domingo, 22 de dezembro de 2019

UMA ANUNCIAÇÃO ESPLENDOROSA



Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Lucas 2.8-12

INTRODUÇÃO

A Bíblia nos fala que o primeiro Adão havia sido criado conforme a imagem de Deus, e o Senhor disse que essa criação era “muito boa”, no entanto, esse Adão era da terra, foi colocado em um jardim quando foi criado, no entanto, a Bíblia nos fala de outro Adão, porém este que é o Senhor do céu (1Co 15.47) – para este havia somente uma estrebaria e uma manjedoura. Enquanto o primeiro Adão teve um jardim, o segundo Adão que é Jesus, quando nasceu, não teve lugar para Ele na hospedaria.

A Escritura também nos diz que em sua encarnação o Senhor da glória (1Co 2.8) “se esvaziou, assumindo a forma de servo, e [foi] feito à semelhança de homens” (Fl 2.7). Jesus nasceu da descendência de Abraão e foi vestido no corpo de um infante. Todos os adjetivos e exclamações em nossa língua nunca poderiam dizer o suficiente sobre essa realidade. O nascimento mais notável da história aconteceu sob as mais obscuras e indescritíveis circunstâncias humildes que se possa imaginar, Jesus nasceu no local onde os animais daqueles que ficam em um abrigo público foram mantidos. Ninguém naquela sonolenta aldeia de Belém percebeu o significado do que tinha acontecido, a não ser, até certo ponto, os pais da criança. Quando um menino nascia os músicos da região se reuniam para celebrar esse nascimento, no entanto, quando Jesus nasceu em um estábulo em Belém essa cerimônia não teve lugar. Mas isso estava prestes a mudar; O silêncio sobre o nascimento do Salvador seria quebrado em uma forma mais sobrenaturalmente dramática. Se não houve música aqui da terra é bom pensar que os coros celestiais substituíram os músicos terrestres, que os anjos cantaram para Jesus canções que teria sido impossível entoar por bocas humanas.

Os céus desceram à terra para anunciar o nascimento do Salvador, no entanto, essa anunciação não foi dada aos religiosos de sua época, mas a pobres pastores que guardavam o seu rebanho durante a noite.

Por que a notícia do nascimento de Jesus foi aos pastores e não aos religiosos da época?

1 – DESDE O SEU NASCIMENTO JESUS SE IDENTIFICOU COM OS HUMILDES DESTE MUNDO (Lc 2.8-11).

Se o anúncio do nascimento de Jesus tivesse sido parte de uma campanha de relações-públicas humanamente planejado, ele teria sido tratado de forma muito diferente. O anúncio teria como alvo os poderosos e influentes em Israel: o Sumo Sacerdote, os membros do Sinédrio, os sacerdotes, os levitas, escribas, saduceus e fariseus. Em vez disso, Deus escolheu revelar essa gloriosa verdade em primeiro lugar, aos pastores que cuidavam do seu rebanho na calada da noite.

É desses pastores, que cuidavam do rebanho nas cercanias de Belém, que a história do Natal fala agora. Sobre os mesmos campos em que no passado Davi pastoreava os rebanhos do pai, e sob o mesmo céu estrelado, sob o qual Davi se edificava (Sl 8), os pastores talvez entoassem os salmos de Davi, fortalecendo assim o seu anseio pelo Filho de Davi. Deve ser plausível a suposição de que aqui em Belém aquela expectativa estava particularmente viva, pelo menos entre aqueles que esperavam pela redenção.

