sexta-feira, 27 de outubro de 2023

A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO - PERDIDO NO MUNDO Lucas 10.11-24

Por Silas Figueira

Texto base:Lucas 10.11-24 

INRTRODUÇÃO 

A parábola do filho pródigo, como esta narrativa é normalmente chamada, é uma das histórias mais amadas em todo o mundo. E maior e mais complexa do que as duas parábolas anteriores, e tem uma aplicação mais ampla. Mas o ponto principal da história é o mesmo das que a precedem. A parábola completa inclui os versículos 11-32, mas ela é tratada aqui em duas partes; a primeira cuida do filho pródigo (o mais novo), e a segunda do filho mais velho. A parábola é encontrada apenas em Lucas. [1]

Muitos consideram esta história esplêndida como a melhor de todas as parábolas, diz Leon Morris. Certamente está entre a mais querida de todas elas. O coração humano corresponde à mensagem do amor perdoador que Deus tem para os pecadores, conforme é tão claramente exposto aqui. Jesus não está tratando aqui com a totalidade da mensagem do evangelho, mas, sim, do único grande fato do amor perdoador de Deus. [2] Esta última parábola trata de três personagens: o filho mais novo, o filho mais velho e o Pai amoroso. [3]

John MacArthur destaca que: 

De fato, o contexto de Lucas 15, com seu tema de alegria celestial pelo arrependimento terreno, revela o sentido de todas as maiores características da parábola. O filho pródigo representa um típico pecador que se arrepende. A paciência, o amor, a generosidade e a alegria do pai pelo retorno do filho são emblemas claros e perfeitos da graça divina. A mudança na atitude do filho pródigo é um retrato de como deve ser o arrependimento verdadeiro. E a indiferença fria do irmão mais velho — o verdadeiro foco da história, no fim das contas — é uma representação vívida da mesma hipocrisia maligna que Jesus estava confrontando, encontrada no coração dos escribas hostis e dos fariseus a quem ele primeiro contou a parábola (Lucas 15.2). Eles se ressentiam amargamente dos pecadores e cobradores de impostos que se aproximaram de Jesus (v. 1), e tentaram encobrir sua indignação mundana com pretextos religiosos. Mas suas atitudes traíram sua falta de fé e seu egoísmo. A parábola de Jesus arrancou a máscara de sua hipocrisia. [4]

Fritz Rienecker também destaca que na narrativa sobre o filho perdido Jesus passa da defesa para o ataque. Confronta seus críticos, na pessoa do filho mais velho na parábola, com a abjeta réplica destes. Por isso essa terceira parábola constitui um complemento final para as duas primeiras parábolas. [5]

Esta história mostra a natureza do arrependimento. O mais moço pode representar os judeus pecadores (vs. 1,7,10) e o mais velho, os que criticavam Jesus. O pai provavelmente não representa Deus (note que ele é distinguido do “céu” nos vs. 18,21), mas demonstra semelhança com Deus. [6]

Olhemos com detalhes para esta parábola do filho pródigo.

1 – A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO (Lc 15.11-24).

Chamamos essa história de “Parábola do Filho Pródigo” (pródigo quer dizer “esbanjador”), mas poderia ser chamada também de “A Parábola do Pai Amoroso”, pois sua maior ênfase não é sobre a pecaminosidade do filho, e sim sobre a benevolência do pai. Ao contrário do pastor e da mulher nas parábolas anteriores, o pai não saiu à procura do filho, mas foi a lembrança da bondade do pai que levou o rapaz ao arrependimento e ao perdão (ver Rm 2.4). [7]

Antes de analisarmos com detalhes a parábola do filho pródigo, vejamos alguns pontos a nível de introdução.

Em primeiro lugar, o Senhor Jesus Cristo era um mestre contador de histórias. Suas histórias eram analogias inigualáveis esclarecendo verdades espirituais. Tinham um profundo significado espiritual relativo ao reino de Deus e da salvação, que eram, em si mesmos, histórias extraídas da experiência da vida cotidiana dos seus ouvintes. Fritz Rienecker destaca que a parábola do filho perdido foi delineada de forma muito especial, magistral. – Contudo a tônica dessa terceira parábola não recai sobre o filho perdido, nem sobre sua perda, nem em seu retorno para casa, mas sobre o pai. [8]

Em segundo lugar, esta parábola retrata a inclinação natural do coração do homem. Nosso Senhor nos mostrou um “filho mais moço” que se apressou em seguir seu próprio caminho, partiu para uma terra distante, longe da casa de um pai bondoso, e “lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente”. Temos aqui um retrato fiel da mentalidade com a qual todos nascemos. Somos semelhantes a esse rapaz. Por natureza, somos orgulhosos e voluntariosos. Não temos prazer na comunhão com Deus. Apartamo-nos dEle, indo para bem distante de sua pessoa. Desperdiçamos nosso tempo, energias, capacidades, afeições em coisas inúteis. [9]

Em terceiro lugar, esta parábola retrata a alegria de Deus sobre a salvação dos perdidos. Enquanto as duas primeiras parábolas enfatizam a busca de Deus pelos pecadores, esta terceira parábola centra-se mais no aspecto humano da salvação do homem, sua rebelião, o arrependimento, e a volta para Deus.

2 – OS PASSOS DO FILHO MAIS JOVEM – DA REBELIÃO AO ARREPENDIMENTO (Lc 15.11-24).

A primeira parte da parábola, a descrição do filho mais novo, contém cinco blocos que correspondem aos estágios de desenvolvimento na vida de um pecador que se converte: a partida (v. 11,12); a miséria em terra distante (v. 13-16); a contrição pelo pecado (v. 17-19); o retorno ao pai (v. 20s); a aceitação do filho (v. 22-24). Em outras palavras: pecado, castigo, arrependimento, conversão e justificação. [10]

