sábado, 27 de março de 2021

UMA FÉ EXTRAORDINÁRIA - A cura do servo de um centurião

Por Pr. Silas Figueira 

Texto base: Lucas 7.1-10

INTRODUÇÃO

Depois que Jesus conclui o seu sermão, Ele, juntamente com seus discípulos, desce do monte e entra na cidade de Cafarnaum. Chegando na cidade, Jesus foi abordado por alguns anciãos dos judeus, que lhe rogaram para que Ele curasse um servo de um centurião romano, este centurião havia edificado uma sinagoga – os centuriões romanos eram tipicamente pessoas com recursos econômicos, e o uso de seus recursos para munera – o serviço público e projetos cívicos – desempenhavam um papel importante na designação e promoção deles para as fileiras superiores da vida militar e política romana. O patrocínio da sinagoga judaica em Cafarnaum por um centurião se ajusta a essa expectativa [1].

D. A. Carson diz que os centuriões eram a espinha dorsal militar de todo o império, mantendo a disciplina e executando ordens [2]. A história mostra que este homem era humanitário, rico e piedoso. Mateus nos diz que o servo dele era paralítico, [e violentamente atormentado] (Mt 8.6). Lucas não diz qual era a doença, mas torna claro que era séria. O servo estava quase à morte. O centurião estava preocupado, porque o servo era muito estimado – “honrado” [3].     

Este centurião ouve falar a respeito de Jesus e envia-lhe alguns líderes religiosos dos judeus, pedindo que fosse curar o seu servo. Estes anciãos eram os magistrados no local, ou os anciãos da sinagoga que o centurião tinha construído (Lc 7.5). O centurião enviou estes, provavelmente, porque ele estava com medo de ir ao próprio Cristo, pois não sendo judeu, ele temia que o Senhor se recusaria a entrar em sua casa (At 10.28).

Quais as lições que podemos tirar desse texto?

1 – O CONTEXTO HISTÓRICO ENTRE JUDEUS E GENTIOS.

Entendendo esse texto dentro do contexto histórico:

A atitude do mundo gentio diante dos judeus, muito ativos também na vida comercial, não era de forma alguma amistosa. Os poetas romanos Horácio, Ovídio e Juvenal transformaram os judeus no alvo de seu escárnio feroz. Era na proibição de comer carne de porco e na celebração do sábado que eles descarregavam seus chistes. Os judeus seriam os mais ignorantes dos bárbaros, que nunca haviam feito uma invenção útil. Moisés teria sido o maior charlatão. Também é conhecida a palavra do imperador Augusto: “Prefiro ser o porco do Herodes que seu filho”. O sentido é que Herodes assassinava seus filhos, mas se abstinha da carne de porco. A história do povo judeu é cheia de toda sorte de perseguições e de chacinas em massa. O esboço da história judaica, que Tácito incluiu em suas Histórias, respira o pleno desprezo do romano educado contra este mais desprezível de todos os povos escravizados, que odeia os deuses e as pessoas, entregando-se a uma superstição absurda e suja.

Inversamente, como os judeus consideravam os gentios? Os gentios eram chamados de cachorros. Ficavam no mesmo nível, para os judeus: pecadores, prostitutas, traidores da pátria, criminosos e gentios. Com infinito desprezo olhavam para o paganismo absurdo e sujo. Os rabinos exigiam que as pessoas aborrecessem os gentios. Enganá-los sob perjúrio também era permitido. Os gentios são inimigos de Deus, Israel é amigo de Deus. A um gentio não se deve indicar um caminho. Era expressamente permitido dizer palavrões contra um ídolo na presença de gentios. Era proibido hospedar animais judeus numa estalagem gentílica. A judia não podia prestar ajuda no parto de uma gentia etc. Poderíamos trazer milhares de exemplos como esses. Jamais houve um ódio tão fanático entre dois povos como entre os judeus e os gentios de então! [4].

Quando sabemos dessa animosidade que havia entre judeus e gentios esse texto nos chama a atenção, pois vemos aqui que entre esse centurião romano e esses anciãos judeus esta barreira havia sido quebrada. Como lemos: “E, quando ouviu falar de Jesus, enviou-lhe uns anciãos dos judeus, rogando-lhe que viesse curar o seu servo. E, chegando eles junto de Jesus, rogaram-lhe muito, dizendo: É digno de que lhe concedas isto, porque ama a nossa nação, e ele mesmo nos edificou a sinagoga” (Lc 7.3-5).

Essa história não está incluída aqui por acaso. Essa história está dando ênfase ao que o Senhor havia falado no seu sermão sobre amar aos inimigos (Lc 6.27-36), e Lucas a registra para ratificar o ensino de Jesus. Os anciãos vão até Jesus com esse pedido e Jesus os acompanha sem questionar.  

Muitas vezes iremos passar por certas situações difíceis para pormos em evidência a nossa fé e os ensinos de Jesus. O Evangelho deve ser praticado, pois se não for assim não é Evangelho, é só mais uma religião.

ESSE TEXTO NOS MOSTRA A QUEBRA DO PRECONCEITO.

Não vi e não gosteiPreconceito é o ato de julgar algo ou alguém antes de conhecer o objeto de juízo. O preconceito acontece das mais variadas formas e pelos mais variados motivos: pode ter origem na cor da pele, na religião, no país ou cidade de origem, na aparência física, no gênero, na sexualidade etc. Qualquer forma de preconceito nas relações humanas é prejudicial para o desenvolvimento de uma sociedade justa, democrática e igualitária e, principalmente, dentro do cristianismo.

Deus não faz acepção de pessoas – Lucas, mais do que qualquer outro evangelista, destaca o aspecto universal da salvação e deixa claro que Jesus veio não apenas para trazer salvação aos judeus, mas, de igual modo, aos gentios [5]. Quando lemos João 3.16 vemos isso de forma muito clara. Principalmente porque dentro do contexto dessa narrativa Jesus está falando com Nicodemos, um fariseu; homens esses, extremamente preconceituosos.

Para um escritor que se interessa pelos gentios, esta é uma história significante. Não se diz no relato de Lucas que o oficial gentio viu a Jesus mas, sim, abordou-O através de intermediários judeus, e foi recomendado por causa da sua fé. Este era um encorajamento para os membros das igrejas gentias que não tinham visto Jesus, mas que receberam o evangelho através de mensageiros judeus [6].

2 – PRATICANDO A RECIPROCIDADE E A EMPATIA (Lc 7.2-5).

Reciprocidade – qualidade ou caráter de recíproco; correspondência mútua; recíproca, reciprocação. Empatia – O conceito de empatia é, em suma, a capacidade de se identificar com outra pessoa a fim de compreender o que ela pensa e sente; trata-se de compreensão emocional.

