Por Pr. Silas Figueira
Texto base Jo 4.19-30
INTRODUÇÃO
O texto nos conta que
Jesus, juntamente com os seus discípulos, estão se retirando da Judéia indo em
direção a Galiléia e era necessário atravessar a província de Samaria, pois
esta ficava entre a Judéia, ao sul e a Galiléia, ao norte, e nesse percurso
chegam a uma cidade samaritana de nome Sicar. Ali havia um poço, que segundo a
tradição, havia sido cavado por Jacó, perto das terras que Jacó havia dado a
seu filho José (Gn 48.22).
Jesus, cansado da
viagem, se assenta junto à fonte por volta do meio dia. Nesse ínterim chega uma
mulher samaritana para tirar água, e, Jesus, lhe pede um pouco d’água. Ela o retruca,
pois sendo ele judeu como pede a ela que lhe dê água sendo ela uma mulher
samaritana? Pois, como lemos no texto, os judeus e samaritanos não se davam
nada bem. E isso era coisa antiga. Mas é através desse pedido que se inicia uma
longa conversa e uma das mais lindas revelações que o Senhor faz a uma pessoa.
Ele a revela que Ele podia lhe dar a Água da Vida, que o Pai busca adoradores e
não adoração e que não há um lugar específico para que isso ocorra e o mais
importante, que Ele era o Messias esperado por ela.
E é durante essa
conversa que esta mulher faz uma pergunta crucial: “Onde está Deus?”
Onde está Deus? Talvez
você já tenha se feito esta pergunta. Talvez você já tenha perguntado isso a
alguém num momento de grande crise existencial. Talvez você tenha tido uma
resposta muito vaga ao seu questionamento e por isso saiu insatisfeito com a
resposta; ou quem sabe, você teve uma resposta muito bem dada a respeito de
onde Deus está, mas que não fez diferença em sua vida. Assim como você, há
muitas pessoas em todo o mundo fazendo a mesma pergunta. Pois há um vazio na
alma que nada preenche. O prazer é passageiro, a alegria é momentânea e o sonho
muitas vezes vira um pesadelo. Aí você pergunta: “Onde está Deus?” Porque você
sabe que só Ele pode preencher o vazio de sua alma. Talvez você tenha procurado
preencher esse vazio em muitas coisas, mas saiu pior que antes, pois depois que
o feito do álcool acabou só ficou um grande vazio. Depois da festa ficou uma
grande frustração de saber que a pessoa com quem você ficou nem se quer
procurou saber o seu nome. E é nessa hora que você pergunta: “Onde está Deus?”,
pois você sabe que o prazer deste mundo passa e fica no lugar um grande vazio. Essa
mulher também sabia muito bem o que era ter um grande vazio, pois a vida não
tinha sido, até aquele momento, muito boa para ela.
O seu questionamento é
o mesmo dessa mulher samaritana. Ela também queria saber onde estava Deus. Onde
era o lugar correto de adorá-Lo? Se no templo em Jerusalém como diziam os
judeus ou no monte Gerizim como ela havia aprendido com os seus antepassados? Onde
ele está para que eu possa adorá-lo? Essa foi a pergunta dessa samaritana sem
nome dirigida ao Deus encarnado: “Onde está Deus?” Onde Ele está que não se
importa comigo? Que não vê as minhas lágrimas? Que não vê o meu sofrimento?
Esse texto me encanta
porque o Senhor Jesus não a deixou sem resposta, muito pelo contrário. Na
verdade, o Senhor Jesus lhe deu uma das maiores revelações bíblicas. O Senhor
lhe abriu os olhos espirituais para entender que o Pai está em todos os
lugares, que não existe um lugar geográfico para adorá-lo, pois o Pai não busca
adoração, mas adoradores que o adorem em espírito e em verdade
independentemente de um lugar específico.
