quinta-feira, 20 de maio de 2010

Entre a Palavra e a incredulidade



Por Ricardo Mamedes

"Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? (...) (2 Coríntios 6:14-16)

Me encanta a profundidade dos escritos de Paulo, tanto a beleza que ele extrai das palavras, como, igualmente, a verdade contida nelas. Em tudo, porém, o apóstolo demonstra grande equidade.

Os versos acima citados retratam uma quase contradição, mas somente aparente. Afinal, devemos ou não nos relacionar com os incrédulos? Eles estão ou não na igreja, travestidos de crentes?

Na verdade, Paulo está vivenciando uma realidade difícil naquele momento na igreja de Corinto: uma igreja problemática, mas ao mesmo tempo necessitando de cuidados. Havia no meio daqueles irmãos lobos vestidos de ovelhas, servos de satanás enfeitados com vestes alvas, conforme podemos observar pela leitura do capítulo 11, versos 14 e 15, da mesma Epístola.

Portanto, ao mesmo tempo que nos é lícito sentarmos à mesma mesa dos incrédulos, uma vez que eles estão em nosso meio, não devemos "nos colocar em jugo desigual com eles". Vale dizer que não podemos nos deixar levar pelas suas decisões, na medida em que temos selado em nossos corações os ensinamentos de Cristo. As más influências deles não devem nos cegar, desviando-nos da verdade do Evangelho - embora convivamos com eles.

Afinal, não sabemos quais são os eleitos, sendo a nossa missão pregar o Evangelho indistintamente. O próprio Cristo nos deixou essa lição ao comer com pecadores e publicanos (Mc 2:16). Todavia, o mesmo ensinamento difere daquele que nos diz para não nos assentarmos "na roda dos escarnecedores, tampouco andarmos no conselho dos ímpios, nem no caminho dos pecadores" (Salmos 1), pois o nosso prazer real e genuíno é estarmos "na lei do Senhor" (Salmos 1:2).

Em muitos momentos retine em nossas mentes a indagação sobre o que fazer... Fugir? À maneira dos antigos puritanos nos ausentarmos do mundo para que não sejamos afetados pelo pecado indiscriminado? Seria esta uma opção viável?

Penso que se nos tornássemos apenas eremitas do Evangelho isso não nos acrescentaria nada como cristãos. Não nos transformaríamos em "sal e luz" (Mateus 5:13-17), conforme nos determinou o Salvador. É preciso que façamos a diferença, mesmo neste mundo corrompido.

Como mergulhar em um rio poluído e ainda sair limpo? Como cear com ímpios, "pecadores e publicanos" sem que nos respinguem as suas imundícies? Há uma única resposta para tal indagação: guardando a Palavra da Verdade. Seguindo fielmente as Escrituras e estabelecendo nelas o nosso limite.

Mas é tudo tão semelhante, o próprio apóstolo Paulo nos nos admoesta que os "ministros de satanás se transformam em anjos de luz (2 Co 11:14-15)! Como separar o joio do trigo? Não cabe a nós separá-los, mesmo porque, se o fizéssemos, correríamos o risco de arrancar o trigo e deixar o joio.

Sim, há muitos enganos dentro da igreja visível. Há uma enormidade de pregadores 'propagando' "outro evangelho" . E ainda há aqueles que praticam a espiritualidade da aparência, do vozerio, das grandes performances. Sobre estes o próprio Cristo disse, citando o profeta Isaías: "Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens" (Mateus 15:8-9).

Somente pela obediência à Palavra de Deus poderemos discernir o mal travestido de bem, o joio do trigo. Analisando as Escrituras e nos debruçando em seu estudo seremos capazes de filtrar o que nos 'oferecerem', sorvendo apenas o melhor alimento espiritual. Vivemos dias difíceis, onde o mal encontra morada nos corações empedernidos dos homens...

A Palavra viva é por si mesma capaz de nos fazer discernir o que é genuinamente bom, daquilo que parece bom, mas que verdadeiramente é alimento satânico. "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daqueles a quem temos de prestar contas" (Hebreus 4:12-13).

Lendo esses versículos que têm a "força da fé", reforçamos a certeza de que a Bíblia é a revelação do Deus vivo invisível. Como então podem dizer que a "letra fria mata", descontextualizando a propria palavra de Deus no afã de enfraquecer esta mesma Palavra? Que Deus servem esses tais, que necessitam de "algo mais"?

Letra fria é a palavra que apenas se lê, mas sem fé. A culpa não está definitivamente nas Escrituras Sagradas, mas no incrédulo que lê as verdades lá inseridas sem a revelação do Deus Vivo.

Sou capaz de tremer de emoção ao ler a Bíblia no silêncio do meu quarto (tenho certeza que muitos duvidarão disso...). Posso sentir a presença viva de Deus ao orar silenciosa e ocultamente em locais em que me encontro só (ou quase), eu e o Pai Celestial. Não trato o Criador por "paizinho" e nem digo que Ele "sonhou algo para mim" (Ele não sonha, Ele realiza - Fl 2:13). A Palavra de Deus expressada pela Bíblia Sagrada deve ser suficiente para nos remeter ao Criador, completamente rendidos pelo seu grande poder, que vem diretamente do Santo dos Santos. Se não for assim, algo está errado.

Afirmo categoricamente que aquele que necessita de algo mais do que a Palavra (de Deus) não tem Deus! Porque Deus se revela exclusivamente por intermédio da Sua Palavra Inerrante, Imutável e Verdadeira. Logo, o que é "revelado" fora da Palavra, certamente não vem de Deus.

2 comentários:

  1. Olá Irmão Ricardo, Graça e paz da parte do senhor Jesus......
    "Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? (...) (2 Coríntios 6:14-16)
    Textos muito interessantes, que nos leva a muitas indagações; apesar de que todas elas querem dizer uma única coisa: Nos não devemos nos misturar religiosamente; "Não ao ecumenismo religioso" Se não iremos misturar o santo com o profano. Quanto aos incrédulos que possivelmente estão em nosso meio, se tivéssemos a coragem dos crentes da Igreja de Éfeso, certamente iríamos provar, e comprovar que eles não são cristãos verdadeiros, porque não são crentes? Não, porque a sua fé esta em profecias, sinais e revelações, não crêem segundo a Santa Palavra de Deus.
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  2. Graça e paz Presb. Fábio.
    Obrigado pelo comentário e por estar nos seguindo, estou seguindo o seu blog também.
    Fique na Paz!
    Pr. Silas

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