Esse centurião não permitiu que as demandas de seu trabalho endurecessem seu coração. Ele era amigo do povo a quem dominava, e amava o servo que estava a seu serviço [7]. Assim como o centurião era amigo da nação judaica, os anciãos eram amigos do centurião. Era um amor recíproco, por isso que os anciãos estavam sendo empáticos com o centurião.

O texto nos diz que o centurião havia ouvido falar da fama de Jesus e recorre aos anciãos para pedirem a Jesus para ir a sua casa para curar o seu servo que estava as portas da morte.

Vemos aqui a necessidade que todos nós temos, a de intercessores. Observamos nesse texto esse assunto tão importante:

1º - O centurião intercede por seu servo (Lc 7.3). A palavra grega doulos, traduzida por “servo”, significa escravo, aquele que foi comprado por um preço, pertence a seu senhor e está completamente à sua disposição. O amor do centurião para com seu escravo era algo incomum na visão típica no mundo greco-romano. Aristóteles descreveu um escravo como uma ferramenta de bem-estar. O jurista Gaio notou que foi universalmente aceito que mestres possuíam o poder de vida e morte sobre seus escravos. O escritor romano Varro insistiu que a única diferença entre um escravo, um animal, e um carrinho era a de que o escravo falava. Os escravos eram muitas vezes abusados sexualmente, meninos, em particular, uma vez que a pedofilia não era algo incomum naquela época.

Um escravo não tinha vontade própria nem liberdade para fazer o que lhe agradava. Um escravo vivia para agradar ao seu senhor e obedecer-lhe as ordens. Como vimos, no mundo greco-romano os escravos não tinham nem voz e nem vez, no entanto, esse centurião tratava o seu servo com amor e o tinha em alta estima (Lc 7.2).

Veja o que a Bíblia nos fala a respeito de patrões e empregados cristãos – leia-se: escravos.

“Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus. E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis. Mas quem fizer agravo receberá o agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas. Vós, senhores, fazei o que for de justiça e equidade a vossos servos, sabendo que também tendes um Senhor nos céus” (Cl 3.22-25; 4.1).

O cristianismo é a quebra de paradigmas. Ser cristão é andar na contra mão da cultura. Ser cristão é a fé em ação. É viver os ensinos do Mestre e sermos suas testemunhas.

2º - Os anciãos intercedem pelo centurião. Como falamos anteriormente, judeus e gentios não tinham um bom relacionamento, no entanto, foram os anciãos judeus que foram até Jesus interceder por esse gentio romano. Pois diziam que ele era uma pessoa digna da misericórdia do Senhor, que amava os judeus e que lhes havia edificado uma sinagoga. O amor desse centurião era testificado por todos.

Uma lição para todos nós – Quantas pessoas não reconhecem o bem que outras pessoas fazem. Simplesmente não são gratas. Recebem os benefícios dos outros, mas não se importam em retribuir o bem recebido. A regra áurea se encontra aqui nesse texto através dos anciãos (Lc 6.31).

Vivemos num mundo de descartáveis, que vai desde objetos a pessoas. Essa questão do descartável está tão séria que até os relacionamentos estão descartáveis. Vivemos hoje o namoro descartável, casamento descartável, amizades descartáveis. O relacionamento interpessoal virou algo descartável. No entanto, para este centurião o seu servo, apesar de estar às portas da morte, não era uma pessoa descartável. Era alguém que merecia, de sua parte, a intercessão a quem poderia restaurar-lhe a saúde.   

3 – UM HOMEM HUMILDE E DE GRANDE FÉ (Lc 7.6-10).

Jesus ao ouvir o relato dos anciãos os acompanha até a residência do centurião.

Se há algo que nos surpreende nesse texto não é só a bondade do centurião em relação a nação judaica e ao seu servo enfermo, mas também a humildade e a fé que ele demonstra. Pessoas como este homem é raro encontrarmos. Uma pessoa que tinha autoridade, mas que reconhece as suas limitações. Isso é algo digno de nossa admiração.

1º - A humildade do centurião (Lc 7.6,7a). Observe que no verso 4 os anciãos dizem para Jesus que este homem era digno de que lhe concedas isto”. No entanto, quando Jesus está se aproximando de sua casa ele envia uns amigos para dizer ao Senhor: “Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado. E por isso nem ainda me julguei digno de ir ter contigo.

Um homem humilde não promove sua própria dignidade nem ostenta o bottom de suas virtudes. A grandeza da humildade não está em sua ostentação, mas no reconhecimento de sua insignificância [8].

O que nos impressiona não é apenas o grande amor, mas também a grande humildade desse homem. Imagine um oficial romano dizer a um pobre rabino judeu que não é digno de tê-lo em sua casa! Os romanos não eram conhecidos por demonstrar humildade, especialmente diante de seus súditos judeus [9].

[O centurião] não tinha conhecido Jesus pessoalmente, mas sabia suficiente acerca dEle para Lhe dar um lugar de alta estima. É provável que também reconhecesse que um judeu religioso poderia ter escrúpulos quanto ao entrar na casa de um gentio [10]. Os judeus não podiam entrar na casa de um gentio, porquanto consideravam tais casas cerimonialmente poluídas e o centurião sabia a respeito dessa tradição, por isso, com humildade, pede para que o Senhor não se “contaminasse” em sua casa.

Que diferença do que temos visto hoje em muitas igrejas. Hoje tem sido muito comum as palavras de ordem: “Eu declaro, eu determino, eu tomo posse, eu profetizo”. Como se nós tivéssemos poder e autoridade sobre Deus e suas bênçãos. Tais pessoas que agem assim deveriam olhar para esse centurião e aprender com ele essa lição de humildade.

Como disse William Hendriksen: “É evidente que esse homem está cheio de um senso de indignidade pessoal. Ele está profundamente convicto de sua própria insignificância em comparação com Jesus” [11].

2º - Uma grande fé (Lc 7.7b,8). O centurião era uma autoridade sobre os soldados de sua centúria e sobre os servos de sua casa, e ele também estava debaixo de autoridade. Ele dava ordens, e suas ordens precisavam ser cumpridas. Em vez de ter Jesus entrando em sua casa, o centurião propôs que Ele dissesse uma palavra e seu servo iria ser curado.

Por estar sob a autoridade do imperador, o centurião, ao falar, falava com a autoridade do imperador, por isso, suas ordens eram obedecidas. O soldado que desobedecesse a suas ordens não estaria desobedecendo apenas a um centurião, mas ao imperador, à própria Roma, com toda sua majestade e poder imperiais. O centurião aplicou esse entendimento de si mesmo a Jesus. Exatamente por Jesus estar sob a autoridade de Deus, ele estava investido da autoridade de Deus de forma que quando Jesus falava, Deus falava. Desafiar a Jesus, era desafiar a Deus; por isso, a palavra de Jesus deve estar investida da autoridade de Deus para poder curar o doente. Essa analogia, embora não seja perfeita, revela uma fé impressionante que reconhece que Jesus não precisava de ritual, de mágica nem de nenhuma outra ajuda; sua autoridade era a autoridade de Deus, e sua palavra era eficaz porque era a palavra de Deus [12].