Mas o que me chama a
atenção é que de tantos samaritanos naquela cidade o Senhor faz essa revelação
a uma mulher – essas naquela época não eram valorizadas, tanto judias e
principalmente samaritanas. Os rabinos na época de Jesus ensinavam que um homem
não devia manter conversa alguma com uma mulher, na rua, nem mesmo com sua
própria esposa; e muito menos, ainda, com qualquer outra mulher, para que os
homens não venham a murmurar. E ainda pesava contra ela a questão de ser uma
mulher que havia se casado cinco vezes e a pessoa com quem ela vivia nem o nome
lhe havia dado. Por causa disso ela era mal vista na cidade, por isso ela ia ao
poço ao meio dia para não ter que se encontrar com as outras mulheres do local.
No entanto, Jesus mantém um longo diálogo com esta samaritana.
Max Lucado conta que
uma vez foi a um cemitério e observou que havia uma lápide onde não trazia nem
a data do nascimento e nem a data da morte da pessoa ali sepultada, somente o
nome de uma mulher. Na lápide se lia: Grace Llewellen Smith e o nome de seus
dois maridos. E estava escrito logo abaixo este epitáfio:
“Dorme,
mas não descança.
Amou,
mas não foi amada.
Tentou
agradar, mas não agradou.
Morreu,
como viveu – sozinha”.
E
ele acrescenta dizendo que se existe uma Grace Llewellen Smith no Novo
Testamento foi esta mulher samaritana. Este epitáfio bem que podia ser dela.
Pois esta mulher conhecia bem o que era abandono – foi casada cinco vezes,
cinco camas diferentes, cinco rejeições diferentes. Cinco vezes abandonada. Ela
sabia o que era amar e não ser amada. Seu atual companheiro nem o nome lhe deu.
Ela conhecia o que era ser rejeitada pelo preconceito racial – era samaritana.
Por ser mulher – conhecia a discriminação sexual e por ter sido casada cinco
vezes sabia o que era abandono e rejeição da sociedade.
Mas
foi exatamente nesta mulher que o Senhor Jesus encontrou a pessoa mais desejosa
de encontrar Deus. Essa mulher estava como Davi quando escreveu o Salmo 42.1,2:
“Como suspira a corça pelas
correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma
tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?
Por isso que
lendo esse texto descubro que o Senhor sempre se revela a quem o busca, e essa
mulher o encontrou não por ser perfeita, mas por ser honesta. Ela não ocultou a
sua condição matrimonial, assim como não ocultou o seu desejo de encontrar
Deus.
Através desse
episódio ocorrido no poço de Jacó esta samaritana aprendeu coisas tremendas com
Jesus e, da mesma forma, nós também podemos aprender lições preciosas para o
nosso crescimento espiritual também hoje. Vejamos:
A PRIMEIRA LIÇÃO: JESUS
QUEBRA A BARREIRA DO PRECONCEITO (Jo 4.7-9).
Apesar de essa mulher
ser samaritana e ter uma vida duvidosa, o Senhor Jesus passou por cima das
tradições judaicas e se dirige aquela pobre mulher. Pois como lemos judeus e
samaritanos não se falavam, havia um preconceito entre ambos. Principalmente
porque os judeus se achavam superiores aos samaritanos. E como já dissemos um
homem não podia se dirigir a uma mulher na rua. O que vemos aqui?
1º
- Jesus é quem inicia a conversa (v 7). A salvação é iniciativa
de Deus e não nossa. O homem sem Deus está morto em seus delitos e pecados e se
o Senhor não o despertar da morte ele não irá buscar a salvação de modo algum
(Ef 2.1-6).
2º
- Jesus procura se relacionar com o homem da mesma forma hoje.
Quantas pessoas pensam que o Senhor não se importa com elas por serem pecadoras,
por terem uma vida promíscua. Mas saiba
de uma coisa, Deus não mudou. Ele ainda continua a procura do homem perdido
assim como o pastor foi em busca da ovelha perdida (Lc 15.3-7).
3º
- Jesus mostra para aquela mulher que as pessoas podem ter preconceitos, mas
Deus não. Jesus podia ser judeu na carne, mas era o Deus
encarnado buscando as ovelhas perdidas do Seu Pai (Jo 10.11-16). A Bíblia nos
fala em Apocalipse que João viu diante do trono uma multidão incontável de
todas as nações, tribos, línguas e povos (Ap 7.9,10).
