Por Pr. Silas Figueira
Texto base Jo 5.1-18
INTRODUÇÃO
João inicia esse acontecimento dizendo que ele ocorreu após a cura do filho de um oficial do rei Herodes em Caná da Galiléia. Dali Jesus, juntamente com seus discípulos, vai para Jerusalém onde estava acontecendo uma festa dos judeus. Não há um consenso entre os estudiosos que possam identificar que festa era esta ao certo; uns dizem que era a festa das Trombetas, outro que era a Páscoa, outro por sua vez diz que era a festa do Purim e outro dos Tabernáculos. Sem dúvida não temos meios de determinar com certeza que festa está aqui em vista, embora, a festa dos Tabernáculos e a festa de Pentecoste sejam as mais ventiladas, por parte dos expositores. No entanto, uma coisa sabemos, se era período de festa e a cidade de Jerusalém estava cheia de peregrinos.
Foi nesse período de festa e através da cura desse paralítico – é bom destacar que foi num dia de sábado – que Jesus caiu no desfavor dos líderes de seu povo (Jo 5.18), e como, finalmente foi morto por essas autoridades.
O texto também nos fala que ali em Jerusalém havia um tanque com cinco pavilhões ou pórticos, outras versões trazem alpendre. Em arquitetura, um pórtico é o local coberto à entrada de um edifício, de um templo ou de um palácio, no caso aqui na entrada do tanque e nele havia cinco colunas. Neste lugar Herodes, o Grande, construiu cinco varandas com capacidade para acomodar um grande número de pessoas. Tanto que nos diz o texto sagrado que jazia uma multidão de enfermos, cegos, coxos e paralíticos esperando que se movesse a água e o primeiro que nela entrasse, após ser agitada por um anjo, era curado. É interessante observar que o nome Betesda (em hebraico Beth-Hesed), quer dizer “Casa de Misericórdia”, porém, para muitos ali essa misericórdia parece que nunca chegava, é só observar a história desse homem que Jesus curou que estava enfermo havia trinta e oito anos.
É bom destacar que rezava uma lenda divulgada pelos essênios que havia valiosos tesouros escondidos sob a piscina de Betesda. E outra lenda também dizia que, de tempos em tempos, um anjo descia e agitava a água do tanque e o primeiro que nela descesse seria curado de qualquer doença que tivesse. Por isso que havia ali tanta gente enferma, pois o anseio pela cura era muito grande. Não pretendo discorrer nessa mensagem sobre esse “anjo” que descia ali e agitava a água. Mas, uma coisa quero deixar bem claro: “O Senhor não abençoa água e nem objetos passando o seu poder para essas coisas”. Como alguns costumam dizer que “o Senhor transfere o seu poder para objetos, lenços e outras coisas mais”. Muitos líderes, para defenderem essa ideia, utilizam da experiência de Paulo onde nos diz:
“E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam” (At 19.11,12).
Mas não se faz de uma experiência uma doutrina, e o apóstolo Paulo em nenhuma de suas epístolas nos ensina tal coisa. Nunca se esqueça disso.
O Evangelho de João foi escrito para os gentios e não para os judeus por isso esse texto nos diz que vinha um “anjo e agitava a água”, para explicar porque de tantas pessoas ali. Esta era apenas uma nota explicativa e não uma confirmação de que isso realmente acontecia.
Nesse lugar de romaria e peregrinação poderia até haver curas, não duvidamos disso, se não, não haveria tantas pessoas ali por tantos anos. Cremos que existem curas físicas, psicossomáticas e curas espirituais. Sabemos que Deus cura, mas não duvidamos da artimanha do diabo para prender as pessoas na idolatria e mantê-las longe da verdade que liberta. Sou da época em que era muito comum procurar rezadeiras e a “cura” realmente acontecia. Mas também temos visto por aí muitos charlatões enganado os incautos. Quantos líderes (que se dizem evangélicos), sendo verdadeiros enviados de Satanás enganando as pessoas. Uma coisa é certa, que havia curas ali isso é um fato, mas não cremos que o Senhor estive nesse negócio, pois Ele não se contradiz.
O que podemos aprender com esse texto? Que ensinamentos podemos tirar dele para as nossas vidas?
1º Em primeiro lugar, apesar de Betesda ter o nome de Casa de Misericórdia ela não se fazia presente ali.
