domingo, 6 de dezembro de 2020

SUPERANDO OS OBSTÁCULOS PARA ALCANÇAR A BÊNÇÃO - A CURA DO PARALÍTICO EM CAFARNAUM

Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Lucas 5.17-26

INTRODUÇÃO

A cura desse paralítico tem paralelos em Mateus 9.1-8 e Marcos 2.1-12. Através do evangelho de Marcos sabemos que este incidente ocorreu na cidade de Cafarnaum; é interessante assinalar que a esta altura de seu ministério, Jesus tinha chegado a estar tão identificado com Cafarnaum que poderia chamá-la de “sua cidade”, como lemos em Mateus 9.1. Jesus acabara de chegar de sua cruzada evangelística, onde pregara a Palavra pelas cidades e vilas da Galileia (Mc 1.38,39).

Jesus nasceu em Belém, foi educado em Nazaré, mas escolheu Cafarnaum para habitar desde que foi expulso pelos nazarenos (Lc 4.14-30). Essa cidade tornou-se o quartel-general de Jesus durante os seus três anos de ministério terreno. A fama de Jesus já havia corrido pela região, tanto por suas curas quanto por seus ensinamentos.

Esta passagem parece indicar que essa cura ocorreu na casa de Pedro, pelo que lemos em Marcos. Jesus estrava diante de vários fariseus e doutores da lei que tinham vindo de todas as aldeias da Galileia, e da Judeia e de Jerusalém, para ouvi-lo. Isso se tornou um grande evento na cidade de Cafarnaum ao ponto de a casa de Pedro virar um local de peregrinação. As multidões estavam ali para ouvi-lo e os doutores da lei e os fariseus para julgá-lo.

Nos diz o texto em Marcos que quatro homens ouvindo que Jesus estava na cidade levaram até onde Ele estava um paralítico em uma maca. Eles criam que Jesus tinha poder para curar o amigo que estava preso aquele leito. No entanto, eles tiveram que enfrentar alguns obstáculos para conseguir pôr o amigo na presença de Jesus. É sobre esse assunto que quero pensar com você e quais as lições que podemos tirar desse texto.

1 – TODOS NÓS PRECISAMOS DE AMIGOS (Lc 5.18).

O historiador Leandro Karnal disse que bandidos não têm amigos, tem comparsas. Este homem tinha amigos. A prova de que esses quatro homens eram seus amigos foi que eles fizeram de tudo para leva-lo à presença de Jesus. Ninguém que te encaminha para o mal é seu amigo, mas se alguém faz de tudo para leva-lo a Cristo, este, com certeza, é seu amigo.

São privilegiados todos aqueles que nos seus relacionamentos têm pessoas com quem podem contar, confiar, pedir conselhos e ajuda, desabafar sem ver a sua vida devassada, com quem podem partilhar sonhos e visões e encontrar estímulo para a sua fé, nos momentos particularmente difíceis da sua vida.

Como nos fala a música cantada por Milton Nascimento: “Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito; amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração”. Há uma citação interessante do filósofo grego Cícero que diz: “Em tempos duvidosos, o amigo genuíno é conhecido”.

Provérbios 18.24 nos diz que “há um amigo mais chegado do que um irmão”. Os amigos são um bem precioso. São uma dádiva de Deus para todos nós.

A Bíblia não diz o nome desses quatro amigos e nem o nome do paralítico. Mas sabemos que cada um deles tinha um nome, uma profissão, uma família. Mas vamos imaginar que o nome desses amigos fosse Mateus, Marcos, Lucas e João.

Por que esses nomes? Porque eu creio que esses amigos, de alguma forma, representam os quatro Evangelhos. É através dos Evangelhos que nós conhecemos a Pessoa de Cristo. Através dos quatro Evangelhos que nós temos uma visão completa do ministério de Jesus. Mateus nos apresenta Jesus como Rei. Marcos nos apresenta Jesus como o Servo Sofredor. Lucas nos apresenta Jesus como o Filho do Homem ou o Homem Perfeito e João nos apresenta Jesus como o Deus Encarnado. Esses quatro amigos (os quatro Evangelhos), são a representação plena da Pessoa de Cristo. Assim como aqueles quatro leprosos de 2 Reis 7.3-9 que nos diz que quando Samaria estava sitiada pelos inimigos e a fome era extrema na cidade, esses quatro leprosos descobriram que os inimigos haviam partido e deixado tudo, inclusive muito alimento. E foram esses heróis improváveis que salvam a cidade de morrer de fome.

