segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Você não pode agradar a homens e ser o escravo de Jesus Cristo.


Por Josemar Bessa

“Ó Senhores! Nós podemos pregar para as pedras ou para os homens e será a mesma coisa, a menos que o Espírito Santo use a Palavra para regenerar suas almas”. – Charles H. Spurgeon

A verdade tem bordas duras que não podem ser suavizadas. Mas há uma grande tentação de suavizá-las dependendo da força motivadora dentro de nós. Como medimos o sucesso? Que padrão temos usado na proclamação do evangelho? Que tipo de ministério é eficaz? Avaliamos economicamente? Contamos cabeças...?

É engraçado, mas muitas pessoas em nossos dias que dizem crer na soberania de Deus sobre todas as coisas, quando falam em sucesso, usam os mesmos meios de aferição do mundo. Muitos quando falam de Charles H. Spurgeon, começam a mencionar cabeças... Mas isso não é o fato relevante em Spurgeon, e sim o que Spurgeon ensinou. Multidão Charles Finney também conseguiu. A. W. Pink não experimentou em vida nada do que Spurgeon experimentou em sua vida ministerial, mas quão fiel a Verdade ele foi.

Onde está o ponto? Quando você faz um balanço de sua vida você usa os critérios do Ibope? Todos nós somos tentados a medir-nos comparando o que temos produzido com o que outros produziram... nós investimos demais na opinião dos corretores do poder em nossa sociedade, seja espiritual ou secular.

É impossível exagerar os efeitos devastadores que estão inexoravelmente consumindo a vida da igreja quando essa perspectiva é abraçada. A Verdade fatalmente é comprometida, cortando os cantos duros do evangelho, suavizando bordas que irão afastar o homem natural, a vontade de esconder a borda afiada da moralidade bíblica numa sociedade amoral, o desejo de ser relevante para um mundo que acha Deus irrelevante em suas reivindicações... Porque queremos um aumento de apoio, um aumento de número, um aumento de doadores, um aumento...

Preste atenção nas palavras de Paulo: “Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para estes certamente cheiro de morte para morte; mas para aqueles cheiro de vida para vida...” - 2 Coríntios 2:15-16

Eis a norma bíblica para o sucesso!! Um “cheiro!” – A verdade articulada aqui pelo apóstolo Paulo é um poderoso remédio para a tentação de encontrar fórmulas que fatalmente irão comprometer a Verdade por desejar definir que“cheiro” seremos na vida das pessoas que ouvirem a verdade do evangelho.

Você deseja ser um cheiro de Deus para o mundo? Seja fiel na proclamação da Verdade. Seja fiel em todos os seus termos, pregue a loucura da cruz, não suavize a sua ofensa, proclame as promessas do evangelho, declare as consequências eternas... Jamais pense em como mostrar o evangelho de uma maneira que ele pareça mais favorável a depravação do coração natural do homem. Eis o padrão de Paulo: "Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou a de Deus? Ou estou tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse procurando agradar a homens, não seria servo de Cristo. "Gálatas 1:10

Eis o ponto nevrálgico de qualquer estratégia voltada para ser atraente ao homem natural, independente da estratégia, a própria motivação de ser agradável ao homem já é um desvio - só a intenção mostra um desvio do propósito - "... Se eu estivesse ainda agradando aos homens eu não seria servo de Cristo" - Você não pode ser ambos.

Você não pode agradar a homens e ser o escravo de Jesus Cristo. Você não pode ser um soldado comprometido para agradar o seu comandante e ser um prazer para o homem natural que está em inimizade para com Deus: "...a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à lei de Deus, nem pode fazê-lo." - Romanos 8:7 - Só há uma direção: "...como homens aprovados por Deus, a ponto de nos ter sido confiado por ele o evangelho, não falamos para agradar a pessoas, mas a Deus, que prova os nossos corações." - 1 Tessalonicenses 2:4

Só há duas respostas possíveis ao verdadeiro evangelho de Cristo – nós não procuramos induzir essa resposta. Quando a mensagem é dada a conhecer ao mundo, fatalmente haverá uma resposta. A neutralidade é impossível, não existe tal coisa em relação a Verdade de Deus. A indiferença ou apatia é um mito. Ignorar é negar a verdade... O homem está entre os que estão sendo salvos ou está entre os que estão perecendo – a mesma Verdade tem dois cheiros distintos. A palavra da cruz é “loucura” – absoluta loucura, ou é “o poder de Deus “ para a salvação – “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.” - 1 Coríntios 1:18

A mensagem de Cristo proclamada por Paulo ( e não o mensageiro, ou a linguagem, ou o método...) é por si só responsável por dividir os ouvintes dessa maneira.

Sempre que a Palavra de Deus é proclamada uma fragrância é liberada. Para alguns é um aroma de vida, de esperança, de perdão, de regeneração, de justificação... Essas coisas não são manipuláveis – o mensageiro deve entregar o que recebeu para pregar. Esse aroma de vida é incomparável – nada pode ser comparado ao cheiro de vida exalado pelo Filho de Deus. O Espírito pela Palavra regenera o coração, desperta a vida, ressuscita alguém que estava“morto em delitos em pecados”... é maravilhoso!!! - “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados - Efésios” 2:1

Mas para outros, a Verdade do evangelho é um sufocante fedor venenoso.Cheiro de morte e não de vida. Charles Spurgeon nos lembra:

“O evangelho é pregado aos ouvidos de todos, mas ele só vem com poder para alguns. O poder que está no evangelho não está no mensageiro, sua eloquência, argumentos... caso contrário, os homens e seus métodos seriam conversores de almas. Também não está na técnica do pregador... caso contrário, consistiria na salvação pela sabedoria dos homens. Podemos pregar até nossas línguas apodrecerem, até o ar de nossos pulmões se esgotarem e morrermos, mas nunca uma alma será convertida a menos que haja o misterioso e soberano poder do Espírito Santo operando como quer naqueles que Ele quer operar. O Espírito Santo muda a vontade do homem. Ó Senhores! Nós podemos pregar para as pedras ou para os homens e será a mesma coisa, a menos que o Espírito Santo use a Palavra para regenerar suas almas”.

Mas veja, Paulo é uma fragrância de Deus independente da resposta da mensagem! ““Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para estes certamente cheiro de morte para morte.”

Quando Paulo pregou e sofreu de cidade em cidade, apanhou, foi ridicularizado, difamado... e o nome de Jesus foi blasfemado. Paulo estava sendo uma fragrância de Deus (Um cheiro de morte). Quando no meio do sofrimento ele proclamou fielmente o evangelho e a Verdade foi abraçada, homens regenerados... ele foi uma fragrância de Deus ( Um cheiro de vida ).

Ao pregarmos a Verdade sem aparar as arestas duras para o homem natural, sem esconder parte da Verdade, sem tentar desenvolver técnicas para que o homem natural sinta um bom cheiro de um evangelho corrompido segundo suas paixões... Somos uma fragrância de Deus, mesmo quando a mensagem é completamente rejeitada.

A fragrância começa imediatamente a ser corrompida no momento em que nosso padrão de sucesso é o mesmo que o do Ibope. O que Paulo está dizendo é que mesmo se nossa “multidão” for pequena e insignificante para o Ibope, o sucesso é medido pela fidelidade – não determinamos sobre cada pessoa, ou “público alvo”, ou cultura... que tipo de fragrância seremos – “cheiro de vida ou cheiro de morte” – Se nosso esforços, nossa proclamação da verdade levarem a “vida” ou a “morte”, continuamos sendo o aroma de Cristo para Deus – “Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo...” - 2 Coríntios 2:15. E somos o bom perfume de Cristo para Deus apenas quando pregamos Jesus verdadeiramente e biblicamente. Não tentamos definir se seremos“Cheiro de vida ou de morte”.