Atraídos pela possibilidade de cura, centenas de enfermos e mendigos se aglomeravam ali. Nesse lugar havia tudo, menos misericórdia, pois o texto nos diz que o primeiro que entrasse na água, assim que agitada, ficava curado. Com isso vemos que ali não havia amigos, não havia gente com misericórdia de ninguém, ali regia a lei do “faria é pouca, meu pirão primeiro”. Ali jazia uma multidão de decepcionados, de gente frustrada, de gente angustiada pela cura que não vinha; e quando acontecia, só um era o felizardo ou beneficiado. No fim do dia, aqueles que podiam voltar para casa iam cabisbaixos. Os que não podiam se acomodavam no chão duro para dormir e começar tudo de novo no outro dia – a espera de um milagre.
Hoje não é diferente daqueles dias, milhares de pessoas tem feito uma verdadeira peregrinação em busca da cura para seus sofrimentos. Pessoas que já peregrinaram por vários lugares, vão desde igrejas que prometem cura a centro espírita. Desde o pastor que promete a cura através da oração ou óleo consagrado a rezadeiras. Outros recorrem a psiquiatras e a médicos e remédios dos mais diversos, mas continuam doentes e cada vez mais decepcionadas. Devido a isso, muitos recorrem às drogas e muitos outros dão cabo da vida.
2º Em segundo lugar, porque Jesus lhe faz esta pergunta: “Queres ser curado?”
Talvez esta seja uma das perguntas mais sem sentido feita por Jesus. Se aquele homem estava ali naquele tanque é porque ele desejava a cura. O que acontece é que muitas pessoas por ficarem tanto tempo esperando a cura para seus problemas começam a ficar sem esperança de que ela realmente possa vir acontecer. Por isso essa pergunta aparentemente tão sem lógica feita por Jesus. Esta pergunta envolve alguns aspectos que gostaria de destacar.
1º Jesus quer saber se ele tem certeza que quer ser curado. Esta pergunta é muito pertinente, pois ela revela que muitas pessoas no fundo no fundo não querem a cura, mas somente um paliativo. Muitas pessoas se apegam a doença e não querem abrir mão dela. Utilizam inclusive dela para se beneficiarem. Por exemplo, no antigo Oriente, mendigar podia ser um bom negócio, principalmente em Jerusalém. Pelos costumes da época, todos os judeus deveriam ir à Cidade Santa ao menos uma vez por ano. Entregavam o dízimo dos seus rendimentos no templo e gastavam o segundo dízimo em compras e em esmolas para os pobres. Assim, os pedintes eram razoavelmente bem sucedidos. Podemos dizer que mendigar naquela época era realente um bom negócio, ou, um negócio rentável.
Na igreja de hoje não é diferente. Quantas pessoas batem em nossas portas pedindo ajuda, mas se você pergunta se desejam um trabalho dão logo uma desculpa e saem de fininho. Isso quando não lhe ofendem. E dentro de nossas igrejas também encontramos pessoas assim também. Pessoas que gostam de se “encostar” utilizando-se de um aparente problema para se beneficiarem através dele. Pedem até oração, mas no fundo não querem a solução para o problema. E se o resolvem inventam outro.
2º Jesus quer saber se ele tem consciência de que está enfermo. Existem muitas pessoas que estão sentadas à beira do poço, mas não tem consciência de que estão enfermas. Quantas pessoas que conhecemos que estão no mundo dos vícios, mas sempre dizem que não são viciadas. Dizem que larga a bebida, as drogas, o tabaco quando bem quiserem. Só que nunca querem.
Quem não tem consciência de sua enfermidade nunca admitirá que está doente. Os outros é que estão, elas não. A pessoa que não quer ser curada pensa que está sã. Pensa que os seus problemas não são tão sérios assim. Por isso a pergunta: “Queres ser curado?”, ou seja, você tem consciência de que está gravemente enfermo e que precisa de cura com urgência?
3º Jesus quer saber se ele crê realmente que pode ficar livre daquele mal. Há pessoas que se acostumaram com o problema, pois não conseguem ver uma luz no fim do túnel. Tem gente que se lança numa total descrença e não buscam mais a cura, pois estão totalmente desacreditados dela. Eles veem os outros serem curados, mas não acredita que um dia ele será também curado.