Diante disso, podemos destacar algumas considerações importantes:

1o – Os pastores eram uma classe desprezada. Todos os dias no templo, pela manhã e à tarde, oferecia-se um cordeiro sem mancha como sacrifício a Deus. Para assegurar-se de que não houvesse a falta destes cordeiros perfeitos, as autoridades do templo tinham seus próprios rebanhos, e sabemos que estes pastavam perto de Belém. Provavelmente estes pastores eram funcionários do templo. No entanto, os pastores eram desprezados pelos bons ortodoxos de seus dias. Virtualmente não podiam cumprir com todos os detalhes da Lei cerimonial; não podiam observar todas as meticulosas lavagens de mãos, as normas e as regulamentações. O cuidado de seus rebanhos os absorvia e os ortodoxos os consideravam como pessoas inferiores. Não desfrutavam de boa reputação naqueles dias. Não eram considerados fidedignos e não lhes era permitido dar testemunho nos tribunais. Eles eram considerados plebe que desconhece a lei. Eram, inclusive, privados da honra dos direitos civis.

No entanto, eles eram úteis para sua religião, mas inúteis para servi-la no templo. Eram usados pelos religiosos, mas negligenciados pelos mesmos. Eram úteis para os religiosos mas inúteis e não podiam estar no templo. Essa é a incoerência da religião formal; dos observadores de preceitos, dos teólogos nominais, dos que desconhecem o Deus que se revela nas Escrituras.

Isso aponta para uma grande incoerência que ainda se vê nas igrejas de forma geral. Exigem-se certas práticas e compromissos que acabam sendo impraticáveis por vários tipos de pessoas. Não necessariamente por estes serem relaxados religiosamente, mas pelas próprias exigências de suas vidas, trabalhos e contexto em geral. Quando a religião torna-se complicada demais, excluem-se automaticamente muitas pessoas; embora ainda precisando delas. Leia Colossenses 2.16-23. Nesse texto Paulo deixa claro o que estamos falando aqui.

2o – As Boas Novas a respeito do Cordeiro de Deus é dada aos pastores. Apesar dos religiosos os desprezarem, Deus não os desprezou, pelo contrário, foram eles que receberam a mais bela visita angelical anunciando o nascimento do Cordeiro de Deus.

É belo pensar que os pastores que cuidavam dos cordeiros do templo foram os primeiros a ver o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Já vimos que quando nascia um menino os músicos da região se congregavam para saudá-lo com música singela, agora a música para Este Menino não é entoada pelos homens, mas é entoada pelos anjos, pois este que nascera era o Cordeiro de Deus. O Salvador do mundo. É algo maravilhoso que a história nos conte que o primeiro anúncio de Deus foi aos pastores considerados inúteis para os religiosos, mas honrados por Deus para receberem tais notícias.

O Senhor não se revela aos poderosos, mas aos humildes. Ele não se revela aos que são religiosos, mas aos que temem a Deus. Deus pode até falar pela boca de um líder sem compromisso com Ele, como lemos em Mateus 7.22,23:

Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”.

O mesmo vemos em João 11.49-51:

Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: Que faremos? Porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação. E Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis, nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação. Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação”.

Assim como falou pela boca de uma jumenta com Balaão (Nm 22.27-30), assim como usou a própria boca de Balaão, mas Deus não tem compromisso com esse tipo de pessoa. É melhor sermos irracionais como a jumenta de Balaão do que ser profeta cego que não contempla a glória de Deus. É melhor sermos pastores que cuidam com diligência do rebanho do Senhor do que ser um líder religioso preconceituoso que anda longe das ovelhas do Senhor.

A escolha de Deus de pastores para receber o anúncio do nascimento de seu Filho está de acordo com a profecia do Antigo Testamento sobre o ministério do Messias. Isaías 61.1 profeticamente se cumpriu pela boca do próprio Messias:

O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres; enviou-me a curar os quebrantados do coração, a proclamar liberdade aos cativos e a liberdade aos prisioneiros”.

Depois de ler essa passagem na sinagoga de Nazaré, Jesus declarou: “Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos (Lc 4.21). O ministério do Messias não seria o farisaico (Lc 5.32) - especialmente os líderes religiosos (Jo 7.48), ou o autossuficiente rico (Lc 18.24). Em vez disso, Ele buscaria os pobres, os humildes, os aflitos, os excluídos da sociedade (cf. Lucas 1.52; 1Co 1.26). Ao longo de seu ministério Jesus atraiu essas pessoas que foram quebradas pelos seus pecados e se humilharam em arrependimento (cf. Lc 7.37,38;18.13,14,19.8-10).

