segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Diabólico ou apenas humano?


Por Josemar Bessa

Vocês estavam mortos em ofensas e pecados! - Efésios 2: 1.

Paulo começa sua discussão sobre o homem natural em Efésios 2, dizendo que os efésios estavam mortos. Ele não diz que eles estavam quase mortos, ou ofegantes e prestes a morrer. Não, ele diz que eles estavam mortos, totalmente vazios da verdadeira vida.

O Diabo não os fez fazer nada!

Ele continua a dizer que "noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência; Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também." (Efésios 2: 2).

Eles de bom grado seguem os desejos do Diabo. Isso não quer dizer que eles estavam possuídos por demônios ou foram de alguma forma forçados a fazer e cumprir os projetos de Satanás. Pelo contrário, significa que eles estavam felizes em seguir a sua liderança.

Quando o presidente Kennedy foi assassinado, os comentaristas de notícias tentaram descrever o horror do ato hediondo cometido por Lee Harvey Oswald. "Este foi um ato demoníaco", disseram eles. Eles usaram a mesma linguagem quando Martin Luther King Jr. foi morto, e quando Bobby Kennedy foi baleado. "Este foi um ato desumano", disseram eles. "Foi diabólico." Hoje você ouvirá isso ser dito sobre cada ato de terrorismo... cada vez que alguém vai a um lugar público, ou universidade... e atira nas pessoas. Em cada ação do ISIS e sempre que algo assim acontece... e todos os dias coisas assim acontecem em todo lugar.

Mas isso é verdade? Eram esses atos "desumanos, demoníacos, diabólicos" – isso descreve essas obras? De modo nenhum. Eram precisamente e exatamente atos humanos. Eles são exemplos de homens que agem de acordo com suas naturezas pecaminosas. E isso se expande a todos os atos pecaminosos... dos maiores aos mais comuns: “Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também." ( Ef 2.2 ).

Só Deus pode salvar.

Paulo continua a dizer que "Deus, que é riquíssimo em misericórdia... estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” – Efésios 2.4,5.

Note que Paulo não diz que "o homem, prestes a morrer, agindo baseado na sua bondade interior, levantou-se e se virou para Deus." Nem um pouco.

Vemos as profundezas da depravação humana nesta passagem por meio de contraste. A salvação é totalmente da graça livre e soberana, dada a pessoas mortas que em nenhum sentido estavam interessados ​​ou mesmo capazes de perguntar por ela.

Assim como Adão culpou Eva no Jardim do Éden, naturalmente os homens tendem a culpar outras pessoas, ou o Diabo, por seus erros, que apenas expressam seus corações, desejos e amores. Hoje peça a Deus para te mostrar os lugares em tua vida em que você tem culpado os outros, Satanás... Seguindo a confissão, traga esses pecados nascidos em teu coração e não fora dele, até a Deus, para o verdadeiro perdão.

Fonte: Josemar Bessa

A FÉ QUE SE ADAPTA EM TODA E QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA!


Por Fabio Campos

Texto base: “... pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância”. – Filipenses 4.11 (NVI)

O grande escritor Irlandês, C. S. Lewis (1898 – 1963), disse certa vez que, “só o risco real testa a realidade de uma fé”. Existem momentos que a fé professada em nossos escritos e discursos precisa ser “desfrutada” na prática. Crer contra a esperança é algo que excede toda compreensão humana. Trata-se do viver não por vista, mas pelo o que crê, ainda que tudo esteja contrário.

Minha maior tristeza como cristão não é a falta de bens ou de conforto mas a privação da alegria de Cristo que me faz viver contente em toda e qualquer situação. Uma vez experimentada a alegria da salvação, nenhuma outra, ainda que mais esplêndida aos homens - poderá ser comparada com a alegria dada por Deus através do Seu Filho Jesus Cristo.

Quando Paulo escreveu sua missiva à igreja de Filipos, aparentemente, sua situação era das piores. Estava preso sob a guarda dos romanos. Passava por um momento de “privação” de recursos. A carta, entretanto, é escrita pelo apóstolo, dentre outras coisas, para agradecer os filipenses pelo recurso levantado e encaminhado para ajudá-lo.

Entendendo isto, ao ler o texto novamente, confesso irmãos, que me angustiei. Minha satisfação em Cristo não estava completa. O verso 12 saltou-o das escrituras e me esbofeteou: “Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade”.

Pensei comigo! – Meu Deus!, “que segredo este que Paulo descobriu”? 

O verso 11 responde: “... aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstancia”. Este, talvez, seria um “exercício” que Paulo estrategicamente empreendesse em situações que demandasse esta postura. Mas a força de Paulo estava na alegria que ele possuía em Cristo: “Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se!” (Fp 4.4).

Os dias são realmente maus. O pânico nos faz dizer: “Ninguém merece confiança” (Sl 116.10). A situação do mundo e, principalmente, de nosso país, é terrível. Mas aos filhos de Deus resta apenas confiar na Providência do Pai. Não temos outro bem além de Cristo.

