terça-feira, 24 de novembro de 2015

O Evangelho pelo Evangelho


Por Sandro Veiga


O parecer que o apóstolo Paulo dá acerca da igreja em Tessalônica no capítulo um desta carta é de encher os olhos. Os resultados da atuação do Evangelho em meio aos tessalonicenses são tão expressivos que qualquer um gostaria de ser integrante desta comunidade.

Dentre muitas características do cristianismo autêntico que se desenvolvia entre eles destacam-se a fé atuante, amor prestativo e esperança bem firmada no Senhor Jesus Cristo citados no versículo três. Segundo o próprio apóstolo, tudo isto aconteceu devido a um fato: os irmãos tessalonicenses foram escolhidos por Cristo Jesus para o Evangelho (vers. 4). A prova disto é que o Evangelho pregado por Paulo não se manifestou a eles somente como palavras, mas cheio de poder do Espírito Santo e convicção (vers.5).

Mas existe também na carta a receita para que este resultado possa ser, pelo menos, almejado. No capítulo dois o apóstolo fala de sua postura como anunciador do Evangelho. Primeiro ele lembra como a sua exortação a que crescem no Evangelho foi íntegra, isto é, não procedeu de erro ou de motivação desonesta, sugerindo com isto que nunca fez a eles promessas falaciosas com a intenção de despertar neles um interesse sentimental por Cristo. Após isto convoca o próprio Deus como testemunha de sua integridade ao afirmar que nunca adulou ninguém para obter seguidores e que também nunca procurou extorquir algo de alguém com possíveis bajulações, concluindo assim, que nunca perseguiu honras humanas para se sentir apóstolo, mesmo podendo exigir tais honrarias por ser um.

A impressão sincera que tenho é que hoje em dia o apóstolo Paulo seria chamado de “otário” pelo que se dizem apóstolos, pois conseguiu resultados expressivos no ministério sem ter ganhado nada com isso. Não exigiu o princípio da honra e não enriqueceu, pelo contrário, enquanto pregou o Evangelho trabalhou para não ser peso a ninguém.

Vejo nisto tudo que o Evangelho escolhe sempre os seus, ou seja, tanto os crerão e darão sinais sólidos de sua fé, quanto os que anunciarão e darão sinais genuínos do seu chamado.

Soli Deo Gloria!

Fonte: NAPEC

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O DEUS SOBERANO QUE SE INTERESSA PELA RESPONSABILIDADE HUMANA


Por Fabio Campos

Texto base: “Mas o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: ‘Onde está você’?” – Gênesis 3.9 (NVI)

Qual seria o seu comportamento diante de uma situação onde você sabe, com toda certeza, o que irá acontecer mas que ainda não aconteceu? Imagine caso você tivesse que apostar todas suas fichas em alguém já sabendo de antemão que perderia todas elas? Você seguiria com o projeto? Certamente, não!

Ao contrário do que ensina a “Teologia relacional” (teísmo aberto) - numa tentativa tola de “justificar a Deus” pelas barbáries do mundo dizendo que Ele foi pego de surpresa na queda do homem - o Senhor decidiu, em Cristo, seguir com o seu projeto de criar o homem (mesmo sabendo de antemão o que ocorreria). Para que isso fosse possível, Cristo na figura de um Cordeiro foi morto desde antes da fundação do mundo (Ap 13.8). Seu sangue (o que tornou o homem propício a Deus) foi conhecido antes mesmo que o homem houvesse pecado (1 Pe 1.20).

O Senhor, no entanto, é o mais interessado na responsabilidade dada ao homem por sua “livre-agencia”. O homem, e somente o homem, é culpado por seus pecados (Lm 3.39). Cada um será julgado e terá as consequências dos seus atos (Jr 31.30). A existência de Deus muita das vezes é colocada em xeque com o seguinte argumento: “Se Deus existe e Ele é bom, por que, então, há tanta maldade”? Ou senão: “Se Ele é Todo-Poderoso, por que não intervém para que o mal não prevaleça”?

O problema é que essa gente pula o capítulo 3 de gênesis que narra a queda do homem e sua desobediência. Deus fez tudo muito bom (Gn 1.31). Criou o homem reto, porém ele se meteu em várias astúcias (Ec 7.29). O capítulo 2 de gênesis termina em perfeita harmonia entre Adão e Eva. Contudo, o capítulo 4 narra o entrevero entre Abel e Caim filhos deste casal. Caim mata Abel! Como pode? Somente com o capítulo 3 conseguiremos responder essa pergunta. É justamente isso, muitos passam despercebidos pelo capítulo 3 e tolamente ensinam heresias destruidoras para perverter seus ouvintes a respeito do mundo que “jaz no maligno” (1 Jo 5.19).