Ele demonstra uma fé simples, mas vigorosa, uma fé que não exige sinal, que não precisa de provas. O centurião não precisa ver para crer como Tomé. Ele crê para ver. Ele sabe que Jesus pode curar à distância e que uma ordem de Jesus e a realidade são a mesma coisa [13].

Qual a fé que você tem demonstrado diante da crise? Uma fé vacilante ou uma fé sólida, crendo que para Deus não há impossível?

4 – JESUS ELOGIA A FÉ DESTE HOMEM (Lc 7.9,10).

O Senhor ficou surpreso! Os evangelhos informam somente duas ocasiões em que o Senhor se admirou: com a grande fé desse centurião e com a incredulidade dos cidadãos em Nazaré (Mc 6.6).

Ouvindo as palavras do centurião, Jesus virou-se e disse à multidão que o seguia: “Digo-vos que nem ainda em Israel tenho achado tanta fé”. Por um lado, a declaração do Senhor afirmando a grande fé do centurião, mas por outro lado, a triste realidade que nem mesmo em Israel o Senhor viu tamanha fé. O povo da promessa demonstrava mais incredulidade do que fé. Isso foi uma grave acusação ao povo escolhido de Deus.

A acusação era tão veemente que em Mateus 8.11,12 o Senhor diz: “Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus; e os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes”.

Jesus desejava uma fé que não buscasse o Senhor por causa dos sinais e prodígios. Ainda que diversos outros aspectos no oficial gentio fossem dignos de elogio, como por exemplo o amável cuidado com seu escravo, o seu amor por Israel, a modéstia incomum para um romano e a comedida reserva, Jesus elogia, antes de tudo, única e exclusivamente sua grande fé.

Um homem gentio, representante do poderio militar romano, confia sem problemas que Ele, o Redentor, sem sequer entrar na casa ou impor a mão, apenas com uma palavra, é capaz de afastar a enfermidade também à distância. Em Israel, onde essa confiança na verdade deveria ser procurada e encontrada, ela não existe.

A história termina com a informação de que os emissários, ao retornar para a casa do gentio, encontraram o servo com a saúde recuperada. Jesus não veio para os gentios, mas, apesar disso, trouxe-lhes a salvação, precisamente em virtude de sua fé na palavra dele [14].

Devemos olhar para este centurião e observar a sua fé. Este homem crê na autoridade de Jesus sem ver sinais e prodígios. Jesus criticou duramente os judeus, pois, apesar de ser o povo da promessa, só criam nele se visse sinais (Mt 16.1-4).

CONCLUSÃO

Em meio a tantas crises que temos enfrentado, devemos entender o quanto é importante a intercessão de uns para com os outros. O centurião intercede pelo seu servo, os anciãos pelo centurião e, pela misericórdia e graça, o Senhor os acompanha e manifesta o seu poder de cura sobre o jovem enfermo.

A nossa fé deve estar firmada em Cristo e não nos homens. Não na nossa capacidade humana, entendendo que ela é limitada e que se o Senhor não agir nada podemos fazer. Por mais que façamos.

Esse texto nos ensina a deixamos de lado o preconceito, a sermos empáticos e intercessores, a sermos humildes e depositarmos a nossa fé em Cristo Jesus.

Pense nisso!

Bibliografia:

1 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Santo Amaro, SP, 2019, p. 281.

2 – Carson, D. A. O comentário de Mateus, Ed. Shedd, Santo Amaro, São Paulo, SP, 2011, p. 243.

3 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 129.

4 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Mateus, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 85.

5 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 198.

6 – Morris, L. Leon. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 128.

7 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 198.

8 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 200.

9 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, 2012, p. 250.p. 252.

10 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 130.

11 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 1, São Paulo, SP, Ed. Cultura Cristã, 2003, p. 506.

12 – Carson, D. A. O comentário de Mateus, Ed. Shedd, Santo Amaro, São Paulo, SP, 2011, p. 244.

13 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 201.

14 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 111.

domingo, 14 de março de 2021

OS DOIS CONSTRUTORES, DUAS CASAS E DOIS FUNDAMENTOS

Por Pr. Silas Figuiera

Texto base: Lucas 6.46-49

INTRODUÇÃO

Jesus termina seu célebre sermão citando dois construtores, duas casas e dois fundamentos. Ele também fala sobre as circunstâncias que virão sobre essas casas: vem a enchente, bate com ímpeto a corrente naquela casa (Lc 6.48). Em Mateus lemos: “E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa” (Mt 7.27). Sendo que uma casa fica de pé e permanece inabalável diante da tempestade; enquanto a outra desaba, sendo grande a sua ruína. Jesus destaca também como essas casas foram construídas, uma sobre a areia e a outra sobre a rocha, por isso uma fica de pé e a outra cai. Jesus, indiretamente está citando Provérbios 10.25 que diz: “Como passa a tempestade, assim desaparece o perverso, mas o justo tem fundamento perpétuo”.

Quais as lições que podemos tirar da conclusão desse sermão em Lucas:

1 – O CONFLITO ENTRE PROFISSÃO DE FÉ E A OBEDIÊNCIA (Lc 6.46, Mt 7.21).

“E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?” (Lc 6.46). Em Mateus 7.21 lemos: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”. Essa afirmação mostra que nem todos que estavam fazendo sua profissão de fé estavam realmente crendo em Jesus. Falar, até papagaio fala. Assim como existem muitas pessoas que falam, mas não vivem o que falam.

Podemos destacar três verdades:

1º - A profissão de fé não pode estar divorciada da obediência. As pessoas que Jesus está descrevendo aqui estão confiando para a sua salvação em uma afirmação do credo, no que elas “dizem” a Cristo ou a respeito de Cristo. “Nem todo o que me diz” (Mt 7. 21). “Muitos, naquele dia, hão de dizer” (Mt 7.22). Mas o nosso destino final será estabelecido, Jesus insiste, não pelo que lhe dizemos hoje, nem pelo que lhe diremos no último dia, mas por fazermos o que dizemos, por estar a nossa profissão verbal acompanhada da obediência moral [1]. Não que seremos salvos por meio das obras, mas o verdadeiramente salvo demonstra em sua vida que é um salvo. Como o próprio Senhor nos fala em Mateus 5.14-16:

“Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.