O pastor americano John Piper diz que “a fé não é a garantia de prosperidade, mas de estar satisfeito em Deus e viver feliz na abundancia ou na escassez”. Será que você está passando por grandes necessidades ou está descontente por não ter o que deseja? Muitas vezes queremos que Deus mude a situação; mas por vezes, Ele não mudará, apenas nos ensinará a “adaptar-se” e “viver contente e em toda e qualquer situação”. A felicidade depende de acontecimentos, mas a alegria depende de Cristo.

Paulo nos mostrou que é possível. Dizia que “podia todas as coisas, pois Cristo o fortalecia”. Primeiro Deus opera em nós para depois operar por nosso intermédio. O sofrimento é uma das didáticas do Senhor (1 Pe 5.10). O propósito principal de Deus não é nos fazer feliz (conforme o nosso padrão), mas semelhantes a Seu Filho Amado Jesus. Isso envolve sofrimento. 

Aquele que busca a Deus para ser feliz e não para ser transformado, não busca a Deus, mas o seu prazer hedonista. O final disto é desgraça e frustração. Busque a vontade de Deus. Talvez de inicio lhe traga tristezas, mas no final trará os seus frutos de justiça. Se recorrermos a força de nosso próprio braço, fracassemos; nossa força deve vir d’Aquele que tudo pode.

Deus nunca nos abandonará! Ele nos susterá com a sua mão poderosa. Realmente precisamos, em momentos de turbulências, aquietar e pedir, antes de tudo, a alegria de Deus que nos fará forte na situação ao invés de tão somente solucionar o nosso problema.

Assim como fez Paulo, nós, portanto, devemos fazer o mesmo, ou seja, ele sabia que o Senhor não deixaria de lhe dar o que fosse necessário e fortalecê-lo para enfrentar qualquer situação. Por isso ele disse: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”.

Que em tudo, Deus nos ajude!

Considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,

Soli Deo Gloria!

Fonte: Fabio Campos

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Igrejas que perderam a memória



Por Antônio Pereira Jr.

Estou indignado… Não que me surpreenda com alguma idiotice desse “mundo gospel”, mas soube esses dias que uma igreja neopentecostal estava vendendo água mineral abençoada por algum apóstolo surtado, com a promessa de prosperidade para quem adquirisse o objeto pelo valor mínimo de R$ 100,00. Não é de hoje que bizarrices acontecem em supostas igrejas evangélicas. Infelizmente, as pessoas não sabem separar o joio do trigo.

A troca do dinheiro pelas bênçãos de Deus, praticada na Idade Média, voltou com força total. A venda de indulgências é fichinha diante do que algumas igrejas hodiernas têm praticado. As práticas bizarras vão de venda de objetos “consagrados” a “unções” estranhas e antibíblicas. Penso que se os reformadores, como Lutero, Calvino, Zuínglio e tantos outros, estivessem vivos, já teriam tido um ataque do coração diante de tanta bobagem que é ensinada como se fosse o evangelho de Cristo.

Muitos estão usando o Sagrado para sugar até a última gota o sofrido dinheiro dos fiéis incautos e pessoas sem o mínimo de discernimento bíblico. Que andam em busca das bênçãos de Deus ao invés de buscarem o Deus das bênçãos –cujas bênçãos nem sempre significam prosperidade material. Hoje, as igrejas têm tirado os olhos do céu e os tem colocado na terra. Nos desejos hedonistas e nas necessidades humanas, contrariando o que o apóstolo Paulo ensinou:“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Colossenses 3.1-2).

Outras igrejas, ao invés de pregarem o evangelho puro inventaram coisas que nem na Idade Média se viu. Quando não é o exagero e mau uso dos dons espirituais, são invencionices de pastores megalomaníacos. Coisas como: decretar o que Deus nunca decretou; falsas profecias; atos proféticos supostamente baseados em textos do Antigo Testamento (e que não tem nenhuma base na Igreja Neo-testamentária); crenças em objetos para obtenção de bênçãos; idolatria a déspotas supostamente agraciados por Deus; enfim, a lista é enorme. Você pode estar se perguntando: “o que essas coisas têm a ver com o evangelho”? Respondo: nada! Quem conhece, de fato, o evangelho simples de Jesus sabe muito bem que nem Ele, nem nenhum apóstolo, pregaram tais coisas.

O apóstolo Paulo já advertiu há muito tempo: “Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que é segundo a piedade, é orgulhoso e nada entende. Esse tal mostra um interesse doentio por controvérsias e contendas acerca de palavras, que resultam em inveja, brigas, difamações, suspeitas malignas e atritos constantes entre pessoas que têm a mente corrompida e que são privados da verdade, os quais pensam que a piedade é fonte de lucro” (1 Timóteo 6:3-5 – grifo nosso).

Igrejas que se entregaram somente à busca pelas coisas terrenas já perderam sua alma há muito tempo – não no sentido escatológico, mas, existencial. Abandonaram a Graça de Deus e se enfatuaram em suas mentes carnais. Quer um conselho? Leia o Novo Testamento e deixe de ser enganado por homens: “Cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas” (Filipenses 3.19). Lembre-se do que disse Nosso Senhor Jesus Cristo: “Portanto, de que adianta uma pessoa ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Marcos 8.36).