Em primeiro lugar, a partida (Lc 15.11-13). O filho vivia na casa do Pai, tinha comunhão e conforto. Nada lhe faltava: ele tinha abrigo, pão, roupa, calçado e anel no dedo. Tudo o que pai possuía também lhe pertencia. Ele vivia cercado de bênçãos. Porém, um dia aquele jovem cavou um poço de insatisfação dentro do seu próprio coração e começou a sentir-se infeliz dentro da casa do Pai. Esticou o pescoço, olhou pela janela da cobiça e viu, além do muro, um mundo colorido, atraente, cheio de emoções. Desejou ardentemente conhecer o outro lado. Então, pediu ao pai a sua herança e partiu para grandes e intensas aventuras. [11]

a) Ele fica enfadado - Hendriksen diz que o mais jovem dos filhos enfadou-se de ficar em casa. Como tem sido o caso com alguns jovens desde então (e a situação é ainda mais deplorável hoje), esse jovem queria se ver livre das peias paternas. Estava convicto de que, ao ficar sozinho, longe dos olhos de seus pais (embora nessa parábola não se mencione a mãe), poderia fazer o que bem quisesse, e essa “liberdade” o faria feliz. [12] A. T. Robertson também destaca que o pai não tinha que abdicar em favor dos filhos, mas “esta parábola muito humana retrata a impaciência com as limitações do lar, e a ambição otimista da juventude”. [13]

b) Ele não mede as consequências de suas ações – Não era totalmente incomum na história judaica o pai dar a herança ao filho mais novo antes da sua morte. Abraão deu a herança de Isaque e seus outros filhos, antes da sua própria morte (Gn 25.5-6). Porém era totalmente irregular que o filho a pedisse. [14]

Diante de tal desejo, este jovem burla todos os costumes da época. O costume era que que a propriedade fosse disposta por um testamento executado após a morte do pai, não por meio de pedido enquanto ele ainda estava vivo (Nm 27.8-11). Era considerado insensato, embora não exatamente ilegal, dispor da propriedade durante a vida do dono. O pedido do filho mais moço envergonha tanto o pai quanto a família. É um certificado de declaração pública que ele não quer mais viver com a família nem ser identificado com ela. O filho ao pedir o que devia ser disponibilizado apenas após a morte do pai, está, com efeito, escrevendo o certificado de morte de seu pai. Na sociedade judaica da Antiguidade, essa era uma ofensa praticamente imperdoável. [15]

Como bem relatou John MacArthur:

Esse talvez tenha sido o aspecto mais perturbador do comportamento do Filho Pródigo. Um filho naquela cultura pedir a herança antecipada era o mesmo que dizer: “Pai, queria que você estivesse morto, você está atrapalhando meus planos. Você é uma barreira. Eu quero a minha liberdade. Eu quero minha realização pessoal. E quero deixar esta família agora. Tenho outros planos que não envolvem você, esta família, esta propriedade e nem mesmo esta cidade. Eu não quero me relacionar com nenhum de vocês. Dê-me a minha herança agora porque vou embora daqui”. [16]

A insatisfação levou esse jovem a rebelião contra o pai, a família e a cultura da época. Assim é o pecado no coração do homem. Ele cega a tal ponto que a pessoa não pensa nas consequências na vida das outras pessoas. Ele age egoisticamente. Ele só pensa nele e no seu “bem-estar”. Este jovem queria partir para uma terra que não trouxesse nenhuma lembrança de sua família, dos costumes de sua terra e que fosse longe dos olhos do pai.

c) O filho busca mais os seus prazeres do que o pai. Está mais interessado em curtir a vida do que em agradar ao pai. Prefere o pai morto a adiar seu desejo de experimentar os prazeres do mundo. Ele mata seu pai no coração e sai de casa levando todos os seus haveres. Para onde esse filho vai? Para uma terra distante! Essa terra distante pode ser o seu coração, o seu computador, o seu bairro, a sua cidade, a sua televisão, o mundo onde você tenta se esconder de Deus para curtir os prazeres do pecado. A terra distante é todo lugar onde você pensa que a felicidade estará disponível para você à parte de Deus. A terra distante no início é cheia de encantos. Há amigos e festas. Há alegrias e celebrações. Há encontros e reencontros. Mas, no fim, sobra um gosto amargo na boca, um vazio na alma e uma terrível solidão assolando seu peito. [17]

No versículo 13 lemos que ele “desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente”. Era nessa direção que a rebelião do Pródigo o estava levando desde o começo. A palavra grega para “desperdiçar” é diasko pizô. É uma palavra que evoca a ideia de separação do grão, quando a pessoa joga o grão para o alto e deixa o vento soprar os resíduos. Significa, literalmente, “espalhar”. Ele simplesmente jogou tudo fora – “vivendo irresponsavelmente”. Ele desperdiçou uma fortuna rapidamente, gastando sua herança na busca do mal. [18]  

d) O pai não diz nada ao filho – No começo da parábola o pai é o grande calado. Da mesma maneira também Deus permite silenciosamente que o ser humano faça o que quer. Poderia protegê-lo do pecado pelo poder da graça. Mas Deus concede ao ser humano a liberdade. Isso é surpreendente e difícil de compreender. Mas visto que de acordo com a vontade de Deus o ser humano foi criado em liberdade e para a liberdade, Deus permite ao ser humano que tome uma decisão realmente livre. Deus permite ao ser humano que siga a estrada que ele mesmo escolhe, deixando-o decidir e proceder de acordo com seus próprios desejos. Curioso é apenas que as pessoas, enquanto estão bem, não pensam em Deus. Quando, porém, passam a sentir problemas, culpam a Deus. O filho mais novo na parábola, porém, não age dessa maneira. É essa a sua salvação. [19]

Em segundo lugar, a miséria em terra distante (Lc 15.14-16). Leon Morris destaca que duas desgraças o feriram simultaneamente – esgotaram-se seus recursos, e sobreveio àquele país uma grande fome. [20] O resultado dessa vida dissoluta o Senhor nos mostrou depois que o filho mais moço desperdiçou todos os seus bens. Ele foi reduzido à condição de necessitado e obrigado a assumir o trabalho de “guardar porcos” e sentindo-se tão faminto, que estava disposto a “fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada”. [21]

a) O pecado cega a pessoa e leva à ruína. O pecado nunca dá o que promete, e os prazeres da vida que os pecadores pensam que estão buscando sempre acabam por se tornar exatamente o contrário: uma dura estrada que inevitavelmente leva à ruína e ao ponto final definitivo. “Pois o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). “Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão” (Rm 8.13). “O pecado, após ter se consumado, gera a morte” (Tg 1.15). O Pródigo estava prestes a descobrir essas verdades de uma forma bem dolorosa e vívida. [22]

b) O arrogante foi abatido. A fome bateu à sua porta. Ele perdeu tudo. Os amigos fugiram. Os prazeres tornaram-se um dilúvio de sofrimento. O jovem começou a passar necessidades. Foi parar num chiqueiro lodacento, coberto de trapos, com o estômago fuzilado por uma fome estonteante. O diabo é um enganador, o pecado é uma fraude, e o mundo é ilusório. O colorido do mundo não passa de uma ilusão ótica. Ele é cinzento como um deserto sem vida. O pecado não compensa. O seu salário é a morte. [23]

Hendriksen lembra: Um judeu alimentando porcos, animais imundos (Lv 11.7), quão degradante era! Quão humilhante era! Não era algo comum entre os judeus este dito: “Que a maldição caia sobre o homem que cuida de porcos”? [24] O Rabino Mendy Kaminker diz que provavelmente não existe nenhum animal tão repugnante para as sensibilidades judaicas quanto o porco. Não é só porque não pode ser comido: há muitos outros animais que também não são casher, mas nenhum deles causa tanto nojo quanto o porco. Coloquialmente, o porco é o símbolo máximo de ódio; quando você diz que alguém “agiu como um chazir [porco]”, isso sugere que ele ou ela fez algo anormal e abominável. [25]

Jesus nesta parábola coloca este jovem no mais baixo nível moral que um judeu poderia chegar. Lembrando que este jovem simbolizava os pecadores e os publicanos que foram procurar Jesus.