Isso é uma pílula muito difícil de engolir se o propósito é o sucesso e não a glória de Deus. É difícil de engolir se o nosso temor dos homens é maior que o nosso temor a Deus – se nós desejamos o louvor e a aprovação dos homens em detrimento do que vem de Deus. Quem acha duro demais tomar essa pílula, tenta negar, mas está servindo ao Pragmatismo e não a Deus.

Devemos ser um cheiro bom para Deus em Cristo, mesmo que ele seja um cheiro podre e de morte para o mundo que se perde, ou um cheiro agradável de vida para os que são regenerados pelo Espírito Santo.

Fonte: Josemar Bessa

sábado, 28 de setembro de 2013

Elysium e a doutrina do “Tomo Posse” na Igreja


Por Pr. Silas Figueira

Socialistas sempre foram assim: só pensam em distribuir o que existe, nunca em criar riqueza de fato. O resultado acaba sendo apenas miséria para todos, à exceção da cúpula do poder que age em nome do povo oprimido [1]. Esse comentário foi feito por Rodrigo Constantino a respeito do filme Elysium, onde mostra a Terra no ano de 2159, numa total miséria, enquanto os ricos, que vivem fora da Terra, tem acesso a todo tipo de riqueza e tratamento contra as doenças. No entanto, os que estão na Terra, na miséria se revoltam e vão tomar o controle do sistema e tornar as riquezas disponíveis para todos.

Isso me lembra o que tem ocorrido em muitas igrejas neo-pentecostais por aí. Muitas dessas igrejas ensinam que a riqueza do ímpio pertence ao “povo de Deus”, no caso eles; e que a igreja precisa tomar posse desse tesouro que se encontra em mãos alheias. Quem ensina essa prática de “tomar posse” utiliza textos do Antigo Testamento, principalmente os que narram a tomada da terra de Canaã pelos Hebreus. Esses líderes dizem que da mesma forma como o Senhor deu a terra de Canaã para os judeus, a igreja precisa ter essa mesma visão e tomar posse das riquezas que se encontram nas mãos dos ímpios. Realmente é um belo discurso, só que fora de contexto. E texto fora de contexto é pretexto para heresia. E haja heresia nisso!

Eu conheço uma pessoa que foi doutrinada dessa forma na igreja que frequentava. Esse indivíduo toda vez que via alguém com alguma coisa nova logo dizia para a outra pessoa: “Eu tomo posse!” Muitas vezes essa palavra foi dirigida a mim, e eu confesso que essas palavras me irritavam profundamente. Tanto que uma vez eu lhe disse: “Porque você não toma posse do que é seu?”

Observando a vida dessa pessoa, eu via que ela realmente tinha muita coisa que “tomava posse”; ela tinha máquina de lavar usada, televisão usada, geladeira usada, muitos brinquedos dos filhos usados... Ela nunca teve o prazer de entrar em uma loja e comprar algo novo. Algo que não havia pertencido a alguém – não que eu tenha alguma coisa contra ter coisas usadas – não é isso. Mas essa pessoa vivia de migalhas, de coisas que ela havia “tomado posse”. E pior, de coisas velhas e muitas vezes quebradas. Que coisa triste! A meu ver, essa pessoa vivia de esmola e não se dava conta disso.

Essa história que estou contando tem sido uma triste realidade em muitas igrejas por aí. Pessoas que têm sido doutrinadas a ter e não a ser. A tomar posse, e não lutar para conseguir o precisam através do trabalho e, principalmente, na direção de Deus. Muitos têm sido ensinados que as bênçãos do Senhor sobre a vida de uma pessoa, são medidas pelo o que a ela possui e não pelo que ela é, ou seja, uma pessoa consagrada a Deus, tendo uma vida santa e irrepreensível.

E o que tem gerado nessas pessoas que recebem essa doutrina do “tomar posse”? Elas ficam cada vez mais gananciosas. Querem mais e mais. Ocorre com essas pessoas aquela velha frase que diz: “Tem gente que é muito engraçada, gastam um dinheiro que não tem, para comprar o que não precisa para impressionar quem não gostam”.

Tais pessoas não conhecem o verdadeiro sentido do ter e ser. Essas pessoas desconhecem o Senhor que nos garante que de tudo que tivermos necessidade Ele nos supriria. Veja o que Jesus nos falou em Mateus 6.31-33:

“Portanto, não se preocupem, dizendo: Que vamos comer?  ou que vamos beber? ou ‘que vamos vestir? Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas.Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas”.

Isso sim é a verdadeira riqueza e a verdadeira posse que o Senhor tem para nós.

Mais uma vez citando Rodrigo Constantino quando disse a respeito do Socialismo: “O resultado acaba sendo apenas miséria para todos, à exceção da cúpula do poder que age em nome do povo oprimido”. Quem ensina essa doutrina está cada vez mais rico – líderes gananciosos. Enquanto os seus seguidores estão na total miséria, principalmente espiritual.

Pense nisso!
 
Nota:

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

É o relato da primeira visão de Joseph Smith confiável?



Por J. Warner Wallace

Tradução: Nathan Cazé


A “Evolução” de um Relato

Com o passar do tempo, parece que a história de Joseph acerca de sua primeira visão de Deus relacionado à sua descoberta das placas de ouro (da qual o Livro do Mórmon foi traduzido) mudou sobremaneira. Elementos fundamentais variaram ao passar dos anos em que foi primeiramente descrito. Lembre-se de que Joseph disse que ele recebeu esta visão (antes da descoberta) e ficou calado sobre isto por vários anos antes que ele compartilhasse com qualquer um! Então, todas as descrições dele são bem depois do fato. Podemos querer começar com alguns fatos e datas históricos conhecidos para ajudar-nos a verificar as afirmações de Joseph.

Um Avivamento Espiritual em 1824-25: Um avivamento espiritual ocorre na região de Palmyra, Nova Iorque, onde Joseph e a sua família viviam naquela época. Conhecemos esta data devido ao fato de que os registros de frequência e de conversão indicam um forte crescimento em 1824.

Joseph é Julgado em 1826: Na idade de 20 anos, Joseph Smith é julgado por divinação em South Bainbridge, New Iorque. Sabemos disto devido aos Registros do Tribunal de Bainbridge de 1826 do Juiz Albert Nealy que indicam que Joseph estava sendo julgado por fingir que estava encontrado tesouros perdidos[1] (utilizando uma ‘pedra de vidente’ para descobrir ouro enterrado na terra) em 20 de março de 1826. Joseph foi julgado culpado de um delito em violação da lei de vadiagem do estado de Nova Iorque porque ele estava fingindo achar tesouros perdidos com a sua pedra de vidente dentro de seu chapéu (interessantemente, este é o mesmo método que ele disse posteriormente que ele utilizou para traduzir o Livro de Mórmon). Os registros do tribunal também indicam que Joseph utilizou outros rituais ocultos para ajudá-lo a localizar os tesouros, incluindo o espargimento de sangue de animal para quebrar o encantamento que acreditava-se proteger o tesouro. Porque Joseph era menor de idade, foi-lhe permitido sair do condado ao invés de ser preso.

