Texto base: Luas 2.1-7
INTRODUÇÃO
Este capítulo, que fornece o olhar mais detalhado sobre os acontecimentos do primeiro Natal, é talvez o capítulo mais conhecido na Bíblia. Sua história conhecida tem música inspirada, cartões, livros e concursos ao longo dos séculos. Mas o mundo celebra o nascimento de Jesus Cristo, por razões erradas. Natal tornou-se uma desculpa para a autoindulgência (Tendência para desculpar os próprios erros e defeitos), o materialismo e as festas; ele se degenerou em um evento social secularizado que perde totalmente o seu verdadeiro significado.
Durante os primeiros séculos de
sua existência, a igreja não celebrava o nascimento de Cristo.
Alguns dos primeiros pais da igreja, em especial, Orígenes, chegou a
argumentar contra a comemoração dos aniversários dos santos e
mártires (incluindo Jesus). Os pais da igreja argumentavam que essas
pessoas deveriam ser honradas no dia do seu martírio e não no dia
do seu nascimento. Observando que os únicos aniversários
mencionados na Bíblia são os de Faraó (Gn 40.20) e Herodes (Mt
14.6.). Eles viam as comemorações de aniversário como um costume
pagão. Até o século II, a data real do nascimento de Cristo havia
sido esquecido. Os primeiros indícios da igreja comemorando o Natal
em 25 de dezembro vem do manuscrito do século IV conhecido como o
Chronography ou Calendário de 354 d.C. De acordo com esse documento
o Natal era comemorado em 25 de dezembro pela igreja de Roma por
volta do ano 336 d.C. Essa data foi gradualmente adotada pela igreja
como um todo ao longo dos próximos séculos.
Por
que a igreja finalmente decidiu celebrar o nascimento de Jesus em 25
de dezembro também não se sabe ao certo. Alguns acreditam que ele
era para oferecer uma alternativa cristã ao popular feriado pagão
conhecido como dies
natalis Solis Invicti
(“o
nascimento do sol invicto”),
que era comemorado em 25 de dezembro. Esse festival tinha como
propósito honrar a vários deuses do sol, a principal dessas
divindades foi Mithras,
cujo culto (mitraísmo) representou uma séria ameaça para a igreja
cristã. Outros sustentam que a data foi escolhida porque é de nove
meses após o 25 de Março, o dia em que algumas pessoas acreditavam
(sem garantia bíblica) ser a data da concepção de Jesus.
Curiosidades à parte, vamos
analisar esse texto e ver o que ele tem a nos ensinar.
1 – DEUS PREPAROU O MUNDO
PARA O NASCIMENTO DE JESUS (Lc 2.1,2).
O
apóstolo Paulo escrevendo aos Gálatas disse: “Mas,
vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de
mulher, nascido sob a lei” (Gálatas
4.4). A vinda de Cristo a terra foi planejada desde a eternidade. O
Senhor preparou o mundo para que isso ocorresse. Nada foi obra do
acaso. O Senhor trabalhou na história para que o Salvador viesse a
terra em tempo oportuno.
1o
– Resumidamente ocorreram estes eventos históricos durante a
história de Israel:
Período Babilônico (605
a.C. - 538 a.C.)
- sob a liderança de Nabucodonosor, a Babilônia conquista Judá.
Nesse período de cativeiro que durou cerca de 70 anos, Israel deixou
de ser uma comunidade agrícola para se tornar uma comunidade
comercial. Nesse período também surgem as sinagogas. Os judeus
abandonam a idolatria. Preservam a língua e a Lei de Moisés.
Período Medo-Persa – (538
a.C. - 331 a.C.)
- Reconstrução do templo em Jerusalém e a reconstrução dos seus
muros. O povo pôde voltar para sua terra.
Período Grego (331 a.C. - 167
a.C.) - Através
do reinado dos gregos o Senhor estabelece uma língua universal – o
grego koinê. Inclusive, o Novo Testamento foi escrito em grego koinê
– língua comum.
Período Macabeu (167 a.C. - 63 a.C.) - Antíoco Epifânio tentou implantar a cultura helenística aos judeus e profanou o templo, com isso houve uma revolta liderada pelos macabeus. Com isso a nação judaica esteve independente de 142 a.C. a 63 a.C.