Uma fome severa é um dos piores desastres que podem acontecer a uma nação. Aqui está a pequena descrição do autor William Manchester dos casos de fome na Europa durante a era medieval:

Os anos de fome foram terríveis. Os camponeses podiam ser obrigados a vender tudo o que possuíam [...] Nos piores momentos, eles devoravam cascas de árvores, raízes, grama; até mesmo barro branco. O canibalismo não era desconhecido. Estrangeiros e viajantes eram emboscados e mortos para serem comidos, e há histórias de forcas sendo derrubadas – até vinte corpos ficavam pendurados por um único patíbulo – por homens frenéticos para comer a carne crua fresca. [26]

c) O mundo degrada. O pecado degrada. Hoje é apenas uma olhadela cheia de sensualidade. Amanhã é uma vida rendida à impureza. Hoje é apenas um cigarro, um trago, uma dose, uma cheirada. Amanhã é uma escravidão cruel. Hoje é apenas uma festa, um show, uma madrugada. Amanhã é uma alma vazia, um coração seco, uma vida totalmente longe de Deus. [27]

Em terceiro lugar, a contrição pelo pecado (Lc 15.17-19). Nosso Senhor nos conta que o filho mais moço, “caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti”.

a) E, caindo em si – como se estivesse se levantando de um pesadelo. Ele esteva moral e espiritualmente cego, não era capaz de enxergar as coisas como elas realmente eram; seu senso de valores estava desequilibrado. Agora ele via muitas coisas mais claramente e a partir de uma perspectiva certa. Mas principalmente via a si mesmo como ele realmente era. Viu que não estava apenas destituído, mas que aquele pecado - o seu próprio pecado - era a causa. [28]

b) Nem todos os pecadores caem em si. A persistência de alguns pecadores é impossível de se explicar de maneira racional. Algumas pessoas são tão obstinadas a fazer as coisas do seu jeito que, mesmo quando estão sofrendo as consequências desagradáveis de suas transgressões, não abandonam a busca. Elas podem adoecer e morrer (literalmente) com as repercussões de seus pecados e, ainda assim, não os abandonarem. O pecado é uma escravidão que elas não conseguem vencer. [29]

c) A história de Jesus permite-nos entrar nos pensamentos particulares do jovem e ouvir seu raciocínio de arrependimento. A separação do lar e dos bens também o tinha separado de seu bom senso. Essa separação é revertida por sua autopercepção. Assim começa o processo do seu retorno, ambos espiritualmente e fisicamente. [30] James R. Edwards diz que a primeira consequência de “cair em si” é a clareza de pensamento e a autoavaliação honesta que, na presente condição dele, é totalmente de “pereço” de fome (v. 17; ARC). A palavra grega por trás de “pereço” (apollyein), ocorre oito vezes em Lucas 15 com referência ao “perdido”. É uma admissão essencial, pois o perdido pode ser encontrado. [31]

d) Esse jovem se lembra da casa do pai e reconhece seu estado de degradação. Ele se arrepende e admite seu fracasso. Ele põe um ponto final na escalada da sua queda e toma a decisão de voltar para a casa do pai. Em seu arrependimento, não existe exigência, e sim penitência. Ele não se apresenta requerendo nada, mas suplicando misericórdia. Não pensa mais em direitos, mas apenas em servir. [32]

MacArthur diz que o egoísmo e o pecado que o tornaram tão cego tinham desaparecido. Ele finalmente via as coisas de forma clara. Logo depois de todo o desastre que seu pecado trouxe para ele, tudo o que ele rejeitou e deixou para trás começou a ficar atraente. Ele sabia que tinha renegado permanentemente seu status como filho, mas mesmo ser empregado de seu pai certamente seria melhor do que viver cuidando de porcos. Além disso, qualquer desgraça que ele viesse a enfrentar voltando para casa não era nada se comparada à vergonha de viver com porcos. [33]

“...não sou digno...” Champin diz que o jovem abominou a si mesmo, e então percebe o quão cego fora antes, vendo sua própria justiça como trapos imundos, reduzido a uma miséria humana, por causa dos maliciosos resultados do pecado, que havia degradado o seu corpo e a sua mente. Não obstante, continuava chamando de pai ao seu pai, a relação filial ainda persistia, embora não fizesse qualquer reivindicação nesse particular. Antes fora, ‘qualquer lugar, menos o lar’. [34]

Em quarto lugar, o retorno ao pai (Lc 15.20,21). Os homens precisam estar cientes de que não devem limitar-se apenas a pensar. Nutrir bons pensamentos sempre é bom para a alma, mas não resultam no cristianismo que salva. Se o filho pródigo não tivesse ido além de pensar, teria permanecido longe de casa até ao dia de sua morte. [35]

a) Esse jovem fez o que resolvera fazer. Saiu e seguiu seu caminho. Teria sido uma longa jornada, pois ele fora para um país distante (v. 13). Além disso, em sua debilitada condição a viagem de regresso teria sido difícil. Ele, porém, perseverou. [36] Há muitas pessoas que apenas decidem, mas não agem. Desejam, mas não se levantam. Você não é o que você sente, mas o que você faz. Agora é tempo de se levantar. E tempo de sair da sua terra distante e correr para os braços do Pai. Muitas pessoas fracassam porque pensam: Um dia vou mudar minha vida. Um dia vou sair desse buraco. Um dia eu vou deixar o vício. Levante-se! Aja! [37]

b) A reação do pai ao ver o filho é algo surpreendente. Sua vigilância indica a ansiedade pela qual passou. Quando o filho apareceu sua fé foi recompensada. Ele não sabia com que disposição o filho vinha – apenas que voltara – e correu ao encontro dele. Sua acolhida foi tão exuberante que o rapaz não teve sequer oportunidade de pedir a posição de servo. O contraste entre o que o filho esperava e o que recebeu é surpreendente. A atitude do pai ilustra perfeitamente o amor de Deus pelos que se arrependem. [38]

