Por Pr. Silas Figueira
Texto base: Êxodo 32.1-25
INTRODUÇÃO
Quando o Senhor disse para
Moisés subir o monte Sinai para receber as tábuas as Lei, Moisés diz para as
autoridades do povo que Arão e Hur estariam no arraial e iriam resolver os
problemas que surgissem (Êx 24.13,14). O problema é que a pessoa que Moisés
deixou em seu lugar não estava à altura do cargo que ficou exercendo. Arão era
um homem que não tinha liderança. Era uma pessoa que não tinha convicção das suas
responsabilidades. Ele poderia até ser um bom liderado, mas não um bom líder. Ele
não tinha convicção de seus afazeres e sedia sob pressão.
A liderança de Arão em
Êxodo 32 é um retrato preciso de muitos líderes eclesiásticos hoje. Uma
liderança que está mais preocupada em agradar aos seus ouvintes do que honrar a
Deus. Homens que destorcem as Escrituras para agradar os ouvintes. Líderes que
preferem deixar de pregar a Verdade para não ofender o seu auditório. Pastores
que alimentam o seu rebanho com palha, mas o povo, por desconhecer o bom
alimento de Cristo, acham que estão sendo bem alimentados com alimento espiritual.
Arão fiou com a
incumbência de liderar o povo juntamente com Hur enquanto Moisés ia subir o
monte Sinai. No entanto, depois de quarenta dias, o povo ficou inquieto sem
saber o que havia acontecido com Moisés lá em cima do monte (Êx 32.1). Arão e
Hur deveria tomar à frente e acalmar o povo, mas ao invés disso, deu ouvidos
aos seus queixumes.
Uma liderança frouxa se
deixa levar pela situação e não toma as atitudes certas, pois não temem a Deus,
mas temem ao povo e por sua vez não quer desagradá-lo. Líderes assim agem
segundo a direção dos acontecimentos, mas não se posicionam firmes diante do
que é certo a fazer.
A liderança frouxa de
Arão levou o povo a se corromper envolvendo-se na idolatria e na promiscuidade.
Vejamos seis erros crassos que Arão cometeu como líder do povo:
1
– UMA LIDERANÇA FROUXA NÃO TEM COMPROMISSO COM A VERDADE (Êx 20.1-6, 24.14,
32.1-4).
Observe em Êxodo 20.1-6 o
que o Senhor falou ao Seu povo:
Então
falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor teu Deus, que te
tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de
mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em
cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te
encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus
zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração
daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que
guardam os meus mandamentos. Êxodo 20:1-6 – ACF.
Essas palavras foram
dirigidas ao povo muito antes de Moisés subir o monte Sinai, no entanto, tanto
o povo, quanto Arão não deram crédito ao que o Senhor falou. Principalmente Arão
que era o sacerdote e, mais do que ninguém, deveria zelar por cumprir o que o
Senhor ordenara.
Uma liderança frouxa não tem
compromisso com Verdade. Não tem compromisso com a Palavra. Não a põe em
prática, mas faz tudo ao contrário do que ela ordena. Veja o que Arão fez:
Isso não está diferente nos
dias atuais. Quantos líderes eclesiásticos que não agem segundo a Palavra de
Deus, mas andam na contramão do que ela ensina. Eu não estou falando de texto
de difícil interpretação onde é necessário um pouco mais de esforço para entende-lo,
eu estou falando de textos claros como este de Êxodo 20.1-6, onde é simplesmente
obedecê-lo.
2
– UMA LIDERANÇA FROUXA FAZ O QUE O POVO QUER (Êx 32.1-4).
Mas
vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão, e
disse-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a
este Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe
sucedeu. E Arão lhes disse: Arrancai os pendentes de ouro, que estão nas
orelhas de vossas mulheres, e de vossos filhos, e de vossas filhas, e
trazei-mos. Então todo o povo arrancou os pendentes de
ouro, que estavam nas suas orelhas, e os trouxeram a Arão. E ele os tomou das
suas mãos, e trabalhou o ouro com um buril, e fez dele um bezerro de fundição.
Então disseram: Este é teu deus, ó Israel, que te tirou da terra do Egito.
Êxodo 32.1-4 – ACF.
Observe que o povo queria
que Arão fizesse deuses que os guiasse e Arão não questionou, ele simplesmente obedeceu.
Arão não questionou o povo com a Palavra que o Senhor havia falado
anteriormente, mas fez o que o povo quis.
Ele não confrontou a
ideia distorcida que eles estavam tendo a respeito de Deus e de que Ele os ordenara
a abandonar a idolatria. Quem faz o que o povo quer não tem compromisso com
Deus.