Período Romano (63 a.C. -167
d.C.)
- Havia liberdade religiosa, estradas seguras, leis justas e muito
duras, e a implantação da crucificação para criminosos perigosos.
Deus
prepara o mundo para a vinda de Jesus. Por isso que Paulo fala com
muita propriedade que o
Senhor nasceu na
plenitude dos tempos.
O Senhor preparou o mundo nesses 600 anos para que Seu Filho viesse
ao mundo. O evangelista Lucas começa descrevendo exatamente esse
tempo histórico que Paulo chama de “plenitude
dos tempos”.
Jesus não nasceu nem antes e nem depois, mas no tempo determinado
por Deus.
No
entanto, a preparação do mundo para a vinda do Salvador começou
desde a fundação do mundo como está escrito no Apocalipse: “E
adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não
estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a
fundação do mundo”
(Apocalipse 13.8; conf. Lc 3.23-38).
A plenitude dos tempos
que Paulo nos fala em Gálatas 4.4 quer dizer que o tempo estava
cumprido sob o aspecto político, linguístico, de comunicações e
religioso.
Um reino (o
Império Romano),
uma língua (o
idioma grego),
uma rede de comunicação (estradas
e conexões de navegação)
unia o império mundial no mar Mediterrâneo. Religioso (a
religião judaica bem firmada),
apesar do sacerdócio corrupto, havia muitas pessoas tementes a Deus.
2o
– O Rei dos reis nasce quando César Augusto era o imperador (Lc
2.1).
Seu verdadeiro nome era Caio Otávio. Ele foi imperador no período
de 27 a.C. a 14 d.C. Era sobrinho neto do grande imperador Júlio
César. Seu tio-avô tinha grande estima por ele e concedeu-lhe
muitas honras. Quando Júlio César foi assassinado em 44 a.C.,
Otávio descobriu que, no testamento deixado pelo imperador, ele
havia sido constituído como seu filho e herdeiro. Então,
imediatamente mudou seu nome para Caio Júlio César. No ano 27 a.C.,
o senado romano conferiu a Otávio, agora Caio Júlio César, o
título de Augusto
(venerável).
Dali para frente, ele passou a ser conhecido como César Augusto ou
Augusto César. Ele tinha grande habilidade administrativa,
promovendo as artes, incentivando a literatura e propiciando ao
império um longo período de prosperidade e paz.
César
Augusto era o imperador, mas quem estava no controle do mundo era o
Senhor nosso Deus, pois usou de um édito do imperador para levar
José e Maria a percorrer cerca de 120 quilômetros que separavam
Nazaré de Belém para que se cumprisse a Sua Palavra. Os governantes
pensam que estão no controle do mundo, mas só estão por vontade
permissiva de Deus. Como lemos em João 19.10,11 quando Jesus está
perante Pilatos: “Disse-lhe,
pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho
poder
para te crucificar e tenho
poder
para te soltar? Respondeu Jesus: Nenhum
poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado”.
Spurgeon disse “que para
mostrar um espírito independente, um tirano menor, Herodes, ofende o
tirano maior, César Augusto. Por causa disso, Augusto lhe informa
que não o tratará mais como amigo, mas como servo. E para mostrar o
seu desgosto, ordena que se faça um censo de todo o povo judeu como
preparação a um planejado regime tributário (Lc 2.1-5). Desta
forma o Senhor faz com que Sua Palavra se cumprisse. Assim como o
Senhor nosso Deus tem um freio para o cavalo de guerra mais selvagem
e um gancho para o mais terrível leviatã, da mesma forma os
governantes do mundo são como marionetes movidas por fios invisíveis
nas mãos do Supremo Senhor da terra e céus”.
A
inserção do nascimento de Jesus no contexto histórico do governo
do imperador Augusto tem meramente a finalidade de mostrar que em
última análise os mais poderosos desta terra não passam de
instrumentos para a concretização da vontade de Deus! Na
obediência do judeu José ao gentio Augusto, se explicita que
unicamente a mão de Deus governa.