Leon Morris destaca que Jesus não diz que o Pródigo iria voltar para sua própria aldeia ou até mesmo para seu lar, mas sim, para seu pai. Fica claro que o velho tinha esperança em tal volta, e que ficava vigiando. Jesus enfatiza as boas-vindas que o pai deu para seu filho indigno. Viu-o enquanto estava ainda longe, compadeceu-se dele, e, correndo (coisa notável num oriental de idade), o abraçou (“lançou-se-lhe ao pescoço”) e o beijou. Este último verbo, katephilesen, pode significar “beijou-o muitas vezes” ou “beijou-o ternamente”. [39]   

c) A reação do pai foi uma ofensa para os fariseus. A reação do pai não só ofendeu aos fariseus, mas também a cultura da época. Conforme o Filho Pródigo se aproximava da casa de seu pai, a realidade e a urgência de sua situação devem ter sido seu principal pensamento. Sua vida agora dependia completamente da misericórdia do pai. Sem os recursos da família, ele não teria nenhuma esperança. Todos no vilarejo agora certamente o desprezariam; as pessoas tinham de fazer isso para proteger a própria honra. Por isso, o Pródigo estava indefeso no equilíbrio entre a vida e a morte, e se o pai virasse as costas, ele estaria condenado. Naquela cultura, ninguém ao menos pensaria em acolhê-lo se o próprio pai o declarasse um pária. Tudo girava em torno da reação do pai do Pródigo. [40]

O filho pródigo corria o risco de ser apedrejado pelos anciãos da aldeia (conf. Dt 21.18-21), se o pai não o perdoasse. Mas o filho arriscou tudo, pois ele conhecia o coração do pai. Ainda que não fosse mais tratado como filho, mas como um simples empregado do pai, mesmo assim seria gratificante ser um funcionário do pai, pois, até estes, eram muito bem tratados.

Em quinto lugar, a aceitação do filho (Lc 15.22-24). A ilimitada misericórdia de nosso Senhor deve ser gravada profundamente em nossa memória e arraigada em nosso coração. Jamais esqueçamos: Ele “recebe pecadores”. Ao Senhor Jesus e à sua misericórdia, os pecadores devem recorrer, quando manifestam seus primeiros desejos de salvação. É em Jesus e em sua misericórdia que os crentes têm de viver, quando foram ensinados a arrepender-se e creram. O apóstolo Paulo disse: “Esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20). [41]

a) O perdão do pai é maior que o pecado do filho. Kenneth Bailey diz que o pai sabe como a aldeia tratará o rapaz por ocasião de sua chegada. O pródigo será escarnecido por uma multidão que se reunirá espontaneamente quando a notícia correr a aldeia, falando da sua volta. Ele será sujeito a cantigas zombeteiras e muitos outros tipos de abuso verbal, e quem sabe até físico. Por isso que o pai corre ao encontro do filho assim que o avista. Mas há algo muito interessante nessa atitude do pai. Bailey também diz que um nobre oriental com roupas esvoaçantes nunca corre para parte alguma. Fazê-lo é humilhante. Aos olhos do oriental é indigno um homem de idade correr. Aristóteles diz: “Os grandes homens nunca correm em público” [42] No entanto, o pai do Pródigo corre para protegê-lo da aldeia. Ele se torna escudo para o filho.

E antes do filho terminar sua confissão, o pai já havia ordenado que ele seria honrado com roupas novas, recebido com a autoridade de filho, presenteado com um anel no dedo e declarado um homem livre, com sandálias nos pés. O novilho cevado cuidadosamente tratado e preparado para uma ocasião especial de celebração foi imolado, e eles começaram a festejar a volta do filho que estava perdido e morto. [43]

MacArthur diz que o pai ordenou que seus servos o tratassem como se o Pródigo fosse da realeza: “Você, pegue a roupa e ponha nele; você, ponha o calçado em seus pés e o anel em sua mão.” A mensagem era clara: o pai estava concedendo ao rapaz não só perdão total e reconciliação completa, mas também todos os privilégios de um filho de nobre que atingiu a maioridade e se mostrou digno. [44] Morris destaca que na festa em que começaram a regozijar-se talvez o filho mais jovem achou algo do prazer sólido que procurara em vão no país distante. [45]

Willian Hendriksen destaca:

Observe as ordens enérgicas. Tão ilimitada é a alegria do pai e tão completo seu perdão que deseja que seu filho seja tratado como uma pessoa importante. Portanto, que seus servidores tragam a melhor roupa, símbolo de alto nível social, e que o vistam. Em sua mão deve figurar um anel, provavelmente um anel com selo (Gn 41.42), indicação de autoridade. Que lhe sejam calçadas sandálias, porque ele não é escravo, mas um homem livre. Havia também um bezerro cevado para ser sacrificado em alguma ocasião especial, quando se esperavam visitas importantes. Ora, poderia haver uma ocasião mais apropriada para se usar esse bezerro do que precisamente agora? Seguramente, não. Assim o pai ordena que o bezerro seja morto para que haja uma jubilosa celebração. [46]

Mas tudo isso ocorreu na entrada da aldeia. O filho percorreu a aldeia até a casa do pai não como um mendigo, mas como um príncipe.

b) O pai efetua uma imediata reversão de cada aspecto da separação do filho. Ele é reunido à sua propriedade, ao seu país de origem, ao alimento e ao pai. A declaração do pai é paradigmática para o Evangelho: Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado (v. 24). [47]

James R. Edwards diz que a rebelião e partida do filho foi uma morte, para ele mesmo, para o pai. Sua volta – como a recuperação da ovelha perdida (v. 6) e da moeda perdida (v. 9) – é o achar do perdido, à própria vida! [48]

CONCLUSÃO

Lembre-se de que o pai na parábola é uma representação de Cristo. É ele quem carrega a reprovação do pecador, convida os pecadores arrependidos a buscarem abrigo nele e abraça todos que o aceitam. Ele disse: “Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei” (Jo 6.37). Existe uma fonte inesgotável de misericórdia nele. Podemos nos apresentar diante dele sem medo e obter misericórdia e graça que nos ajude no momento da necessidade (Hb 4.16). Ele substitui os trapos podres de nosso pecado pela roupa perfeita de sua justiça (Is 61.10). Ele oferece perdão, honra, autoridade, respeito, responsabilidade, acesso total a todas as suas riquezas celestiais e todo o direito de orar em seu nome. [49]

Pense nisso!

