Por Pr. Silas Figueira
Texto base: Juízes 6.1-40
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Depois da morte de
Josué deu-se início ao período chamado de Juízes que durou cerca de 349 anos.
Nesse tempo "não havia rei em
Israel; cada um fazia o que achava mais reto" (Jz 17.6; 21.25).
Durante esse período, se repetia várias vezes o mesmo ciclo: O povo obedecia a
Deus por algum tempo e, depois, afastava-se dele. Como alerta ao povo rebelde,
Deus permitia que um inimigo o oprimisse. Quando o povo se arrependia e pedia
libertação Deus mandava juízes para livrá-lo das mãos dos inimigos. O povo
resgatado servia ao Senhor durante o resto daquela geração, assim começando de
novo o ciclo.
A lição que podemos
tirar da vida de Gideão é que as crises sempre virão, muitas vezes por questões
naturais, outras por causa do pecado – no caso do tempo dos Juízes foi o pecado
do povo –, mas independentemente o Senhor sempre tem o Seu remanescente e o
levanta para lutar pelo Seu povo. Gideão serve de grande ânimo para os que têm
dificuldade em aceitar a si mesmos e em crer que Deus pode fazer deles aquilo
que deseja ou usá-los para aquilo que quiser.
Quem
foi Gideão – Gideão era da tribo de Manassés, ele foi o juiz
que libertou os filhos de Israel dos midianitas. Esse povo oprimia Israel roubando
suas colheitas e também seus animais (Jz 6.2-6). Foi então que Gideão teve uma
experiência com Deus, onde o Anjo do Senhor o chamou para fazer dele o
libertador de Israel. Gideão foi o quinto dos juízes ou libertadores,
apresentado em Juízes, capítulos 6, 7 e 8. Gideão, pois, foi a resposta dada
por Deus ao clamor do povo.
Os
midianitas – Eram descendentes de Abraão e de Quetura (Gn 25.1,2
- 1 Cr 1.32); os midianitas ou árabes habitavam principalmente ao norte da
Arábia. Na direção do sul eles estendiam-se pela praia oriental do golfo de
Acabá, e para o norte povoavam a fronteira oriental da Palestina. Os
descendentes de Hagar e os de Quetura casaram, sem dúvida, uns com os outros, e
serve isto para explicar o fato de os negociantes a quem foi vendido José serem
num lugar chamados midianitas e em outro ismaelitas (Gn 37.25,28). Os
midianitas caíram na idolatria e na imoralidade, exercendo uma péssima influência
nos filhos de Israel, como se pode ver na narrativa de Nm 25.6 a 18. Ao tempo
em que as tribos cananéias constituíam um povo detestado, puderam os
midianitas, dizendo-se consanguíneos e dos israelitas, conviver com estes, e
mais prontamente afastá-los da sua obediência ao Senhor. Em Consequência disto
foi, por ordem expressa de Moisés, sustentada uma guerra contra Midiã (Nm 31).
Passados anos, eles restabeleceram-se deste golpe, e tornaram-se os cruéis
opressores do povo de Israel, devastando as suas searas até Gaza na costa do
Mediterrâneo. O despojo tomado por Moisés e Gideão mostra que os midianitas
eram um poderoso povo nômade, vivendo de pilhagem, e amando a ostentação.
Quais
as lições que podemos tirar da vida e da experiência de Gideão?
A
PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE QUANDO HÁ ARREPENDIMENTO O SENHOR ATENDE O
CLAMOR DO SEU POVO (Jz 6.6-11).
O povo de Israel passou
a servir a Baal e em consequência disto, o Senhor os entregou aos seus inimigos
(Jz 6.1). Um povo que não quer servir ao Senhor o Senhor não tem nenhum
compromisso em guardá-los. As consequências disso tudo foi a fome que se estabeleceu
no meio do povo (Jz 6.2-5). Como disse Charles Spurgeon: “Deus nunca permite que seu povo peque com sucesso”.
