Por Pr Silas Figueira
Texto base: Lucas 12.35-40
INTRODUÇAO
A comunhão com Jesus
chama e equipa discípulos para o extraordinário. Na seção anterior (Lc
12.22-34), Jesus advertiu os discípulos que é fácil as ansiedades da vida
desviarem a atenção do cuidado fiel de Deus com seus filhos. Na presente seção,
Jesus passa de uma advertência para uma exortação – a vigilância, a disponibilidade
e a prontidão para o inesperado. Essa exortação ressoa em toda a Escritura.1
Wiersbe destaca que Jesus desloca a ênfase da preocupação com o presente para a
atenção quanto ao futuro.2
Childers diz que Jesus
ainda está se dirigindo a seus discípulos na presença da multidão e Ele ainda está
pensando no perigo da avareza – de estar alguém fortemente preso às coisas
materiais e temporais.3 Leon Morris é do mesmo pensamento de que Jesus
reforça Seu ensino sobre o uso correto dos bens com a lembrança de que as
coisas terrestres são temporárias, e de que a vinda do Filho do homem e certa.4
Pensando nisso, vamos
destacar algumas lições importantes desse texto.
1 – ESTEJAMOS PRONTOS
PARA A VOLTA DO MESTRE (Lc 12.35,36).
A Bíblia ensina que a
história humana vai acabar quando o Senhor Jesus Cristo voltar à Terra para
levar seu povo para estar com Ele, estabelecer o Seu reino, e punir os maus. A
segunda vinda do Filho de Deus marca o fim do mundo como nós o conhecemos. Assim
como Ele veio a primeira vez e estabeleceu a Sua Igreja, Ele garantiu para os
seus discípulos que retornaria par buscar a Sua Igreja (conf. Mt 16.27, 24.42;
Mc 13,26,27; Lc 21.34-36; Jo 14.1-3; At 1.11; 1Ts 4.16-18, 5.23; Hb 9.28; Ap
22.20). A Escritura é clara e confiável quando
fala a respeito da segunda vinda de Cristo. A volta do Senhor Jesus em plena
glória é uma doutrina essencial e central da fé cristã.
Na verdade, em alguns
aspectos a doutrina da segunda vinda é a verdade mais importante de tudo. Ela
identifica e descreve o ponto culminante da história da redenção, que engloba o
julgamento dos ímpios, a bênção dos justos, a exaltação final e permanente e
glória do Rei dos reis e Senhor dos senhores.
No entanto, existem
muitas pessoas que dizem ser crentes em Jesus, mas que vivem como se a vota de
Cristo nunca ocorrerá. Vivem tão apegados as coisas dessa terra como se o céu
fosse aqui. Observamos isso de forma clara na nova geração de crentes. Em sua
grande maioria levam uma vida sem dar qualquer testemunho de que são cristãos. Digo
que são crentes porque constam no rol de membros de alguma igreja. Mas não demonstram
nenhum fruto. Muitos frequentam bares e boates. Vão as festas de Halloweens fantasiados
de diabo. Isso quando não fazem coisa pior.
Por isso que o Senhor
depois de falar a respeito do perigo do apego as riquezas chama os seus
discípulos e dá esse alerta.
A Bíblia revela, pelo
menos, algumas razões pelas quais o Senhor Jesus Cristo deve retornar a terra
da mesma forma que Ele a deixou, como lemos em Atos 1.10,11: “E, estando com
os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois
homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que
estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no
céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir”.
1º - Em primeiro lugar, o
testemunho do Antigo Testamento. O Antigo Testamento
contém mais de três centenas de profecias da vinda do Messias, mais de uma
centena foram cumpridas na primeira vinda de Jesus Cristo. Isso deixa pelo
menos duas centenas de profecias restantes a serem cumpridas na Sua segunda
vinda. Por exemplo, no Sl 2.6-9 Deus prometeu que seu filho iria ser rei sobre
toda a terra e governar com mão de ferro. Is 9.6-7 descreve seu reinado como do
trono de Davi. Zc 14.4-9 descreve Seu retorno à Terra para reinar como Rei.
Deus não pode mentir (Tt 1.2) e não vai mudar de ideia (Nm 23.19.). As
promessas que Ele fez irá cumpri-las, o Senhor Jesus Cristo voltará para
cumpri-las.