Bibliografia:

1 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 453.

2 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 225.

3 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 461.

4 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 16.

5 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 322.

6 – Ash, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas, Ed. Vida Cristã, São Paulo, SP, 1980, p. 239.

7 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 305.

8 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curi-tiba, PA, 2005, p. 323.

9 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 261.

10 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 323.

11 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 461.

12 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 296.

13 – Robertson, A. T. Comentário de Lucas, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2013, p. 277.

14 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 453.

15 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 557.

16 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 63.

17 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 464.

18 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 78.  

19 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 323.

20 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 227.

21 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 262.

22 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 79.

23 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 462.

24 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 298.

25 – Kaminker, Mendy. Porcos & Judaísmo, https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/4978075/jewish/Porcos-Judasmo.htm, acessado em 18/10/2023.

26 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 84.

27 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 464.

28 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 454.

29 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 88.

30 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 173.

31 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 560.

32 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 465.

33 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 105.

34 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 154.

35 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 263.

36 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 299.

37 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 465.

38 – Ash, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas, Ed. Vida Cristã, São Paulo, SP, 1980, p. 240.

39 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 228.

40 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 126.

41 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 264.

42 – Bailey, Kenneth. As Parábolas de Lucas, Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1985, p. 229.

43 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 465.

44 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 152.

45 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 228.

46 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 301.   

47 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 174.

48 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 564.  

49 – MacArthur, John. A Parábola do Filho Pródigo, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2016, p. 158.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

A PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA E DA DRACMA PERDIDA - Lucas 15.1-10

Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Lucas 15.1-10

INTRODUÇÃO
 
Este é um dos capítulos mais conhecidos e mais amados na Bíblia inteira. [1] John C. Ryle diz que poucos capítulos das Escrituras têm produzido tanto benefício às almas dos homens quanto o capítulo quinze do Evangelho de Lucas. [2] Fritz Rienecker destaca que cada uma das três parábolas do presente capítulo 15 descreve de maneira peculiar a misericórdia de Deus que transcende qualquer imaginação humana. [3] David A. Neale destaca também que o capítulo 15 é o centro físico, emocional e teológico de Lucas. Ele culmina e cristaliza o tema do arrependimento dos pecadores. [4]

Graig Evans diz que essa seção contém três parábolas que retornam ao tema da inclusão dos humildes e desprezados no reino de Deus: (1) a parábola da ovelha perdida (vv. 1-7); (2) a parábola da moeda perdida (vv. 8- 10); e (3) a parábola do filho perdido (vv. 11-32). Essas parábolas tomam o fio da meada da parábola da grande ceia (14.15-24), isto é, reiniciam o tema, no ponto em que aquelas parábolas o interromperam. [5] Anthony Lee Ash destaca também que Jesus, em defesa de sua associação com cobradores de impostos e pecadores, desenvolveu mais ainda o conceito do arrependimento, que Lucas tinha apresentado previamente nos capítulos 13 e 14. O Novo Testamento usa a palavra para murmuravam apenas aqui e em 19.7. Comer com essas pessoas era considerado mais sério do que recebê-las (veja G1 2.12; e cf. Atos 11.3). Os fariseus aceitariam os pecadores de volta, depois da penitência, mas não os procurariam como Jesus fazia. Eles alegavam religião, mas tratava-se de uma religião de exclusivismo rígido em lugar de amor. [6]

Os doutores da Lei não entendiam o que o Senhor os havia deixado escrito nos profetas. Deus havia dito e jurado no Antigo Testamento, que Ele não sentia prazer na morte e destruição dos pecadores. Mas, que tinha muito prazer no seu retorno e arrependimento, e se regozija no acolhimento misericordioso que lhes dá em razão disso. [7]

Diante desse impasse Jesus conta três parábolas. Jesus mais uma vez mostra o quanto o Pai é misericordioso e acolhe os pecadores. 
 
Para facilitar o nosso estudo, dividiremos estas parábolas em duas partes. Abordaremos primeiramente os versículos de 1-10 e, posteriormente, os versículos de 11-32, que fala a respeito dos dois filhos perdidos.

O que os versículos de 1 a 10 têm a nos ensinar?
 
1 – O MOTIVO POR QUE JESUS PROFERIU ESTAS PARÁBOLAS (Lc 15.1,2).
 
Ao relatar o contexto que envolveu a apresentação das três parábolas, Lucas conta que publicanos e pecadores compareceram em grande número a fim de ouvir a Jesus. Tão logo a chegada do Senhor se tornava pública em uma localidade, o povo caído em profunda decadência acorria imediatamente. Junto a Jesus as pessoas descobriam que nunca haviam encontrado antes amor afetuoso e autêntica santidade, livres de qualquer hipocrisia farisaica. [8]

Ao lermos os Evangelhos, observamos que esta é a primeira vez que todos os publicanos e pecadores se aproximam para ouvir Jesus. Os escribas e fariseus murmuram contra Jesus, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles. A reclamação se deve ao fato de que a mesa é o potente símbolo de inclusão para os marginalizados em Lucas. [9]

Robert destaca que havia murmurações e reclamações sempre que estas duas classes entravam em contato com Jesus. Conforme os publicanos e os pecadores se aproximavam de Jesus, os fariseus e os escribas aumentavam suas reclamações. A diferença social é aqui um abismo enorme. [10]

Com isso em mente, podemos destacar duas lições:

Em primeiro lugar, Jesus atraía pecadores, pois os tratava com misericórdia. Os publicanos não eram tidos em alta estima, porque não somente ajudavam os romanos odiados na sua administração do território conquistado, como também se enriqueciam às expensas dos seus patrícios. Eram ostracizados por muitos e considerados párias pelos religiosos. Os pecadores eram os imorais, ou os que seguiam ocupações que os religiosos consideravam incompatíveis com a Lei. [11]

No entanto, Jesus olhava para essas pessoas como ovelhas que não tinham pastor. Elas estavam perdidas pois não havia quem as guiasse por pastos verdejantes e águas de descanso (Sl 23). Como disse Jesus na casa de Zaqueu: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19.10).

Por causa de uma liderança preconceituosa e hipócrita que esses pecadores não se arrependiam de seus pecados. É mais fácil apontar o dedo que abrir os braços. É mais fácil criticar do que aconselhar. Era assim que agia os escribas e fariseus em relação aos pecadores e publicanos.