Analisando Todos os Relatos

Tendo estas duas datas históricas em mente, vamos examinar os relatos da primeira visão fornecida pelo Joseph e os seus amigos mais próximos ao longo dos anos. Em geral, os relatos eventualmente desenvolveram vários elementos fundamentais. Joseph é inicialmente visitado por um ser espiritual que o informa sobre as placas de Ouro enterradas, mas não é-lhe permitido obter as placas por um período de tempo. Vamos analisar a modificação da natureza da visão de como foi descrita ao passar do tempo, e monitorar os três elementos fundamentais do relato: para começar, a motivação que Joseph tinha para buscar a Deus, a idade de Joseph e a data da visão, e exatamente quem que apareceu-lhe na visão…

1827

Joseph Smith, Sr. e Joseph Smith, Jr. prestam contas à Willard Chase, como relatado em seu depoimento de 1833.

Como Ele Descreve a Sua Motivação: Joseph diz que o livro de ouro foi encontrado no contexto de suas atividades de escavação de dinheiro. Não há menção de avivamento.

Quando Ele que Isto Ocorre: Joseph diz que ele tem aproximadamente 17 anos de idade (1823) quando ele tem a visão. Ele tinha 21 anos (1827) quando ele finalmente obtém as placas.

O que Ele Diz que Viu: Vários anos antes de obter as placas, um ‘espírito’ apareceu à Joseph em uma visão falando-o sobre um registro de placas de ouro.

1827

Martin Harris dá conta ao Reverendo John Clark, de acordo com a publicação em seu livro “Gleanings by the Way” impresso em 1842, pp. 222-229.

Como Ele Descreve a Sua Motivação: Nenhum avivamento. A visão ocorre depois de uma tarde de escavação de dinheiro.

Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Joseph tem aproximadamente 18-19 anos de idade (1824-25) quando ele tem a visão.

O que Ele Diz que Viu: Um ‘anjo’ apareceu à Joseph em uma visão dizendo-lhe que foi escolhido para ser um profeta e trazer um registro sobre placas de ouro.

1830

Joseph Smith é entrevistado por Peter Bauder, (recontado por Bauder em seu livro “The Kingdom and the Gospel of Jesus Christ”, impresso em 1834, pp. 36-38).

Como Ele Descreve a Sua Motivação: Nenhum avivamento é mencionado. Na verdade, Joseph não pôde demonstrar à Bauder alguma “experiência Cristã”, i.e. nenhuma experiência de conversão ou manifestação da graça salvadora em sua vida.

Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Nenhuma idade é mencionada.

O que Ele Diz que Viu: Joseph afirmou que um ‘anjo’ disse-lhe onde encontrar um tesouro secreto.

1832

Joseph Smith escreve à mão a tentativa conhecida mais antiga de um relato ‘oficial’ da Primeira Visão, da História, 1832, Joseph Smith Letterbook 1, pp. 2, 3.

Como Ele Descreve a Sua Motivação: Joseph agora diz que ele começou um estudo sério das escrituras aos 12 anos de idade e sentiu-se condenado por pecados. Ele também diz que ele determinou que todas as igrejas estavam erradas. Ele não fez nenhuma menção de avivamento e omite todas as informações sobre o contexto da escavação de dinheiro dos primeiros relatos.

Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Joseph agora diz que ele tem 15 anos (em seu décimo-sexto ano) quando ele teve a primeira visão, e agora adiciona uma segunda visão que ocorre na idade de 17 anos (ele diz que novamente orou e então teve uma segunda visão).

O que Ele Diz que Viu: Joseph afirmou ver ‘Jesus’ na primeira visão com 15 anos, e um ‘anjo’ na segunda visão (este anjo disse-lhe onde encontrar as placas).

1834-35

Oliver Cowdery, com a ajuda de Joseph Smith, publicou a primeira história do Mormonismo no “LDS periodical Messenger and Advocate, Kirland”, Ohio, Dec. 1834, vol. 1, no. 3.

Como Ele Descreve a Sua Motivação: Joseph diz que um avivamento agitou nele um desejo de “conhecer para si mesmo a certeza e realidade da religião pura e santa”.

Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Joseph diz que tem 17 anos (1823) quando ele teve a visão em seu quarto.

O que Ele Diz que Viu: Joseph afirmou que um ‘anjo’ apareceu-lhe.

1835

Joseph Smith dá conta ao Joshua o ministro Judeu, (Joseph Smith Diary, Nov. 9, 1835).

Como Ele Descreve a Sua Motivação: Joseph agora diz que ele foi “animado” em sua mente sobre a religião, mas não há nenhuma menção de avivamento.
Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Joseph agora afirma que tinha 14 anos (1820) quando ele teve uma visão em um bosque. Ele afirma que posteriormente teve outra visão com 17 anos.

O que Ele Diz que Viu: Disse que tece uma visão de um personagem e em seguida de outro. Um personagem testifica sobre Jesus, mas nenhum é identificado como sendo Jesus. Ele disse que viu muitos anjos em sua primeira visitação. Na segunda visitação, Joseph vê ‘anjos’.

1835

Joseph deu um relato ao Erastus Holmes em novembro 14, 1835, originalmente publicado no “Deseret News of Saturday”, maio 29, 1852.

Como Ele Descreve a Sua Motivação: Nenhuma é dada.

Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Joseph diz que ele tinha 14 anos (1820) quando ele teve a visão.

O que Ele Diz que Viu: Ele disse que teve uma visão de ‘anjos’.

1838

Esse relato tornou-se a versão oficial, agora parte da Escritura dos Mórmons na “Pérola do Grande Preço”, Joseph Smith – História, 1:7-20. Embora escrito em 1838, não foi publicado até 1842 no “Times and Seasons”, março 15, 1842, vol. 3, no. 10, pp. 727-728, 748-749, 753.

Como Ele Descreve a Sua Motivação: Joseph diz que um avivamento local levou-o a saber qual igreja estava certa; nunca tinha ocorrido a ele que todas estavam erradas.

Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Ele diz que com 14 anos (1820) ele teve uma visão em uma bosque. Três anos mais tarde ele teve outra visão de um anjo.
O que Ele Diz que Viu: Joseph diz que na primeira visão, ele teve uma visão de dois personagens. Um identifica o outro como o seu filho (por implicação: Deus o Pai e Jesus, mas não explicitamente afirmado). Na segunda visão, ele somente vê um ‘anjo’.

1844

Joseph descreve a visão enquanto estava escrevendo um capítulo sobre Mormonismo em “An Original History of the Religious Denominations at Present Existing in the United States”, editado por Daniel Rupp.

Como Ele Descreve a Sua Motivação: Joseph disse que começou a refletir na importância de estar preparado para o futuro estado, mas ao inquirir encontrou um grande conflito de opinião religiosa. Não há menção de um avivamento.

Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Joseph diz que com 14 anos (1820) ele teve uma visão em um bosque. Três anos mais tarde ele tem uma segunda visão.
O que Ele Diz que Viu: Ele teve uma visão de dois personagens, mas estes não foram identificados. Três anos mais tarde ele diz que teve uma visão sobre um único personagem (mesma descrição que os personagens anteriores) que é identificado como um anjo.

1859

Martin Harris é entrevistado no Tiffany’s Monthly, 1859, New York: Published by Joel Tiffany, vol. v. —12, pp. 163-170.