Fonte: NAPEC

domingo, 13 de dezembro de 2015

A SOBERANIA DE DEUS.


Por Mauro Rehder Meira

O que quer dizer a bíblia quando chama Deus de soberano?

Langston, em sua definição de Deus escreve: Deus, é um espírito pessoal, perfeitamente bom, que em santo amor, cria, sustenta e GOVERNA todas as coisas.

Quando a bíblia se refere à soberania de Deus, ela quer dizer que ele é aquele que tudo e a todos governa.

O salmo expressa bem essa verdade. Sl 22:8 "Porque o domínio é do Senhor, e ele reina sobre as nações".

A bíblia quer dizer com isso que Deus é Deus e nada faz constrangido por coisa alguma, mas tudo faz segundo o conselho da sua vontade.

Ef 1:11 "Nele, digo, no qual também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade".

A soberania faz parte do caráter de Deus e de ninguém mais. Ele é o único soberano.

1 Tm 6:15 "A qual, no tempo próprio, manifestará o bem-aventurado e único soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores;"

Vejamos alguns episódios, especialmente no livro de Êxodo, que mostram e exaltam esse atributo maravilhoso de Deus.

A soberania de Deus na vida de José.

Seus irmãos o venderam como escravo, mas a bíblia deixa claro que Deus é quem governa os acontecimentos e dirige a história.

Gn 45:5 "Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos aborreçais por me haverdes vendido para cá; porque para preservar vida é que Deus me enviou adiante de vós."

Deus foi quem enviou José ao Egito e não seus irmãos como eles pensavam.

Gn 50:20 "Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o que se vê neste dia, isto é, conservar muita gente com vida."

A soberania de Deus na vida do seu povo I.

Ex 1:7 "Depois os filhos de Israel frutificaram e aumentaram muito, multiplicaram-se e tornaram-se sobremaneira fortes, de modo que a terra se encheu deles."

Veja se isso não é o desígnio de Deus descrito em Gn 15:5, se cumprindo.

Gn 15:5 "Então o levou para fora, e disse: Olha agora para o céu, e conta as estrelas, se as podes contar; e acrescentou-lhe: Assim será a tua descendência."

Observe também Ex 1:8-11 "Entrementes se levantou sobre o Egito um novo rei, que não conhecera a José. 9. Disse ele ao seu povo: Eis que o povo de Israel é mais numeroso e mais forte do que nós. 10. Eia, usemos de astúcia para com ele, para que não se multiplique, e aconteça que, vindo guerra, ele também se ajunte com os nossos inimigos, e peleje contra nós e se retire da terra. 11. Portanto puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. Assim os israelitas edificaram para Faraó cidades armazéns, Pitom e Ramessés."

Deus disse que seu povo se multiplicaria, mas o novo rei quis ser astuto e impedir a multiplicação dos hebreus, e mal sabia ele que estava intentando contra os propósitos eternos e soberanos de Deus.

Perceba a reação do Deus soberano ao contemplar os planos dos homens que contrariam sua vontade.

Bíblia viva: Salmo 2: 4-5 Do seu trono, no céu, o SENHOR ri e faz pouco caso dos tolos planos dos homens. Quando chegar a hora certa, em sua ira, ele vai falar. Os homens ficarão desorientados e aterrorizados com o furor de Deus.

Qual o resultado da astúcia do rei contra o propósito de Deus?

Ex 1:12 "Mas quanto mais os egípcios afligiam o povo de Israel, tanto mais este se multiplicava e se espalhava; de maneira que os egípcios se inquietavam por causa dos filhos de Israel."

A soberania de Deus causa inquietação para muitas pessoas, mas para os seus filhos é motivo de segurança, pois um Deus soberano governa absoluto em seu trono no céu. Quero dizer que esse Deus soberano é amor. É o Deus que se fez carne e se entregou na cruz. Não compreendo o motivo de muitos não conseguirem lidar com ambas realidades. Não há contradição em Deus nem em sua palavra, nós é que somos limitados e não entendemos muitas coisas, mas não podemos limitar Deus. Deus é soberano justamente porque ele é amor. Espero que compreenda.

A soberania de Deus na vida de Moisés.

Ex 1:22 "Então ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida."

Mesmo com a ordem de seu pai para matar os meninos hebreus, a filha de faraó tem compaixão de Moisés e permite que sua mãe o crie e ainda lhe paga por isso.

Ex 2:5-9 "A filha de Faraó desceu para banhar-se no rio, e as suas criadas passeavam à beira do rio. Vendo ela a arca no meio os juncos, mandou a sua criada buscá-la. 6. E abrindo-a, viu a criança, e eis que o menino chorava; então ela teve compaixão dele, e disse: Este é um dos filhos dos hebreus. 7. Então a irmã do menino perguntou à filha de Faraó: Queres que eu te vá chamar uma ama dentre as hebréias, para que crie este menino para ti? 8. Respondeu-lhe a filha de Faraó: Vai. Foi, pois, a moça e chamou a mãe do menino. 9. Disse-lhe a filha de Faraó: Leva este menino, e cria-mo; eu te darei o teu salário. E a mulher tomou o menino e o criou."