3o
– Os cumprimentos proféticos acerca de Jesus se concretizaram.
Jesus nasceu em Belém Efrata como cumprimento profético (Mq 5.2 e
Mt 2.6). Cerca de 700 a.C., Miqueias já havia profetizado que o
Messias nasceria na pequena Belém. Aliás, o AT tem mais de 100
profecias a cerca de Jesus. Veja apenas alguns exemplos:
1 – Que Ele nasceria de uma
virgem (Is 7.14; Mt 1.18-25).
2 – Que Ele viria da tribo de
Judá (Gn 49.9,10; Hb 7.12-17).
3 – Que Ele seria da linhagem
de Davi (2Sm 7.12-16; Mt 1.1).
4 – Que por ocasião do seu
nascimento haveria um infanticídio (Jr 31.15; Mt 2.16-18).
5 – Que seus pais teriam que
fugir para o Egito (Os 11.1; Mt 2.13-15).
6 – Que Ele nasceria em Belém
Efrata (Mq 5.2; Mt 2.4-6).
O
Senhor que falou através dos seus profetas fez com que se cumprisse
a Sua Palavra. Ele é o Senhor da história; pois para Deus nada é
impossível e Ele vela por cumprir a sua Palavra. O Seu nascimento
não foi como o de qualquer outra criança, Ele era diferente de
qualquer outra criança que já nasceu, seja antes ou depois. Pois
este menino era o Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo, divindade em
carne humana, tão esperado Messias de Israel, o Salvador do mundo.
Em seu nascimento Deus entrou sociedade humana como uma criança; o
criador do universo se tornou um homem; o eterno “Verbo
se fez carne, e habitou entre nós” (João
1.14).
2 – UMA VIAGEM NECESSÁRIA
(Lc 2.3-7).
No Império Romano se realizavam
censos periódicos. A cada quatorze anos, o governo romano realizava
um censo com duplo objetivo: para impor as contribuições e para
descobrir aqueles que podiam cumprir o serviço militar obrigatório.
Os judeus estavam isentos do serviço militar, e, portanto, o censo
na Palestina tinha um propósito predominantemente impositivo, e
todos os homens judeus tinham que voltar à cidade de seus
antepassados para registrar seu nome, ocupação, propriedades e
família.
O
texto original de Lucas diz: Aconteceu… que saiu um decreto (um
dogma)
de César Augusto. O resultado do recenseamento de César Augusto foi
de 60 milhões de pessoas. Isso significava: um imenso reino, uma
enorme potência. O
resultado da contagem divina significa:
“Um pobre
gênero humano, um mundo perdido!”.
Devido a isso, Jesus veio ao mundo.
Com isso em mente podemos
destacar duas coisas:
1o
– O Evangelho tem uma ligação com a realidade do mundo (Lc
2.3-5).
Quem pensa que o Evangelho é um acontecimento à parte da história
secular hoje, está enganado. Como já falamos a história está nas
mãos do Senhor e Ele a move segundo os seus propósitos. Hoje os
acontecimentos históricos continuam sendo controlados pelo Senhor.
Isso não ocorreu somente para que o Senhor Jesus nascesse. Nos dias
atuais a história se move para que o Senhor retorne a esta terra
para buscar o Seu povo, mas antes disto é necessário que aconteça
o que nos falou o apóstolo Paulo:
“Ninguém
de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes
venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da
perdição, o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama
Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo
de Deus, querendo parecer Deus”
(2 Ts 2.3,4).
“Sabe,
porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos,
soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos,
profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores,
incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores,
obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de
Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.
Destes afasta-te”
(2 Tm 3.1-5).
Já que o Evangelho está ligado
diretamente aos fatos históricos atuais, é bom lembrarmos que
estaremos sujeitos a aborrecimentos por parte do mundo secular. Deus
não tornará o mundo melhor para nós que o servimos. José e Maria
passaram por momentos difíceis em suas vidas. Vejam aqui a viagem
que tiveram que fazer de Nazaré até Belém. Eles poderiam ter algum
privilégio já que Maria estava carregando em seu ventre o Filho de
Deus, ou quem sabe serem isentos dessas obrigações, mas não foi
isso que ocorreu. Isso é uma lição para nós que pensamos que as
adversidades não deveriam acontecer com os crentes em Jesus. Que,
por sermos seus servos, nossa vida deveria ser um mar de rosas. Mas
essa mensagem é falsa e não retrata o verdadeiro Evangelho. Jesus
disse que no mundo passaríamos por aflição (Jo 14.33).