3o – Jesus nasceu em um mundo em trevas (Lc 2.8,9). Observe algo interessante, não foi sobre o Jesus menino e nem mesmo diante de Maria e José que resplandeceu a luz celestial. A estrebaria continuou escura e em sua constituição normal. Contudo lá fora, no campo, na direção do deserto, onde os pastores de ovelhas estavam acampados junto aos rebanhos, um dos mensageiros angelicais cumpriu um alto mandato de arauto. O céu está repleto daquilo que a terra deixa de lhe oferecer! A terra se cala. Como nos fala João: “Ele veio para os seus, mas os seus não o receberam” (Jo 1.11). Todos dormem na noite profunda. O céu, porém, celebra um grandioso e eterno dia!

A luz raia e rasga a noite! O anúncio da vinda do Cordeiro de Deus não foi de dia, mas a noite. Não foi enquanto todos andavam de um lado para outro, mas enquanto todos dormiam. A luz só é necessária nas trevas, em densa escuridão, no sono do descaso, foi isso que vimos aqui nesse texto.

A luz brilhou para os desprezados dos religiosos. A luz brilhou para os que guardavam as ovelhas do Senhor – eram ovelhas para o sacrifício diário. A luz brilhou para aqueles que estavam proibidos de estarem no templo. O sumo sacerdote não viu, os sacerdotes não perceberam, os levitas não se deram conta do ocorrido, os fariseus e os doutores da lei ficaram em densas trevas. Mas a luz brilhou para os que estavam cuidando do rebanho do Senhor.

4o – O Supremo Pastor veio cuidar das Suas ovelhas (Jo 10.11-14; 1Pe 5.4). Apesar de os pastores estarem perto do fundo da escada social; serem considerados ignorantes e não qualificados, cada vez mais visto como pessoas não confiáveis, personagens desagradáveis e desonestas, tanto que eles não foram autorizados a testemunhar em tribunal; apesar de tudo isso, Jesus se identifica como Pastor de nossas almas. É interessante observar que os dois personagens mais importantes para os judeus, Moisés e Davi, foram pastores em algum momento de suas vidas ((Êx 3.1; 1Sm 16.11, 17.34,35). Além disso, o Antigo Testamento refere-se metaforicamente a Deus como o “pastor de Israel” (Sl 80.1 cf. 23.1; Is 40.11), Enquanto Jesus descreveu-se como o “Bom Pastor” (João 10.11, 14; cf. Hb 13.20; 1Pe 2.25; 5.4).

Um dos salmos mais lidos e conhecidos da Bíblia, creio que seja o Salmo 23. Este Salmo nos mostra o relato de uma ovelha a respeito do cuidado do Bom Pastor para com ela. Quando identificamos essas características em Deus é que podemos compreender o que o apóstolo Paulo quis dizer em 1Co 1.27-31:

Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor”.

2 – O CONTEÚDO DA MENSAGEM DOS ANJOS (Lc 2.10-12).

O resplendor da glória de Deus através do anjo foi algo que trouxe grande temor aos pastores. O anjo se apresenta de forma completamente diferente da que se apresentou a Zacarias no templo e a Maria em Nazaré, mesmo assim eles ficaram temerosos, imagine os pastores que nem no templo podiam entrar? O esplendor do Senhor, a doxa = glória, que envolvia esse anjo iluminou também os pastores. A glória do Senhor resplandeceu sobre esses homens simples e rejeitados. O medo que eles sentiram era a resposta normal sempre que alguém na Escritura que encontrou um anjo (cf. Dn 8.15-18; 10.7-9,16,17; Mt 28.2-4; Lc 1.12, 26-30) ou viu a glória de Deus manifestado (Is 6.1-5; Ez 1.28; 3.23; Mt 17.5,6; Mc 4.41; 5.33; At 9.4; Ap 1.17). Creio que não seria diferente com nenhum de nós.