Devemos destacar que o testemunho dos escribas e fariseus foi completa e literalmente verdadeiro. De fato, o Senhor Jesus é Aquele que “recebe pecadores”. Ele os recebe para perdoá-los, santificá-los e prepará-los para ir ao céu; é seu ministério especial. Foi para isso que Cristo veio ao mundo. Não veio chamar justos e sim pecadores ao arrependimento e salvá-los. Aquilo que Ele era, enquanto esteve na terra, hoje Ele é, à direita de Deus, e o será por toda a eternidade. Enfaticamente, o Senhor Jesus é o amigo dos pecadores. [12]

Em segundo lugar, os escribas e fariseus desprezavam essas pessoas. Hendriksen destaca que associar-se com pessoas desse tipo era considerado contagiante; comer com eles era ultrajante! [13] Eles que deveriam ser os pastores dessas ovelhas perdidas, no entanto, estavam agindo como mercenários, os abandonando aos lobos. Eles que deveriam ser luz para os guiar pelo caminho escuro, eles eram trevas e os levavam para os desfiladeiros, para a morte eterna. Como disse Jesus: “são cegos condutores de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova” (Mt 15.14).

Em terceiro lugar, os escribas e fariseus eram cegos em relação aos próprios pecados. As palavras dos adversários, que se revestem de importância por servirem de ponto de partida para a longa resposta do Senhor, contêm um erro fundamental de quatro aspectos: 1) pensavam que eles mesmos não eram pecadores; 2) a pessoa seria pecadora somente por causa de pecados grandes ou grosseiros, p. ex., como as falcatruas praticadas pelos publicanos; 3) o lema dos fariseus condenava classes inteiras de pessoas de forma contínua, tola e sem amor, de modo que todos os coletores de impostos seriam os piores pecadores; 4) os fariseus chegaram à conclusão de que o próprio Jesus só podia ser pecador. A palavra de desprezo “esse” usada pelos adversários de Jesus denuncia a mentalidade maligna oculta por trás de seus pensamentos. Esse, que não era bem-vindo e incomodava a todo o instante (cf. Lc 23.18), ao qual não queriam deixar prevalecer nem falar, busca comunhão de mesa com a ralé mal afamada. [14]

Como disse Matthew Henry: “maus modos geram boas leis. Assim, neste capítulo, a murmuração dos escribas e fariseus pela graça de Cristo, e pelo favor que Ele demonstrou aos publicanos e pecadores, deu oportunidade para uma descoberta mais plena desta graça, do que talvez do contrário deveríamos ter tido nestas três parábolas contidas neste capítulo”. [15]
 
2 – A PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA (Lc 15.3-7).
 
Wiersbe diz que a história da ovelha perdida tocaria o coração de homens e de meninos da multidão, enquanto as mulheres e as meninas se interessariam pela história da moeda perdida do colar de casamento. Jesus procurou alcançar o coração de todos. [16]

A ovelha não foi perdida; ela se desgarrou do rebanho. Ela foi atraída por novos horizontes, novas pastagens, novas aventuras, e afastou-se do convívio das outras ovelhas. Certamente não notara o risco de cair no abismo, nem de perder o rumo nos desertos, nem mesmo a possibilidade de ser apanhada por um animal predador. A ovelha é um animal frágil, teimoso, indefeso, míope, que não consegue defender- -se. [17]

Conforme a concepção do AT, Jesus considerava todo o povo judeu como um rebanho de ovelhas cujo proprietário e pastor é Deus. Pelo fato de que em seu tempo Israel havia se separado da fé genuína e verdadeira em Deus, não dispondo mais de cuidado espiritual verdadeiro, o Senhor o chama de rebanho sem pastor (Mt 9.36; Mc 6.34), uma multidão perdida e dispersa de ovelhas que correm perigo de perder-se definitivamente (Mt 10.6; 15.24). O uso dessa metáfora parecia ser particularmente certeiro para os publicanos e pecadores, que haviam se desviado da caminhada divina e não dispunham da condução e do cuidado pastoral intentados por Deus. Uma ovelha extraviada, na realidade, é a mais indefesa de todas as criaturas. [18]

Por ser um animal míope, a ovelha perdeu-se por sua falta de senso de direção. Esses animais têm a tendência de se desencaminhar, por isso precisam de um pastor (Is 53.6; 1Pe 2.25). Cada uma das ovelhas era responsabilidade do pastor; se uma desaparecia e o pastor não era capaz de provar que ela havia sido morta por um predador, precisava pagar por ela (ver Gn 31.38, 39; Êx 22.1013; Am 3.12). Isso explica por que deixaria o rebanho com outros pastores, sairia em busca do animal perdido e se alegraria ao encontrá-lo. Não encontrar a ovelha perdida pesaria no bolso dele e lhe daria a vergonhosa reputação de pastor descuidado. [19]

Com isso em mente, podemos tirar algumas lições importantes para nossas vidas.
Em primeiro lugar, o Supremo Pastor valoriza cada uma de suas ovelhas (Lc 15.4). O fato de deixar as noventa e nove ovelhas não implicava que o pastor não se importasse com elas. Essas noventa e nove estavam em segurança, enquanto a ovelha perdida corria perigo. O fato de o pastor sair à procura de uma ovelha é prova de que cada um dos animais era importante para ele. [20]

Hernandes Dias Lopes destaca que o pastor não desistiu dela nem a culpou por sua fuga inconsequente. Antes, deixou as demais em segurança, procurou-a pelas montanhas escarpadas e valados profundos, e encontrou-a em situação desesperadora. Não podendo ela andar, o pastor a tomou no colo. Em vez de sacrificá-la, o pastor alegrou-se em encontrá-la e festejou sua reintegração ao rebanho. E assim que Deus faz conosco. Ele não desiste de nos amar. Ele não abre mão da nossa vida. Ele não abdica do direito que tem de nos tomar para si e nos manter em sua presença. [21]

Em segundo lugar, o Supremo Pastor a procura até encontrá-la (Lc 15.4). Leon Morris destaca que o pastor faz mais do que uma busca simbólica. Quer sua ovelha. Procura até achá-la. [22] O pastor não ficou lamentando a ovelha perdida e nem ficou conformado por ter ainda noventa e nove ovelhas ainda. Ele parte em busca da que se perdeu. Ele a procura até encontrá-la. Provavelmente a noite já estava começando, mesmo assim ele a procura diligentemente.