Como Ele Descreve a Sua Motivação: Joseph encontrou as placas utilizando a pedra de vidente no contexto da escavação de dinheiro. Não há nenhuma menção de avivamento.

Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Joseph tem 21 anos (1827) no momento da visão.

O que Ele Diz que Viu: Um ‘anjo’ apareceu à Joseph depois de encontrar as placas, e disse-lhe que [o Livro de Mórmon] era obra de Deus e Joseph deveria “sair da companhia dos escavadores de dinheiro”.

Um Sumário das Variações

Claramente há uma variação nos elementos fundamentais da primeira história da visão. Começa com discrepâncias relacionadas à motivação inicial de Joseph para encontrar as placas ou buscar a Deus. As descrições variam de ‘nenhum motivo’ (um espírito aparece com a notícia das placas de ouro), a leitura ativa Bíblia e convicção dos pecados, a um avivamento, e um desejo de saber se Deus existe. Além disto, Joseph e seus companheiros imediatos variam em relação a idade e data da primeira visão, que vão desde 1823 (Joseph aos 16 anos), e 1821 (15 anos), e 1820 (14 anos). A visão é descrita inicialmente em um quarto e em seguida em um bosque. Finalmente, e talvez o mais importante, há discrepâncias em exatamente quem é que aparece a Joseph. É um espírito, um anjo, dois anjos, Jesus, muitos anjos, ou o Pai e o Filho?

A Versão Oficial Tem Um Problema com a História Conhecida

Sobretudo, a igreja sustenta que Joseph estava respondendo ao avivamento espiritual em Palmyra quando teve sua primeira visão, e acredita neste relato. Sabemos no entanto, que este avivamento não ocorreu até anos após 1820, data que a igreja sustenta em relação a visão. Além disso, sabemos que Joseph tinha uma história como um Escavador de Ouro condenado, mesmo após o momento da primeira visão por qualquer relato (baseado em sua detenção em 1826)!

Parece haver uma evolução gradual do relato, mudando a partir dos relatos mais antigos dados a Chase e Harris que mencionar nenhum fundamento espiritual para a descoberta das placas (essas contas concordam que ele estava simplesmente escavando em busca de ouro), a relatos posteriores que descrevem uma forte motivação espiritual (como um avivamento em Palmyra ou intenso estudo da Bíblia por parte de Smith). Joseph é descrito desde cedo como um escavador de ouro de 17 anos de idade que encontra as placas, mas depois como um buscador espiritual de 14 anos de idade que é levado às placas por Deus. Parece como se Joseph, ao longo do tempo, omitiu e mudou os fatos da visão para torná-los menos ofensivo (a partir de uma perspectiva de escavador de dinheiro) e mais atraente (a partir de uma perspectiva espiritual).

Para um relato mais detalhado sobre os documentos listados neste artigo, visite ESSE website.

[1] Em inglês chama-se “glass-looking”.

Fonte: NAPEC

A religiosidade é contagiante



É interessante como a religiosidade é contagiante: Ela não precisa de propaganda, não precisa de incentivo, nem mesmo precisa de orientação. Na verdade, parece que a religiosidade é de certo modo inato a cada um de nós. Parece que temos a necessidade de criar regras, modelos, sistemas que tornem nossa “adoração” mais palatável e objetiva.

Entretanto, nos dias de Cristo a religiosidade tinha tudo isso: Propaganda, incentivo e orientação. Os Fariseus eram os modelos da religião e tinham tudo o que era necessário para ensinarem o que era a “verdadeira” religião para o povo.

Eles se distinguiam das outras opções religiosas nos seus dias, por sua crença e apreço pela Lei que Deus havia dado a Moisés, a Torá. Eles também advogavam ser os verdadeiros intérpretes da Lei baseada na tradição oral dos anciões, que posteriormente veio a ser codificada no documento que conhecemos como Talmud.

Segundo Flávio Josefo, grande parte da população da Palestina do primeiro século aceitava sua doutrina (Ant.18.15) de modo que até mesmo os Saduceus (outro grande grupo religioso em Jerusalém) estavam sujeitos aos Fariseus (Ant.18.17).

Os Fariseus eram os homens que levavam a vida religiosa do Templo para casas, sinagogas e para a vida pessoal do judeu comum. Eles eram os heróis da religião. Homens de alta posição social e prestígio em sua sociedade.

Mas, de modo interessante, o Talmud (Mas. Sotah 22b) registra a existência de sete tipos de Fariseus no primeiro século:

O Fariseu “ombro“: Esse é o tipo de fariseu que carrega todas as suas boas ações em seus ombros para que todos possam ver;

O Fariseu “espera só mais um pouquinho“: Esse é o tipo de fariseu que prefere esperar para ver o que vai acontecer antes de agir. Ele sempre tem uma boa desculpa teológica para não realizar uma boa obra.

O Fariseu “machucado“: Esse é aquele que fechava os olhos para evitar olhar para uma mulher, mas por fazê-lo enquanto andava, normalmente tropeçava e caia.

O Fariseu “corcunda“: Esse é aquele que evitava qualquer tipo de tentação por andar olhando para baixo. Há quem diga que isso era também era uma forma de demonstrar publicamente sua humildade.

O Fariseu “exibido“: Como o nome já diz, esse era o fariseu que tinha prazer em contar (numericamente) e contar (publicamente) seus feitos. O objetivo era ter sempre o maior número de boas obras que os outros participantes da religião.

O Fariseu “cheio de medo“: Esse era o fariseu que temia a Deus, não exatamente por causa da sua reverência ou respeito por Deus, mas por medo de Seu julgamento. Em outras palavras, era aquele que por temer o inferno se certificava de obedecer todos os mandamentos da Lei de Deus, mesmo aqueles criados pela tradição dos anciãos.

O Fariseu “que amava a Deus“: Esse era considerado o fariseu ideal, que obedecia a Deus por amor a Deus. Um grupo minoritário, que poderia ter incluido homens como Nicodemos, José de arimatéia e até mesmo Gamaliel.

Na minha opinião, o mais interessante em ler essa lista é perceber que esse tipo de farisaísmo ainda existe e está firme e forte em nossas igrejas. R.H.Stein está correto quando diz que “nem mesmo o cristianismo está isento dessa infeliz tendência“ (Stein, R. H. (2001). Vol. 24: Luke, pp. 340–341.).

A verdade é que de alguma forma os fariseus fizeram escola na igreja de tal modo que essa mesma lista poderia ser escrita para descrever sete tipos de cristãos religiosos. Deve ser por isso que também podemos dizer que ainda existe a propaganda, o incentivo e os modelos da religiosidade entre nós. É fato, a religiosidade é contagiante!

Fonte: NAPEC

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Os Três Mosqueteiros foram ao Rock in Rio

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Por Pr. Silas Figueira

O livro “Os Três Mosqueteiros” conta a história de um jovem abandonado de 18 anos, proveniente da Gasconha, D'Artagnan, que vai a Paris buscando se tornar membro do corpo de elite dos guardas do rei, os mosqueteiros. Chegando lá, após acontecimentos similares, ele conhece três mosqueteiros chamados "os inseparáveis": Athos, Porthos e Aramis. Juntos, os quatro enfrentaram grandes aventuras a serviço do rei da França, Luís XIII, e principalmente, da rainha, Ana de Áustria [1]. 