Mas a verdade é que Jesus
nasceu nesse mundo real, com todas as suas aflições, obrigações e
dificuldades. E, sim, apesar delas, e até através delas, os
propósitos divinos foram realizados.
Lucas
cuidadosamente diz que Jesus era filho primogênito (prototokos)
de Maria, não seu único (monogenes)
filho (cf. seu uso de monogenes para se referir a uma única criança
em Lc 7.12; 8.42; 9.38). Em Mateus 1.25 nos diz que José “não
a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe
o nome Jesus”.
E em Marcos 6.3 diz: “Não
é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José,
e de Judas e de Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs?”
2o
– Não havia lugar para eles na hospedaria (Lc 2.6,7).
A longa viagem não deve ter sido solitária, pois todos os
familiares também deveriam recensear-se. A cidade de Belém estava
abarrotada de peregrinos. Não havia sequer uma pensão ou abrigo
para acolher o casal nazareno. A cidade estava indisponível para
Jesus nascer. Quando Jesus nasceu ele ficou em um estábulo. Muitos
estudiosos acreditam que Jesus nasceu em uma caverna que costumava
ser usada como abrigo de animais, não numa cabana de madeira, como
as que vemos nos presépios modernos.
A manjedoura que Jesus foi
colocado ao nascer, é bem provável que fosse bem diferente das que
vemos nos presépios hoje. O que se usava muito naquela época eram
cochos feitos de pedras e não de madeira como se veem hoje.
Jesus nasceu num estábulo e foi
posto em uma manjedoura por que o Senhor queria nos ensinar algumas
lições com isso. Charles Spurgeon pregando sobre esse texto nos diz
porque Jesus foi colocado em uma manjedoura:
1 – Foi uma lição de
humildade.
A Bíblia não nos deixa nenhuma dúvida em relação a isto.
Conforme a profecia de Isaías: “Porque
foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca;
não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia
boa aparência nele, para que o desejássemos. Era desprezado, e o
mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos
trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era
desprezado, e não fizemos dele caso algum”.
Além do mais, ao ser posto em
uma manjedoura, por dizer assim, Jesus estendia um convite aos mais
humildes para que viessem até Ele. Nós poderíamos tremer se nos
aproximássemos diante de um trono, mas não temeríamos se nos
aproximamos diante de uma manjedoura. Se tivéssemos visto na entrada
o Mestre, cavalgando ao longo das ruas de Jerusalém com muita pompa,
sobre mantos estendidos no caminho e folhas de palmeira espalhadas, e
o povo clamando: “Hosana!”, poderíamos ter pensado que era
inacessível, ainda que esse simples pensamento fosse errado. Mas
vemos ali o Senhor cavalgando sobre um jumentinho, Ele era tão manso
e humilde que as crianças se agrupavam ao seu redor com seus
infantis gritos de “Hosana!” Não poderia alguém ser mais
acessível que Cristo.
Observe
que ao longo da vida de Jesus Ele andou com pescadores; os de humilde
condição haveriam de ser seus discípulos. Como Ele mesmo falou:
“as
raposas têm covis, e as aves do céu ninhos; mas o Filho do Homem
não tem onde recostar a cabeça”
(Mt 8.18-20); nada, portanto, poderia ser mais apropriado que, em Sua
etapa de humilhação, - quando deixou de lado toda Sua glória e
tomou a forma de servo e se rebaixou ao estado mais humilde – ser
colocado em uma manjedoura. E Ele mesmo disse que deveríamos
aprender com Ele a sermos mansos
e humildes de coração (Mt 11.29).
2
– O Senhor
Jesus Cristo nasceu no estábulo da hospedaria para mostrar quão
gratuito Ele era para todos os que se aproximassem Dele.