Matthew Henry mostra que a ovelha perdida é um transgressor que segue em caminhos pecaminosos. Ele é como uma ovelha perdida, uma ovelha extraviada; ele está perdido de Deus, que não tem a honra e o serviço que deveriam ser-lhe prestados por ele; está perdido do rebanho, que não tem comunhão com ele; perdido de si mesmo: ele não sabe onde está, vagueia sem rumo, está continuamente exposto aos animais de rapina, sujeito a sustos e terrores, longe do cuidado do pastor, necessitado dos pastos verdejantes. E, por si só, não é capaz de encontrar o caminho de volta ao aprisco. [23]

Em terceiro lugar, o Supremo Pastor se sacrifica pela sua ovelha (Lc 15.5). Uma ovelha extraviada, na realidade, é a mais indefesa de todas as criaturas. Não consegue retornar sozinha ao rebanho, é absolutamente incapaz de se defender, cansa-se com facilidade. Por isso o pastor precisa procurá-la pessoalmente e, tendo-a encontrado, carregá-la. Dessa forma expressa-se com intensidade o esforço para carregá-la. O pastor preocupado assume esse fardo, porém com júbilo, e tendo chegado em casa partilha essa alegria com amigos e vizinhos. [24]
Kenneth Bailey destaca que uma ovelha perdida ficará deitada, desamparada, e recusar-se-á de mexer-se. O pastor é forçado a carregá-la por uma distância considerável. [25] Por isso que o pastor da parábola se sacrifica em prol de sua ovelha perdida. Da mesma forma o amor de Cristo por nós é caracterizado por renúncia própria. O pastor trouxe em seus ombros a ovelha perdida de volta ao lar, ao invés de abandoná-la no deserto. Assim também Cristo não poupou a Si mesmo, quando veio ao mundo para salvar os pecadores. Ele “suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia” (Hb 12.2). O Senhor Jesus entregou sua “própria vida em favor dos seus amigos”; “maior amor do que este” jamais poderá ser demonstrado (Jo 15.13). [26]

Jesus evidencia seu imenso amor a ponto de nos carregar no colo. Ele nos toma em seus braços eternos. Ele nos toma pela sua mão direita e nos conduz à glória. Ele não sente nojo da ovelha que caiu no abismo, mas desce os despenhadeiros mais perigosos para arrancar das entranhas da morte a ovelha que se perdeu; ao encontrá-la, toma-a amorosamente nos braços e a leva para o aprisco. [27]

É interessante que muitos quadros foram pintados a respeito desta parábola. E, geralmente, mostra a ovelha ainda filhote sendo resgatada pelo pastor. Na verdade, é pintado um cordeirinho. Mas o texto nos diz que foi uma ovelha que se perdeu, não dando a ideia de ser um animal pequeno. É bem provável que a ovelha era adulta e bem pesada. O esforço do pastor foi muito maior do que se vê em certos quadros. Principalmente, porque o texto está fazendo um paralelo com os publicanos e pecadores e não com crianças.

Em quarto lugar, o Supremo Pastor celebra com júbilo o resgate da ovelha (Lc 15.6,7). Achar o que era perdido é uma experiência de júbilo. Alegremente, o pastor traz a ovelha para casa sobre os ombros. Não há qualquer resmungo sobre a necessidade de carregar o animal: o pastor está cheio de júbilo. A alegria de achar a perdida sobrepuja todas as outras coisas. Na sua felicidade transbordante reúne outros para compartilhar da alegria. [28]

Observe, Ele a chama sua ovelha, apesar de desgarrada, uma ovelha que vagava perdida. Ele possui o direito a ela (todas as almas são minhas), e Ele as reivindicará como sua propriedade, e recuperará o que é seu por direito. Portanto, Ele mesmo vai atrás dela: Eu a achei; Ele não mandou um servo, mas o seu próprio Filho, o Grande e Bom Pastor, que achará o que procura, e será achado daqueles que o buscarem. [29]

Ainda que a busca consuma tempo e seja fisicamente exaustiva, ao encontrar a ovelha o pastor, da forma típica do Oriente Médio, a põe em seus ombros com o estômago da ovelha contra sua nuca e as quatro patas atadas diante de seu rosto. Assim carregado, ele volta para sua casa na vila. O pastor se regozija, e isso não só porque recuperou um material perdido, mas porque ama sua ovelha. Seu coração pastoral se regozija porque a ovelha não foi devorada nem pereceu de alguma outra forma. O pastor ainda convida seus amigos e vizinhos para se regozijarem com ele. Resultado: Uma verdadeira festa. [30]

David A. Neale destaca que a narrativa se desloca do literal para o teológico com a declaração sumária a respeito da perspectiva divina sobre o encontro da pessoa “perdida”: Eu lhes digo que, da mesma forma, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam arrepender-se (v. 7). [31]

Mas quem são os justos ou aqueles que não precisam de arrependimento? Visto que Jesus estava respondendo à crítica dos escribas e fariseus, é mais provável que estivesse tomando emprestado a terminologia deles. Eles dividiam a população judaica em pecadores e justos. Os justos eram aqueles que, na opinião deles, não necessitavam de arrependimento. Eles se colocavam nesta categoria. Jesus estava dizendo, com efeito: ‘Vocês desprezam aqueles que vocês mesmos chamam de ‘publicanos e pecadores’; mas o céu se alegra mais pelo arrependimento de um destes do que por noventa e nove de vocês, que, de acordo com as suas tendenciosas opiniões, não precisam de arrependimento”. [32]

Rienecker diz que com santa ironia o Senhor confronta os fariseus com duas coisas, para vergonha deles: 1) os habitantes do céu alegram-se com a conversão de um pecador, quando para eles isto constitui motivo de reclamação. 2) os anjos de Deus sentem maior júbilo por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos da categoria deles. [33]
 
3 – A PARÁBOLA DA DRACMA PERDIDA (Lc 15.8-10).
 
Todos perdemos coisas de tempos em tempos. Nessa segunda parábola, uma mulher perde uma de suas dez dracmas. Uma dracma, uma moeda grega de prata que variava de peso e valor em diferentes épocas e lugares no mundo da Antiguidade, muitas vezes alcançava o valor de um denário (salário médio de um dia de trabalho, Mt 20.2). O pagamento de um dia de trabalho merece ser encontrado. [34]

Rienecker destaca que aquela ovelha que se perdeu relacionava-se com a totalidade dos bens do proprietário na proporção de um para cem. A moedinha que a mulher perdeu estava numa proporção de uma para dez em relação ao total que lhe pertencia. Essa única dracma representava uma perda ainda maior para a pobre mulher. Essa parábola destaca o valor especial que uma vida humana possui perante Deus. [35]

Wiersbe diz que quando uma menina judia se casava, começava a usar na cabeça uma espécie de diadema com dez moedas de prata para indicar que agora era uma esposa. Era a versão judaica da aliança de casamento, e seria uma verdadeira tragédia perder uma dessas moedas. [36] Champlin corroborando com essa ideia, diz que o valor dessa moeda seria mais aumentado ainda se porventura fizesse parte de um ornamento para cabelos, exigindo que não se perdesse nenhuma peça, para que pudesse funcionar como tal. Esses ornamentos eram usados pelas mulheres casadas, como sucede naquelas regiões até o dia de hoje. Alguns têm sugerido que a preservação da unidade do ornamento podia ser reputada como símbolo da fidelidade da mulher ao seu marido. [37]

A casa de uma pessoa da classe pobre, como essa mulher, geralmente era bem pequena. Tinha o piso de terra e não tinha janelas, ou se as tinha eram bem pequenas. Portanto, uma vez caída uma moeda no chão, tomava-se muito difícil de encontrá-la. Portanto, visto que a casa era um tanto escura, ela acende uma lâmpada e passa a varrer. Ela varre cada canto e cada greta da casa e ... ei-la! Ela a encontra. Que alegria! [38]


Que lições podemos aprender com a parábola da dracma?