Infelizmente, temos visto nesses dias um cristianismo divorciado da obediência. Pessoas que confessam o nome do Senhor, mas a vida que vivem em sociedade não demonstra serem servos de Deus. Vivem uma vida dissoluta, uma vida sem princípios cristãos, uma vida que não demonstra ter nenhum relacionamento com Deus. Igual a história de uma mulher que fazia programa (se prostituía) em uma esquina de certa cidade e que se dizia ser evangélica. E ainda dizia “que Deus compreendia que ela precisava de trabalhar”.

Como disse A. W. Tozer: “Uma coisa é acreditar na Bíblia; outra, totalmente diferente, é permitir que a Bíblia, pelo ministério do Espírito Santo, exerça impacto e mude a sua vida” [2].

2º - A profissão de fé não pode estar divorciada da regeneração. Para sermos salvos, escreveu Paulo, temos de confessar Jesus com nossos lábios e crer em nossos corações: “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Rm 10.9,10). E uma verdadeira profissão de fé em Jesus como Senhor é impossível sem o Espírito Santo: “Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo” (1Co 12.3).

D. Martyn Lloyd-Jones diz que “corremos o perigo de confiar na própria fé, ao invés de confiar em Cristo; de confiar na crença, ao invés de sermos verdadeiramente regenerados. Há pessoas que foram criadas em um lar e em uma atmosfera cristã, que sempre ouviram essas verdades, e que, em certo sentido, sempre as aceitaram mentalmente, crendo nas coisas certas e falando sobre elas, e, no entanto, não são verdadeiros crentes [3]. Isso ocorreu com John Wesley.

Nesse caso em particular é muito difícil nós identificarmos quem é quem. Dificilmente conseguimos distinguir entre o fervor verdadeiramente espiritual e o fervor meramente carnal. Isso só Deus pode identificar. No entanto, se formos um pouco cautelosos e observadores poderemos ter uma vaga ideia de quem é verdadeiramente fiel. É só observarmos essas pessoas quando estão passando pelas tempestades da vida. E essa observação deve ocorrer não só na vida dos outros, mas também na nossa. Como nos fala Tiago 1.22: “E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos”.

3º - A profissão de fé não é testificada por sinais e maravilhas (Mt 7.22,23). “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”.

Alguns até “profetizam” em nome de Cristo, chegando até a insinuar que pregam em público com a autoridade e na inspiração do próprio Jesus. Mais do que isto, a profissão de fé às vezes chega a ser espetacular. A fim de destacar este ponto, Jesus cita os mais extremos exemplos de profissão de fé verbal, a saber, o exercício de um ministério sobrenatural envolvendo profecia, exorcismo e milagres. Que profissão de fé cristã poderia ser melhor? Temos aqui pessoas que chamam Jesus de “Senhor” com cortesia, ortodoxia e entusiasmo, em devoção particular e ministério público. O que poderia haver de errado nisto? Em si, nada de mau. E, não obstante, tudo está errado, porque são palavras que não contêm a verdade; é uma profissão de fé sem realidade. É uma confissão apenas de lábios, não de vida.

Chamam a Jesus “Senhor, Senhor”, mas jamais se submeteram ao seu senhorio, nem obedeceram à vontade de seu Pai celeste. A razão por que Cristo, o Juiz, os banirá de sua presença é que são malfeitores, praticam a iniquidade. Podem alegar feitos grandiosos em seu ministério; mas, no seu comportamento diário, as suas obras não são boas, são más. Que valor teria para tais pessoas tomar o nome de Cristo nos lábios? Como Paulo expressou alguns anos depois: “Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome de Cristo” (2Tm 2.19) [4].   

2 – OS DOIS CONSTRUTORES (Lc 6.47-49).

É bom destacarmos que essas palavras de Jesus foram endereçadas àqueles que são crentes professos. Elas não foram dirigidas a indivíduos que não tinham qualquer interesse pelo reino de Deus; foram dirigidas a pessoas que estão de ouvidos atentos; que gostam de ouvir instruções referentes ao reino [5].  

A parábola da construção da casa forma o poderoso encerramento do Sermão do Monte de Jesus. Como Mateus, também Lucas introduz o epílogo final por meio da exigência de que importam não as palavras, mas o agir. Neste final o Senhor resume o porquê de seu sermão. As pessoas não devem se contentar apenas em ouvir sua palavra, mas precisam transformar o que ouviram em ação e verdade (cf. Tg 1.22-25; 2.17s,22; Rm 2.13; Gl 3.12) [6].

Qual a diferença que há entre esses dois construtores?

1º - O primeiro construtor é uma pessoa prudente (Lc 6.47,48; Mt 7.24). O sábio construtor é aquele que ouve as palavras de Jesus e as coloca em prática. Este primeiro construtor é um homem previdente, uma pessoa cautelosa. Ele compreende que o tempo bom e sem nuvens não durará. Chegará a estação das chuvas trazendo inundações e desastres. Então cava e afunda mais e mais até que, por fim, toque o fundo rochoso. Sobre este constrói um fundamento e edifica a casa.

Lucas diz: “Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante: É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre a rocha (Lc 6.47,48).

Esta obra é essencial para construir solidamente, mas gasta muito tempo e é trabalho pesado. Alguns, portanto, a evitam [7].

Na explicação da parábola, Jesus salienta que o sentido figurado do que o primeiro construtor faz é o seguinte. Ele representa todo aquele que vai ao Salvador, ouve suas palavras e as leva a sério. Põe em prática tudo o que Jesus ordena, porque pôs sua confiança nele. Essa pessoa está edificando sobre um verdadeiro fundamento, o que se apoia na Rocha, Cristo (Is 28.16; cf. lPe 2.6; veja também Rm 9.33; ICo 3.11; 10.4; etc.) [8]. Como disse Lloyd-Jones: “O sábio anela por saber qual é a maneira certa de se fazerem as coisas; e, por esse motivo, dá ouvidos às instruções e se dispõe a ser ensinado” [9].

E qual é o resultado de tudo isso? Em tempos de provação, a sua religião (fé) não o desampara. Os dilúvios de enfermidade, tristeza, pobreza, desapontamento e desolações desabam sobre ele, mas em vão. A sua alma permanece inabalável. A sua fé não cede terreno. Nunca é destituída de conforto. A sua religião (fé) talvez lhe tenha custado tribulações, em tempos passados. Os seus alicerces podem ter sido obtidos com muito esforço e lágrimas. Para descobrir o seu interesse pessoal na pessoa de Cristo, talvez ele tenha passado muitos dias de buscas incessantes, muitas horas de luta em oração. Porém, os seus labores não foram em vão. Agora ele colhe uma rica recompensa. A religião verdadeira é aquela que é capaz de resistir à provação (Fl 4.10-13) [10].

