqueiro lodacento, coberto de trapos, com o estômago fuzilado por uma fome estonteante. O diabo é um enganador, o pecado é uma fraude, e o mundo é ilusório. O colorido do mundo não passa de uma ilusão ótica. Ele é cinzento como um deserto sem vida. O pecado não compensa. O seu salário é a morte. [23]

Hendriksen lembra: Um judeu alimentando porcos, animais imundos (Lv 11.7), quão degradante era! Quão humilhante era! Não era algo comum entre os judeus este dito: “Que a maldição caia sobre o homem que cuida de porcos”? [24] O Rabino Mendy Kaminker diz que provavelmente não existe nenhum animal tão repugnante para as sensibilidades judaicas quanto o porco. Não é só porque não pode ser comido: há muitos outros animais que também não são casher, mas nenhum deles causa tanto nojo quanto o porco. Coloquialmente, o porco é o símbolo máximo de ódio; quando você diz que alguém “agiu como um chazir [porco]”, isso sugere que ele ou ela fez algo anormal e abominável. [25]

Jesus nesta parábola coloca este jovem no mais baixo nível moral que um judeu poderia chegar. Lembrando que este jovem simbolizava os pecadores e os publicanos que foram procurar Jesus.

Uma fome severa é um dos piores desastres que podem acontecer a uma nação. Aqui está a pequena descrição do autor William Manchester dos casos de fome na Europa durante a era medieval:

Os anos de fome foram terríveis. Os camponeses podiam ser obrigados a vender tudo o que possuíam [...] Nos piores momentos, eles devoravam cascas de árvores, raízes, grama; até mesmo barro branco. O canibalismo não era desconhecido. Estrangeiros e viajantes eram emboscados e mortos para serem comidos, e há histórias de forcas sendo derrubadas – até vinte corpos ficavam pendurados por um único patíbulo – por homens frenéticos para comer a carne crua fresca. [26]

c) O mundo degrada. O pecado degrada. Hoje é apenas uma olhadela cheia de sensualidade. Amanhã é uma vida rendida à impureza. Hoje é apenas um cigarro, um trago, uma dose, uma cheirada. Amanhã é uma escravidão cruel. Hoje é apenas uma festa, um show, uma madrugada. Amanhã é uma alma vazia, um coração seco, uma vida totalmente longe de Deus. [27]

Em terceiro lugar, a contrição pelo pecado (Lc 15.17-19). Nosso Senhor nos conta que o filho mais moço, “caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti”.

a) E, caindo em si – como se estivesse se levantando de um pesadelo. Ele esteva moral e espiritualmente cego, não era capaz de enxergar as coisas como elas realmente eram; seu senso de valores estava desequilibrado. Agora ele via muitas coisas mais claramente e a partir de uma perspectiva certa. Mas principalmente via a si mesmo como ele realmente era. Viu que não estava apenas destituído, mas que aquele pecado - o seu próprio pecado - era a causa. [28]

b) Nem todos os pecadores caem em si. A persistência de alguns pecadores é impossível de se explicar de maneira racional. Algumas pessoas são tão obstinadas a fazer as coisas do seu jeito que, mesmo quando estão sofrendo as consequências desagradáveis de suas transgressões, não abandonam a busca. Elas podem adoecer e morrer (literalmente) com as repercussões de seus pecados e, ainda assim, não os abandonarem. O pecado é uma escravidão que elas não conseguem vencer. [29]

c) A história de Jesus permite-nos entrar nos pensamentos particulares do jovem e ouvir seu raciocínio de arrependimento. A separação do lar e dos bens também o tinha separado de seu bom senso. Essa separação é revertida por sua autopercepção. Assim começa o processo do seu retorno, ambos espiritualmente e fisicamente. [30] James R. Edwards diz que a primeira consequência de “cair em si” é a clareza de pensamento e a autoavaliação honesta que, na presente condição dele, é totalmente de “pereço” de fome (v. 17; ARC). A palavra grega por trás de “pereço” (apollyein), ocorre oito vezes em Lucas 15 com referência ao “perdido”. É uma admissão essencial, pois o perdido pode ser encontrado. [31]

d) Esse jovem se lembra da casa do pai e reconhece seu estado de degradação. Ele se arrepende e admite seu fracasso. Ele põe um ponto final na escalada da sua queda e toma a decisão de voltar para a casa do pai. Em seu arrependimento, não existe exigência, e sim penitência. Ele não se apresenta requerendo nada, mas suplicando misericórdia. Não pensa mais em direitos, mas apenas em servir. [32]

MacArthur diz que o egoísmo e o pecado que o tornaram tão cego tinham desaparecido. Ele finalmente via as coisas de forma clara. Logo depois de todo o desastre que seu pecado trouxe para ele, tudo o que ele rejeitou e deixou para trás começou a ficar atraente. Ele sabia que tinha renegado permanentemente seu status como filho, mas mesmo ser empregado de seu pai certamente seria melhor do que viver cuidando de porcos. Além disso, qualquer desgraça que ele viesse a enfrentar voltando para casa não era nada se comparada à vergonha de viver com porcos. [33]