1º Quando o povo clama
o Senhor envia seus profetas (Jz 6.7-10). O Senhor não
deixa o Seu povo sem resposta, para isto envia um profeta para lhes trazer à
memória a quem eles deveriam servir; não a Baal, mas ao SENHOR que lhes havia
tirado do Egito.
Deus não deixa sem
resposta o seu povo quando se arrepende dos seus pecados. O Senhor é
misericordioso e os seus ouvidos estão sempre atentos a nossa oração (2Cr
7.14).
2º - Quando há
arrependimento o Senhor levanta um libertador (Jz 6.11-14).
Gideão aos olhos humanos não era a pessoa ideal para ser o líder do povo de
Israel. Primeiro ele era o menor de sua casa e a sua casa era a mais pobre de
Manassés (Jz 6.15). E em segundo lugar, ele era uma pessoa medrosa, e sem
grande fé. Mas Deus com frequência escolhe “as
coisas fracas deste mundo” a fim de realizar grandes coisas para Sua glória
(1Co 1.26-29).
Gideão foi escolhido de
dentro de uma família idólatra (Jz 6.25-32), apesar de crermos que Gideão não
era a favor desse tipo de culto, pois quando o Anjo do Senhor lhe aparece ele
questiona-o a respeito do Senhor (Jz 6.13), mostrando que havia temor a Deus em
seu coração e que estava questionando o que estava acontecendo com o seu
povo.
3º - Gideão era um
homem estrategista (Jz 6.11). Gideão estava
malhando o trigo no lagar, lugar em que pisavam as uvas para o preparo do
vinho. Ninguém iria desconfiar que ali houvesse um homem escondido preparando o
trigo para sua família ter pão. Gideão poderia até ser o menor de sua casa, mas
era um homem com propósito bem definido. Creio que por isso que o Senhor o
escolheu.
As nossas atitudes
diante da crise pode mudar a história de nossa vida. Gideão não se deixou levar
pela crise que já durava sete anos, ele buscou outra maneira de levar o
sustento para sua casa. É nessa hora que surgem as oportunidades para
colocarmos em prática a nossa fé e por a mão na massa, como dizem por aí.
SEGUNDA
LIÇÃO QUE APRENDO É QUE DEVEMOS ESTAR PRONTOS A OBEDECER A ORDEM DIVINA (Jz 6.25-32).
Aqui começa a terceira
fase da ação de Deus de libertar o povo da idolatria e das mãos dos seus
inimigos. A primeira foi enviando um profeta (Jz 6.7-10), a segunda foi
convocando Gideão para essa tarefa (Jz 6.11-24) e a terceira, foi derrubando o
altar a Baal e levantando um altar ao Senhor (Jz 6.25-32).
Uma vez que Deus chamou
a atenção de Gideão (Jz 6.16-24), Ele lhe deu a sua primeira ordem: destruir os
ídolos do próprio pai e fazer um altar ao Senhor no mesmo lugar (Jz 6.25,26).
Gideão levou dez homens consigo e cumpriu o mandamento do Senhor na mesma
noite. Os vizinhos ficaram irados, mas o pai de Gideão entendeu o significado
de seu ato e o defendeu. Um "deus" que não consegue se defender
contra um punhado de homens não merece defesa pelos homens.
Uma vez que Deus nos
revelou a sua vontade, não devemos jamais questionar sua sabedoria nem discutir
seus planos.
1º - A nossa obediência,
como a de Gideão, começa em casa (Jz 6.25).
Tanto no Velho como no Novo Testamento, Deus destaca as nossas
responsabilidades em relação à própria família. Filhos devem obedecer e honrar
aos pais (Ef 6.1-3). Maridos e esposas devem amar um ao outro (Ef 5.25; 1 Pe
3.7; Tt 2.4,5). Pais devem instruir os filhos, criando-os na disciplina e
admoestação do Senhor (Dt 6.6,7; Efésios 6:4). Um dos alvos de cada servo de
Deus é de influenciar sua família para servir ao Senhor (Js 24.15).