“Depois
destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas
as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro,
vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz,
dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação”.
A SEGUNDA LIÇÃO: JESUS
MOSTRA PARA AQUELA MULHER QUE A ÁGUA QUE ELE OFERECIA ERA A VERDADEIRA ÁGUA
VIVA (Jo 4.10).
Aquela mulher
valorizava aquela fonte por duas razões: primeira por ter sido uma fonte ou um
poço aberto por Jacó, o grande patriarca e segundo, por ser uma fonte que tinha
uma água potável que saciava-lhe a sede. No entanto Jesus mostrou para ela três
fatos que ela desconhecia:
1º
- Jesus mostrou para ela que aquela fonte não era a única que podia satisfazer
a sede Jo.4.10). A sede física qualquer água potável pode
satisfazer, mas a sede espiritual só o Senhor Jesus satisfaz.
2º
- Jesus mostrou para aquela mulher que as outras fontes são falsas (Jo 4.13). Não
há outra fonte que satisfaça a nossa sede espiritual. Muitas pessoas tem procurado
satisfazer essa sede nos prazeres, no sexo, nas riquezas, na fama. Mas isso
passa, e no final o que sobra? Uma sede insaciável.
3º
- Jesus mostrou para aquela mulher que a fonte de Jacó mata a sede de forma
momentânea, mas quem beber da água que Ele der nunca mais a pessoa terá sede
(Jo.4.12-14). Jesus não era só maior que Jacó, Jesus
havia criado Jacó. Há muitas pessoas hoje idolatrando pessoas e se esquecendo
de quem é o verdadeiro criador de todas as coias. Quantas pessoas indo a poços
que não retêm a água. Como disse o Senhor através da boca do profeta Jeremias:
“Porque
dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e
cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas”
(Jr 2.13).
Onde você tem procurado
matar a sua sede? Nos prazeres momentâneos deste mundo ou em Deus criador dos
céus e da terra? Naquilo que é passageiro ou naquilo que é eterno?
TERCEIRA LIÇÃO: JESUS
DESPERTA NELA O DESEJO DA ÁGUA VIVA (Jo 4.15).
Só que esta mulher não
havia entendido o sentido das palavras de Jesus a respeito da água viva. Ela
havia interpretado de forma literal e não de forma espiritual. Corremos o mesmo
risco hoje também.
1º
- Ainda hoje há pessoas que não entendem as palavras de Jesus. Muitas
pessoas estão interpretando as palavras de Jesus de forma literal outros de
forma figurada. Por exemplo, quando Jesus falou sobre o novo nascimento com Nicodemos
ele achou que deveria voltar ao ventre materno e nascer novamente (Jo 3.4). Por
isso é necessário estudarmos a Bíblia com a ajuda do Espírito Santo para podermos
interpretá-la de forma correta. Mas quantos “achismos”
temos visto em muitos púlpitos por aí. Pastores que tem preguiça de estudar a
Palavra. Pastores que não dedicam tempo ao aprendizado e ainda usam o chavão
que “A letra mata”.
Observe o conselho de
Paulo a Timóteo:
“Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”
(2Tm 2.15).
2º
- A má interpretação do texto sagrado tem levado muitas pessoas a terem uma
visão totalmente distorcida de Jesus. Muitos o veem como
tudo, menos como salvador. O veem como provedor de riquezas, como um
curandeiro, como um casamenteiro, como um Salvador universal, como um
socialista – tanto que temos a Teologia da Missão Integral em nossos arraias
hoje. Quem é Jesus para você meu irmão?
A pergunta que Jesus
fez aos seus discípulos ecoa em nossos ouvidos ainda hoje: “Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16.15). O que
o Senhor Jesus é para você meu irmão? Como você o tem visto?