As hospedarias eram pagas, no entanto, o Senhor nasceu num lugar de
livre acesso, um lugar onde todos podiam ficar. Isso mostra que o
Evangelho deve ser pregado a toda criatura e não excluir ninguém.
Tanto que o convite de Jesus é para todos os cansados e
sobrecarregados e todos os sedentos: “Vinde
a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”
(Mt 11.28). “E
no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e
clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba”
(Jo 7.37).
3 – Nosso Senhor foi
colocado na manjedoura onde se alimentavam os animais para mostrar
que inclusive os homens que se assemelham às feras podem vir a Ele e
viver.
Nenhuma criatura pode ser tão degradada que Cristo não possa
levantá-la. Poderia cair e poderia parecer que cairá
invariavelmente no inferno, mas o braço longo e forte de Cristo pode
alcançá-la ainda em sua mais desesperada degradação e pode
levantá-la de uma aparente ruína irremediável. Como disse o
apóstolo Paulo: “Onde
abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm
5.20).
Mas
se Cristo foi posto onde se alimentavam os animais, lembrem-se que
depois que Ele se foi os animais se alimentaram ali outra vez. Era
apenas a Sua presença que podia glorificar a manjedoura, e aqui
aprendemos que se Cristo fosse retirado, o mundo voltaria a sua
anterior escuridão pagã. Se Cristo fosse retirado do coração
humano, os mais santos se tornariam vis outra vez, e aqueles que, na
sua conduta, se parecem com os anjos logo demonstrariam que estão
relacionados aos demônios. A manjedoura seria ainda uma manjedoura
para os animais, se o Senhor da Glória fosse retirado, e nós
regressaríamos aos nossos pecados e à nossa lascívia, se Cristo
uma vez retirasse Sua graça e nos abandonasse por nós mesmo. Penso
que Cristo foi posto em uma manjedoura pelas razões mencionadas.
3 – AINDA HOJE NÃO HÁ
LUGAR PARA JESUS EM MUITOS LUGARES (Lc 2.6,7).
O Rei dos reis e Senhor dos
senhores nasceu em uma manjedoura por que não havia lugar para eles
na hospedaria. Jesus deveria nascer em um palácio, tanto que os
magos foram procurar o Rei dos judeus no palácio de Herodes (Mt
2.1,2). Mas Jesus não estava lá.
Ainda hoje não há lugar para
Jesus em muitos lugares. Onde Jesus não tem lugar?
1o
– No coração dos arrogantes (Mt 11.25,26).
Raramente há lugar para Cristo nos palácios! Como disse Charles
Spurgeon: “como
poderiam os reis da Terra receber o Senhor? Ele é o Príncipe da Paz
e eles se deleitam na guerra!”
Jesus não é recebido ainda hoje onde a arrogância impera. Onde o
“eu” fala mais alto do que o “tu”. Onde predomina o aqui e
agora.
“A
soberba precede a ruína, o espírito arrogante vem antes da queda”
(Pv
16.18).
2o
– A sociedade atual não quer Jesus em seus corações.
Veja como vivem as pessoas, por melhor que elas sejam ou aparentam
ser, estão querendo manter distância do Senhor. Há lugar para as
vãs sutilezas da etiqueta; há lugar para a conversa frívola; há
lugar para a adoração do corpo; há lugar para a ascensão disto ou
daquilo como o ídolo do momento, mas há pouquíssimo lugar para
Cristo, e está longe de ficar na moda seguir plenamente o Senhor.
3o
– Não há lugar para Jesus em muitas igrejas hoje.
Não houve lugar para Jesus entre os seus e muito menos entre os
religiosos em Sua época. Não houve lugar para Ele no templo ou nas
sinagogas.
Ele não encontrou refúgio nesses
lugares;
antes, foi ali onde Ele
encontrou
os mais ferozes inimigos de toda a Sua vida. Não foi a multidão
comum, e sim os sacerdotes que foram os instigadores de Sua morte; os
sacerdotes incitaram o povo para que dissessem: “Não a este, mas
sim a Barrabás”. Em
muitas igrejas hoje Jesus também não seria aceito. Em muitas dessas
igrejas onde o Evangelho tem sido maculado é um retrato da igreja de
Laodiceia onde o Senhor está do lado de fora da igreja batendo em
Sua porta (Ap 3.20).