Os quatro amigos desse paralítico o leva à única pessoa que poderia acabar com o seu infortúnio, com seu sofrimento, com seu aleijo. Mas fica uma pergunta, qual o nome do paralítico? Creio, sem dívida nenhuma, que esse paralítico era eu, era você. São todas as pessoas que são levadas a Cristo mediante a pregação da Palavra que nos revela a Pessoa, o ministério e o amor de Deus por nós na pessoa de Seu Filho, e ao ouvir a palavra do Senhor recebe cura, libertação e perdão dos pecados.   

Características de um amigo mais chegado que um irmão:

a) Ama em todos os momentos: “Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão” (Pv 17.17).

b) Repreende com amor: “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto” (Pv 27.5).

c) Dá a vida pelo amigo: “Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os quais pela minha vida expuseram as suas cabeças; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios” (Rm 16.3,4).

d) Confronta para ajudar no crescimento: “Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo” (Pv 27.17).

e) Dá honra: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm 12.10).

Este texto de Lucas é um belo quadro de alguém que se salva graças a fé de seus amigos. Se não fosse por seus amigos, este homem jamais teria chegado à presença curadora de Jesus.

Vou tentar dar uma pequena definição para a pessoa do amigo. Veja:

Disse um soldado ao seu comandante:

- “O meu amigo não voltou do campo de batalha. Meu comandante, eu solicito autorização para ir buscá-lo.”

Respondeu o oficial:

- “Autorização negada!" "Não quero que você arrisque a vida por um homem que, provavelmente, esteja morto!”.

O soldado ignorando a proibição saiu, e uma hora mais tarde voltou mortalmente ferido, transportando o cadáver do seu amigo.

O oficial estava furioso e disse:

- “Eu não lhe disse que ele estava morto!” - “Diga - me, valeu a pena ir até lá para trazer um cadáver?”.

E o soldado, moribundo, respondeu:

- "Claro que sim, meu comandante!

Quando o encontrei, ele ainda estava vivo e disse-me:

- “Tinha a certeza que viria; amigo!”.

Foi exatamente isso que Jesus, o nosso melhor amigo fez por nós. Não para salvar moribundos, mas pessoas mortas para trazer à vida. Jesus morreu a nossa morte para que hoje pudéssemos ter a sua vida. Como nos fala João 15.13: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos”.

2 – OS OBTÁCULOS QUE ESSES HOMENS ENFRENTARAM PARA LEVAR SEU AMIGO A CRISTO (Lc 5.18,19).

“Quando temos um grande sonho, nenhum obstáculo é grande demais para ser superado” (Augusto Cury). Os obstáculos fazem parte da vida. São eles que nos fazem ter certeza – convicção – do que desejamos alcançar.

Se há algo que esses homens tiveram que superar foram os obstáculos para levar o seu amigo à presença de Jesus. E não foram poucos e nem fáceis. Podemos enumerar quatro obstáculos que eles tiveram que vencer:

O primeiro obstáculo foi a multidão. A multidão tornou-se uma muralha intransponível de impedimento ao projeto. Eles queriam deixar o paralítico diante de Jesus, mas agora, nem perto da porta conseguem deixá-lo (Mc 2.2). A multidão formava uma barreira tanto com seus corpos e seus corações.

Geralmente no evangelho de Marcos as multidões são apresentadas como um empecilho para as pessoas chegarem até Jesus. A mulher do fluxo de sangue teve que enfrenta-las (Mc 5.25-27). O cego Bartimeu foi repreendido pela multidão (Mc 10.48). Os quatro amigos têm dificuldade de levar o paralítico até Jesus por causa da multidão. No entanto, aqui em Lucas não há essa forma pejorativa, mas a multidão de alguma forma os impediu de levar o paralítico à presença de Jesus.

O segundo obstáculo foi o peso do paralítico. Se quisermos ajudar as pessoas a irem a Jesus, precisaremos carregá-las na mente, no coração, na alma, nos braços [1]. Isso se chama empatia. É se colocar no lugar do outro e fazer o possível para ajudar. Infelizmente, muitos desistem no percurso da caminhada. Temos o bom exemplo de Rute que não abandonou sua sogra Noemi. Cuidou dela até o fim, devido a isso, foi recompensada casando-se com Boaz. Ambos se tornaram bisavós do rei Davi.