JESUS SE REVELA A UM
CORAÇÃO SEDENTO
Nesse momento da
conversa com a samaritana a conversa aparentemente muda de curso, mas na
verdade é o ápice da revelação ao coração daquela mulher sedenta de conhecer
Deus. E por conhecer o seu desejo o Senhor Jesus se revela a ela. Observando
essa conversa entendo que o Senhor Jesus ainda se revela hoje assim como se
revelou aquela mulher.
1º - JESUS SE REVELA A
QUEM RECONHECE OS SEUS PECADOS (Jo 4.16,17).
Quando Jesus diz para a
samaritana chamar o seu marido ela imediatamente admite que não tinha marido. E
nisso o Senhor não a recriminou, muito pelo contrário, até a elogiou pela sua
sinceridade, não que Ele estivesse apoiando o seu pecado, mas a sua
honestidade. Podemos entender com isso duas coisas:
1º
- O Senhor não se revela a quem não se vê como pecador. A
maior dificuldade que Jesus teve não foi com os pecadores, mas com os fariseus,
com os escribas e com os sacerdotes. Tanto que no capítulo 23 de Mateus o
Senhor Jesus profere vários “Ais” contra os escribas e fariseus. A pior coisa
que pode acontecer com uma pessoa é tentar esconder os seus pecados através de
uma religiosidade hipócrita. Gente que se vê santa e não reconhece que pela
graça e somente por ela é que somos salvos (Ef 2.8,9).
2º
- Jesus se revelou a esta samaritana por sua sinceridade diante da vida que
tinha. Cinco casamentos, cinco rejeições, cinco camas
diferentes. Era rejeitada por todas as pessoas da cidade, tanto que ia buscar
água ao meio dia, hora em que não havia pessoas no poço. Ser rejeitada pelo
judeu desconhecido para ela não importava. Ela já esperava sua reprovação. Mas
ao invés disso ocorrer o Senhor lhe surpreende com essa palavra:
“Replicou-lhe
Jesus: Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse
que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade”.
A verdade na boca dessa
mulher fez com que o Senhor a elogiasse. Mas uma vez repito: o Senhor não
estava apoiando o seu pecado, mas a sinceridade e honestidade dela diante da
vida que tinha. Essa é a diferença que o Senhor quer de cada um de nós. Como
disse Davi no Salmo 51.17:
“Sacrifícios
agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito,
não o desprezarás, ó Deus”.
O Senhor não espera de
nós perfeição, mas honestidade para admitir que somos pecadores e que precisamos
de perdão e se Sua misericórdia.
Veja o que João nos
escreve em sua primeira carta:
“Se
dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade
não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não
temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.
Filhinhos meus, estas coisas vos
escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto
ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não
somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1Jo
1.8-10; 2.1,2).
Quem não se vê como
pecador rejeita o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário. Na verdade quem
assim se vê é um idólatra, pois acha que sua justiça é suficiente para levá-lo
ao céu. No entanto o profeta Isaías compara a nossa justiça como trapo de
imundície:
“Mas
todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da
imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um
vento nos arrebatam” (Is 64.6).
Mas quem “encobre as suas transgressões jamais
prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv
28.13).
Pecado confessado é
pecado perdoado, lembre-se disso.
2º - JESUS SE REVELA A
QUEM QUER ENCONTRÁ-LO (Jo 4.19-24).
A pergunta desta mulher
é muito relevante, pois mostra que ela desejava saber onde Deus estava se era
no monte Gerizim ou em Jerusalém. Que lugar o Deus de Israel tinha escolhido
entre as suas tribos para que ali habitasse o Seu nome? Aonde o Seu povo
deveria ir para adorá-lo? Para entender essa pergunta devemos conhecer o
contexto histórico. Os samaritanos só reconheciam como texto sagrado os cinco
primeiros livros do Antigo Testamento e, segundo eles, o lugar de adoração era
no monte Gerizim, ou seja, a religião deles estava alicerçada somente no Pentateuco.