2º - O segundo construtor é uma pessoa insensata (Lc 6.49; Mt 7.26). O segundo construtor edifica sua casa sobre o cascalho solto. Considera desnecessário qualquer tipo de fundamento. Parece crer que os dias ensolarados e radiantes nunca vão passar [11].

O homem que ouve o ensino cristão, mas nunca passa da mera fase do ouvir, assemelha-se a “um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia”. Como disse Lucas: “Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces” (Lc 6.49). Contenta-se unicamente em ouvir e aprovar; porém, não vai além disso. Por ter alguns sentimentos, convicções e desejos de natureza espiritual ele imagina que vai tudo bem com sua alma. É nessas coisas que ele confia. Ele nunca rompe, de fato, com o pecado ou põe de lado o espírito mundano. Ele, na verdade, nunca se apropria de Cristo. Nunca toma realmente a sua cruz. É ouvinte da verdade, mas nada mais.

E qual é o fim da religiosidade desse homem? Ela é demolida inteiramente, sob a primeira torrente de tribulações. Na hora de maior necessidade, a sua religião o desampara completamente, como uma fonte que seca durante o verão. Ela o deixa em seco, como um barco naufragado sobre um banco de areia — um escândalo para a igreja, uma zombaria na boca do incrédulo e uma miséria para si mesmo. A grande verdade é que, o que custa pouco, vale pouco! Uma religião que nada nos custa, e que não consista em outra coisa, senão em ouvir sermões, sempre provará ser uma atividade inútil, por fim [12]. Pessoas assim, geralmente, quando vem a tribulação culpam Deus pelas lutas, pois se veem boas demais para passar por isso.

O filme Todo Poderoso foi uma das grandes bilheterias quando foi lançado. Jim Carrey atuou muito bem em uma de suas melhores comédias. O filme tem um roteiro interessante. O protagonista é um jornalista que tem tudo pra ser feliz, mas as coisas sempre dão errado pra ele. Então, ele fica bravo com Deus a ponto de dizer que o criador não consegue resolver seus problemas.

Já não é de hoje que o homem joga a culpa de tudo o que dá errado nas contas de Deus. Desde o início, no jardim, é assim. Adão disse “a mulher que me deste por companheira, me deu da árvore, e comi” (Gn 3.12). Sempre foi assim. Queremos culpar Deus por todos os problemas das nossas vidas e até pelos problemas do planeta.

Esquecemo-nos que a guerra, a fome, a desgraça e todo mal da humanidade, na verdade, é culpa das nossas escolhas erradas que nos faz afastar de Deus. A culpa é nossa, pois quanto mais longe de Deus, mais perto do pecado, da mentira e de toda falta de amor.

3 – DUAS CASAS DOIS FUNDAMENTOS (Mt 7.24-27; Lc 6.46-49).

A Palestina é uma terra muito árida. Entretanto, durante certas épocas do ano, caem pesadas chuvas que, formando torrentes caudalosas, correm sobre poeirentos uades (leito seco de rios) e despencam ao longo de todos os decliveis e encostas e montanhas. É importante, do ponto de vista da história de Jesus, observar que nenhum construtor foi criticado pela sua infeliz escolha do local do edifício. Cada localização parecia segura e, até que as tempestades chegassem, cada casa parecia suficientemente resistente. Na Palestina, assim como na vida, somente a habilidade de sobreviver às tempestades revelará a qualidade de uma construção [13].

Tanto no Evangelho de Mateus quanto no Evangelho de Lucas, nós encontramos esses dois construtores, a única diferença que há entre essas duas parábolas é a forma como cada um construiu a sua casa.

Quem olhasse as duas casas, veriam duas construções aparentemente seguras. Mas quem acompanhou o processo de construção, certamente, saberia qual estava verdadeiramente segura. Na construção espiritual é semelhante, no entanto quem sabe com certeza qual casa suportará as tempestades da vida é o Senhor.  

Com isso em mente, podemos destacar duas coisas:

1º - Todos nós somos construtores. O construtor que edificou sobre a rocha é prudente; o que edificou sobre a areia é insensato. O sábio construtor é aquele que ouve as palavras de Jesus e as coloca em prática; o insensato é aquele que, mesmo ouvindo-as, não obedece. O construtor sábio investe no fundamento, aquilo que ninguém vê, para dar segurança à casa na hora da tempestade. O construtor insensato não investe no alicerce e, mesmo sua casa tendo bela aparência nos tempos de bonança, não consegue resistir à força da tempestade [14].

Se estamos servindo ao Senhor e confessamos o Seu nome, somos construtores. Isso é inevitável. Mas a questão é onde temos construído – na rocha ou na areia; e como temos construído – com alicerce ou sem alicerce. Construir uma vida espiritual firme dá trabalho. Por fora as duas casas parecem seguras, a diferença não está em cima, mas em baixo. Na estrutura. Não na aparência, mas na fundação. Nós construímos ou sobre a rocha ou sobre a areia (Mt 7.24,26), com profundo alicerce ou sem alicerce (Lc 6.48,49). Em relação a isso, nenhum de nós está isento. Não há nulidade em relação a isso.

Como saber onde temos construído a nossa casa? Basta olharmos para os versos anteriores deste sermão e observar se o temos posto em prática os ensinamentos de Jesus em nossas vidas. 

No entanto, aqueles que seguem o modelo fornecido por falsos mestres, e tolamente constroem suas casas espirituais na areia da realização humana, será arrastado para o inferno pela inundação do julgamento divino. Mas aqueles que construir sobre a base sólida de fé no Senhor Jesus Cristo não será abalada (cf. Rm 9.33; 10.11; 1Pe 2.6).

2º - As chuvas são inevitáveis. No tempo bom, cada casa parece segura. Mas a Palestina é conhecida pelas chuvas torrenciais que transformam uades secos em correntes caudalosas. Apenas a tempestade revelará a qualidade da obra dos dois construtores.

O homem cuja fé em Cristo é real e sincera, poderá edificar sobre esta fé que resistirá às tempestades de incompreensão e desapontamento, de cinismo e dúvida, de sofrimento e perseguição, quando ameaçarem destrui-lo. E não cairá.

De acordo com as palavras de 2 Pedro 1.5-7, ele reunirá toda a sua diligência para associar com a sua fé, a virtude; “E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, e à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade”.

Por outro lado, o homem que presta culto de lábios a Cristo, e cujo coração está longe dele, não tem sólido alicerce sobre o qual construir, e embora por algum tempo o edifício do seu caráter possa parecer seguro e estável como o do homem de fé, não obstante, chegado o dia da provação e da adversidade, cairá com retumbante fragor [15].