Agora vamos imaginar que os três mosqueteiros, juntamente com D'Artagnan, resolvem deixar o serviço real para virem ao “Rock in Rio” assistir um grupo de heavy metal o Iron Maiden. Uma banda britânica de heavy metal, formada em 1975 pelo baixista Steve Harris, ex-integrante das bandas Gypsy's Kiss e Smiler. O nome "Iron Maiden", homônimo de um instrumento de tortura medieval que aparece no filme “O Homem da Máscara de Ferro”, baseado na obra de Alexandre Dumas, autor também do livro Os Três Mosqueteiros [2]. Chegando lá um deles faz a seguinte declaração: “Como me arrependo de ter quebrado todos os meus discos do Iron assim que ingressei no serviço real. Que mal faz o legalismo!” Será que o rei Luis XIII e rainha Ana de Áustria ficariam felizes em ouvir tal declaração? 

O que o rei falaria com os seus homens de confiança ao saber que no momento em que eles passaram a fazer parte da guarda principal do rei eles olharam para trás e se arrependeram de ter deixado a sua antiga vida? Ou melhor, de não estarem conciliando as duas vidas? Imagine se o rei Luis XIII lhes chamassem e lhes dessem essa resposta: “Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou” (2Tm 2.4).

Essa história na verdade é uma triste realidade que ocorreu recentemente com alguns pastores e um bispo de uma determinada comunidade. Isso demonstra que essas pessoas, na verdade, estão com suas vidas divididas. É bom lembrar que esse texto de 2Tm 2.4 não é restrita somente a pastores. Cada cristão é, num certo grau, um soldado de Cristo, ainda que seja tímido como Timóteo. Não importando qual seja o nosso temperamento, não podemos evitar o conflito cristão. Se queremos ser bons soldados de Cristo, devemos dedicar-nos à batalha, comprometendo-nos com uma vida de disciplina e de sofrimento, e evitando tudo o que possa nos “envolver” e assim nos desviar do seu propósito [3]. 

Paulo escrevendo aos Gálatas nos diz: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.19b,20). A vida crucificada evita essa vida dividida. Uma vida em parte secular, em parte espiritual, em parte deste mundo e em parte do mundo acima não é, de modo algum, o que o Novo Testamento ensina [4]. O que esse bispo, juntamente com seus pastores, na verdade estão demonstrando não estarem com suas vidas crucificadas com Cristo como o apóstolo Paulo nos diz que estava, muito pelo contrário; o que eles estão demonstrando com a atitude que tomaram é que na verdade estão com as suas vidas divididas. Demonstram terem uma vida espiritual, mas estão com as suas mentes totalmente secularizadas. Se a liderança é assim o que será do rebanho que pastoreiam?

Pense nisso?

Notas: 

3 – Stott, John R. W. Tu, Porém, A mensagem de 2 Timóteo. ABU Editora, 2ª Ed. 1983, São Paulo, SP: p. 46.
4 – Tozer, A. W. A Vida Crucificada. Ed. Vida, 2013, São Paulo, SP, p. 44.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

PALAVRA DE PERDÃO


Por Pr. Silas Figueira

Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Lc 23.34 

As últimas palavras de uma pessoa podem ser muito reveladoras, principalmente se estas palavras são no momento de morte. Antes de falarmos a respeito das palavras que Jesus proferiu na Cruz, eu gostaria de compartilhar com você algumas palavras de alguns homens que influenciaram a sociedade e a história. Este é um artigo do site Chamada da Meia Noite, escrito por Alexander Seibel. 

ÚLTIMAS PALAVRAS DE GRANDES HOMENS INFIÉIS 

Praticamente nada é mais esclarecedor do que o testemunho de moribundos. Mesmo mentirosos confessam então a verdade. Um olhar para o leito de morte revela muitas vezes mais do que todas as grandes palavras e obras em tempo de vida. No momento em que pessoas se veem confrontadas com a morte, muitas perdem suas máscaras e tornam-se verdadeiras. Muitos tiveram que reconhecer que edificaram sobre a areia, se entregaram a uma ilusão e seguiram a uma grande mentira. Aldous Huxley escreve no prefácio do seu livro “Admirável Mundo Novo”, que se deveria avaliar todas as coisas como se estivessem sendo vistas do leito de morte. “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12), diz a Bíblia. 

VOLTAIRE, o famoso zombador, teve um fim terrível. Sua enfermeira disse: “Por todo o dinheiro da Europa, não quero mais ver um incrédulo morrer!” Durante toda a noite ele gritou por perdão. 

DAVID HUME, o ateu, gritou: “Estou nas chamas!” Seu desespero foi uma cena terrível. 

HEINRICH HEINE, o grande zombador, arrependeu-se posteriormente. Ao final da sua vida, ele ainda escreveu a poesia: “Destruída está a velha lira, na rocha que se chama Cristo! A lira que para a má comemoração, era movimentada pelo inimigo mau. A lira que soava para a rebelião, que cantava dúvidas, zombarias e apostasias. Senhor, Senhor, eu me ajoelho, perdoa, perdoa minhas canções!” 

De NAPOLEÃO escreveu seu médico particular: “O imperador morre solitário e abandonado. Sua luta de morte é terrível.” 

CESARE BORGIA, um estadista: “Tomei providências para tudo no decorrer de minha vida, somente não para a morte e agora tenho que morrer completamente despreparado.” 

TALLEYRAND: “Sofro os tormentos dos perdidos.” 

CARLOS IX (França): “Estou perdido, reconheço-o claramente.” 

MAZARINO: “Alma, que será de ti?” 

HOBBES, um filósofo inglês: “Estou diante de um terrível salto nas trevas.” 

SIR THOMAS SCOTT, o antigo presidente da Câmara Alta inglesa: “Até este momento, pensei que não havia nem Deus, nem inferno. Agora sei e sinto que ambos existem e estou entregue à destruição pelo justo juízo do Todo-Poderoso.” 

GOETHE: “Mais luz!” 

NIETZSCHE: “Se realmente existe um Deus vivo, sou o mais miserável dos homens.” 

LÊNIN morreu em confusão mental. Ele pediu pelo perdão dos seus pecados a mesas e cadeiras. À nossa juventude revolucionária se assegura insistentemente e em alta voz, que isso não é verdade. Pois seria desagradável, ter que admitir que o ídolo de milhões se derrubou a si mesmo de maneira tão evidente. 

SINOWYEW, o presidente da Internacional Comunista, que foi fuzilado por Stálin: “Ouve Israel, o Senhor nosso Deus é o único Deus.” 

CHURCHILL: “Que tolo fui!” 

YAGODA, chefe da polícia secreta russa: “Deve existir um Deus. Ele me castiga pelos meus pecados.” 

YAROSLAWSKI, presidente do movimento internacional dos ateus: “Por favor, queimem todos os meus livros. Vejam o Santo! Ele já espera por mim, Ele está aqui.” 

JESUS CRISTO: “Está consumado.” 

Voltaire, David Hume e outros, certamente teriam rido ou zombado, se em tempo de vida se explicasse a eles, que sem Jesus Cristo estariam eternamente perdidos. Apesar disso, eles tiveram que reconhecer que isso é verdade e que a Bíblia tem razão ao dizer: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo” (Hb 9.27). Como você morrerá? Será muito tarde também para você? Quais serão suas últimas palavras? [1]. 