“...não sou digno...” Champin diz que o jovem abominou a si mesmo, e então percebe o quão cego fora antes, vendo sua própria justiça como trapos imundos, reduzido a uma miséria humana, por causa dos maliciosos resultados do pecado, que havia degradado o seu corpo e a sua mente. Não obstante, continuava chamando de pai ao seu pai, a relação filial ainda persistia, embora não fizesse qualquer reivindicação nesse particular. Antes fora, ‘qualquer lugar, menos o lar’. [34]

Em quarto lugar, o retorno ao pai (Lc 15.20,21). Os homens precisam estar cientes de que não devem limitar-se apenas a pensar. Nutrir bons pensamentos sempre é bom para a alma, mas não resultam no cristianismo que salva. Se o filho pródigo não tivesse ido além de pensar, teria permanecido longe de casa até ao dia de sua morte. [35]

a) Esse jovem fez o que resolvera fazer. Saiu e seguiu seu caminho. Teria sido uma longa jornada, pois ele fora para um país distante (v. 13). Além disso, em sua debilitada condição a viagem de regresso teria sido difícil. Ele, porém, perseverou. [36] Há muitas pessoas que apenas decidem, mas não agem. Desejam, mas não se levantam. Você não é o que você sente, mas o que você faz. Agora é tempo de se levantar. E tempo de sair da sua terra distante e correr para os braços do Pai. Muitas pessoas fracassam porque pensam: Um dia vou mudar minha vida. Um dia vou sair desse buraco. Um dia eu vou deixar o vício. Levante-se! Aja! [37]

b) A reação do pai ao ver o filho é algo surpreendente. Sua vigilância indica a ansiedade pela qual passou. Quando o filho apareceu sua fé foi recompensada. Ele não sabia com que disposição o filho vinha – apenas que voltara – e correu ao encontro dele. Sua acolhida foi tão exuberante que o rapaz não teve sequer oportunidade de pedir a posição de servo. O contraste entre o que o filho esperava e o que recebeu é surpreendente. A atitude do pai ilustra perfeitamente o amor de Deus pelos que se arrependem. [38]

Leon Morris destaca que Jesus não diz que o Pródigo iria voltar para sua própria aldeia ou até mesmo para seu lar, mas sim, para seu pai. Fica claro que o velho tinha esperança em tal volta, e que ficava vigiando. Jesus enfatiza as boas-vindas que o pai deu para seu filho indigno. Viu-o enquanto estava ainda longe, compadeceu-se dele, e, correndo (coisa notável num oriental de idade), o abraçou (“lançou-se-lhe ao pescoço”) e o beijou. Este último verbo, katephilesen, pode significar “beijou-o muitas vezes” ou “beijou-o ternamente”. [39]   

c) A reação do pai foi uma ofensa para os fariseus. A reação do pai não só ofendeu aos fariseus, mas também a cultura da época. Conforme o Filho Pródigo se aproximava da casa de seu pai, a realidade e a urgência de sua situação devem ter sido seu principal pensamento. Sua vida agora dependia completamente da misericórdia do pai. Sem os recursos da família, ele não teria nenhuma esperança. Todos no vilarejo agora certamente o desprezariam; as pessoas tinham de fazer isso para proteger a própria honra. Por isso, o Pródigo estava indefeso no equilíbrio entre a vida e a morte, e se o pai virasse as costas, ele estaria condenado. Naquela cultura, ninguém ao menos pensaria em acolhê-lo se o próprio pai o declarasse um pária. Tudo girava em torno da reação do pai do Pródigo. [40]

O filho pródigo corria o risco de ser apedrejado pelos anciãos da aldeia (conf. Dt 21.18-21), se o pai não o perdoasse. Mas o filho arriscou tudo, pois ele conhecia o coração do pai. Ainda que não fosse mais tratado como filho, mas como um simples empregado do pai, mesmo assim seria gratificante ser um funcionário do pai, pois, até estes, eram muito bem tratados.

Em quinto lugar, a aceitação do filho (Lc 15.22-24). A ilimitada misericórdia de nosso Senhor deve ser gravada profundamente em nossa memória e arraigada em nosso coração. Jamais esqueçamos: Ele “recebe pecadores”. Ao Senhor Jesus e à sua misericórdia, os pecadores devem recorrer, quando manifestam seus primeiros desejos de salvação. É em Jesus e em sua misericórdia que os crentes têm de viver, quando foram ensinados a arrepender-se e creram. O apóstolo Paulo disse: “Esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20). [41]

a) O perdão do pai é maior que o pecado do filho. Kenneth Bailey diz que o pai sabe como a aldeia tratará o rapaz por ocasião de sua chegada. O pródigo será escarnecido por uma multidão que se reunirá espontaneamente quando a notícia correr a aldeia, falando da sua volta. Ele será sujeito a cantigas zombeteiras e muitos outros tipos de abuso verbal, e quem sabe até físico. Por isso que o pai corre ao encontro do filho assim que o avista. Mas há algo muito interessante nessa atitude do pai. Bailey também diz que um nobre oriental com roupas esvoaçantes nunca corre para parte alguma. Fazê-lo é humilhante. Aos olhos do oriental é indigno um homem de idade correr. Aristóteles diz: “Os grandes homens nunca correm em público” [42] No entanto, o pai do Pródigo corre para protegê-lo da aldeia. Ele se torna escudo para o filho.