Eles observavam o que
Moisés disse em Dt 27.1-4:
“Moisés
e os anciãos de Israel deram ordem ao povo, dizendo: Guarda todos estes
mandamentos que, hoje, te ordeno. No dia em que passares o Jordão à terra que
te der o SENHOR, teu Deus, levantar-te-ás pedras grandes e as caiarás.
Havendo-o passado, escreverás, nelas, todas as palavras desta lei, para
entrares na terra que te dá o SENHOR, teu Deus, terra que mana leite e mel,
como te prometeu o SENHOR, Deus de teus pais. Quando houveres passado o Jordão,
levantarás estas pedras, que hoje te ordeno, no monte Ebal, e as caiarás”.
Só que há um detalhe,
eles substituíram o Monte Ebal que foi o monte onde Moisés proferiu as
maldições (Dt 27.11-26), pelo monte Gerizim onde ele proferiu as bênçãos (Dt
28.1-14). Nesse monte eles haviam construído um templo para evitar que os
peregrinos fossem a Jerusalém. Embora no ano 128 a.C ele havia sido destruído o
monte Gerizim continuava sendo reverenciado. Além de não crerem nos escritos
que os judeus observavam, os samaritanos trocaram um monte pelo outro.
Segundo alguns
historiadores eles deixaram de observar os outros escritos da Lei quando foram
impedidos de ajudarem na reconstrução do templo em Jerusalém quando os judeus
voltaram do cativeiro babilônico. Com isso construíram um templo no monte
Gerizim para que os samaritanos não fossem a Jerusalém adorar no templo
reconstruído.
No entanto, o Senhor
Jesus não deixou esta mulher sem a devida resposta. Pelo contrário, dentro do
contexto que ela conhecia Ele lhe tirou todas as dúvidas.
1º
- Jesus lhe mostrou que ela estava totalmente enganada (v 22). Essa
resposta de Jesus foi bem diferente do que ela poderia esperar. Mas Jesus fala
isso porque Jacó havia proferido várias profecias sobre seus filhos e,
principalmente, sobre Judá. Veja o que ele disse sobre seu filho Judá:
“Judá,
teus irmãos te louvarão; a tua mão estará sobre a cerviz de teus inimigos; os
filhos de teu pai se inclinarão a ti. Judá é leãozinho; da presa subiste, filho
meu. Encurva-se e deita-se como leão e como leoa; quem o despertará? O cetro
não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e
a ele obedecerão os povos” (Gn 49.8-10).
Ela e todos os que
tinham uma interpretação diferente desta estavam errados, pois de Judá viria o
Redentor. Hitler tentou provar que
Jesus não era judeu e errou. Até no Alcorão fala a respeito do Messias Jesus e
de Sua ressurreição.
Quantas pessoas ainda
hoje estão destorcendo o Texto sagrado por falta de conhecimento. A Bíblia é
para ser lida e estudada.
Por exemplo, eu conheço
pessoas que dizem que só os Salmos são inspirados por Deus. Já ouvi outros
dizerem que só as Epístolas Paulinas que são inspiradas. E já vi professor de
seminário dizer para os seus alunos se desintoxicarem da Bíblia, mas os
aconselhava a lerem o filósofo Nietzsche e o teólogo liberal Rudolf Bultmann. Dorme
com um barulho desses!
2º
- Jesus lhe mostra que não existe um lugar geográfico para adorar o Pai (v 21).
Entenda
uma coisa, a adoração é todo dia e toda hora. Algumas pessoas pensam que é no
templo (igreja), que se deve adorar a Deus. Esse é ainda um resquício católico
na alma do povo brasileiro que pensa que só no templo que o Senhor deve ser
adorado. Jesus falou que onde estiverem dois ou três reunidos em Seu Nome Ele
estaria ali (Mt 18.20). Tanto que a Igreja Primitiva se reunia nas casas, pois
devido às perseguições não havia como construir templos para se reunirem.
3º
- Jesus lhe mostra que o Pai não busca adoração, mas adoradores (v 24). O
Pai busca adoradores que o adore em
espírito. Que o adore com o coração contrito e não uma adoração ritualista.
Em verdade, ou seja, que proceda de
um coração totalmente rendido no ato da adoração.