O povo pode querer muitas
coisas, mas o compromisso da liderança é fazer o que Deus manda e não o que o
povo quer. Não podemos fazer como aquele pastor que queria abrir uma igreja num
determinado bairro, mas antes dele abri-la ele fez uma pesquisa do que as
pessoas queriam que tivesse em uma igreja. Cada um deu uma ideia e, dentro do
possível, ele procurou fazer tudo para agradar as pessoas. Aquilo era tudo,
menos uma igreja.
3
– UMA LIDERANÇA FROUXA SE ALEGRA COM OS RESULTADOS, AINDA QUE ESSES NÃO
GLORIFIQUEM A DEUS (Êx 32.5).
E
Arão, vendo isto, edificou um altar diante dele; e apregoou Arão, e disse:
Amanhã será festa ao Senhor. Êxodo 32.5 – ACF.
Depois do ocorrido Arão
disse que deveriam festejar o resultado adquirido, e o pior, disse que seria
festa ao Senhor. Que senhor? Só se for para o diabo, pois tal festa não era
para Deus.
Há líderes que se preocupam
com os resultados. Dar certo é o que importa, ainda que tais resultados ofendam
a Deus. O importante não é o que é certo, mas o que dá certo. São líderes
pragmáticos, mas não ortodoxos. Aliás, a ortodoxia passa longe de seus
púlpitos.
Certo líder de uma
determinada igreja aqui de minha cidade disse que ele não é pastor, ele é um
empreendedor, o compromisso dele é manter a igreja cheia e o povo satisfeito. Ele
disse isso justificando o porquê que ele não pregava sobre pecado, mas só
palavra de vitória. Ele disse que pregar sobre o pecado ofende e ele queria que
as pessoas saíssem da igreja não convencidas de pecado, mas bem consigo mesmas.
O importante é manter a igreja cheia, ainda que seja com gente morta. E é isso
que o que mais temos visto por aí.
4
– UMA LIDERANÇA FROUXA LEVA O POVO A ADORAÇÃO DO PECADO COMO SE FOSSE ALGO SANTO
(Êx 32.5,6).
E
Arão, vendo isto, edificou um altar diante dele; e apregoou Arão, e disse:
Amanhã será festa ao Senhor. E no dia seguinte madrugaram, e ofereceram
holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se a comer e a
beber; depois levantou-se a folgar. Êxodo 32.5,6 – ACF.
A palavra divertir-se -
folgar (Hebraico – tsachaq), não se
refere a uma diversão inocente, mas implica em imoralidade sexual, como aquelas
ligadas aos rituais pagãos.
Isso não era culto a
Deus, mas ao diabo em todos os sentidos. Mas essa tem sido uma triste realidade
hoje em muitas igrejas. Em muitas igrejas a promiscuidade começa no altar e se
espalha para o meio do povo.
Líderes promíscuos que se
valem de seus títulos para irem para cama com a mulheres da igreja – isso sem
falar do homossexualismo que há também. Agem da mesma forma como os filhos do
sacerdote Eli que se deitavam com a mulheres que iam a tenda da congregação:
Era,
porém, Eli já muito velho, e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o
Israel, e de como se deitavam com as mulheres que em bandos se ajuntavam à
porta da tenda da congregação. 1 Samuel 2.22 – ACF.
Eu conheço um determinado
“pastor” solteiro que fez operação de vasectomia para não correr o risco de
engravidar as mulheres que com ele se deita na igreja que ele pastoreia. Isso é
um caso dentre muitos que conheço.
5
– UMA LIDERANÇA FROUXA NÃO ASSUME AS CONSEQUÊNCIAS DOS SEUS ERROS (Êx 32.4, 21-24).
E
Moisés perguntou a Arão: Que te tem feito este povo, que sobre ele trouxeste
tamanho pecado? Então respondeu Arão: Não se acenda a ira do meu senhor; tu
sabes que este povo é inclinado ao mal; E eles me disseram: Faze-nos um deus
que vá adiante de nós; porque não sabemos o que sucedeu a este Moisés, a este
homem que nos tirou da terra do Egito. Então eu lhes
disse: Quem tem ouro, arranque-o; e deram-mo, e lancei-o no fogo, e saiu este
bezerro. Êxodo
32.21-24 – ACF.
Veja a justificativa de
Arão para Moisés. Ele não assume que agiu errado em dar crédito ao que o povo
pedia e não assume que foi ele que fez o bezerro de ouro. Veja o que ele fala:
“Então
eu lhes disse: Quem tem ouro, arranque-o; e deram-mo, e lancei-o no fogo, e
saiu este bezerro”.
Mas veja o texto
anterior:
Então
todo o povo arrancou os pendentes de ouro, que estavam nas suas orelhas, e os
trouxeram a Arão. E ele os tomou das suas mãos, e trabalhou o ouro com um
buril, e fez dele um bezerro de fundição.