2º - Em segundo lugar, as
próprias afirmações de Jesus. Durante Seu ministério
terreno Jesus se referiu várias vezes a respeito da sua segunda vinda (por
exemplo, Mt 24.27, 30,37,39,44; Mc 13.26; 14.62; Jo 14.2,3). Ele deu um
discurso extenso e detalhado (Mt 24-25.) O capítulo final da Bíblia registra a
promessa de Jesus para vir novamente em suas próprias palavras (Ap 22.7,12,20).
Veracidade e credibilidade de Cristo são, portanto, inseparavelmente ligada à
Sua segunda vinda.
3º - Em terceiro lugar, o
testemunho do Espírito Santo. O “Espírito da verdade”
(Jo 14.17; 15.26; 16.13), foi Ele que inspirou os autores das Escrituras (2Pe 1.20,21),
que repetidamente escreveu do retorno de Cristo (por exemplo, 1Co 1.4-7; Fl 3.20;
Cl 3.4; 1 Ts 4.16,17; Tt 2.13; Hb 9.28 e Tg 5.7,8; 1Pe 1.13; 5.4; 1Jo 3.2). O
Espírito, juntamente com o Pai e o Filho, testificam que Jesus Cristo voltará à
Terra em triunfo e glória.
4º - Em quarto lugar, a
corrupção do mundo. O retorno de Jesus Cristo é a bendita
esperança dos crentes. Mas para o mundo incrédulo é a perspectiva aterrorizante
de julgamento imediato, pois o Senhor Jesus Cristo trará destruição, devastação
e morte para os ímpios (cf. Jo 5.25-29; 2Ts 1.7-10; Jd 14,15; Ap 19.11-16) e
estabelecerá o Seu reino justo. O capítulo final da história da Terra será escrito
por Jesus, o legítimo herdeiro do mundo (Hb 1.2; cf. Ap 5.1-5). Isso ocorrerá
no Seu triunfante retorno.
A resposta adequada a
essa realidade, em cada geração é vigilância (Mt 24.42-44; Mc 13.33-37; Lc 21.34-36).
Nesta passagem Jesus tanto exortou seus seguidores a permanecerem em todos os
momentos prontos para seu retorno, e disse-lhes por que tal disposição é
importante.
2 – COMO DEVEMOS AGUARDAR
A VOLTA DE CRISTO (Lc 12.35-40).
Champlin diz que temos
aqui uma espécie de alegoria cujo principal motivo é advertir os crentes a se
conservarem sempre vigilantes quanto à vinda de Cristo, que a igreja primitiva
esperava que haveria de ocorrer dentro de sua própria geração.5
Nesta passagem, Jesus dá
outro motivo pelo qual esta fixação àquilo que é material é perigosa. Se alguém
quiser estar pronto para a volta do Mestre, a qualquer hora, deve ter o seu
tesouro e o seu interesse nas coisas espirituais e eternas. A forte ligação com
aquilo que é material se tornará a corrente que os prenderá aqui, quando os santos
forem levados no arrebatamento.6
Jesus exorta os seus
ouvintes para estarem prontos para seu retorno por meio de quatro analogias
simples da vida cotidiana: roupas, lâmpadas, servos, e os ladrões.
1ª - A primeira analogia
diz respeito as roupas (Lc 12.35a). “Estejam cingidos os
vossos lombos”. James R. Edwards destaca que Jesus está trazendo a ideia do que
ocorreu com os israelitas em Êxodo 12.11, que eles deveriam estar de prontidão
para saírem do Egito.7 Os longos mantos orientais podiam impedir
tanto o caminhar como o trabalho, a menos que fossem amarrados acima da cintura,
para dar liberdade de movimentos aos pés e pernas. O cinto servia, portanto, a um
propósito prático. O servo assim cingido estava pronto para a ação imediata,
como o cristão que removeu todos os obstáculos para servir a Deus, e receber os
seus favores.8
Em 1Pe 1.13 nós lemos:
“Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai
inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo”. As
palavras de Jesus são uma chamada para prontidão, à luz do Seu retorno
iminente. Que nada nos impeça de subir com quando Cristo retornar.