Depois que Adão pecou, Deus o chama e pergunta onde ele está. Neste diálogo, confirmar-se que o homem, ainda que ninguém o ensine a respeito do bem e do mal, é regido por uma lei que é anunciada por sua consciência, como disse Adão: “Ouvi sua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi” (v.10).

A pergunta do Senhor a Adão é interessante! “quem disse que você estava nu?” (v.11). Ninguém havia dito a Adão que ele estava nu, entretanto, o pecado lhe apresentou o mal e agora a sua consciência foi despertada para que, agindo de modo errado, ela seria acusada, ferida, fato que se confirma na pergunta seguinte que o Senhor Deus lhe dirige: “Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses”?

Se Deus já sabia que Adão tinha comido do fruto, por que, então, Ele perguntou? Ele não é Soberano e sabe de todas as coisas? Sim! Ele é Soberano e sabe de todas as coisas, mas assim fez para ferir lhe a consciência lembrando-o de sua responsabilidade perante suas ações. Ainda que muitos fujam, dentro de toda pessoa há um “anseio pelo divino”, ou seja, o homem é um ser moral e espiritual, assim como Deus também é como está escrito: ... “O criou a Sua imagem, conforme Sua semelhança” (Gn 1.26). Na sequencia o Senhor conscientiza o homem do seu pecado e cita as consequências que cada uma das personagens (Adão, Eva e a Serpente) teria por sua desobediência (Gn 3. 14-24).

Como conciliar então a Soberania de Deus com a responsabilidade do homem? Fizeram a mesma pergunta ao príncipe dos pregadores, C. H. Spurgeon, e sabe qual foi à resposta: “Eu não RECONCILIO amigos!” Sei que a discussão entre “Calvinistas e Arminianos” está a cada dia mais acalorada. Mas precisamos ter humildade (sem não necessariamente abrir mão de uma convicção) para reconhecer que é um assunto controverso.

A posição calvinista defende a Soberania de Deus. Deus pré-ordenou, independente da “escolha do homem”, os que vão se salvar. O arminianismo exalta a responsabilidade do homem dizendo que este pode ou não rejeitar a graça. Deus predestina não pela pré-ordenação, mas pela presciência, ou seja, sabendo Ele de antemão aqueles que iriam aceitar a salvação, assim os predestinou para a salvação em Cristo, dizem os arminianos. Não quero entrar no mérito da discussão, ainda que seja eu mais propenso para a “teologia reformada” (calvinista).

O Reverendo Augustus Nicodemus diz que todo crente em pé é um arminiano, pois diz aos ouvintes: “se arrependa!”, “abandone seus pecados e creia em Cristo, você precisa reconhecer que está perdido!”. Entretanto, esse mesmo crente, de joelhos é um calvinista, pois em sua oração, diz: “O Senhor quem me escolheu e não foi eu quem escolhi o Senhor!”. Podemos caminhar em paz deste jeito.

Os extremos é que são ruins, como é o caso do “hipercavinismo” e do “pelagianismo”. Essa discussão (calvinismo e arminianismo) foi extremamente necessária para chegarmos a um consenso a despeito de uma parte da “ortodoxia cristã”. Mas ela teve o seu espaço e seu tempo! Com isso resolvido, creio que hoje muitos irmãos (não todos) têm se perdido neste debate. Minha singela opinião: os irmãos arminianos equilibrados explicam muito bem a “responsabilidade do homem”; os irmãos calvinistas moderados explicam com excelência a Soberania de Deus. Cristãos maduros conseguem respeitar-se na discordância sem macular o entendimento acerca da Soberania de Deus e da responsabilidade do homem.

Os autores bíblicos ao escrever (inspirados pelo o Espírito) não estavam nem um pouco preocupados acerca desta discussão. Se Paulo fosse um calvinista, para não precisar usar de manuseios teológicos para explicar a sua posição reformada, jamais diria: “Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos HOMENS que TODOS, em TODA PARTE, se ARREPENDAM” (At 17.30). Algum calvinista poderá refutar minha ideia neste verso. Mas você acha que (se Deus permitisse), se um calvinista (brigão) tivesse a oportunidade de escrever novamente a Bíblia, será que ele não usaria uma equivalência propensa a sua linha teológica?