Arão trabalhou o ouro e
fez um bezerro, foi isso que ele fez. Mas diante de Moisés ele disse que lançou
o ouro no fogo e saiu um bezerro. Que indivíduo descarado. Ele é frouxo diante
do povo e diante de Moisés. Ele não assume as consequências de seus erros. Não admite
que errou e se arrepende, mas tenta justificar os seus atos. Ele agiu igual
Adão que colocou a culpa de seu pecado em Deus e na mulher.
Arão faz piada com o
pecado por ele cometido. O povo pecou em pedir um ídolo e Arão pecou em
fazê-lo. Arão tenta se justificar levando a coisa na brincadeira, tentando
amenizar o seu erro extremamente grave. Tão grave que ele só não morreu porque
Moisés intercedeu por ele (Dt 9.20):
Também
o Senhor se irou muito contra Arão para o destruir; mas também orei por Arão ao
mesmo tempo. Deuteronômio 9.20 – ACF.
Quem não assume as suas
responsabilidades na verdade não está arrependido do que fez. Se Arão tivesse
que fazer de novo faria. Quem não assume responsabilidades não pode ter um povo
sob sua liderança em hipótese alguma.
Veja a diferença de Arão
para Davi quando foi confrontado de pecado (2Sm 12.13). Davi se arrepende a tal
ponto que escreve o Salmo 51 confessando o seu pecado. Arão, no entanto, fez
piada do erro cometido, dá desculpadas esfarrapadas. Por isso que antes de
tratar com o povo, Moisés trata com Arão. Moisés confrontou Arão, pois o
privilégio da liderança traz consigo tanto a responsabilidade quanto a prestação
de contas.
6
– UMA LIDERANÇA FROUXA NÃO TEM CONTROLE SOBRE OS SEUS LIDERADOS (ÊX 32.25).
Vendo
Moisés que o povo estava desenfreado, pois Arão o deixara à solta para vergonha
no meio dos seus inimigos. Êxodo 32.25 – ARA.
Moisés
viu que o povo estava desenfreado e que Arão o tinha deixado fora de controle, tendo se tornado motivo de riso para os seus inimigos. Êxodo 32.25 NVI.
A ACF diz que eles
estavam nus. Creio que o sentido aqui é que eles estavam sem nenhum pudor
diante do que estavam fazendo. Estavam sem nenhuma compostura adequada. Agiam de
forma desenfreada.
O povo estava fora de
controle devido à falta de pulso de Arão. Cada um fazia o que queria sem ter
que prestar contas a ninguém. A liderança tem que ter o controle dos seus
liderados, se não a coisa descamba para uma direção totalmente contrária do que
Deus quer.
O apóstolo Paulo nos diz
em Romanos 12.1 diz que devemos oferecer a Deus um culto racional. A palavra
grega aqui é “logikos”, “racional”, carrega
a ideia de razoável, lógico e sensato. O culto tem de ser com decência e ordem
(1Co 14.26,40). Mas no momento em que não há ordem no culto a coisa vira
bagunça.
Há cultos por aí que eu
me recuso a chamar de culto a Deus. Pode ser qualquer coisa, menos culto ao
Senhor. Há uns vídeos na internet que foram gravados em algumas “igrejas
evangélicas” que nos envergonham diante da sociedade sem Deus. Tal coisa não
acontece dentro de uma Igreja Católica e nem mesmo em centro espírita, mas
ocorre dentro de determinadas igrejas ditas evangélicas.
Isso tudo é para nossa
vergonha. Como ocorreu através da liderança de Arão tem ocorrido hoje. Temos sido
“motivo de riso para os seus inimigos”. Ligue
a sua TV e veja os programas “evangélicos” que passam. Raramente pode se dizer
que um ou no máximo uns dois são coerentes com a Bíblia. A maioria nos envergonham.
Nos dá náuseas diante de tanta falta vergonha de dizer que aquilo que fazem é o
Evangelho de Jesus Cristo.
CONCLUSÃO
Arão é o retrato idêntico
de muitos indivíduos que temos visto por aí que se intitulam pastor, apóstolo,
patriarca, bispo... gente sem compromisso com a verdade de Cristo, gente
compromissada com seus próprios umbigos. Gente que quer ver a alegria do povo,
e para isso pregam o que eles querem ouvir e não o que eles precisam ouvir. Não
agem como Pedro diante do coxo que não lhe deu a moeda que o mendigo queria,
mas lhe deu a cura que ele precisava.
Se o Evangelho que
pregamos é antropocêntrico vale tudo para agradar o povo, mas se o Evangelho
que pregamos for Cristocêntrico temos que fazer de tudo para agradar ao Nosso
Senhor.
Pense nisso!