Assim como o Pai é Espírito,
os seus adoradores também devem adorá-lo em espírito, ou seja, adorá-lo num
nível que ultrapassa a lógica humana. Pois como disse Paulo em sua primeira
carta aos Coríntios:
Ora,
o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são
loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por
ninguém. Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós,
porém, temos a mente de Cristo (1Co 2.14-16).
Mas também nos disse
que o nosso culto deve ser um culto racional (Rm 12.1). O culto racional não é
um culto onde a histeria se faz presente. Onde a pessoa faz coisas que fogem da
lógica de um culto a Deus, pois alguns cultos que temos visto por aí, em
igrejas que se dizem evangélicas parecem mais com cultos afros. Pelo menos a
liturgia e a coreografia são bem
parecidas.
3º - JESUS SE REVELA A
QUEM CRÊ NAS PRMESSAS DO PAI (Jo 4.25).
Enquanto os judeus
esperavam o Messias da linhagem de Davi, os samaritanos esperavam o profeta que
Moisés havia dito que viria depois dele ((Dt 18.15). Este profeta semelhante a
Moisés teria condições de explicar todas as coisas dentro da área teológica e
prática da vida. Esta mulher nos dá alguns exemplos práticos:
1º
- Ela esperava o Redentor. Havia no coração dela a esperança
da vinda do Messias, aquele que traria novas revelações e renovo espiritual.
Ela era uma mulher que cria no que Moisés havia dito, na promessa registrada no
Pentateuco. Isso serve de exemplo para todos nós, pois quantos hoje estão
desacreditando das promessas que o Senhor nos deixou. Jesus falou que voltaria
para buscar a Sua Igreja, mas quantos desacreditam dessa promessa. Aliás,
recentemente eu ouvi um pastor dizer que quando Jesus disse isso na verdade Ele
estava dizendo que o mundo iria se tornar melhor e que a Sua vinda não era como
se ensinavam nas igrejas, ou seja, ele tanto estava negando o céu quanto a
volta do Nosso Senhor. Aliás, duas mensagens têm sido negligenciadas em nossos
dias: A que fala a respeito do pecado e a que fala da volta de Jesus.
2º
- Ela conhecia o que Moisés havia profetizado. Estamos
vivendo hoje em dia um grande analfabetismo bíblico. Pessoas que conhecem
doutrinas erradas de ouvirem falar, mas não procuram saber se o que ouviram tem
base bíblica ou não. Alguns anos atrás minha esposa foi em uma igreja – estávamos
de férias em outro estado – e lá se encontrava um “apóstolo” que iria pregar
naquela noite. Passaram-lhe a palavra e ele de início vem com essa pérola “bíblica”:
“tu te tornas eternamente responsável por
aquilo que cativas”. Minha esposa saiu da igreja imediatamente dizendo que
não sabia que Antoine de Saint-Exupéry era bíblico.
É isto que temos visto
nos púlpitos de muitas igrejas por aí, gente citando de tudo um pouco, menos o
que a Bíblia fala, e de forma correta. Digo isso porque uma má hermenêutica causa
grandes transtornos também.
4º JESUS SE REVELA COMO
O MESSIAS PROMETIDO (Jo 4.26).
A espera havia acabado.
O Messias havia chegado e estava junta a ela naquele poço. Aquele que Moisés
havia profetizado estava conversando com ela sem descriminá-la, sem ofendê-la,
sem magoá-la. Muito pelo contrário, a estava tratando como gente, como filha
amada, lhe enchendo o coração de esperança de que o novo havia chegado. Que seus
medos seriam transformados em esperança.
Naquele momento ela
descobre três coisas maravilhosas a respeito de Jesus.
1º
- Que Jesus era maior que Jacó. Ela que buscava a água
de um poço aberto por Jacó descobre que Jesus tinha Água da Vida que jorra para
vida eterna e lhe ofereceu essa Água.
2º
- Que Jesus era mais que um profeta. Mais que um profeta que
conhecia o seu passado, esta mulher descobre que Jesus era o criador de todas
as coisas.