Os
líderes dessas igrejas são inimigos da cruz. Os
inimigos da cruz são mercenários, não são pastores de Cristo que
amam Suas ovelhas (Jo
10.12).
Estes têm sido os mais ferozes inimigos de nosso Deus e do Seu povo.
Prestem atenção: Igrejas onde a
Palavra
de Deus
é substituída
por
autoajuda
e não de ajuda do Alto é
uma igreja que está maculando a mensagem da cruz.
Igrejas
onde
o que predomina nos púlpitos é psicologia barata e não a Palavra
de Deus, estão
maculando a mensagem da cruz. Igrejas
onde a Teologia
do Coaching
tem sido ensinada, tem
maculado a mensagem da cruz.
Igrejas
onde
os líderes estão preocupados com os bens das ovelhas e não com bem
delas esse lugar não é igreja, mas sinagoga de Satanás.
As
mensagens pregadas nesses lugares alisam o ego, mas não traz
transformação para os seus ouvintes. Preste atenção no que você
ouve e no que você lê. Lugares assim não têm lugar para Jesus!
CONCLUSÃO
Quero concluir lhe perguntando:
“HÁ LUGAR PARA JESUS EM SEU CORAÇÃO?” Se você tem lugar para
Cristo, então, a partir deste dia, saibam de uma coisa O MUNDO NÃO
TEM LUGAR PARA VOCÊS, pois o texto não só diz que não havia lugar
para Jesus, mas, também diz: “Não havia lugar para eles”,
não havia lugar para José nem para Maria, como tampouco havia para
o bebê. A partir deste dia não haverá lugar para você na boa
opinião do mundo. A partir deste momento se você tem lugar para
Cristo, o mundo dificilmente encontrará um lugar de tolerância para
você. Apesar de o mundo pregar contra a intolerância, o mundo não
aceita opinião contrária a dele e quem segue a Cristo anda na
contramão do mundo. Ser cristão hoje, compromissado com a Verdade
do Evangelho é ser inimigo do mundo. Então se prepare, pois se não
há lugar para Cristo, também não haverá para os que o temem e
andam em Seus caminhos. Saiba que no mundo não há lugar para o
homem que tem lugar para Cristo. Essa é a dura realidade do
Evangelho que nos é revelado nesse texto do nascimento de Jesus. NÃO
HAVIA LUGAR PARA ELES NA HOSPEDARIA.
Por isso eu lhe pergunto mais uma
vez: “Há lugar para Jesus em seu coração?”
Pense nisso!
Bibliografia:
1 – Barclay, William.
Comentário do Novo Testamento, Lucas.
2 – Champlin, R. N. O Novo
Testamento Interpretado, versículo por versículo, volume 2, Lucas e
João. Editora Candeia, São Paulo, SP, 1995.
3 – Davidson, F. O Novo
Comentário da Bíblia, volume 2. Edições Vida Nova, São Paulo,
SP, 1987.
4 – Hale, Broadus David.
Introdução ao Estudo do Novo Testamento, Editora Juerp, Rio de
Janeiro, RJ, 1986.
5 – Keener, Craig S. Comentário
Histórico-Cultural da Bíblia, Novo Testamento. Edições Vida Nova,
São Paulo, SP, 2017.
6 – Lopes, Hernandes Dias.
Lucas, Jesus, o homem perfeito. Comentário Expositivo Hagnos.
Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017.
7 – MacArthur, John. Comentário
do Novo Testamento, Lucas.
8 – Manual Bíblico SBB.
Barueri, SP, 3a edição, 2018.
9 – Morris, Leon L. Lucas,
Introdução e Comentário. Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São
Paulo, SP, 1986.
10 – Rienecker, Fritz.
Evangelho de Lucas, Comentário Esperança. Editora Esperança,
Curitiba, PR, 2005.
11 – Spurgeon, Charles H. Não
Havia Lugar Para Eles na Hospedaria.
http://www.projetospurgeon.com.br/2013/12/nao-havia-lugar-para-cristo-na-hospedaria/,
acessado em 13/12/19.
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