CONCLUSÃO

Onde e como temos construído diz tudo a nosso respeito. O tempo que dedicamos a leitura da Palavra e seu estudo, conscientes de que provações vem sobre todos, faz toda a diferença.

A imprudência de muitos “construtores” têm levado muitos a grandes quedas e escândalos. Por isso, veja bem onde e como você tem construído a sua casa espiritual para que quando vier as tempestades ela possa permanecer de firme sobre a Rocha.

As tempestades são inevitáveis, o permanecer cair é evitável. Como disse o apóstolo Paulo: “Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos. Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia. Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1 Coríntios 10:11-13).

Pense nisso!

Bibliografia

1 – Stott, John R. A Mensagem do Sermão do Monte, Ed. ABU, São Paulo, SP, 1986, p. 217.

2 – Tozer, A. W. A Vida Crucificada, Ed. Vida, São Paulo, SP, 2013, p. 54.

3 – Lloyd-Jones, D. Martyn. Estudos no Sermão do Monte, Ed, Fiel, São Paulo, SP, 1984, p. 539.

4 – Stott, John R. A Mensagem do Sermão do Monte, Ed. ABU, São Paulo, SP, 1986, p. 219.

5 – Lloyd-Jones, D. Martyn. Estudos no Sermão do Monte, Ed, Fiel, São Paulo, SP, 1984, p. 567.

6 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 108.

7 – Morris, L. Leon. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 128.

8 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 1, São Paulo, SP, Ed. Cultura Cristã, 2003, p. 494.

9 – Lloyd-Jones, D. Martyn. Estudos no Sermão do Monte, Ed, Fiel, São Paulo, SP, 1984, p. 570.

10 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Mateus, Ed. Fiel, São José dos Campos, SP, 2ª edição 2002, p. 51,52.

11 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 1, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 495.

12 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Mateus, Ed. Fiel, São José dos Campos, SP, 2ª edição, 2002, p. 52.

13 – Richards, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, Ed. CPAD, 3ª edição, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 153.

14 – Lopes, Hernandes Dias. Mateus, Jesus, o Rei dos reis, Editora Hagnos, São Paulo, 2019, p. 244.

15 – Tasker, R. V. G. Mateus, Introdução e Comentário, série cultura bíblica, Ed. Vida Nova, São Paulo, SP, 2007, p. 67. 

domingo, 7 de março de 2021

O PERIGO DE JULGAR - Lucas 6.37-45

Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Lucas 6.37-45

INTRODUÇÃO 

Quando se fala em julgar, qual é a primeira frase de que você lembra? Provavelmente, seja esta “não julgue para não ser julgado”. Essa frase é uma verdade bíblica, porém as pessoas aprenderam o significado dessa passagem de forma errada e repetem isso religiosamente para justificar suas atitudes erradas de forma que ninguém possa corrigi-las. O mau hábito das pessoas em relação à Palavra de Deus é ler versículos e analisa-los individualmente ou fora de contexto, sendo que devemos analisar a Bíblia em sua totalidade. Texto fora de contexto é pretexto para heresia, já afirmou alguém.

Devemos aprender a fazer uma interpretação profunda do texto bíblico (exegese) para não cometermos esse erro, no entanto muitas pessoas inserem ao texto sagrado o que ele não diz (fazem uma eisegese). Com a eisegese a Bíblia vira um balaio de gatos onde se lê e se interpreta o texto sagrado ao seu bel prazer, pois se coloca no texto o que ele não diz.   

Vejamos quais lições esse texto tem a nos ensinar:

1 – A DUALIDADE DA ÉTICA CRISTÃ (Lc 6.37).

Jesus fechou esta seção do seu sermão, dando quatro ordens, duas negativas e duas positivas que, se obedecidas, levará ao objetivo final de amar os outros com amor do Pai. E esse dualismo deve ser observado, pois, nas palavras de Jesus, haverá consequências em tais ações.  

Se somos severos em nossos julgamentos doutras pessoas, geralmente descobrimos que elas nos pagam na mesma moeda. O homem que julga aos outros convida o julgamento, não só dos homens, mas de Deus contra ele mesmo.

Podemos destacar três verdades aqui:

1º - Jesus dá a entender que a comunidade cristã não seria perfeita. Ele pressupõe que haverá contravenções e estas darão lugar a tensões, a problemas de relacionamento. Jesus deixa claro que a comunidade cristã enfrentaria problemas, mas que deveria aprender a lidar com eles [1]. O crescimento espiritual vem com as crises e a forma como as enfrentamos nos mostra se estamos atingindo maturidade ou não. Vemos isso se tornando realidade em Atos 6 quando as viúvas helenistas estavam sendo desprezadas, enquanto que as hebreias estavam sendo favorecidas. Devido a isso, os apóstolos, juntamente com a igreja, constituem sete homens de boa reputação e cheios do Espírito Santo para coordenar essa distribuição. O que antes estava sendo um problema teve o acerto através da sábia decisão dos apóstolos.  

2º - O dualismo das nossas ações (Lc 6.37). Se julgarmos os outros, seremos julgados; se perdoarmos, seremos perdoados, mas se condenarmos, seremos condenados (ver Mt 18.21-35). Não se trata apenas do julgamento eterno, mas da maneira de ser tratados nesta vida. Se dedicarmos a vida a dar, Deus providenciará para que recebamos; mas se dedicarmos a vida apenas a receber, Deus providenciará para que percamos. Esse princípio não se aplica apenas à contribuição, mas também à nossa dedicação a outros no ministério [2].

É o homem com atitude de perdão que é perdoado. Não se trata da salvação pelo mérito: pelo contrário, o verdadeiro discípulo não é rápido para julgar. Quando Deus aceita um homem, a graça de Deus o transforma. Um espírito de perdão é evidência de que o homem já foi perdoado [3]. A graça que eu recebo de Deus deve ser a graça que devo compartilhar com os outros.

3º - Jesus nos lembra que colhemos o que semeamos, na proporção que semearmos (Lc 6.38). Quem pratica a misericórdia experimentará a mesma medida de misericórdia divina. Ao misericordioso será concedida uma “boa medida, recalcada, sacudida, transbordante”, de modo que não reste espaço oco na vasilha. A dádiva concedida por Deus é tão abundante que será lançada no bolso da túnica. O bolso da túnica ou do colo é a sacola afixada na roupa oriental (em algumas passagens do AT – Is 65.6; Jr 32.18; Sl 79.12 – esta expressão é empregada em relação à retribuição punitiva de Deus). Da mesmo forma como os discípulos do Senhor se relacionam com os semelhantes, assim Deus também agirá com eles [4]. Aqui vemos sendo aplicado a lei da semeadura (Gl 6.6.7). E Deus não faz acepção de pessoas (Cl 3.25).