4º Jesus quer saber se ele compreendeu a sua pergunta. Muitas vezes a pergunta não é compreendida. Porque se ele ficasse curado haveria consequências dessa cura. Se antes pedia esmola, agora teria que ganhar o seu sustento de outra forma, ou seja, trabalhando. Jesus pergunta para você: “Você quer ir para o céu?” Certamente você responderá: “Claro que sim!”, mas para ir para o céu não se pode ir de qualquer maneira. Aí a pergunta é: “Você está disposto a deixar sua vida de pecado, sua vida longe de Deus, se entregar a Ele e reconhecer que é um pecador? Você quer receber Jesus como seu único salvador?” Muitos, certamente vão dizer: “Isso não”, ou pelo menos, não agora, talvez mais tarde quem sabe. Tem gente que não entende a pergunta de Jesus ou se faz de desentendido.
5º Jesus quer saber se ele quer ser curado porque muitas vezes Ele, Jesus, já levou um não a essa pergunta. Há muitas pessoas que dizem que não querem ser curadas, e dizem isso com toda honestidade: Não. Talvez não digam um não tão abertamente, mas dizem não pelas suas ações. Talvez digam que querem ser curadas, mas logo ao saírem da presença de Jesus voltam à prática do pecado.
Saiba de uma coisa, quem deseja ser curado frequenta lugares onde a cura é oferecida; não voltam para os lugares onde o mal está.
Eu conheço uma pessoa que bebia muito. Um dia ele estava ouvindo um programa de rádio onde um pastor estava convidando as pessoas que quisessem se livrar dos vícios para participarem dos cultos de sua igreja, pois eles estariam orando especificamente por este motivo. Assim esse conhecido foi a tal igreja. O culto foi muito bom, a palavra trouxe renovo ao seu coração, oraram especificamente por esse motivo... Mas na volta para casa ele iria saltar em frente ao botequim que ele frequentava. Quando ele desce do ônibus um de seus amigos de “copo” lhe chama para tomar uma cachaça. Ele deu uma desculpa e foi para casa, para surpresa de sua esposa sem estar bêbado. E assim foi por sete dias. Para resumir a história, ele se converteu, se batizou e está livre desse mal desde então.
Se eu quero ser curado eu preciso me afastar do mal e não estar onde ele está.
3º Em terceiro lugar, o que esta pergunta causou neste homem?
Depois de tantos anos ali sem ver nenhum resultado do seu esforço, provavelmente o seu coração já se encontrava empedernido. Já se encontrava totalmente sem esperança de cura. A pergunta de Jesus despertou nesse homem algumas reações que devem ser as nossas também.
1º A pergunta de Jesus despertou nesse homem o desejo pela cura. Depois de trinta e oito anos assim sua esperança já havia acabado. Mas o Senhor desperta nele o desejo de ser curado. Desperta nele a esperança de se ver são, de se ver de pé, andando novamente. Desperta nele o sonho, pois quem não tem sonho também não tem esperança. Se não houvesse a crença de que a espera vale a pena, o ser humano desfaleceria no sentimento de vazio interior, e Jesus quer preencher esse vazio da alma deste homem. Assim como quer preencher a sua também hoje aqui.
2º A pergunta de Jesus faz com que ele falasse das mazelas do seu coração. Aquele homem estava com seu coração cheio de mágoa. Veja o que ele responde para Jesus: “Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; pois, enquanto eu vou, desce outro antes de mim” (Jo 5.7).
Antes de Jesus curar a sua doença física, Jesus cura sua doença da alma. Este homem carregava uma tristeza profunda por ver outros serem ajudados e ele não. Durante todos aqueles anos ali não viu a misericórdia sendo estendida sobre ele. Ele esteve sempre sozinho, se arrastando para chegar até o poço, mas quem podia lhe ajudar não lhe ajudava.
Uma das grandes causas de doenças hoje é a falta de perdão. São o que os médicos chamam de doenças psicossomáticas. A alma está doente. Há mágoas no coração. Há um ódio que toma e destrói a pessoa e ela não se dá conta disso. Por não haver liberação de perdão muitas pessoas têm ficado doentes e estão morrendo. Não perdoar é você tomar veneno para que a pessoa que você odeia morra.
Há um corinho antigo que dizia assim: “Conta pra Jesus onde é a sua dor, Ele é o remédio confia no Senhor”. Precisamos vomitar com urgência esse veneno que está nos matando. Esse veneno que se chama mágoa e ódio. Devemos aprender com Jesus que nos ensinou a perdoar os nossos inimigos.