O salmo 115:3 explica como coisas assim podem acontecer.

Bíblia viva. Sl 115:3 "Pois o nosso Deus está nos céus e faz tudo o que quer."

Não há outra explicação senão o querer de Deus sendo mantido, o propósito de Deus sendo cumprido de acordo com a sua vontade.

O Senhor tinha um propósito para Moisés. Libertar seu povo da escravidão no Egito e levá-lo de volta à terra prometida, por isso, a criança não poderia morrer.

A soberania de Deus na vida do seu povo II.

Repare que até mesmo o fato do seu povo estar sob escravidão dos egípcios, se deve à soberania e ao desígnio de Deus, veja:

Gn 15:13-14 "Então disse o Senhor a Abrão: Sabe com certeza que a tua descendência será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos; 14. sabe também que eu julgarei a nação a qual ela tem de servir; e depois sairá com muitos bens."

Deus disse e Deus está cumprindo suas palavras; seu povo está reduzido à escravidão e está sendo afligido.

Quero agora destacar o verso 14 que diz: sairão com grandes riquezas!

Esse verso e seu cumprimento, nos leva a perceber a soberania de Deus na vida de uma nação estrangeira, (que analisaremos em seguida) que não o seu povo escolhido. Deus é soberano sobre todos.

A soberania de Deus na vida de uma nação estrangeira.

O que o fato de saírem com grandes riquezas tem a ver com a soberania de Deus?

Tudo. Pois Deus, para cumprir sua palavra, fez com que os hebreus, antes de saírem do Egito, encontrassem graça diante dos egípcios, para que os egípcios dessem suas riquezas aos hebreus.

Ex 3:21-22 "E eu darei graça a este povo aos olhos dos egípcios; e acontecerá que, quando sairdes, não saireis vazios. 22. Porque cada mulher pedirá à sua vizinha e à sua hóspeda jóias de prata e jóias de ouro, bem como vestidos, os quais poreis sobre vossos filhos e sobre vossas filhas; assim despojareis os egípcios."

Ex 11:1-3 "Fala agora aos ouvidos do povo, que cada homem peça ao seu vizinho, e cada mulher à sua vizinha, jóias de prata e jóias de ouro. 3. E o Senhor deu ao povo graça aos olhos dos egípcios. Além disso o varão Moisés era mui grande na terra do Egito, aos olhos dos servos de Faraó e aos olhos do povo."

Deus disse e aconteceu. Deus é soberano. A bíblia diz que Deus deu ao povo graça, diante dos egípcios.

O senhor amoleceu o coração dos egípcios. Fez com que seu povo achasse mercê diante dos seus exatores.

Deus controla e governa o coração de uma nação estrangeira fazendo com que entreguem sua riqueza aos hebreus.

Deus determina o que vai acontecer (sairão com riquezas), determina o meio pelo qual isso se cumprirá (o povo deveria pedir) e cumpre sua palavra (inclinando o coração dos egípcios a darem a riqueza).

Sobre esse Deus, os profetas escreveram:

Is 46:9-10 "Lembrai-vos das coisas passadas desde a antigüidade; que eu sou Deus, e não há outro; eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; 10. que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antigüidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade;"

Nosso Deus é soberano; e é ele, e não o homem, quem determina o que há de acontecer, é ele quem anuncia o que deve acontecer.

É importante esclarecer que quando a bíblia usa essa linguagem não está dizendo que Deus prevê o futuro (como se a história acontecesse a parte de Deus), como se Deus fosse um profeta (vidente), mas está dizendo que ele mesmo o estabelece.

Em determinada situações, muitos dizem: Deus não faria uma coisa dessas! Mas observe o texto abaixo:

Dn 4:35 "E todos os moradores da terra são reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera no exército do céu e entre os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?"

Daniel em seu registro deixa claro que Deus atua no céu e na terra para que a sua vontade se cumpra. Não há como expressar de maneira mais clara essa verdade. Deus opera tanto no exército do céu quanto entre os moradores da terra para que o que ele determinou se cumpra, exatamente de acordo com a sua vontade. No final e em tudo, sempre é a vontade de Deus prevalece, sempre.

A soberania de Deus na vida do rei.

Assim como Deus controla o coração de uma nação estrangeira, controla também o coração do seu rei.

Deus haveria de libertar seu povo e manda Moisés falar com faraó, mas veja o Deus diz.

Ex 3:19 "Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir, a não ser por uma forte mão."

Será que faraó, o rei do Egito poderia impedir Deus de realizar a sua vontade?

No v.19, Deus disse que sabia que o rei não os deixaria ir pois ele mesmo endureceu o coração de faraó.

Ex 4:21 "Disse ainda o Senhor a Moisés: Quando voltares ao Egito, vê que faças diante de Faraó todas as maravilhas que tenho posto na tua mão; mas eu endurecerei o seu coração, e ele não deixará ir o povo."

Veja que Deus diz que ele mesmo endurecerá o coração do rei.

Deus havia mexido no coração dos egípcios (amolecendo-o) e agora mexerá no coração do rei (endurecendo-o); Deus é soberano e inclina o coração de quem ele quer, para onde ele quer, a fim de que a sua vontade e seu propósito se cumpra. Olhe a soberania de Deus!