2 – NEM TODO JULGAMENTO É PROIBIDO (Lc 6.37a).

A proibição de julgar os outros não se refere a todos os tipos de julgamento. Há uma diferença essencial entre um juízo ofensivo e pessoal, e uma avaliação objetiva. Quando pais avaliam filhos, educadores avaliam os jovens que lhe são confiados, superiores analisam seus subordinados e vice-versa, alunos avaliam seus professores, juízes julgam os réus, isso é algo necessário. Mas essa apreciação precisa acontecer com veracidade e pureza [5]. Sem imparcialidades.

1º - Jesus não proíbe todo tipo de julgamento. A afirmação de Jesus: “Não julguem”, não significa ser cego para as injustiças praticadas pelas pessoas. Não julgar tampouco significa abster-se de formar qualquer juízo sobre a conduta do ser humano. É tarefa de cada seguidor de Cristo, bem como dever incessante da comunidade de Jesus, “examinar, vigiar e precaver-se” de tudo o que não é correto perante Deus. João Batista agiu certo ao denunciar: “Não é correto, Herodes Antipas, que cometas adultério” (cf. Mt 14.4). O próprio Jesus, tantas e tantas vezes, julgou severamente os hipócritas. Também pregar com seriedade, a conversão, e condenar durissimamente o pecado, não é “julgar” [6]. Sem um criterioso julgamento nós não poderemos identificar os falsos profetas (Mt 7.15-20).

2º - Jesus também não nos proíbe de ajudar o nosso irmão a se desvencilhar de seus pecados (Lc 6.42). Devemos, dentro do possível, avisar o nosso irmão de seus erros e ajuda-los a se libertar de seus pecados, mas isso deve ser feito com brandura e amor. E não podemos nos esquecer que nós também somos pecadores e que dependemos da graça de Deus sobre nós todos os dias. Veja o que Paulo nos fala em Gálatas 6.1:

“Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado”.

“Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado” (NVI).

3 - O JULGAMENTO QUE JESUS PROÍBE ((Lc 6.37a,41,42).

O que a Bíblia tem a nos ensinar sobre julgar? O que afinal Jesus proíbe?

1º - Jesus proíbe o julgamento hipócrita (Lc 6.37a, 41,42). Agora Jesus conta a sua pequena e famosa parábola sobre o “corpo estranho” nos olhos das pessoas, partículas de pó de um lado e traves ou toras de outro. Jesus denuncia a nossa hipocrisia em relação aos outros, isto é, interferindo em seus pecadilhos, enquanto deixamos de resolver as nossas próprias faltas mais sérias.

O argueirokarphos pode ser qualquer pedacinho de matéria estranha. Não um grão de pó, mas um pedaço de madeira seca ou palhiço, lasca, uma partícula muito pequena que irrita. A travedokos é um cepo no qual se apoiam as tábuas da casa (segundo os papiros), travessa, viga, barrote, prancha; uma estaca que se ressalta grotescamente do olho. É possível que Jesus estivesse citando um provérbio semelhante a “quem tem telhado de vidro não joga pedra no telhado dos outros”. Tholuck cita um provérbio árabe: “Como tu vês a lasca no olho do teu irmão, e não vês a viga-mestra no teu olho?” [7].

Temos uma tendência fatal de exagerar as faltas dos outros e diminuir a gravidade das nossas. Achamos impossível, quando nos comparamos com os outros, permanecer estritamente objetivos e imparciais. Pelo contrário, temos uma visão rósea de nós mesmos e uma deformada dos outros [8].

Costumamos ver nossa própria injustiça com lente de redução, enquanto a do outro com lente de aumento. Gostamos de falsificar a nosso favor a avaliação de nós mesmos. A avaliação do outro falsificamos frequentemente em sua desvantagem. É condenável ver o mal do outro sempre agudo e grande, combatendo-o, e não ser primeiro irredutivelmente duro e severo com a própria pecaminosidade [9].

Foi isso que o apóstolo Paulo quis dizer em 1Co 9.26,27: “Portanto, não corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem apenas soca o ar. Mas esmurro o meu próprio corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de haver pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado”.

2º - Jesus proíbe o cristão de ser um crítico (Lc 6.37a). O crítico que julga os outros é um descobridor de erros, num processo negativo e destrutivo para com as outras pessoas, e adora viver à procura de falhas nos outros. Imagina as piores intenções nas pessoas, joga água fria nos seus planos e é inexorável quanto aos erros delas [10]. Temos um exemplo disso quando os fariseus e os mestres da lei levaram até Jesus uma mulher pega em adultério. No entanto, ninguém pode condená-la, pois a consciência de cada um os condenava também (Jo 8.1-11). Jesus disse para eles: “Aquele que não tiver pecado que atire a primeira pedra”. Na versão ACF diz: “Quando ouviram isto, redarguidos (acusados) da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio”.

O crítico, geralmente, adota uma postura agressiva: medem a espiritualidade das pessoas por meio de suas obras, não raro chegando ao ponto de criar uma escala espiritual dos crentes, aonde uns são santos e consagrados, e outros são mundanos e depravados. Os mais exagerados chegam até mesmo ao ponto de declarar que algumas pessoas são salvas, e outras não.

3º - Jesus proíbe o cristão de assumir o papel de juiz. Censurar é assumir o papel de juiz, reivindicando assim a competência e a autoridade de fazer um julgamento de seu próximo. Mas, se eu o fizer, estarei colocando a mim e aos meus companheiros numa posição errada. Pois desde quando são eles meus servos, subordinados a mim? E desde quando sou eu seu senhor e juiz?

Paulo também aplicou a mesma verdade a si mesmo quando se encontrou rodeado de difamadores hostis: “Pois quem me julga é o Senhor. Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as cousas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” (1Co 4.4,5). Condenar é atrever-se a agir como se fosse o dia do juízo, usurpando a prerrogativa do divino Juiz; na verdade, é “brincar de Deus” [11].

Como Paulo escreveu aos Romanos, aplicando a verdade de Mateus 7.1 à sua situação: “Quem és tu que julgas o servo alheio? para o seu próprio senhor está de pé ou cai” (Rm 14.4). Quem julga, será julgado. Quem se assenta na cadeira do juiz, assentar-se-á no banco dos réus. A seta que você lança contra o outro volta-se contra você [12].

4 – O PERIGO DE SEGUIR GUIAS CEGOS (Lc 6.39,40).