Por conseguinte, caso Paulo fosse um arminiano; será que ele escreveria com todas as letras: “’Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão’. Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus” (Rm 9. 15,16 NVI). Sei também que alguns arminianos poderão refutar minha ideia neste verso, mas assim como o irmão calvinista citado (acima), caso pudesse o irmão arminiano, com a autorização divina, escrever a Bíblia, será que ele não usaria uma equivalência propensa a linha teológica arminiana, tudo para evitar desgastes? Em ambos os casos, creio que não!

Alguns irmãos nas duas posições tiram alguns textos dos seus contextos para refutar o outro, afirmando categoricamente (sem nenhum temor e humildade em mencionar que o assunto é de difícil entendimento) que tal coisa é assim e ponto final.

Deus é Deus e não precisa dar satisfação a ninguém, não é mesmo!? O fato é que Ele é Soberano e se interessa em muito pela responsabilidade do homem. Ele teve as suas razões (desconhecidas hoje a nós) para fazer assim. A boa notícia é que um dia vamos entender. Já a má, é que será somente no céu. Mas no céu não entrarão “partidos” teológicos, mas cristãos, ou seja, filhos de Deus (Jo 1.12), como ilustrou certa vez George Whitefield:

“Pai Abraão, quem está com você nos céus? Os episcopais? Não! Os presbiterianos? Não! Os independentes ou metodistas? Não, não, não! Quem está com você? Nós, aqui, não sabemos seus nomes. Todos os que estão aqui são cristãos – crentes em Cristo – homens que venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra de seu testemunho. É esse o caso? Então, Deus, me ajude, nos ajude Deus, a esquecer o nome de grupos e nos tornarmos cristãos de verdade.”

Não importa no que você acredita! Duas coisas jamais serão afetadas: Deus é Soberano, no entanto, Ele é o mais interessado na responsabilidade do homem. Sendo assim, que Ele então nos ajude a vivermos no Seu Santo temor naquilo que é encoberto a nós (Dt 29.29). Que Ele então, assim, nos ajude em nossas diferenças.

Considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,

Soli Deo Gloria!

Fonte: Fabio Campos

Tetelestai – está consumado


Por Flávio Santos

E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. João 19:30

Após Jesus ter tomado o vinagre que os soldados lhe deram, disse: Está consumado! E entregou o seu espírito. Esta foi a sexta palavra, das sete pronunciadas na cruz, antes de entregar a Sua vida. Estando no tempo perfeito, significa: “foi e para sempre consumado”. Muito embora no texto grego seja apenas uma palavra, Tetelestai, a tradução para o português fica “Está consumado” ou “Está terminado”.

Mas o que realmente foi consumado na Cruz?

Na Cruz de Nosso Senhor e Salvador foi consumada a nossa redenção.

Redenção é o que Jesus fez na cruz por nós, quando nos resgatou da prisão do pecado e nos levou para liberdade de, novamente, nos relacionar com Deus.

Jesus consumou a obra da redenção em pelo menos três aspectos. A hora havia chegado, e Jesus sabia disso, por isso usa estas palavras: Está consumado!

Do ponto de vista da cruz, Jesus consumou os terríveis sofrimentos que aqueles momentos lhe impuseram; era necessário que aqueles momentos de dores e angústias fossem consumados para efetivar a obra da redenção.

Jesus consumou os pecados do seu povo, outorgando a estes a salvação pela obra da cruz, despojando assim, satanás de seu poder sobre os salvos.

Jesus, também, consumou a glória de Deus, pois aquele momento era propósito do Pai para Ele e para a humanidade.

Quando Jesus disse: Está consumado, terminado, cumprido, disse que tudo quanto havia para se fazer para obter a graça da redenção foi pago na cruz. Isto quer dizer, que toda obra ou mérito humano, foi despido de poder para qualquer coisa que a morte de Jesus na Cruz já não tenha feito.

Por isso, a cruz humilha o homem e mostra quem ele realmente é, um pecador impossibilitado de alcançar redenção por si só.

Tetelestai deixa o homem despido diante Daquele que irá vestí-lo com as roupas da redenção.

A sua vida não foi tirada, Ele a deu por amor ao seu povo. Naquele momento, Jesus entregou a sua vida, cumprindo a vontade do Pai em redimir o mundo dos seus pecados e, conceder, por amor e graça, a salvação pela morte de seu Filho na cruz.