Em primeiro lugar, a dracma perdida tinha grande valor. A mulher que perdeu a décima dracma não se conformou em desistir dela nem se contentou pelo fato de ter ainda em segurança as outras nove. Essa dracma ou moeda perdida era valorosa porque é um símbolo do ser humano que se perdeu. A proprietária da dracma tomou todas as medidas para reavê-la. Você tem grande valor para Deus. Ele não desiste de amar você. Ele mesmo tomou todas as medidas para buscar você. [39]

Em segundo lugar, ela procurou a dracma diligentemente (Lc 15.8). A mulher havia perdido a dracma e agiu de forma prática para encontrá-la. Ela tomou três atitudes. Primeiro ela acende a candeia. Ela teve de acender uma lâmpada porque as casas pequenas da Palestina, das classes mais humildes, usualmente não tinham janelas, e a única maneira da luz entrar no aposento era mediante a porta. Portanto, foi necessário acender uma lâmpada a fim de possibilitar uma busca mais completa. [40]

Um lugar bem iluminado facilita encontrar algo que está perdido. A Bíblia nos fala que a Palavra é lâmpada para nossos pés e luz para o nosso caminho (Sl 119.105). É a luz da Palavra que ilumina as nossas mentes.

Em segundo lugar, ela varre a casa. Ela faz uma verdadeira faxina em seu lar. Muitas vezes precisaremos ter coragem para fazer uma faxina em nossa vida. Porque à medida que varremos as nossas mentes descobrimos o quanto ele está sujo, e quantas coisas devem ser jogadas fora. A perda da dracma fez com que ela tomasse certas decisões que provavelmente ela estava postergando a muito tempo.

Em terceiro lugar, ela procurou diligentemente a dracma até encontrá-la. Notemos duas coisas que essa mulher fez: primeiro, sua procura foi meticulosa; segundo, sua procura foi perseverante. Houve diligência e perseverança. E dessa maneira que devemos procurar aqueles que se perdem e se desviam. Um fato ainda digno de nota é que a dracma se perdeu dentro de casa. Muitos estão, também, perdidos dentro da igreja. [41]

O Pastor Marcos Granconato disse que o meio evangélico é um dos campos missionários mais vastos do nosso país. Alguém duvida? Então fique atento ao modo de pensar e viver dos milhões de “crentes” que andam por aí e ficará surpreso. A maior parte dessa gente não demonstra nenhuma transformação de caráter, nenhuma alteração em seus valores, nenhum compromisso com a santificação e nenhum grau de discernimento espiritual. Parece que a estratégia principal do diabo para destruir a obra de Deus nas últimas décadas deixou de ser debilitar igrejas verdadeiras com os atrativos da apostasia. Agora, ele cria igrejas falsas compostas por cadáveres espirituais apodrecidos com o objetivo de emporcalhar o santo nome de cristão diante do mundo. [42]

Em terceiro lugar, ela se alegra em encontrar a dracma perdida. A mulher buscou e encontrou a dracma perdida, usando todo esforço e diligência, mas a celebração dessa descoberta foi coletiva. Ela reuniu suas amigas e vizinhas para comemorar o fruto do seu labor. Devemos, de igual modo, não apenas buscar aqueles que se perderam, mas celebrar com grande e intenso júbilo quando eles são encontrados. [43]

E, como o pastor, compartilha sua alegria depois de ser bem-sucedida. Desta vez, Jesus fala do júbilo diante dos anjos de Deus (na parábola anterior, “no céu”), mas o significado é muito semelhante. [44] Hendriksen também destaca que não pode haver dúvida sobre o fato de que os santos anjos de Deus têm um profundo interesse por nossa salvação. Veja Mt 18.10; 25.31; Lc 2.10-14; 1Co 13.1; 1Pe 1.12; Ap 3.5; 5.11; 14.10. Eles podem saber mais sobre isso do que nós imaginamos, pois habitam na presença de Deus. Daí não se deve descartar a possibilidade de que se regozijem pela conversão de um pecador. [45]
 
CONCLUSÃO
 
Podemos concluir fazendo três observações sobre estas parábolas: 1) Não há ninguém tão indigno, a ponto de não ser objeto da preocupação do Senhor; 2) Não há esforços, por maiores que sejam, que Ele não faça em prol da recuperação deles; 3) Não há nada tão gratificante para Ele quanto a recuperação daquele que está perdido. [46]

Pense nisso!
 
Bibliografia:
1 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 223.
2 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 259.
3 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 317.
4 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 160.
5 – Evans, Craig A. O Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Lucas, Ed. Vida, São Paulo, SP, 1996, p. 253.
6 – Ash, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas, Ed. Vida Cristã, São Paulo, SP, 1980, p. 237.
7 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 648.
8 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 318. 
9 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 165.
10 – Robertson, A. T. Comentário de Lucas, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2013, p. 273.
11 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 223.
12 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 259.
13 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 287.
14 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 319.
15 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 648.
16 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 303.
17 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 457.
18 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 320.
19 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo An-dré, SP, 2007, p. 303.
20 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo An-dré, SP, 2007, p. 304.
21 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 457.
22 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 224.
23 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 649.
24 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 320.
25 – Bailey, Kenneth. As Parábolas de Lucas, Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1985, p. 199.
26 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 260.
27 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 458.
28 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 224.
29 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 650.
30 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 287.
31 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 168.
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42 – Granconato, Marcos. Como Evangelizar Evangélicos, http://www.igrejaredencao.org.br/ibr/index.php?option=com_content&view=article&id=340:como-evangelizar-evangelicos&catid=17:pastoral&Itemid=114, acessado em 13/10/2023.
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