2º - É na ordem de Deus
que repousa a Sua autoridade (Jz 6.28). A ordem do
Senhor para Gideão é que ele deveria derrubar o altar de Baal assim como o
poste-ídolo e no lugar levantar um altar ao Senhor. Mas a ordem não para por
aí, Gideão deveria oferecer nesse altar um boi em holocausto ao Senhor.
Só há alguns detalhes
que devemos observar. Primeiro: Gideão não era levita e muito menos sacerdote,
então pela Lei ele não poderia fazer isso. Segundo: ele ofereceu o holocausto
ao Senhor durante a noite. Aqui nós encontramos um caso especial, não uma
doutrina a ser quebrada daqui para frente. É bom observarmos isso porque há
muitas pessoas pegando texto fora de contexto e fazendo dele uma doutrina sem
base teológica.
3º
- Obedecer
a Deus trás as suas consequências (Jz 6.29-32). As pessoas do local se
voltaram contra Gideão, elas não entenderam que era a mão de Deus os livrando
da idolatria. Devido a isso os homens do local queriam matá-lo. Se não fosse a
intervenção de seu pai ele teria enfrentado maiores dificuldades. Naquele dia,
Gideão aprendeu uma lição de grande valor: se ele obedecesse ao Senhor, mesmo
com medo em seu coração, o Senhor o protegeria e que obediência não gera
simpatia do povo.
Por causa dessa atitude
Gideão passou a ter um apelido: Jurubaal, que quer dizer: Baal contenda contra ele (v. 32). Muitas vezes, o mundo dá apelidos
ofensivos a servos fiéis de Deus. D. L. Moody ficou conhecido como “Moody, o maluco” por ter feito a sua
famosa escola dominical. Spurgeon foi, com frequência, satirizado. Os inimigos
de João Calvino colocavam em seus cachorros o seu nome.
Recentemente eu ouvi um
testemunho de um homem que disse que havia um jovem crente que queria pregar na
porta de um baile funk. Assim ele fez, mas chegando lá alguém disso que ele era
de uma faquição criminosa diferente da deles. Imediatamente pegaram o pobre
rapaz para matá-lo, embora ele alegasse estar ali pregando o Evangelho, pois
ele era um homem de Deus. Não deram ouvidos a ele e o levaram para um lugar
onde havia um valão. Depois que lhe deram uma surra, lhe quebrando as pernas e
os braços, pegaram as suas armas e atiram nele. Mas para surpresa deles as
balas não saiam, mas quando atiravam para cima saiam. Um deles resolveu então
matá-lo esfaqueado, mas quando o bandido desceu no valão para matar o jovem
crente, imediatamente ele caiu endemoniado. Com isso os bandidos reconheceram
que aquele jovem era verdadeiramente um homem de Deus.
Quem contou esse fato
foi um rapaz que presenciou esse ocorrido. Ele contou que Deus operou três
milagres naquela noite. Primeiro não deixou aquele jovem morrer, segundo revelou
a todos ali que ele era verdadeiramente um crente em Jesus, e em terceiro lugar
o jovem que havia dado o testemunho foi um dos bandidos que havia quebrado as
pernas e os braços daquele jovem.
Obedecer, repito, trás as
suas consequências.
TERCEIRA
LIÇÃO QUE APRENDO É QUE SEM O REVESTIMENTO DO ESPÍRITO SANTO A OBRA DE DEUS NÃO
PODE SER FEITA (Jz 6.33-40).
O Senhor Jesus em Atos
1.8 disse: “Mas recebereis poder, ao
descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”.
Esse mesmo Espírito que
veio sobre a Igreja, veio antes sobre a vida de Gideão. Foi por causa dEle que
Gideão conseguiu enfrentar o exército inimigo.
1º - Corremos quatro
riscos sérios quando vamos realizar a obra de Deus:
1 - Fazer a obra de
Deus sem Deus. 2 - Fazer a obra de Deus para glorificar a nós mesmos. 3 - Fazer
a obra de Deus sem revestimento de poder. 4 – Fazer a obra de Deus sem a Sua
orientação.