Vamos analisar o teor da mensagem do anjo.

1o – O anjo acalma o coração dos pastores (Lc 2.9,10). O medo tomou seus corações, mas imediatamente o anjo lhes acalma. O anjo diz que lhes trazia boa notícia. A boa notícia (Evangelho) que o anjo proclamou é para todas as pessoas. Laos (pessoas no grego) refere-se primeiro a Israel (1.68; 7.16; 19.47; 21.23; 22.66; 23.5, 14), pois “a salvação vem dos judeus” (Jo 4.22; cf. Rm 1.16). Mas a promessa da salvação não é somente para eles. Depois de louvar a Deus ao ver o menino Jesus no templo, Simeão disse: “Porque os meus olhos viram a tua salvação, que preparaste na presença de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel” (Lc 2.30-32). Significativamente, laos no versículo 31 é plural, ao mesmo tempo que é singular no versículo 32. As palavras de Simeão refletir a verdade expressa na profecia de Isaías: (Is 60.1-3; cf. Is 9.2; 42.6; 49.6-9; 51.4).

2o – Nasceu o Salvador que é Cristo o Senhor (Lc 2.11). Como disse João: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). Estava se cumprindo naquela noite o que o profeta Isaías havia profetizado cerca de setecentos anos antes: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6).

1) Ele nasceu. O nascimento é sempre a primeira realidade de um ser humano. Esse Redentor “nasceu”. Ele nasceu, Ele não apareceu como esse anjo que o anuncia com as vestimentas de luz da glória de Deus. Não, esse Salvador tornou-se nosso irmão de sangue, osso dos nossos ossos, carne de nossa carne, para que soubesse como nos sentimos neste pobre corpo carnal, e viesse a ser nosso misericordioso sumo sacerdote, para expiar nosso pecado e nos atrair para o alto como membros de seu corpo, de sua carne e seus ossos (Ef 5.30).

2) Para vós, diz o anjo. Essa é a mais gloriosa palavra em toda a primeira pregação de Natal. “Para vós”, diz o anjo, “para vós”, para os humanos, não foi para os anjos que Ele nasceu, o Supremo Senhor se tornou ser humano. Como disse Lutero: “Os anjos não precisam do Redentor, e os demônios não o querem. Ele veio por nossa causa, nós é que precisamos dele”.

3) Hoje! O Redentor, que é de eternidade a eternidade, entrou no tempo. A palavra “hoje” define seu nascimento como fato histórico. A encarnação do Filho de Deus não é um pensamento, uma ideia, um produto da fantasia que se construiu em personalidades ansiosas e esperançosas, mas um fato histórico que provocou um efeito imenso.

Desde aquele “hoje” passaram-se séculos, mas será que a palavra do anjo não continua sempre ressoando em nosso coração, como se fosse hoje? A história de nosso Redentor, por mais verdadeira e real que tenha sido no tempo, não é como a história de outras pessoas, pertencente apenas ao tempo. Aqui o passado se torna presente, porque essa história pertence à eternidade e se renova incessantemente, prolongando-se todas as vezes que seu poder animador é experimentado por um coração humano.

A tríplice descrição desse menino dada pelo anjo:

1) Ele é o Salvador – O anjo prefaciou sua descrição tríplice do Menino recém-nascido dizendo aos pastores que Aquele de quem ele falava tinha nascido para eles. Jesus é o Salvador de os judeus e gentios; individualmente, Ele é o Salvador de todos os que creem nEle (João 3.16). O anjo não deu nome terreno da Criança; Salvador, Cristo e Senhor são todos os títulos. Mas desde que o nome “Jesus” significa “o Senhor é salvação”, seu significado é abarcado pelo termo Salvador.