Veja o que um rei disse sobre coisas como essas:

Pv 21:1 "Como corrente de águas é o coração do rei na mão do Senhor; ele o inclina para onde quer."

Claramente percebemos que Deus interfere no desejo do coração humano a fim de realizar seus desejos. Deus é soberano! Deus é Deus.

Agora, analisemos qual o propósito de Deus ao controlar o coração de faraó e o endurecer?

Ex 10:1-2 "Depois disse o Senhor a Moisés: vai a Faraó; porque tenho endurecido o seu coração, e o coração de seus servos, para manifestar estes meus sinais no meio deles, 2. e para que contes aos teus filhos, e aos filhos de teus filhos, as coisas que fiz no Egito, e os meus sinais que operei entre eles; para que vós saibais que eu sou o Senhor."

Deus endurece o coração de faraó com propósitos santos e soberanos. Aliás, tudo o que Deus faz é com propósito, e todos os seus propósitos são santos.

Deus endurece o coração de faraó para fazer os seus sinais no meio deles (v. 1). Pois Deus determinou que fosse assim, Deus determinou que os tiraria por mão forte (Ex 3:19). E Deus assim o faz, perceba:

Ex 6:1 "Então disse o Senhor a Moisés: Agora verás o que hei de fazer a Faraó; pois por uma poderosa mão os deixará ir, sim, por uma poderosa mão os lançará de sua terra."

Ex 3:20 "Portanto estenderei a minha mão, e ferirei o Egito com todas as minhas maravilhas que farei no meio dele. Depois vos deixará ir."

Deus determinou que seu povo sairia do Egito por grande e poderosa mão e assim será. Se faraó, na primeira visita de Moisés tivesse deixado o povo ir, não teriam sido feitos os sinais que Deus disse que faria; por isso Deus endurece o coração de faraó para que não deixe o povo ir a fim de que o Senhor realize grandes prodígios na terra do Egito. Se Deus quisesse, teria libertado o seu povo rapidamente, matando faraó, o cortando da face da terra, mas decide mantê-lo vivo, para mostrar nele o seu poder, perceba como é exatamente isso que o texto diz:

Ex 9:15-16 "Agora, por pouco, teria eu estendido a mão e ferido a ti e ao teu povo com pestilência, e tu terias sido cortado da terra; 16. mas, na verdade, para isso te hei mantido com vida, para te mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra."

Qualquer tentativa de amenizar a força dessas palavras é tirar a glória de Deus. Se Deus não quisesse dizer isso, isso não estaria no texto sagrado. Ou cremos que a bíblia é inspirada ou mexemos nela de acordo com nossas convicções.

Deus não da jeitinho, Deus faz o que quer. Sei que para alguns isso é difícil até de falar, mas não deixa de ser verdade. A história não acontece fora de Deus, mas em Deus (At 17:28 "porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos"). É nele que tudo acontece.

Deus não sabe de todas as coisas apenas porque sabe o que vai acontecer. Deus não sabe de todas as coisas porque ele é onisciente, Deus é onisciente porque ele mesmo determinou todas as coisas.

Como é bom percebemos a grandeza de Deus e descansarmos no que está escrito em Atos dos Apóstolos. Leia com cuidado observando a divindade do nosso Deus. Observe como é ele que tudo e a todos sustenta.

At 17:24-26;28-29 "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; 25. nem tampouco é servido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas; 26. e de um só fez todas as raças dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra, determinando-lhes os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação; 28. porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois dele também somos geração. 29. Sendo nós, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida pela arte e imaginação do homem."

Nosso Deus não é um ídolo esculpido de ouro, de prata ou de pedra. Nosso Deus é de fato e de verdade Deus, embora hoje ele seja retratado muita vezes como alguém menor que ele mesmo, ou seja, um ídolo. De um só, ele fez todas as raças e determina o tempo e o limite da habitação de cada um. NELE, vivemos, nos movemos e existimos. Que contraste estupendo entre o criador e as criaturas.

Deus endurece o coração de faraó, também para que esse episódio fosse contado aos filhos e aos filhos dos filhos dos hebreus, para que eles soubessem o que Deus fizera na terra do Egito (v. 2).

Mas Deus endurece o coração de faraó, sobretudo, PARA QUE SAIBAIS QUE EU SOU O SENHOR! (v.2).

Termino esse escrito com as palavras inspiradas de Davi, declarando de maneira assombrosa o quão grande, absoluto, único, suficiente, poderoso, glorioso e soberano é o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó.

1 Cr 29:10-13 "Pelo que Davi bendisse ao Senhor na presença de toda a congregação, dizendo: Bendito és tu, ó Senhor, Deus de nosso pai Israel, de eternidade em eternidade. 11. Tua é, ó Senhor, a grandeza, e o poder, e a glória, e a vitória, e a majestade, porque teu é tudo quanto há no céu e na terra; teu é, ó Senhor, o reino, e tu te exaltaste como chefe sobre todos. 12. Tanto riquezas como honra vêm de Ti, tu dominas sobre tudo, e na tua mão há força e poder; na tua mão está o engrandecer e o dar força a tudo. 13. Agora, pois, ó nosso Deus, graças te damos, e louvamos o teu glorioso nome."