Há muitas pessoas que
estão realizando grandes coisas em nome de Deus, mas quando vamos analisar como
estão sendo feitas estas “obras” percebemos que muitas delas esbarram numa
dessas quatro coisas. Isso quando não esbarram nas quatro.
Gideão foi convocado
por Deus, foi revestido do Seu poder, não foi para glorificar o seu próprio
nome e muito menos fez sem a orientação do Senhor. Esta é uma grande lição para
nós.
2º - Não faça a obra de
Deus com dúvidas (Jz 6.36-40). Alguém disse que a fé
é igual escova de dente, cada um tem que ter a sua.
Quando os midianitas
começaram a se preparar para fazer o seu ataque anual, Gideão temeu diante de
tão grande exército. Eram mais de 135 mil homens do exército inimigo (Jz 8.10,
7.12), qual a chance que 32 mil homens teriam diante de 135 mil, além de
inúmeros camelos (Jz 7.12)? Essa é a primeira vez que a Bíblia menciona camelos
sendo usados em combate e, sem dúvida, aqueles que o montavam tinham rapidez e
mobilidade no campo de batalha.
Sua desvantagem militar
era de 4 contra 1! Isso com 32 mil homens, mas Deus não deixou Gideão entrar na
batalha com este número de soldados. Em duas etapas, ele diminuiu a força
militar de Israel. Primeiro, 22.000 voltaram para casa, e os midianitas ficaram
com uma vantagem de 13,5 contra 1. Na segunda etapa, Deus mandou embora mais
9.700 israelitas, deixando Gideão com apenas 300 soldados. Para vencer o
inimigo, cada soldado israelita teria que vencer 450 do inimigo!
Apesar da promessa da
vitória Gideão duvidou da promessa de Deus. Por isso que Gideão pede a Deus
mais dois sinais. Eu não duvido que o Senhor hoje possa nos dar sinal algum
para tirar no nosso coração a dúvida, mas em geral não é assim que ocorre. O
normal é o Senhor nos falar através de Sua Palavra, pois é ela que revela a Sua
vontade para a nossa vida. Por isso eu lhe afirmo sem nenhum medo de errar:
provas assim não é um método bíblico de determinar a vontade de Deus. Isso foi
um caso isolado, por isso não se pode fazer disso um hábito entre os cristãos.
3º - Deus confirma o
Seu chamado. Gideão faz o teste e o Senhor confirma
o que Ele pediu nas duas vezes. Isso nos mostra que o Senhor olha para nós e
entende os nossos medos, as nossas dúvidas... Isso nos é mostrado em Hb 4.15:
“Porque
não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas;
antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado”.
CONCLUSÃO
Assim como Gideão, nós
também estamos sendo convocados para lutar em prol do Reino de Deus e levar o
Seu povo a reconhecer os seus erros e fazê-los deixar de ser presa do pecado e
da miséria espiritual. Mas para isso nós precisamos estar dispostos a obedecê-Lo,
tendo consciência que a vitória vem dEle e não de nós mesmos.
Estamos em guerra e se
o Senhor não estiver ao nosso lado para nos orientar, certamente, pereceremos.
Mas com o Senhor ao nosso lado poderemos falar como disse o salmista:
“SENHOR,
como tem crescido o número dos meus adversários! São numerosos os que se
levantam contra mim. São muitos os que dizem de mim: Não há em Deus salvação
para ele. Porém tu, SENHOR, és o meu escudo, és a minha glória e o que exaltas
a minha cabeça. Com a minha voz clamo ao SENHOR, e ele do seu santo monte me
responde. Deito-me e pego no sono; acordo, porque o SENHOR me sustenta. Não
tenho medo de milhares do povo que tomam posição contra mim de todos os lados.
Levanta-te, SENHOR! Salva-me, Deus meu, pois feres nos queixos a todos os meus
inimigos e aos ímpios quebras os dentes. Do SENHOR é a salvação, e sobre o teu
povo, a tua bênção” (Sl 3).
Pense nisso e fique com
Deus!