2ª - A segunda analogia
diz respeito as lâmpadas (Lc 12.35b). Lâmpadas tem apenas uma
função: para fornecer luz. Neste caso, como muitas vezes é, a luz é uma figura
de conhecimento. O cristão não deve jamais negligenciar a sua luz; ele não deve
permitir que seu pavio fique chamuscado ou que o seu óleo se esgote. A devoção
pessoal – oração e leitura da Bíblia – e o serviço fiel manterão a lâmpada da
alma ardendo com brilho.9 Jesus poderá voltar a
qualquer momento, por isso, precisamos nos mantermos alertas, tendo as nossas
lâmpadas sempre acesas, e não nos perdermos na escuridão espiritual.
Como disse Paulo na sua
carta aos Colossenses 3.1-4: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai
as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai
nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque já estais
mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é
a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em
glória”.
3ª - A terceira analogia
diz respeito aos servos (Lc 12.36-38). Jesus passa a retratar servos
cujo senhor fora para uma festa de casamento, e que o esperam de volta a
qualquer momento. Não serão achados despreparados, mas, sim, abrirão a porta
tão logo ele bata, e se demonstrarão prontos para qualquer serviço que ele
desejar.10
Devido a essa prontidão,
o senhor não iria deixar de recompensar aqueles servos que ele encontrou em
estado de alerta, quando ele voltou. Em uma inversão de papéis incrível, para
demonstrar o prazer do senhor em tal disposição, Jesus diz que o senhor passou
a cingir-se a servir os que o serviam e tinham eles à mesa como seus iguais.
Isso é o que o próprio Jesus fez para Seus amados discípulos (Jo 13.1-5; cf. Mt
20.28; Lc 22.27). Que grande privilégio!
4ª - A quarta analogia
diz respeito ao ladrão (Lc 12.39,40). O quadro agora
apresentado não é de um senhor de volta, mas de um ladrão. O
elemento surpresa associada à chegada clandestina de um ladrão se encaixa o
ponto da imprevisibilidade da volta do Senhor. Em Apocalipse 3.3 Jesus advertiu
a igreja de Sardes, “Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e
guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e
não saberás a que hora sobre ti virei”. Tanto 1 Tessalonicenses 5.2-4 e 2 Pedro
3.10 comparam a vinda do Dia do Senhor com a de um ladrão.
Jesus resume os quatro das
analogias dando uma exortação final: “Portanto, estai vós também apercebidos;
porque virá o Filho do homem à hora que não imaginais” (Lc 12.40). Este
versículo amplifica e completa o anterior. O dono da casa está despreparado para
o ladrão porque ele não “sabe” de sua vinda. Mas quando o Filho do Homem vier,
é desnecessário que os seus seguidores professos sejam apanhados despreparados,
pois eles podem e vão “saber”. Eles não sabem a hora de sua vinda, mas sabem,
com certeza, que Ele virá. A solução é: Esteja sempre pronto. Portanto, o verdadeiro
segredo da vinda do Senhor Jesus Cristo é um incentivo adicional para um
permanente e elevado grau de discipulado.11
CONCLUSÃO
Jesus traz um alerta para
seus discípulos para não ficarem presos as coisas dessa terra, não que seja proibido
obter bens materiais, mas o grande perigo é quando essas coisas tomam o lugar de
adoração em nossas vidas. Quando os bens materiais se tornam o nosso deus. O alerta
de Jesus é para estarmos com os nossos olhos fixos no céu. Não nos esquecendo
que a qualquer momento o Senhor virá e nós não sabemos a que hora isso
ocorrerá. Por isso, devemos estar em estado de prontidão porque o Senhor logo
virá.
Pense nisso!
Bibliografia
1 – Edwards, James R. o
Comentário em Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 484.
2 – Wiersbe, Warren W.
Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo
André, SP, 2007, p. 288.
3 – Childers, Charles L.
Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006,
p. 431.
4 – Morris,
Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova,
São Paulo, SP, 1986, p. 204.
5 – Champlin, R. N. O
Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed.
Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 130
6 – Childers, Charles L.
Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006,
p. 431.
7 – Edwards, James R. O
Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 484.
8 – Childers,
Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro,
RJ, 2006, p. 431.
9 – Ibidem, p. 431.
10 – Morris, Leon L.
Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São
Paulo, SP, 1986, p. 204.
11 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 432.
Nenhum comentário:
Postar um comentário