2) Ele é o Cristo – é um título exaltado para um bebê nascido em tais circunstâncias humildes. Ele é o Cristo, i. é, o Ungido, em hebraico o “Messias” (Dn 9.25,26), também significa “ungido”; uma pessoa colocada em um alto cargo e digno de exaltação e honra. Jesus foi ungido pela primeira vez no sentido de que Ele é o Rei designado por Deus, o “Rei dos reis” (Ap 17.14; 19.16), que vai sentar-se no trono de Davi e reinará para sempre, como Gabriel disse à Maria (Lc 1.32,33). Ele também foi ungido para ser o grande Sumo Sacerdote (Hb 3.1) para o seu povo; o mediador entre eles e Deus (1Tm. 2.5), que intercede por eles (Hb 7.25.). Finalmente, Jesus foi ungido como um profeta, porta-voz do final dos tempos (Hb1.1,2).

3) Ele é o Senhor – no sentido humano é um termo de respeito e estima, dado a alguém em uma posição de liderança e autoridade. Este título era dado aos proprietários de escravos; kurios (Senhor) e doulos (escravos) foram conectados. Mas, neste contexto, Senhor não é uma mera designação humana elevada; é um título divino. Dizer que esta criança é o Senhor quer dizer que Ele é Deus. Quando usado em referência a Jesus Cristo, kurios (Senhor) transmite tudo o que está implícito no tetragrama YHWH (Yahweh que a Septuaginta traduz kurios) - o nome de Deus (cf. Ex. 3.14,15). A confissão mais fundamental e básico do cristianismo é, “Jesus é o Senhor” (1Co 12.3). Ninguém que não afirma plena divindade de Cristo e sua igualdade com Deus, o Pai pode ser salvo, pois, como Ele advertiu os judeus, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados (Jo 8.24).

3o – Um sinal de humildade (Lc 2.12). Os pastores recebem a notícia de que nascera o Salvador do mundo, isso por si só já era algo esplêndido, mas que esse Salvador estava em uma manjedoura? Isso sim era surpreendente. Uma admirável troca: o servo (no caso, o anjo do Senhor) vem na “glória de seu Senhor”, a saber, em esplendor de luz sobrenatural, a ponto de as pessoas se atemorizarem (v. 9), mas o Senhor em si vem como um bebê de fraldas na manjedoura. De fato, se o anjo do Senhor não o tivesse dito pessoalmente – como os pobres pastores poderiam ter crido e acolhido essa mensagem?!

O Salvador do mundo não está em um palácio, mas em uma manjedoura. O herdeiro do trono de Davi possuía uma estrebaria como salão real, uma manjedoura como trono, feno e palha como lugar de repouso e duas pessoas desabrigadas como séquito.

CONCLUSÃO

É preciso ler a narrativa de Natal sem o brilho poético e aconchegante, a fim de captar o realismo rude, terreno, com que aqui se apresenta a narrativa. O evangelista não fala do doce menino de cabelo cacheado, da estrebaria limpinha e dos probos pastores, mas de um casal exausto, da miséria de uma jovem mãe que tem de dar à luz seu filho em lugar estranho e precário sem qualquer ajuda, de uma criança que enxerga a luz do mundo em uma estrebaria suja, e de cuja chegada inicialmente ninguém, exceto alguns pastores proletários, tomou conhecimento. Isso sim é o verdadeiro sentido do Natal!

Pense nisso!

Bibliografia:

1 – Barclay, William. Comentário do Novo Testamento, Lucas.

2 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, volume 2, Lucas e João. Editora Candeia, São Paulo, SP, 1995.

3 – Davidson, F. O Novo Comentário da Bíblia, volume 2. Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1987.

4 – Hale, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento, Editora Juerp, Rio de Janeiro, RJ, 1986.

5 – Keener, Craig S. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia, Novo Testamento. Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 2017.

6 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus, o homem perfeito. Comentário Expositivo Hagnos. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017.

7 – MacArthur, John. Comentário do Novo Testamento, Lucas.

8 – Manual Bíblico SBB. Barueri, SP, 3a edição, 2018.

9 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário. Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São Paulo, SP, 1986.

10 – Rienecker, Fritz. Evangelho de Lucas, Comentário Esperança. Editora Esperança, Curitiba, PR, 2005.


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