O tema do sermão de Jesus é o verdadeiro discipulado. Nos versículos 20-26 (As bem-aventuranças) Jesus definiu os discípulos como pessoas arrependidas, sobrecarregadas com o seu pecado e desesperadas pala justiça que só Deus pode dar. Os verdadeiros discípulos também são marcados por amor (vv. 27-36), mesmo para aqueles que os odeiam e os perseguem. O verdadeiro discipulado é sinônimo de submissão ao senhorio de Cristo. Uma vez seguindo a Jesus como Senhor, significa evitar falsos líderes espirituais. O Senhor descreveu pela primeira vez o caráter desses enganadores. Ele, então, desafiou seus ouvintes para tomar a decisão mais importante de suas vidas, entre a verdade salvadora de Deus e as mentiras de Satanás condenatórias; entre submeter-se a Jesus, ou ser guiados por falsos mestres.

Quais são as características dos falsos mestres?

1º - Os falsos mestres são cegos (Lc 6.39). No evangelho de Mateus, a parábola dos cegos condutores volta-se diversas vezes contra os fariseus ou os líderes do povo (cf. Mt 15.14; 23.16,24; cf. Rm 2.19). Cegas são as pessoas conduzidas, cegos são também seus condutores. Líderes e liderados inevitavelmente cairão no barranco. Lucas traz essa palavra avivada pela forma de pergunta, e sem relação [direta] com os fariseus. Por meio dessa parábola Jesus interpela seus discípulos, chamados para serem os futuros dirigentes de sua igreja. Contudo, para não causarem dano à sua igreja, o Senhor pastoralmente aplica sua palavra, originalmente voltada contra os fariseus, também aos seus [13].

O cristão não pode ter esperança de servir como guia para outras pessoas a não ser que ele mesmo veja claramente para onde está indo. Se lhe faltar amor, não enxerga mesmo. Se alguém pessoalmente não conhecer o caminho da salvação, somente poderá guiar os outros a desgraça [14].

Entenda, esse texto está inserido dentro do contexto de como deve proceder os discípulos de Cristo. Observe o que o Senhor nos fala nos versos anteriores (Lc 6.20-36). Jesus está falando de maturidade espiritual que o discípulo precisa alcançar. Começa com as bem-aventuranças, passa pelo amor aos inimigos e desemboca em sem guia de cegos. Isso se é maturidade espiritual. É crescimento na fé. É o Evangelho na prática. É tomar a cruz e seguir a Cristo como Ele deseja.

Os falsos mestres não são assim, pelo contrário, são cegos e levam os seus discípulos para o buraco que eles mesmos estão caindo.

2º - Os falsos mestres são limitados (Lc 6.40). Esses falsos mestres são limitados (cegos) pois não procedem de Deus e nem sabem o caminho para Deus, por isso, eles não podem trazer as pessoas para Cristo.

Com ternura e amor o Mestre então lhes assegura que, embora seus discípulos nunca pudessem superá-lo ou excedê-lo, uma plena preparação sob sua direção fará com que eles, se a recebessem, seriam como seu Mestre, ou seja, como ele, não em grau de conhecimento ou sabedoria, mas em que refletiriam de forma verdadeira sua imagem aos olhos do mundo, de modo que o povo instruído por eles começaria a dizer: “Podemos notar que esses homens estiveram com Jesus” (veja At 4.13) [15].

- Os falsos mestres são hipócritas (Lc 6.41,42). Além de ser espiritualmente cegos e ignorantes da verdade divina, os falsos mestres não tem integridade; eles são hipócritas. Eles presumem que são capazes de fornecer aos outros respostas às suas questões espirituais, mas são nulas da verdade, mesmo para si. São cegos e guias de cegos, no entanto, acham que podem tirar dos olhos dos outros pequenos ciscos enquanto não veem a trave em seus próprios olhos.

O Senhor denunciou repetidamente os líderes religiosos judeus como os hipócritas, que “por fora realmente parecem justos aos homens, mas por dentro... estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt 23.28; Lc 12.1, 56, 13.15). Apenas confessando e arrependendo-se de seu próprio pecado de farisaísmo seriam capazes de ver claramente os pecados dos outros.

4º - Os falsos mestres são maus (Lc 6.43-45). Sob a fachada hipócrita dos falsos mestres reside o mal mortal, eles produzem fruto venenoso. O fruto que eles produzem não é o fruto do Espírito.  

O fruto que uma árvore produz é um indicador infalível de saúde daquela árvore. Assim, não há árvore boa que dê mau fruto, nem, por outro lado, a árvore má que produz bons frutos. Boas árvores não produzem mau fruto comestível, nem árvores más produzem bom fruto comestível. As plantas produzem frutos de acordo com a sua natureza, portanto, não se colhem figos de espinheiros, nem colhem uvas de um arbusto.

A aplicação da parábola é clara. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o que é bom; e o homem mau, do mau tesouro tira o que é mau. Assim como as árvores produzem frutos de acordo com a sua natureza, assim também as pessoas.

CONCLUSÃO

Jesus deixou bem claro que não devemos julgar sem discernimento. Que devemos ajudar o nosso irmão em pecado, mas reconhecendo que primeiro eu devo olhar para o meu pecado e me consertar, pedindo perdão a Deus e sendo livre do meu mal.

Jesus também nos alertou que devemos ser guias de cegos, mas para isso nós devemos enxergar bem o caminho que temos andado. Para isso eu devo ser um discípulo que põe em prática os Seus ensinamentos.

E por fim Ele nos alerta para tomarmos cuidado com os falsos mestres, pois tais pessoas são cegas, hipócritas e produzem veneno. Tais pessoas devemos observar e julgar com sabedoria. Julgar sem ser crítico ao extremo e nem ser um juiz, pois quem conhece o coração do homem é o Senhor. Mas pelos frutos conhecemos a árvore. Isso é julgar com sabedoria!

Pense nisso!

Bibliografia

1 – Stott, John R. A Mensagem do Sermão do Monte, Ed. ABU, São Paulo, SP, 1986, p. 183.

2 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2012, p. 250.

3 – Morris, L. Leon. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 124.

4 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 107.

5 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 106.

6 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Mateus, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 72.

7 – Robertson. A. T. Comentário de Mateus e Marcos, à luz do Novo Testamento Grego, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2011, p. 91.

8 – 1 – Stott, John R. A Mensagem do Sermão do Monte, Ed. ABU, São Paulo, SP, 1986, p. 186,187.

9 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Mateus, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 73.

10 – Stott, John R. A Mensagem do Sermão do Monte, Ed. ABU, São Paulo, SP, 1986, p. 185.

11 – Stott, John R. A Mensagem do Sermão do Monte, Ed. ABU, São Paulo, SP, 1986, p. 185.

12 – Lopes, Hernandes Dias. Mateus, Jesus, o Rei dos reis, Editora Hagnos, São Paulo, 2019, p. 236.

13 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 107.

14 – Morris, L. Leon. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 127.

15 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 1, São Paulo, SP, Ed. Cultura Cristã, 2003, p. 488.