3º Com esta pergunta Jesus mostra para este homem que as outras pessoas podiam tê-lo abandonado, mas Deus não (Jo 5.6). Não foi ele quem viu Jesus, mas foi Jesus quem o viu. Não foi ele que pediu ajuda a Jesus, mas foi Jesus que foi ajudá-lo. Podemos dizer que a misericórdia finalmente o alcançou. Jesus sabia que ele estava assim há muito tempo. Jesus se importou com ele assim como se importa com cada um de nós também. Ele se importa com você. Com o seu sofrimento. Com a dor que invade o seu coração. Ele tem contemplado as suas lágrimas. Ele não se esqueceu de você. O Senhor está ouvindo as suas orações. Veja o que a Palavra de Deus nos diz:
“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos” (Rm 8.26,27).
“Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora Então, vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas. Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono; e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos” (Ap 8.1-4).
Ah meu irmão, nós não servimos a um Deus indiferente as nossas dores. Indiferente as nossas angústias e ao nosso sofrimento. Ele vem ao nosso encontro não no nosso tempo, mas no tempo dEle, e pode ser hoje o dia da Sua visitação em sua vida. E mesmo que nada aconteça continue esperando, pois Ele está contemplando você. Ainda que seja na quarta vigília da noite Ele virá ao seu encontro.
4º Em quarto lugar, porque Jesus curou somente este homem?
Você já se perguntou isso lendo esse texto? Pois se ali jazia uma multidão, porque Jesus não curou mais pessoas naquele lugar? Essa pergunta eu me fiz várias vezes. Por isso, se você tem essa dúvida também, eu tentarei lhe responder.
1º Em primeiro lugar, Jesus curou somente este homem porque o Senhor é soberano em Suas escolhas e propósitos. A primeira coisa que o Senhor nos mostra que Ele não tem que dar satisfação nem a você e nem a mim do que faz, porque faz e quando faz. O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos deixa isso bem claro. Veja o que ele nos diz:
“Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão” (Rm 9.14,15).
E outro detalhe: Ele não tem obrigação nenhuma de nos dar satisfação do que está fazendo e porque está fazendo. Veja Rm 9.20:
“Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?”
O Senhor é misericordioso, mas não tem as piegas humanas. Ele não sente como sentimos por Ele ser perfeito em amor nós nunca iremos entender o Seu agir, mas por não o entendermos não quer dizer que Ele não nos ame. Veja o que o Senhor fala através de Jeremias quando manda o Seu profeta escrever uma carta para os judeus que haviam sido levados para a Babilônia:
“Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jr 29.11).
“Eu é que sei” diz o Senhor – por isso devemos confiar nEle somente e não duvidar de que na Sua soberania a Sua misericórdia tem sido manifesta, não como queremos, mas como Ele quer.
2º Em segundo lugar, porque no meio daquela multidão somente aquele homem estava esperando a cura vinda da parte de Deus. Observe as palavras desse homem para Jesus: “Eu não tenho ninguém”, e logo após a cura, mais tarde, o Senhor Jesus o encontra no templo (Jo 5.14). Ele não sabia quem era o seu benfeitor “humano”, mas tinha plena convicção que foi a intervenção divina que o curou. Por isso ele estava no templo, provavelmente oferecendo sacrifício de louvor pela cura alcançada e oferecendo a Deus as suas orações.
As outras pessoas que jaziam ali esperavam a ajuda de parentes e amigos, confiavam na intervenção do tal “anjo” para alcançar a cura. Uma das razões porque muitas pessoas não são agraciadas pelo Senhor é porque confiam na intervenção dos homens, dos médicos, dos especialistas, geralmente deixando o Senhor em último lugar. Isso quando se lembram dEle. Mas veja o que Davi disse a respeito disso:
“Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus. Eles se encurvam e caem; nós, porém, nos levantamos e nos mantemos de pé” (Sl 207,8).
Provavelmente este homem durantes anos a fio tenha confiado na ajuda dos outros também, mas no decorrer dos anos as pessoas provavelmente já não se importavam mais com ele e o deixaram de lado. Talvez por estar ali há muito tempo, por já ser um velho e havia ali pessoas mais jovens que “mereciam” realmente a cura. Um velho não precisa de cura. Esse tem sido o pensamente do muitos ainda hoje.
Uma vez eu fui chamado ao hospital para orar por uma senhora que estava com câncer. Esta senhora estava com oitenta anos. Confesso que após a oração me passou pela cabeça um pensamento: “Para que Deus vai curar essa senhora já tão avançada em dias?”, mas assim como esse pensamento veio, me veio outro: “O Senhor cura independente da idade, pois Ele é Senhor!” Alguns dias depois eu fui ao INCA (Instituto Nacional de Câncer), pegar o resultado da biópsia que esta senhora havia feito. Chegando lá o médico que me atendeu disse que era especialista naquela área – o câncer era no tórax – e que ele era um dos melhores médicos dali. E eu fiquei olhando para ele sem entender porque tantos elogios para si mesmo. Até que finalmente ele me mostrou a radiografia feita e o câncer na radiografia; e me disse com cara de espanto que quando foram fazer a biópsia o câncer havia desaparecido. E ele não sabia como. Mas havia um câncer ali. Só que havia sumido. Foi então que eu disse ao médico: “Deus ouviu as nossas orações”.