O terceiro obstáculo foi o telhado. Para pôr o amigo doente diante de Jesus eles tiveram carrega-lo até o telhado, destelhar a casa e baixar o amigo até a presença de Jesus. Isso revela a coragem, esforço e os riscos do empreendimento. Estavam dispostos a tudo, menos a abandonar aquele homem ao seu desalento. Essa cobertura externa de uma casa geralmente era plana. Tinha vigas com algumas armações transversais cobertas com ramos e galhos de árvores, sobre a qual havia uma grossa camada de barro misturado com palha, que era amassado e prensado. Apesar de todo o cuidado, recheando com barro, os locais que iam se abrindo em erosão, não conseguiam evitar as goteiras nas suas cabeças, quando dentro de casa comiam e dormiam. Pv 19.13 diz: “O filho insensato é uma desgraça para o pai, e um gotejar contínuo as contendas da mulher”.

Esse tipo de teto não era muito difícil de “desarmar”. Havendo feito uma abertura no teto, os quatro baixaram o “leito” no qual jazia o paralítico. Isso me faz lembrar do filme “Até o Último Homem”, que conta a história do médico do exército Desmond T. Doss (Andrew Garfield) se recusa a pegar em uma arma e matar pessoas, porém, durante a Batalha de Okinawa ele trabalha na ala médica e salva mais de 75 homens feridos descendo eles em corda. Soldados esses que ficaram no campo de batalha abandonados pois não tinha como busca-los sem risco de serem mortos também.  

O Quarto obstáculo foi a crítica dos fariseus e mestres da lei. Se a multidão fechava a porta para o paralítico e seus amigos, os fariseus e os mestres da lei fechavam os corações para os ensinos de Jesus. Eles estavam ali para investigar os seus ensinos. Eles eram os fiscais da religião, os farejadores de heresias. Estavam ouvindo Jesus não de coração aberto, mas para o criticar. A motivação deles não era aprender, mas apanhar Jesus em alguma contradição. Se Jesus desse ouvidos a eles, aquele homem paralítico continuaria paralítico, e pior, não teria recebido o perdão de seus pecados.

3 – COMO OS OBSTÁCULOS FORAM SUPERADOS (Lc 5.18-20).

Vencer na vida é mais que chegar ao topo é olhar para traz e ver o quanto foi difícil chegar até lá. Como falamos, foram vários obstáculos que esses homens precisaram enfrentar e superar para chegar até onde Jesus estava. Mas como eles venceram esses obstáculos? Creio que a resposta para esta pergunta seja:

1º - Perseverança – Ninguém alcança seus objetivos sem perseverança. A perseverança é uma qualidade daquele que persiste, que tem constância nas suas ações e não desiste diante das dificuldades.

Perseverar é conquistar seus objetivos devido ao fato de manter-se firme e fiel a seus ideias e propósitos.

Esses homens não desistiram de alcançar o seu objetivo porque encontraram obstáculos. Aliás, creio que são por causa dos obstáculos que valorizamos o que alcançamos. Tudo que nos vem às mãos de forma muito fácil, geralmente, não damos o devido valor.

2º - Estratégia – Quando eles viram que não iriam conseguir pelas vias normais alguém teve a brilhante ideia de pôr o paralítico diante de Jesus pelo telhado. O projeto deles era arriscado, difícil e engenhoso, mas não lhes faltou disposição.

A vida nos dá as dificuldades e nós lhe apresentamos as estratégias. É assim que vencemos na vida. Entenda uma coisa, o homem sem Jesus está só, doente, perdido. Não há esperança para os aflitos a menos que os levemos a Jesus. Nós não podemos converter as pessoas, mas podemos levá-las a Jesus. Não podemos realizar milagres, mas podemos deixar as pessoas aos pés daquele que realiza milagres. Mas isso não nos impede de sermos estratégicos em nossas ações. No entanto, devemos ter cuidado para não sermos hereges ou usarmos de estratégias suspeitas e controvérsias para alcançar os nossos objetivos. Você pode ser criativo sem ser herege.  