CENAS DA MORTE DE FIÉIS 

Agora observemos algumas cenas da morte de fiéis. Ouça o que eles disseram e note o contraste: 

JOHN PAYSO - Seu leito de morte presenciou uma cena extraordinária e sublime; ele gritou: “Isto basta: Cristo morreu por mim. Estou subindo para o trono de Deus”. Então, rompendo em acordes de louvor arrebatadores, juntando as mãos como se estivesse orando, disse: “Sei que estou morrendo, mas meu leito de morte é um leito de rosas; não tenho espinhos plantados no travesseiro de minha morte. O céu já começou; a vida eterna está ganha, ganha, ganha. Tenho uma morte fácil, segura e feliz. Tu, meu Deus, estás presente, eu sei, eu sinto Tua presença. Jesus precioso! Glória a Deus” Logo depois, expirou exclamando: “Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!” 

DAVID BRAINERD – “Meu desejo é servir a Deus e ser completamente devotado à sua glória; este é o céu pelo qual anseio, esta é a minha religião e minha felicidade, e sempre foi, desde que julguei ter uma verdadeira religião. O guardião está comigo; porque a carruagem custa tanto a chegar? Porque tardam as rodas de Sua carruagem?” 

JOHN WESLEY – Quando os amigos se acercaram de seu leito de morte, ele tentou falar, mas, observando que não estava sendo entendido, parou. “Então”, disse uma testemunha ocular, “erguendo seus braços enfraquecidos num gesto de vitória, e elevando a voz debilitada em santo triunfo, gritou: O melhor de tudo é que Deus está conosco”. 

BILLY BRAY volta para casa – Na sexta-feira, ele desceu as escadas pela última vez. A um de seus amigos que, poucas horas antes de sua morte, perguntou-lhe se não tinha medo da morte, ou de se perder, ele disse: “O quê? Eu temer a morte? Eu perdido? Ora, meu Salvador venceu a morte. Se eu fosse para o inferno, iria gritando glória! Glória! Ao meu bendito Jesus, até fazer o inferno ressoar, e o miserável e velho Satanás diria: “Billy, Billy, isso não é lugar para você; saia daqui”. Então eu iria para o céu, gritando glória! Glória! Glória! Louvado seja Deus!” Pouco depois, ele disse: “Glória!”, e essa foi sua última palavra. 

MARTINHO LUTERO – Os amigos queriam que ele tomasse algum remédio. “Estou partindo e, em breve, vou render meu espírito”, disse Lutero, repetindo três vezes: “Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito, porque Tu me redimiste, Tu, Deus da Verdade”. Então, ficou completamente imóvel, não respondendo perguntas que lhe dirigiam, até que, friccionando seu pulso com uma solução revigorante, o Dr. Jones lhe disse ao ouvido: “Reverendo, o senhor permanece com Cristo e com as doutrinas que tem pregado? Elas resistem à agonia da morte? “Sim! Sim! Mil vezes, sim!”, gritou Lutero e, virando-se, adormeceu. 

O MARTÍRIO DE LATIMER – “Tenha bom ânimo, Mestre Ridley, e seja homem! Neste dia, acenderemos na Inglaterra, pela graça de Deus, uma vela que, confio, nunca será apagada!” Depois disso exclamou: “Ó Pai Celeste, recebe minha alma!” [2] 

APÓSTOLO PAULO - Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda. 

AS ÚLTIMAS PALAVRAS DA CRUZ

As últimas palavras de Jesus nos mostram que ninguém alcançará o favor de Deus se se desviar da cruz. A cruz é a dobradiça sobre a qual gira a porta da história. E nas últimas palavras do Nosso Salvador nos vemos o lado humano dEle, mas também o quanto seus ensinamentos eram mais que palavras, eram vida a ser vivida mesmo no momento da morte. Mesmo diante de tanta aflição Jesus não deixou de estar na dependência do Pai e de liberar perdão aos seus algozes. Mesmo diante de tanta dor Ele cuidou daquela que foi a sua mãe. A cruz foi o cumprimento cabal de Is 53.4,5: 

“Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” 

Enquanto pende na cruz, Jesus é maltratado por três grupos de pessoas, que podem ser descritos respectivamente como “pecadores ignorantes”, “pecadores religiosos” e “pecadores condenados”. Primeiro, os que passavam descuidadamente, meneavam arrogantes a cabeça para Jesus, como os perseguidores do salmista haviam feito como ele (Sl 22.7). “Os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ó tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas! Salva-te a ti mesmo, se és Filho de Deus, e desce da cruz!” (Mt 27.39,40). O que essas pessoas cheias de si foram totalmente incapazes de ver foi que este Filho de Deus não podia descer da cruz precisamente porque era o divino Salvador que estava levando “sobre si o pecado de muitos”. Os pecadores “religiosos” estavam representados por aqueles membros do Sinédrio que também saíram para escarnecer. Contudo, as suas zombarias não eram dirigidas a Jesus, mas partilhadas entre si. “Salvou os outros”, diziam,“a si mesmo não pode salvar-se. É rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nele” (Mt 27.42). Os mesmos insultos, acrescenta Mateus, foram proferidos pelos pecadores “condenados”, pendurados ao lado de Jesus [3]. 

A cruz foi o resumo do ministério de Jesus, e através das suas últimas palavras nós encontramos o verdadeiro propósito de nossas vidas. Essas últimas palavras ditas pelo Senhor na cruz são importante não só por causa de quem falou, mas também pelo lugar e em que circunstâncias foram ditas. 

Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Lc 23.34. 

Durante todo o seu ministério Jesus sempre ensinou a respeito do perdão e sempre perdoava aqueles que necessitavam de misericórdia. Quando Jesus disse para aquele paralítico em Mc 2.5 que os seus pecados estavam perdoados, houve uma avalanche de controvérsias, pois seus ouvintes sabiam que só Deus podia perdoar pecados. Jesus explicou que possuía autoridade para perdoar pecados, porque detinha credenciais de divindade. Mas agora, porém, pendurado na cruz não exerceu essa prorrogativa divina, mas pediu ao Pai que fizesse aquilo que durante o Seu ministério tanto fez. Naquele momento Jesus estava se identificando completamente conosco, abrindo mão se sua posição de autoridade. Como disse o apóstolo Paulo em sua carta em Fl 2.5-8: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” Outra coisa que nos chama atenção é que o Senhor Jesus no Sermão do Monte ensinou a seus discípulos a perdoar os seus inimigos e agora o vemos pondo em prática os seus ensinamentos (Mt 5.43,44 cf. Rm 12.19,20). Não foram ensinamentos vazios, mas foram cheios de graça. Diante do maior crime de toda a humanidade, Jesus o Único Inocente estava sendo crucificado e intercedendo pelos seus algozes diante do Pai. 

Essa primeira das sete palavras na cruz do nosso Senhor o apresenta em atitude de oração. Seu ministério público tinha sido aberto com oração (Lucas 3.21), e aqui vemos Ele sendo fechado com oração. Certamente ele nos deixou um exemplo! Ao orar por seus inimigos, Cristo não somente colocou diante de nós um exemplo perfeito de como devemos tratar aqueles que nos prejudicam e nos odeiam, mas ele também nos ensinou a nunca considerar algo como além do alcance da oração. Se Cristo orou por seus assassinos, então certamente temos encorajamento para orar agora pelo maior de todos os pecadores! 

Jesus disse “Pai”. Enquanto estava na cruz, o Senhor se dirigiu a Deus três vezes. Sua primeira declaração foi: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” (Lc 23.34). A quarta declaração foi: “Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Sua declaração final foi: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! (Lc 23.46). 