3º
- Que Jesus era o Messias prometido nas Escrituras.
Esta mulher descobre que o que o Pai havia falado por intermédio de Moisés
estava se revelando diante de seus olhos. Ela descobre naquele início de tarde
que o Messias estava diante dela e falando com ela. Sem descriminá-la, sem
repudiá-la, sem ofendê-la.
Hoje não é diferente. Quando
o Senhor se revela a alguém os olhos se abrem para vê-lo não como um simples
profeta, ou como operador de milagres, mas como o Deus encarnado que se importa
com cada um de nós e nos acolhe mesmo sendo nós ainda pecadores. A quem o Senhor
se revela, dos seus ombros o Senhor tira o fardo pesado do pecado e nos ajuda
em nossa dura caminhada.
5º - A QUEM JESUS SE
REVELA TORNA-SE ANUNCIADOR DAS BOAS NOVAS (Jo 4.28-30; 39-42).
O texto nos diz que a
mulher deixou o seu cântaro e foi correndo anunciar o Cristo. Quem teve um
encontro real com Jesus não consegue ficar quieto guardando a bênção só para
si.
1º
- Quem tem um encontro verdadeiro com Jesus descobre que Ele é mais importante
que tudo nesta vida. A alegria que Jesus causou no coração
dela foi maior que o interesse pela água que ela havia ido buscar, tanto que
deixou o seu cântaro e correu até a cidade. Se Jesus não for mais importante que
tudo em sua vida, com certeza, você ainda não teve um encontro real com Ele.
Veja o que o Senhor nos diz em relação a isso:
“Quem
ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho
ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e
vem após mim não é digno de mim” (Mt 10.37,38).
Se Jesus não tomar todo
o teu coração, certamente, há algo errado com a sua vida espiritual. A história
de SADU SUNDAR SINGH, O APÓSTOLO DOS PÉS SANGRENTOS é um grande exemplo de uma
pessoa que teve um encontro com Jesus. Isso sem falar de Saulo de Tarso que se
tornou o apóstolo Paulo.
2º
- Quem tem um encontro verdadeiro com Jesus não deixa de anunciar Jesus. Quantas
pessoas daquela cidade a viam como uma prostituta. Quantas vezes ela foi ridicularizadas
pelos homens e pelas mulheres daquela cidade, mas diante do encontro
maravilhoso com Jesus ela deixou todas as mágoas de lado e foi correndo falar
para todos que havia encontrado o Cristo.
Se o preconceito e as
mágoas forem maiores que a alegria que Jesus causa em nós, há algo errado com o
nosso encontro com Jesus.
3º
- Jesus tem que ser conhecido não só de ouvir falar, mas deve ser experimentado
(42). Isso é tremendo. É algo que trás ao nosso coração
lembranças do nosso encontro com o Senhor um dia também. Quando Ele deixou de
ser uma boa notícia para ser a verdadeira Boa Nova em nossas vidas. Foi isso
que ocorreu com os samaritanos. Eles não criam mais de ouvir falar, mas de
estarem com Jesus e descobrirem que Ele era o Cristo prometido e o Salvador do
mundo.
E pensar que tudo isso
começou com uma mulher que queria saber “Onde está Deus?”
CONCLUSÃO
Aquele dia tão comum
para aquela mulher samaritana, de repente ele deixou de ser comum, pois o
Salvador Jesus marcou um encontro com ela naquele poço, embora ela não
soubesse. Da mesma maneira Jesus está sempre nos surpreendendo. Algo novo
sempre acontece nas horas que menos esperamos. Quem sabe você está aqui hoje
pensando que será mais um dia como qualquer outro, mas quem sabe hoje será
Aquele Dia, não dia que você espera, mas o dia que Jesus quer para você.
Para aquela mulher tudo
mudou, pois ela encontrou o Senhor da vida. Ela teve a grata satisfação de
conversar com o Salvador do mundo. Com o Seu Salvador. Hoje Ele marcou um
encontro com você também.
Pense nisso!