Não importa a idade, quando o Senhor determina a cura ela irá acontecer. Creia nisso!
3º Em terceiro lugar, Jesus curou aquele homem porque ele caiu em si a respeito de seu pecado e se arrependeu dele. Quando o Senhor o encontra no templo lhe diz: “... Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior” (Jo 5.14). O problema que o levou a ficar enfermo por tantos anos foi a consequência de um pecado por ele cometido. Não sabemos o que ele fez, mas foi algo muito sério que o levou a enfermar. O pecado não confessado tem levado ainda hoje muitas pessoas para o leito, para os hospitais e, infelizmente, para a morte. O salmista Davi disse isso com muita propriedade:
“Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo. Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado” (Sl 32.1-5)
João em sua primeira carta também nos diz:
“Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1Jo 1.7-10, 2.1,2).
Para que haja confissão de pecado é necessário cair em si, assim como aconteceu com o filho pródigo, assim aconteceu com este homem.
Por isso Jesus curou aquele homem porque os seus pecados haviam sido perdoados. Mas do que a cura física Jesus quer curar a nossa alma. Ele quer perdoar os nossos pecados e nos reconciliar com o Pai.
Quando Jesus encontra este homem ele estava no templo. O templo naquela época ainda representava a presença de Deus e era o lugar dos sacrifícios pelos pecados. Certamente aquele homem estava ali oferecendo a Deus seus sacrifícios pelo pecado e recebendo de Deus o perdão. Aquele homem foi grato a Deus pela cura física e pelo perdão alcançado.
CONCLUSÃO
Eu gostaria de concluir dizendo duas coisas. Primeiro eu gostaria de defender esse pobre homem, digo isso porque muitos autores que falaram dele disseram muita coisa que eu não concordo.
1 – Disseram que ele era fraco de caráter por não procurar saber de imediato quem o havia curado. Mas o texto nos diz que Jesus se retirou por haver muita gente naquele lugar (v 13). Entendo com isso que Jesus foi quem não quis se apresentar a ele. Tanto que depois que ele o reencontra ele descobre quem foi o seu benfeitor.
2 – Outros disseram que ele foi repreendido por Jesus para que não tornasse a pecar para não lhe acontecer coisa pior (v 14), porque ele era uma pessoa propensa ao pecado. Se for assim a mulher que foi pega em adultério e perdoada pelo Senhor também era assim, pois o Senhor lhe fala algo semelhante: “Vai e não peques mais” (Jo 8.11).
3 – Falaram que este homem foi um ingrato, pois quando soube da identidade de Jesus foi avisar as autoridades, pois segundo alguns este homem sabia que as autoridades judaicas queriam matá-Lo. Eu não vejo este homem entregando Jesus às autoridades para que Jesus fosse morto. Este homem foi mostrar para eles quem teve misericórdia dele e o abençoou, pois várias daquelas autoridades sabiam que naquele poço havia várias pessoas e, provavelmente, nenhum deles esteve lá para oferecer alguma solidariedade àquelas pobres almas. Mas Jesus foi e teve misericórdia dele.
4 – Outro disse que este homem foi um ingrato, pois uma vez curado não tinha como trabalhar e não podia mais pedir esmola também, por isso foi e denunciou Jesus as autoridades. Ele ficou com raiva de Jesus pela cura alcançada.
Talvez você concorde com esses argumentos, mas eu não. Pelo contrário, eu vejo um homem grato a Deus pela cura alcançada e pelo perdão de sua alma.
E segunda coisa que gostaria de dizer é que o Senhor olhou para aquele pobre homem enfermo porque a Sua misericórdia é grande. Por isso que Ele olha para mim e para você também. Se o Senhor não se compadecer de nós ninguém o fará. A mesma pergunta que o Senhor fez aquele homem faz a você e a mim. Da mesma forma como ele alcançou a cura e demonstrou gratidão o Senhor espera isso de nós também.
Por isso que o Senhor lhe pergunta agora: “Queres ser curado?”
Pense nisso e fique na Paz!