quarta-feira, 12 de maio de 2010

A Separação Marxista da Igreja e o Estado


Por Rousas John Rushdoony *

Um entendimento da doutrina marxista da separação da igreja e o Estado é urgentemente necessário, porque há uma crescente confusão entre a visão marxista e a antiga posição americana.
No mundo marxista, como na União Soviética, a separação da igreja e o Estado significa que a igreja deve ser totalmente separada de cada área da vida e pensamento. Ela não tem a permissão de educar ou influenciar a educação, muito menos influenciar o Estado. Porque as crianças são vistas como propriedade do Estado, a igreja não pode influenciar ou ensinar as crianças. Em todas as esferas, a igreja é isolada do mundo e vida dos seus tempos e requer-se que ela seja irrelevante e impotente. Na visão marxista, a separação da igreja e o Estado é um grande obstáculo e penalidade legal impostos sobre a igreja. É na verdade uma separação da relevância, do poder de influenciar, e da liberdade para funcionar.
Na visão americana histórica, a Primeira Emenda coloca todas as restrições sobre o governo federal, que é impedido de estabelecer, governar, controlar ou regular a igreja. A visão marxista algema a igreja; a visão americana algema o Estado.
Em anos recentes, o Estado, Congresso, os tribunais e vários presidentes têm manifestado, em diferentes graus, uma aderência à visão marxista. Assim como o poder estatal invadiu todas as outras esferas da sociedade, agora ele está invadindo a igreja. Assegura-se que o Estado tenha total jurisdição sobre cada esfera, e os tribunais em anos recentes têm se pronunciado sobre absurdos tais como código de vestimenta nas escolas e tamanho do cabelo de um garoto. Nenhuma questão é demasiadamente insignificante para ser ignorada pelos tribunais em seu zelo por jurisdição totalitária. Sem serem marxistas, eles compartilham da crença marxista da jurisdição total do Estado. Como esperado, eles estão se movendo na mesma direção.
Isso não deveria nos surpreender. Dada a crença humanista no homem ou Estado como absolutos, qualquer liberdade ou poder alegado pela igreja é visto como irrelevante ou errado. O humanista está sendo fiel à sua fé, às suas pressuposições.
O fato triste é que muitos teólogos compartilham da visão marxista. Para eles a separação da igreja e o Estado significa que a igreja nunca deve se envolver com algo que seja de preocupação política. Sou com frequência informado por leitores sobre pastores e líderes de igreja que não permitem a menção de aborto, homossexualidade, eutanásia e questões semelhantes no púlpito, e nem mesmo nas instalações da igreja. Tais assuntos, insistem eles, são “políticos” e “violam” a separação da igreja e o Estado. Eles chamam de ortodoxia a sua confusão, covardia e heresia.
Os profetas, pregadores de Deus de outrora, eram ordenados pelo Senhor a proclamarem a lei-palavra de Deus com respeito a todas as coisas e a corrigir e repreender reis e governadores. Quando o nosso Senhor promete aos seus discípulos que eles seriam levados diante de governadores e reis por Sua causa, e “para testemunho contra eles” (Mt 10.18), ele não quis dizer que então eles deveriam repudiar a fé, ignorar o aborto e o homossexualismo, e ficarem calados sobre os pecados do Estado!
Não há limites para a área do governo, lei e controle soberano de Deus. Não pode haver limites para as áreas de testemunho da igreja, nem para a sua pregação e preocupações ordenadas.
*Fonte: Christianity and the State, de R. J. RushdoonyTradução: Felipe Sabino de Araújo Neto, maio/2010
Leia a publicação original em português no Monergismo

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