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A revolução da moral cristã


Por Matheus Negri

Muitas críticas foram e ainda são levantadas contra o cristianismo. Elas estão em filmes, novelas, jornais, salas de aula e em no senso popular. Destas críticas muitas são direcionadas a denominações específicas e outras abertas a todos os cristãos. Principalmente no atual debate sobre gênero, homofobia, casamento gay e direito de minorias. A proposta deste texto é apresentar como o cristianismo é o responsável histórico dos direitos fundamentais do ocidente.

Na cultura popular podemos assistir desenhos animados como “Os Simpsons” ou “South Park”, onde vizinhos cristãos são motivos de riso e piadas. Temos também novelas e programas de entrevistas que colocam as posições cristãs como ultrapassadas, sem valor e deixando a entender que elas trazem de alguma maneira atraso para a sociedade: como os debates sobre a definição de família no estado brasileiro e a questão da homossexualidade na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal. Um bom exemplo é a matéria do dia 06.07.2013 no site da revista Veja intitulada, EVANGÉLICOS: Veja como ocorre a suposta ”CURA GAY” em templos de São Paulo. Nesta reportagem é demonstrada a forma como algumas igrejas evangélicas neopentecostais no contexto de São Pulo lidam com a questão da homoafetividade.

Outro ponto pertinente é apresentado por Dan Kimball (2011) em seu livro, Eles Amam a Jesus e Odeiam a Igreja, o qual fez uma pesquisa em universidades americanas e percebeu o grande descontentamento com a igreja cristã em seu país. Todos os pontos levantados por ele estão intimamente ligados com a moral cristã. Observa se o descontentamento nos seguintes pontos:
A organização da igreja como uma organização política com interesses próprios.
A igreja é intolerante e negativista.
A igreja oprime as mulheres e é machista.
A igreja é homofóbica.
A igreja é arrogante ao afirmar que só ela tem a salvação.
A igreja é fundamentalista e leva a Bíblia ao pé da letra.

Podemos afirmar sem medo que conduta cristã marca definitivamente a cultura ocidental até os dias de hoje. O próprio polêmico filósofo, Peter Singer (2002), reconhece que o advento do cristianismo foi o responsável pelos direitos fundamentais dados em nossa cultura, isso devido ao caráter teocêntrico das leis e a imortalidade da alma. Tornando essas doutrinas como os basilares incontestáveis da ortodoxia moral da civilização ocidental. Rodney Stark em seu livro, O Crescimento do Cristianismo, apresenta as grandes mudanças que houveram no Império Romano devido à propagação dos ideais cristãos. Irei ressaltar três grandes mudanças no agir romano: o problema das epidemias, o papel da mulher e os infanticídios.

As epidemias

Segundo Stark (2006) nos séculos II e III houve grandes número epidemias, chamadas “Peste de Galeno”, a taxa de mortalidade destas epidemias foram tão altas que havia caravanas de carroças e vagões para o transporte dos mortos. Das consequências produzidas pelas epidemias a que nos interessa é a da crise de fé, como se sabe sempre as grandes crises naturais, sejam doenças, terremotos, vulcões ou outras, são traduzidas em crises de fé. Esta crise de fé se dá principalmente pela ineficiência da religião dominante em responder e atender o problema. A ineficiência do paganismo romano se dá pela dificuldade dos sacerdotes e filósofos em responder o “por quê?” de tamanha mazela e ainda a fuga em massa dos sacerdotes e das mais altas autoridades civis dos locais onde ocorriam as epidemias. Temos como exemplo o relato de Tucídides, extraído de sua obra História da Guerra de Peloponeso:

“É que a catástrofe era tão devastadora que os homens, por desconhecer o que os esperava, se tornavam indiferentes a qualquer preceito legal ou religioso […]. Nenhum temor a deus ou a lei humana conseguia exercer influência restritiva. Quanto aos deuses, era indiferente adorá-los ou não adorá-los, quando se viam o bom e o mau morrendo indiscriminadamente”(p. 99).

Texto que ilustra de maneira significativa o sentimento que envolvia os pagãos quanto ao que estava acontecendo e a falta de respostas aos problemas seja pela religião ou filosofia.

A resposta cristã as epidemias, baseado em sua moralidade do amor e compaixão, deveria ser muito diferente do comportamento pagão. E realmente foi o que aconteceu. As epidemias eram vistas pelos cristãos como “lição e prova” que deveriam suportar e com elas aprender. Essa nova significação dada aos problemas reais enfrentados pela vida humana teve grande influência no crescimento do cristianismo e estima por parte do povo, pois diferentemente dos pagãos os cristão agiam com amor e compaixão.

Suas ações eram tão diferentes que o próprio imperador Juliano, em carta no ano de 362 d.C., pedira que o sumo sacerdote da Galácia que igualasse os pagãos as virtudes cristãs, pois segundo o imperador o crescimento cristão se dava pelo seu caráter moral. Lemos também na citação do próprio Juliano que diz: “Os ímpios galileus prestam apoio não apenas a seus pobres, mas também os nossos; todo mundo pode ver que nosso povo não conta com nossa ajuda” (p. 97).