Suas primeiras palavras, as centrais, e suas últimas, foram todas dirigidas ao Pai. Quando o Senhor entrou em seu sofrimento, enquanto o suportava e quando emergiu vitorioso dele, Jesus falou ao Pai nos céus. Nada ameaçou seu relacionamento com o Pai [4]. 

Jesus atribuiu a razão da ignorância aos motivos dos que o crucificavam. A ignorância dos soldados foi circunstancial, porquanto foram envolvidos em acontecimentos que não haviam provocado e que não podiam controlar. A ignorância dos judeus, entretanto, foi judicial, porquanto haviam fechado os próprios olhos à realidade de Jesus, por meio de supostas exigências de sua própria lei, em face das quais atribuíam sentido blasfemo às declarações de Jesus [5]. 

Arthur W. Pink nos diz que esta primeira palavra de Jesus nos traz ensinamentos preciosos. Vejamos: 

1. Aqui vemos o cumprimento da palavra profética. Quanto Deus fez conhecido de antemão do que deveria suceder naquele dia dos dias! Que retrato completo o Espírito Santo fornece da Paixão do nosso Senhor com todas as circunstâncias que a acompanharam! Entre outras coisas, foi predito que o Salvador deveria “interceder pelos transgressores” (Is 53.12). 

2. Aqui vemos Cristo identificado com o seu povo. Perdão de pecado é uma prerrogativa divina. Os escribas judeus estavam certos quando arrazoaram: “Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” (Mc 2.7). Mas dirá você: Cristo era Deus. Com toda certeza; mas homem também - o Deus-homem. Ele era o Filho de Deus que tinha se tornado o Filho do Homem com o expresso propósito de oferecer a si mesmo como sacrifício pelo pecado. E quando o Senhor Jesus clamou “Pai, perdoa-lhes”, ele estava sobre a cruz, e ali ele não poderia exercer suas prerrogativas divinas. 

3. Aqui vemos a avaliação divina do pecado e sua culpa consequente. Sob a economia levítica, Deus exigiu que a expiação devesse ser feita pelos pecados praticados por ignorância. “Quando alguma pessoa cometer uma transgressão e pecar por ignorância nas coisas sagradas do SENHOR, então, trará ao SENHOR, por expiação, um carneiro sem mancha do rebanho, conforme a tua estimação em siclos de prata, segundo o siclo do santuário, para expiação da culpa. Assim, restituirá o que ele tirou das coisas sagradas, e ainda de mais acrescentará o seu quinto, e o dará ao sacerdote; assim, o sacerdote, com o carneiro da expiação, fará expiação por ela, e ser-lhe-á perdoado o pecado”. (Lv 5.15, 16). O pecado é sempre pecado aos olhos divinos, quer estejamos consciente dele ou não. Pecados cometidos por ignorância precisam de expiação tanto quanto os conscientes. Deus é santo, e ele não rebaixará seu padrão de justiça ao nível da nossa ignorância. Ignorância não é inocência. Na verdade, ignorância é mais culpada agora do que na época de Moisés. Nós não temos desculpas pela nossa ignorância. Deus tem revelado clara e plenamente sua vontade. A Bíblia está em nossas mãos, e não podemos alegar ignorância de seu conteúdo, exceto para condenar-nos por nossa preguiça. Ele tem falado, e por sua palavra seremos julgados. 

4. Aqui vemos a cegueira do coração humano. “Porque não sabem o que fazem”. Isso não significa que os inimigos de Cristo eram ignorantes do fato de sua crucificação. Eles sabiam perfeitamente que tinham clamado: “Crucifica-o”. Eles sabiam perfeitamente que o seu vil pedido lhes tinha sido concedido por Pilatos. Eles sabiam perfeitamente que ele tinha sido pregado na cruz, pois eram testemunhas oculares do crime. O que, então, o Senhor quis dizer quando disse: “Porque não sabem o que fazem”? Ele quis dizer que eles eram ignorantes da grandeza do seu crime. Eles não sabiam que era o Senhor da glória que eles estavam crucificando. A ênfase não é sobre “porque não sabem”, mas sobre “porque não sabem o que fazem”. 

5. Aqui vemos uma exemplificação amorosa do seu próprio ensino. No Sermão do Monte nosso Senhor ensinou aos seus discípulos: “Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem” (Mt 5.44). Acima de todos os outros, Cristo praticou o que ele pregou. A graça e a verdade vieram através de Jesus Cristo. Ele não somente ensinou a verdade, mas ele mesmo era a verdade encarnada. Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14.6). Assim, aqui sobre a cruz ele exemplificou perfeitamente seu ensino do monte. Em todas as coisas ele nos deixou um exemplo. 

6. Aqui vemos a grande e primária necessidade do homem. A primeira lição importante que todos precisam aprender é que somos pecadores, e como tais, inaptos para a presença de um Deus Santo. Não é de proveito algum tentar desenvolver um belo caráter e ter por objetivo obter a aprovação de Deus, enquanto há pecado entre ele e as nossas almas. A segunda lição importantíssima que precisamos aprender é como o perdão dos pecados pode ser obtido. O perdão é mostrado à custa da justiça e da retidão. Na corte humana da lei, o juiz tem que escolher entre duas alternativas: quando se prova que alguém no banco dos réus é culpado, o juiz deve aplicar a penalidade da lei, ou deve negligenciar os requerimentos da lei - uma é justiça, a outra é misericórdia. A única forma possível na qual o juiz pode tanto aplicar os requerimentos da lei e ainda mostrar misericórdia ao ofensor, é uma terceira parte oferecer sofrer em sua própria pessoa a penalidade que o condenado merece. Assim aconteceu no conselho divino. Deus não exerceria misericórdia à custa da justiça. Ele, como o juiz de toda a terra, não colocaria de lado as demandas da sua santa lei. Todavia, Deus mostraria misericórdia. Como? Através de um que satisfaria plenamente sua lei violada. Por intermédio de seu próprio Filho, tomando o lugar de todos aqueles que creem nele e carregando seus pecados em seu próprio corpo no madeiro. Deus poderia ser justo e ainda misericordioso, misericordioso e ainda justo. Foi assim para que a “graça reinasse pela justiça”. 

7. Aqui vemos o triunfo do amor redentor. Note atentamente a palavra com a qual nosso texto começa. “Então”. O versículo que imediatamente o precede é lido assim: “E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram e aos malfeitores, um, à direita, e outro, à esquerda”. Então, disse Jesus, Pai, perdoa-lhes. “Então” – quando o homem tinha feito o seu pior. “Então” - quando a vileza do coração humano foi demonstrada em maldade diabólica e climatérica. “Então” - quando com mãos ímpias a criatura ousou crucificar o Senhor da glória. Ele poderia ter expressado maldições terríveis sobre eles. Ele poderia ter lançado os raios da justa ira e os matado. Ele poderia ter feito a terra abrir a sua boca, de forma que eles caíssem vivos no abismo. Mas não. Embora sujeito à vergonha indizível, embora sofrendo dor excruciante, embora desprezado, rejeitado, odiado; todavia, ele clamou: “Pai, perdoa-lhes”. Esse era o triunfo do amor redentor. “O amor é paciente, é benigno... tudo sofre... tudo suporta” (1Co 13). Assim foi demonstrado na cruz [6]. 