A morte e o diabo não seriam capazes de lhe tirar a vida, mas o Pastor da graça deu a sua vida, espontaneamente.

Para que se tenha uma ideia sobre o significado de Tetelestai, era afixada à porta do cárcere a lista de todos os débitos pelos quais o indivíduo havia sido preso. Quando ele terminava de cumprir o tempo de prisão, era selada a folha da lista de débitos com a palavra Tetelestai, está pago, significando que ele estava livre, porque o débito estava pago, a dívida estava acabada. A nossa dívida, tempo nenhum de prisão poderia pagar. Por isso, Cristo teve que consumá-la por nós.

O que está consumado, consumado está!

O que está terminado, terminado está!

Apenas no Evangelho, que descansamos nisto.

Fonte: NAPEC

O que significa: Cristo "pagou o preço" pelo nosso pecado?


Por Pr. Mauro Rehder

Significa que ele sofreu por causa do nosso pecado, morreu em nosso lugar e que Ele através de sua morte na cruz do calcário, comprou para si, aqueles por quem morreu.

O homem, criado à imagem e semelhança de Deus, pecou, e em Adão, todos pecaram e morreram, (Rm 5.12), sendo condenados a perecer, de sorte que o homem já nasce condenado.

Cristo, que é o segundo Adão, morreu a nossa morte, ressuscitou e a venceu, portanto, tem autoridade para dar vida, àqueles que soberanamente, o pai escolheu para a salvação, de acordo com o prazer e conselho da sua vontade. (Ef 1.4-5;11)

É necessário afirmar que essas coisas aconteceram para que se cumprisse o desígnio de Deus de absolver aqueles que ele conheceu de antemão, para que assim como morremos em Adão, vivamos em Cristo e à semelhança de Cristo, e sejamos conformados à sua imagem. (Rm 8.29)

Cristo pagar o preço do nosso pecado, significa que nós pecamos e ele sofreu a pena em nosso lugar, literalmente, sofreu as graves consequências do nosso pecado. (Is 53:4)

Ele sofreu a consequência que nós deveríamos ter sofrido. O pai quis assim, com o propósito de usar seu filho como oferta perfeita pelo pecado (Is 53.10), daqueles que sempre foram seus (Jo 17.6).

Percebemos três aspectos da morte de Cristo na cruz. O legal, o espiritual e o prático.

Legal. (justiça)
Espiritual. (reconciliação)
Prático. (obediência)

Cada um dos aspectos está conectado ao outro.

O aspecto legal: Ele suportou sozinho o peso do pecado de muitos (Is 53.11), os salvou da ira de Deus (Rm 5.9), morrendo uma vez por todas (Hb 10.10), como sacrifício prefeito, satisfazendo assim a exigência da justiça de Deus (Hb 10.4-5), justificando o eleito diante de Deus. (Rm 3:24-25)

O aspecto espiritual: O castigo que nos traz a paz estava sobre ele (Is 53.5), por isso hoje, os que foram salvos, tem paz com Deus, o que significa que fomos aceitos pelo pai e reconciliados com ele pela obra de Cristo na cruz. (Rm 5.1;10)

O aspecto prático: Deus deseja que obedeçamos à sua vontade e cumpre isso em nós, através do filho, (Rm 5.19), mas o fato de estarmos justificados diante da justiça divina pelos méritos exclusivos de Cristo, e o fato de termos sido reconciliados com Deus, não significa que estamos livres de obedecer às leis divinas, pelo contrário. (Rm 3.31). Pelo Espírito somos levados a uma vida de obediência. (Gl 5.25).

A salvação começa em Deus, escolhendo indivíduos para a salvação, se torna possível por meio do filho, pagando o preço do nosso pecado e nos resgatando da morte eterna e se concretiza no tempo, através da regeneração do Espírito na vida do pecador.

Por que isso não acontece a todos? Porque Deus é soberano e decidiu mostrar em alguns a sua ira e em outros a sua graça.

O homem por quem Cristo pagou o preço do seu pecado, está legalmente livre da condenação eterna, tem paz com Deus e é conduzido à uma vida de obediência à lei de Deus. (Rm 6.17).

Cristo sofreu o castigo por todos os pecados (presente, passado e futuro) dos eleitos, de sorte que já temos o perdão garantido de todos os pecados que ainda cometeremos. Saber isso, produz amor, temor, reverência e santidade nos corações dos salvos, de forma que valorizam a graça que lhes foi concedida, o que significa que se esforçam para agradar a Cristo. (2 Pe 3.14).