3º - Fé (Lc 5.20) – Talvez no mundo corporativo essas duas coisas, perseverança e estratégia sejam suficientes para se vencer na vida, mas em relação a nós cristãos a fé deve ser o primeiro fator motivacional em nossas vidas. Falamos isso porque para nós cristãos fé significa crer na aprovação de Deus para nossas realizações. A perseverança e a estratégia devem estar aliançadas com os valores cristãos e se for da vontade de Deus para nós o nosso projeto irá se realizar. Veja o que nos fala Tiago:

“Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo” (Tiago 4.13-15).

Como nos ensinou Jesus: “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10).

4 – MEDIANTE A FÉ O MILAGRE É ALCANÇADO (Lc 5.19-21).

Só podemos imaginar o que se passou pelas mentes das pessoas naquela casa lotada, quando os quatro homens começaram a abrir o telhado da casa acima de Jesus. As pessoas devem ter ficado se perguntando o que seria aquele barulho e, de repente, abre-se um buraco acima deles e dele veem descer um homem em uma maca. Espanto, ira, admiração... creio que foi uma enormidade de pensamentos e sentimentos diante daquela cena.

Mas o mais espantoso ainda estava por vir. Ao ver Jesus essa fé que não se detinha ante os obstáculos, Jesus olhou para o paralítico e lhe disse: “Homem, seus pecados lhe são perdoados”. Em Marcos lemos: “Filho, perdoados estão os teus pecados”.

Se abrir o telhado da casa causou admiração aos presentes, as palavras de Jesus causou indignação aos fariseus e mestres da lei.

Segundo a concepção dos judeus a enfermidade sempre era decorrência do pecado. Talvez alguém possa sofrer das consequências de seus pecados (Jo 5), e talvez tenha de sofrer até o fim da vida, mas não obstante pode encontrar-se plenamente sob a graça, pode obter perdão. Esse sim é o milagre real que Jesus veio realizar em nossas vidas.

Naquele momento aquele homem havia alcançado o milagre que ele necessitava. Ele não precisava da cura física, ainda que seja por causa dela que seus amigos o levaram até Jesus, ele precisava era de perdão dos pecados.  

Esse pronunciamento de perdão não foi apenas uma grande bênção para o paralítico, mas também uma fonte de alegria para os seus benfeitores. Eles devem ter se alegrado em seu gozo. Além do mais, foi uma lição para toda a audiência. Todos souberam que este Grande Médico considerava as bênçãos espirituais em um nível mais elevado do que as materiais, além de afirmar que possuía “autoridade”, que é o direito e poder de curar, não somente o corpo, mas também a alma [2].

O verdadeiro milagre vai além da cura física, é a cura da alma, dos traumas, das fobias, o perdão dos pecados.

5 – JESUS PROVA SUA AUTORIDADE PARA PERDOAR PECADOS CURANDO O PARALÍTICO (Lc 5.21-26).

A menção de Jesus ao paralítico dizendo que seus pecados estavam perdoados atraiu a atenção dos mestres da lei, que até agora observavam tudo no anonimato. Com essas palavras de Jesus eles foram atraídos para o centro do palco.

Quem pode perdoar pecados? Só Deus pode. E eles estavam certos em relação a isso, mas errados em não reconhecerem que diante deles estava o Deus encarnado.

Os judeus faziam uma relação entre pecado e sofrimento. Os rabinos entendiam que nenhum enfermo poderia ser curado de sua enfermidade até que Deus perdoasse todos os seus pecados. Os escribas foram apanhados pela sua própria teologia, porque ao mesmo tempo em que rejeitavam a divindade de Cristo, acreditavam piamente que só Deus poderia perdoar pecados. Jesus, então se dirige ao paralítico, dizendo: “Homem, os teus pecados estão perdoados” e logo, curou o homem da sua paralisia. Dentro da teologia dos escribas, a cura era a prova insofismável do perdão. Assim, Jesus provou que não era um charlatão, mas o próprio Filho de Deus, pois fez as duas coisas que só Deus poderia fazer: perdoar e curar.

Observe que o versículo 17 nos diz: “E a virtude do Senhor estava com ele para curar” (ACF). Em outra versão nos diz: “E o poder do Senhor estava com ele para curar” (NAA). No momento em que Jesus perdoou os pecados daquele homem ele alcançou a cura da sua alma. A cura da alma só Deus pode curar. Por isso que o texto aqui em Lucas é enfático em dizer que o poder do Senhor estava com Ele para curar.