O papel das mulheres

Quanto às mulheres houve grande adesão ao cristianismo, pois entre os cristãos as mulheres possuíam um status extraordinariamente maior do que no mundo greco-romano em geral. Esta diferença era fundamental e estava baseada em pensadores clássicos que muito influenciaram a cultura Greco-romana. Um bom exemplo é a biologia da natureza masculina e feminina de Aristóteles, que coloca a mulher em um patamar menor do que o homem, não só a mulher, mas todas as fêmeas dos seres vivos, excluindo o urso e o leopardo. Nas palavras do próprio filósofo:

Todas as fêmeas são menos vivazes que os machos, exceto a do urso e a do leopardo; nestas espécies a fêmea é considerada mais valente. Mas nos outros casos as fêmeas são mais delicadas, mais viciosas, menos simples, mais impetuosas, menos atentas à alimentação dos filhotes, enquanto os machos são, ao contrário, mais vivazes, selvagens, simples e menos astutos. Existem traços destas qualidades virtualmente em todos os animais, porém são mais evidentes naqueles que são mais possuidores de caráter e especialmente do homem. Pois a natureza do homem é mais completa, de modo que também essas disposições são mais evidentes nos seres humanos. Portanto, a esposa é mais compassiva do que o marido e mais dada às lágrimas, mas também mais invejosa e queixosa e mais apta para ralhar e lutar. A fêmea é mais desanimada e deprimida do que o macho, mais pudica e mentirosa, é mais disposta a enganar e tem uma memória mais vasta; além disso ela é mais vigilante, mais temerosa de agir, e em geral é menos inclinada a mover-se que o macho e toma menos alimento. O macho, por outro lado, é um animal mais disposto e é mais valente que a fêmea (livro IX, parte 1).

Ficando assim evidente como se dava o pensamento sobre as mulheres, colocadas de certa forma como negativas diante do homem, sugerindo assim que seu lugar na sociedade não deveria ser de muita importância, já que não era de confiança e nem possuía capacidade para tanto.

As meninas recebiam pouca ou nenhuma educação, casavam-se muitas vezes antes da puberdade. A mulher era considerada como criança, independentemente da idade, era assim propriedade legal de seu pai ou marido, dos bens que possuíam cabia ao marido gerenciar, e este poderia se divorciar quando quisesse. O chefe da casa poderia “usar” das mulheres da casa como bem lhe parecesse, da mesma forma que à suas posses. Fica evidente a diferença de trato com as mulheres no meio cristão, pois não toleravam de maneira nenhuma os infanticídios seja de meninas ou meninos, condenavam o sexo fora do casamento, o adultério e o divórcio.

Em caso de viúves as mulheres pagãs eram obrigadas a contrair novo matrimônio em dois anos e a sua herança estaria sob a responsabilidade de seu novo marido, em contrapartida quanto às viúvas cristãs eram tidas com grande estima por sua posição na comunidade, eram capazes de administrar a herança de seu finado marido e as que não possuíam bens, as pobres, eram amparadas pela comunidade. Lemos tanto no Antigo quanto no Novo Testamento vários apelos para o cuidado com as viúvas: “Não oprimam a viúva e o órfão, nem o estrangeiro e o necessitado. Nem tramem maldade uns com os outros” (Zacarias 7.10); “Naqueles dias, crescendo o número de discípulos, os judeus de fala grega entre eles queixaram-se dos judeus de fala hebraica, porque suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária de alimento” (Atos 6.1); “Trate adequadamente as viúvas que são realmente necessitadas” (1 Timóteo 5.3); “A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo” (Tiago 1.27).

Infanticídio e aborto

Na questão do infanticídio para uma melhor compreensão merece nossa atenção o caso do pater famílias, o chefe da casa, que constituía a suprema fonte de poder e de autoridade na casa. A casa ou família era constituída por todos os bens, posses e pessoas pertencentes à propriedade patrimonial diferente do conceito contemporâneo de pai, mãe e filhos. Este seu poder era absoluto, patriarcal e patrilinear, ele tinha o direito de vida, morte, disciplina e domínio sexual sobre todos inclusive crianças nascidas livres. Todos na casa eram virtualmente escravos do poder do pater até sua morte.

A prática do infanticídio era corroborada pelos os pensadores gregos, Aristóteles (1999) via o infanticídio como uma prática legítima de um estado, possibilitando não só o abandono de crianças como também o aborto. Em escavações na cidade de Ashkelon, cidade portuária localizada ao norte da faixa de Gaza, fora encontrado ossadas de mais de cem bebes atirados no esgoto em algum período do século VI a.C. Contrastando severamente com as práticas cristã de valorizar a vida em todas as situações, tendo os filhos como herança divina conforme é citado nas escrituras (Cf. Salmo 127.3).