E antes do filho terminar sua confissão, o pai já havia ordenado que ele seria honrado com roupas novas, recebido com a autoridade de filho, presenteado com um anel no dedo e declarado um homem livre, com sandálias nos pés. O novilho cevado cuidadosamente tratado e preparado para uma ocasião especial de celebração foi imolado, e eles começaram a festejar a volta do filho que estava perdido e morto. [43]

MacArthur diz que o pai ordenou que seus servos o tratassem como se o Pródigo fosse da realeza: “Você, pegue a roupa e ponha nele; você, ponha o calçado em seus pés e o anel em sua mão.” A mensagem era clara: o pai estava concedendo ao rapaz não só perdão total e reconciliação completa, mas também todos os privilégios de um filho de nobre que atingiu a maioridade e se mostrou digno. [44] Morris destaca que na festa em que começaram a regozijar-se talvez o filho mais jovem achou algo do prazer sólido que procurara em vão no país distante. [45]

Willian Hendriksen destaca:

Observe as ordens enérgicas. Tão ilimitada é a alegria do pai e tão completo seu perdão que deseja que seu filho seja tratado como uma pessoa importante. Portanto, que seus servidores tragam a melhor roupa, símbolo de alto nível social, e que o vistam. Em sua mão deve figurar um anel, provavelmente um anel com selo (Gn 41.42), indicação de autoridade. Que lhe sejam calçadas sandálias, porque ele não é escravo, mas um homem livre. Havia também um bezerro cevado para ser sacrificado em alguma ocasião especial, quando se esperavam visitas importantes. Ora, poderia haver uma ocasião mais apropriada para se usar esse bezerro do que precisamente agora? Seguramente, não. Assim o pai ordena que o bezerro seja morto para que haja uma jubilosa celebração. [46]

Mas tudo isso ocorreu na entrada da aldeia. O filho percorreu a aldeia até a casa do pai não como um mendigo, mas como um príncipe.

b) O pai efetua uma imediata reversão de cada aspecto da separação do filho. Ele é reunido à sua propriedade, ao seu país de origem, ao alimento e ao pai. A declaração do pai é paradigmática para o Evangelho: Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado (v. 24). [47]

James R. Edwards diz que a rebelião e partida do filho foi uma morte, para ele mesmo, para o pai. Sua volta – como a recuperação da ovelha perdida (v. 6) e da moeda perdida (v. 9) – é o achar do perdido, à própria vida! [48]

CONCLUSÃO

Lembre-se de que o pai na parábola é uma representação de Cristo. É ele quem carrega a reprovação do pecador, convida os pecadores arrependidos a buscarem abrigo nele e abraça todos que o aceitam. Ele disse: “Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei” (Jo 6.37). Existe uma fonte inesgotável de misericórdia nele. Podemos nos apresentar diante dele sem medo e obter misericórdia e graça que nos ajude no momento da necessidade (Hb 4.16). Ele substitui os trapos podres de nosso pecado pela roupa perfeita de sua justiça (Is 61.10). Ele oferece perdão, honra, autoridade, respeito, responsabilidade, acesso total a todas as suas riquezas celestiais e todo o direito de orar em seu nome. [49]

Pense nisso!

Bibliografia:

1 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 453.

2 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 225.

3 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 461.

4 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 16.

5 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 322.

6 – Ash, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas, Ed. Vida Cristã, São Paulo, SP, 1980, p. 239.

7 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 305.

8 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curi-tiba, PA, 2005, p. 323.

9 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 261.

10 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 323.

11 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 461.

12 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 296.

13 – Robertson, A. T. Comentário de Lucas, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2013, p. 277.

14 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 453.

15 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 557.

16 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 63.

17 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 464.

18 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 78.  

19 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 323.

20 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 227.

21 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 262.

22 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 79.

23 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 462.

24 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 298.

25 – Kaminker, Mendy. Porcos & Judaísmo, https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/4978075/jewish/Porcos-Judasmo.htm, acessado em 18/10/2023.

26 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 84.

27 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 464.

28 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 454.

29 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 88.

30 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 173.

31 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 560.

32 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 465.

33 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 105.

34 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 154.

35 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 263.

36 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 299.

37 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 465.

38 – Ash, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas, Ed. Vida Cristã, São Paulo, SP, 1980, p. 240.

39 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 228.

40 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 126.

41 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 264.

42 – Bailey, Kenneth. As Parábolas de Lucas, Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1985, p. 229.

43 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 465.

44 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 152.

45 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 228.

46 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 301.   

47 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 174.

48 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 564.  

49 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 158.