Falar de perdão é falar de um coração muitas vezes deveras machucado. É questionar muitas vezes a justiça divina e humana. Talvez você pergunte: Como optar pelo “perdão” para uma pessoa que merece um destino pior que a morte? Como posso abrir mão da ira que, com justiça, busca compensação ou vingança? Jesus nos ajuda nesse ponto. “Pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1Pe 2.23). Jesus pode perdoar sem desistir do desejo de justiça. Ele não sentiu necessidade de ajustar as contas naquele momento e entregou o seu problema ao Juiz do Universo, aguardando o veredito final [7]. 

C. S. Lewis, disse certa feita: “É fácil falar sobre perdão até ter alguém para perdoar”. Ele estava certo em sua análise. Uma coisa é falar de perdão e outra coisa é praticar o perdão. Perdoar não é uma coisa simples, nem fácil, mas necessária. Sabe por quê? Porque nós temos a capacidade de decepcionar as pessoas e as pessoas têm a capacidade de nos decepcionar. Nós ferimos as pessoas, e as pessoas nos ferem. Por isso Jesus nos ensinou a respeito do perdão e foi até a cruz e perdoou os seus algozes. 

Mas o que é perdão? Em primeiro lugar o perdão não é algo natural. O perdão não é fácil. O perdão é o resultado da graça de Deus em nós. Sem a ação do Espírito Santo em nossos corações é impossível alguém perdoar a outra pessoa. Por isso que perdoar é deixar aquele que nos ofendeu ir em liberdade e ficar livre. É alforriar o ofensor em nosso próprio coração. Podemos dizer que perdoar é desistir de ser o juiz da vida alheia. Perdoar não é esquecer, perdoar é olhar para as cicatrizes e não sentir mais a dor.

Perdoar não é uma atitude natural. O que lateja em nossas veias e pulsa em nosso coração é a lei da vingança. Geralmente as pessoas se esquecem naturalmente as amabilidades e os favores das pessoas, mas as suas ofensas lembram-se sempre. Tanto que no mundo greco-romano a vingança era uma virtude e o perdão um sinal de fraqueza. O Cristianismo, entretanto, exalta o perdão, exige o perdão e pratica o perdão. Muitas pessoas são capazes de em paz com aqueles que lhes tratam com amor, mas são incapazes de perdoar aqueles que lhe prejudicam. A vida cristã não é apenas uma questão de ação, mas, sobretudo, uma questão de reação [8]. 

Notas: 
1 – Seibel, Alexander. Últimas Palavras de Grandes Homens. http://www.chamada.com.br/mensagens/ultimas_palavras.html, acessado em 21/03/12. 
2 – Shedd, Russell P., Pieratt, Allan. Imortalidade, Ed. Vida Nova, São Paulo, SP, 1992: p. 252-254. 
3 – Tasker, R. V. G. Mateus, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1985: p. 210. 
4 - Wiersbe, W. Warren. O Que As Palavras da Cruz Significam Para Nós, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2001: p. 53. 
5 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo. Ed. Candeia, São Paulo, SP, 1995, 10º Reimpressão: p. 228. 
6 - Pink, Arthur W. Os Sete Brados do Salvador na Cruz. Modo de Compatibilidade, Semeadores da Palavra e-books evangélicos, 2006: p. 10-19. 
7 - Lutzer, Erwin. Os Brados da Cruz. Ed. Vida, São Paulo, SP, 2002: p. 54. 
8 – Lopes, Hernandes Dias. Perdão, a cura das emoções. Ed. Candeia, São Paulo, SP, 2003: p. 58.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Amargura ou Graça!



Por Josemar Bessa


Onde a Graça não reina raízes de amargura fincam-se no solo do coração. Raízes crescem para baixo, indo cada vez mais fundo e se fixando de maneira ser impossível não gerar na parte externa seus frutos danosos: “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.” -Hebreus 12:15

Os frutos da amargura não ficam circunscritos ao amargurado, mais contamina muitos, causando estragos que vai muito além do coração onde ela fincou raízes. Mas como matar essa raiz?

1) Diariamente lembre-se que os seus pecados contra Deus, que já foram perdoados em Cristo, são muito maiores do que qualquer pecado que outras pessoas possam cometer contra você, e que o padrão pelo qual você deve perdoar os outros é o quanto Deus perdoou você: “Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” - Efésios 4:32 – “Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” - Efésios 4:32.

2) Conscientemente repudie todas as formas de amargura e se recuse a se tornar um agravante nas dores dos outros: “Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós,” - Efésios 4:31

3) Confesse a Deus imediatamente o seu sentimento contrário ao claro ensino bíblico para que a amargura não renda terreno a Satanás, dando a ele lugar em sua vida: “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo.” - Efésios 4:26-27

4) Lembre-se que nenhuma lesão ou ofensa que você experimentou, ou vai experimentar, pode se comparar com a ofensa que Cristo recebeu e mesmo assim orou: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" - Lucas 23:34

5) Perdoe de coração aqueles que o magoaram, real ou imaginariamente, intencional ou não intencionalmente: “Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.” - Mateus 18:35

6) Lembre conscientemente de José (“Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.” - Gênesis 50:20) – Não esqueça, se de fato você é uma pessoa regenerada, então, Deus está sempre trabalhando nos bastidores ocultos para seu bem, para transformá-lo na mesma imagem de Cristo: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” - Romanos 8:28-29

7) Nunca se vingue ou tente fazer as pessoas pagarem por seus pecados – “Não vos vingueis a vós mesmos, amados... porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.” - Romanos 12:19 – Deus toma para si a justa atribuição de fazer justiça com todos os homens – ou punindo-os por seus pecados, ou, se houver verdadeiro arrependimento, punindo o pecado deles em Cristo: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito” - 1 Pedro 3:18

8) Lembre-se diariamente que a ira de Deus contra você e seu pecado, foi propiciado por Cristo – “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus” - Romanos 3:25 – “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados...” - 1 João 2:1-2 – Ou seja, você não tem o direito bíblico abrigar raiva e ressentimento em relação a outra pessoa.

9) Humilhe-se e peça perdão para as pessoas contra as quais você foi amargo –“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.” - Mateus 5:23-24

10) Abençoe aqueles que te machucaram; vença o mal com o bem: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” - Romanos 12:19-21

11) Lembre que o amor cobre uma multidão de pecados: “Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados.” - 1 Pedro 4:8

12) Ativamente e intencionalmente opte por não se lembrar dos erros que os outros cometeram contra você. Ativamente escolher não lembrar é diferente de esquecer. Em Jeremias 31.34, Deus diz que “não vai mais lembrar” os pecados do seu povo. Isso não é uma falha de memória ou esquecimento. É uma escolha consciente de Deus de não reter mais o nosso pecado contra nós. Temos que fazer o mesmo com o pecado dos outros.

13) Destrua as “listas de pecados” cometidos contra você, mentais ou reais:“...não se ira facilmente, não guarda rancor.” - 1 Coríntios 13:5

14) Se estiver em seu poder e possibilidade, faça as pazes com os outros:“Façam todo o possível para viver em paz com todos.” - Romanos 12:18 – Mas se não for possível, ou seja, outra pessoa escolhe permanecer seu inimigo, ame e ore por ele, enquanto você está comprometido em obedecer a Deus, mesmo nessa situação o seu coração ficará livre de amargura: “Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem” -Mateus 5:44

15) Confie em Deus para julgar com justiça: “Quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça” - 1 Pedro 2:23

Essa é a única opção para um filho de Deus: “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.” - Hebreus 12:15

Fonte: Josemar Bessa