Assim como vimos neste ensaio, fica evidente, pelo menos no cristianismo inicial, a grande mudança de projeto ético de vida que trouxe para o ocidente. Trazendo valor aos pobres e inferiores, as mulheres e crianças tornando a vida humana um dom divino que deve ser valorizado e respeitado. Verifica-se assim o porquê de seu grande crescimento e como fundamenta o pensamento ocidental até a contemporaneidade. Mesmo que o projeto ético contemporâneo não seja baseado na relação entre revelação e ser humano os princípios fundamentais ainda podem ser verificados.

Por isso o fundamento da crítica contemporânea não é válido, não vemos o enfraquecimento do homem ocidental em sua liberdade e direitos, mas a valorização do ser humano, tomado como fim e não meio.

Podemos concluir que a crítica popular ao cristianismo para a prática cristã, a sua demonstração visível e limitada. Existem sim grupos que vivem um cristianismo frio, sem vida, ou muitas vezes discriminatório, porém estas práticas não condizem com a moral cristã encontrada na Revelação, e carecem de uma adequação, ou seja, um arrependimento e retorno as Escrituras. Desta forma “os nomes devem ser dados aos bois”, e não a generalização.

REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES. Política. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999.

____________. The History of Animals. Australia: The University of Adelaide, 2013.

BALCH, David L. In: SAMPLEY, J. Paul. Paulo no mundo greco-romano: um compêndio. São Paulo: Paulus, 2008.

BÍBLIA SAGRADA. Nova Versão Internacional. Sociedade Bíblica Internacional. São Paulo: Editora Geográfica, 2000.

KINBALL, Dan. Eles gostam de Jesus, mas não da igreja. São Paulo: Editora Vida, 2011.

SINGER, Peter. Ética Prática. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

STARK, Rodney. O Crescimento do Cristianismo: Um sociólogo reconsidera a história. São Paulo: Paulinas, 2006.

WHITE, L. Michael. In: SAMPLEY, J. Paul. Paulo no mundo greco-romano: um compêndio. São Paulo: Paulus, 2008.

Fonte: NAPEC

William Gurnall sobre “cristãos” que mudam as suas "convicções" de acordo com a moda do dia.


Por Josemar Bessa

William Gurnall (1617-1679) está falando sobre o cinto da verdade (Efésios 6.14) e a necessidade de trabalhar duro para estarmos bem fundamentados na Verdade. Em seguida, ele diz o seguinte:

...Duro será o castigo e juízo sobre a inconstância, falta de estabilidade e estranha falta de habilidade de julgar biblicamente o erro que muitos que se dizem cristão tem nesta era inconstante.

As Verdades bíblicas na mente de muitos “mestres” ditos cristãos, não são estrelas fixas no céu, são como meteoros que dançam no espaço - elas não são como caracteres gravados no mármore, mas como coisas escritas na areia, que todo e qualquer vento e leve sopro humano ocioso seduz e desfigura. Muitos desses “mestres” entretêm opiniões, como alguns entretêm pretendentes, namorados... não que eles desejem se casar, mas brincam com esse pretendente hoje, abandonam quando é conveniente e brincam com outro... falam apaixonadamente quando começam a flertar... logo depois, tudo se foi. Para esses “mestres”, a verdade é apenas um flerte.

Nunca houve uma época mais tonta e inconstante do que a nossa. O que é dito como se fosse a verdade hoje ( por não expressar realmente a Palavra de Deus e sim essa geração corrupta ), logo é mudado. Esses homens que se dizem “mestres”, deviam ver a pintura deles com as “roupas” que vestiam há pouco tempo atrás... e dificilmente se reconheceriam em seus trajes do presente. Essa é a realidade do que dizem ser a “verdade” agora – eles pregam um “deus” prodigamente mutável.

Veja o que esses “mestres” estão pregando hoje, espere um pouco pelas mudanças da sociedade fútil em que vivemos, e logo todas as mudanças estarão na pregação deles. Não é nem que eles abandonarão o evangelho – isso eles já fizeram – mas nem o erro que eles pregam hoje satisfará eles amanhã.

Chegaram a um ponto de completa idiossincrasia. O velho que eles abandonam agora, já é uma deturpação da Verdade – por causa de suas muitas mutações – eles tem um fundamento tão fraco para suas afirmações, que o chão do assoalho debaixo dos pés deles, mal resiste a uma temporada e tudo vai abaixo e um novo assoalho diferente é posto no lugar ao gosto das mudanças da sociedade.

Se os pagãos, que não glorificaram a Deus com a luz da natureza que tinham, a revelação geral de Deus no mundo e em suas consciências - não foram poupados da ira de Deus – e foram entregues a corrupção de seus corações para fazerem tudo o que é imoral e inconveniente... colhendo em si mesmos os frutos da corrupção e do total juízo de Deus – como os que desonram a Deus - como esta geração de homens, mulheres e mestres que se dizem cristãos – que desonram a Deus a luz de toda e clara revelação bíblica estarão diante de Deus um dia? Eles abraçam um labirinto de erros, e dizem ousadamente ser a nova verdade. Mas não por muito tempo.

[William Gurnall and John Campbell, The Christian in Complete Armour (London: Thomas Tegg, 1845).

Fonte: Josemar Bessa