Jesus olhou para aquele homem paralítico e vê o que mais ninguém estava vendo, a aflição de sua alma. O peso do pecado que lhe esmagava a mente e o coração. A dor no espírito que lhe tirava a paz. Jesus viu o que ninguém via e o cura onde ninguém poderia imaginar que ele poderia. E para provar que Ele podia perdoar pecados, liberta aquele homem também do seu leito que lhe servia de prisão. Jesus é transcendente, mas também é imanente.   

A Palavra de Deus nos diz: “Sou eu apenas Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe? Poderá alguém esconder-se sem que eu o veja? – diz o Senhor. Não sou eu aquele que enche os céus e a terra? – pergunta o Senhor” (Jr 23.23,24).

6 – SEMPRE QUE ALGUÉM TEM UM ENCONTRO REAL COM JESUS, ALGO EXTRAORDINÁRIO ACONTECE.

Não foi diferente com esse paralítico. Lucas destaca três preciosas verdades:

Em primeiro lugar, o paralítico foi cativo e voltou livre (Lc 5.18,25). Aquele paralítico era doente, pobre, desamparado e oprimido. Ele vivia num completo ostracismo social, abandonado à sua triste sorte. O seu corpo estava surrado pela doença e sua alma assolada pela culpa. A debilidade e a imobilidade eram as marcas da sua vida. Era um homem cativo da doença, prisioneiro de esperança. Vivia na prisão do seu leito, vítima de sua triste enfermidade física, emocional, existencial e espiritual. Mas ao ser levado a Jesus, ficou livre, perdoado e curado.

Em segundo lugar, o paralítico foi carregado e voltou carregando (Lc 5.18,25). O paralítico precisou ser carregado, pois não tinha saúde, nem força nem ânimo. Contudo, agora, recebe ânimo, perdão, cura, força e dignidade. Jesus o restaura publicamente, libertando-o física, emocional e espiritualmente. Jesus devolve-o à sua família, à vida, à sociedade. Agora deixou de ser um peso para as pessoas e poderia carregar seu próprio leito.

Em terceiro lugar, o paralítico foi buscar uma bênção e recebeu duas (Lc 5.20,24). Aquele homem foi buscar cura e encontrou também salvação. Ele foi a Jesus, para resolver um problema imediato e achou a solução para a eternidade. Ao ser colocado aos pés de Jesus, estava doente e perdido. Ao sair, estava curado e salvo.

Muitos são levados a Jesus por causa da enfermidade, depressão, desemprego, conflito conjugal e problema com os filhos. Mas quando chegam buscando uma bênção temporal, recebem de Jesus também o perdão, a libertação e a salvação eterna [3].

CONCLUSÃO

Todo esforço humano é incapaz de salvar uma alma dos seus pecados. No entanto, quando alguém tem um encontro real com Jesus alcança esse grande milagre. O que os homens hoje chamam de milagre – curas físicas – na verdade isso é algo muito pequeno diante do verdadeiro milagre, que é a salvação das nossas almas e o perdão dos nossos pecados. O milagre físico é a prova de que o Senhor tem poder e misericórdia para operar o verdadeiro milagre da vida do ser humano, que é salvá-lo mediante a fé em Jesus.

Por isso que o Senhor nos diz que devemos temer aquele que tem poder para lançar no inferno tanto a alma como o corpo (Mt 10.28). Não adianta alcançarmos nesta a vida a cura física se nossa alma continua em total perdição. A cura desse paralítico é uma prova que todo esforço para estarmos na presença de Jesus será recompensado com suas bênçãos. No caso desse homem o perdão dos pecados e a cura física.

A fé sempre será recompensada, se não for em nosso físico, com certeza, será em nosso espírito.

Pense nisso!

Bibliografia

1 – Lopes, Hernandes Dias. Marcos, O Evangelho dos Milagres, São Paulo, Editora Hagnos, 2006, p. 125.

2 – Hendriksen, William. Marcos, Comentário do Novo Testamento, São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2003, p. 119.

3 – Lopes, Hernandes Dias. Marcos, O Evangelho dos Milagres, São Paulo, Editora Hagnos, 2006, p. 131,132.

Outras obras consultadas:

1 – Morris, Leon L. Lucas, introdução e comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, 1986.

2 – Bruce, F. F. Organizador. Comentário Bíblico NVI, Ed. Vida, 2009.

3 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, 2005.

4 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, São Paulo: Editora Hagnos, 2017.

5 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, 2012.

6 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, 2005.

7 – Edwards. James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, 2019.

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