Por Pr. Silas Figueira
Texto base: Lucas 5.17-26
INTRODUÇÃO
A cura desse paralítico
tem paralelos em Mateus 9.1-8 e Marcos 2.1-12. Através do evangelho de Marcos sabemos
que este incidente ocorreu na cidade de Cafarnaum; é interessante assinalar que
a esta altura de seu ministério, Jesus tinha chegado a estar tão identificado
com Cafarnaum que poderia chamá-la de “sua
cidade”, como lemos em Mateus 9.1. Jesus acabara de chegar de sua cruzada
evangelística, onde pregara a Palavra pelas cidades e vilas da Galileia (Mc
1.38,39).
Jesus nasceu em Belém,
foi educado em Nazaré, mas escolheu Cafarnaum para habitar desde que foi expulso
pelos nazarenos (Lc 4.14-30). Essa cidade tornou-se o quartel-general de Jesus
durante os seus três anos de ministério terreno. A fama de Jesus já havia
corrido pela região, tanto por suas curas quanto por seus ensinamentos.
Esta passagem parece
indicar que essa cura ocorreu na casa de Pedro, pelo que lemos em Marcos. Jesus
estrava diante de vários fariseus e doutores da lei que tinham vindo de todas
as aldeias da Galileia, e da Judeia e de Jerusalém, para ouvi-lo. Isso se
tornou um grande evento na cidade de Cafarnaum ao ponto de a casa de Pedro
virar um local de peregrinação. As multidões estavam ali para ouvi-lo e os
doutores da lei e os fariseus para julgá-lo.
Nos diz o texto em Marcos
que quatro homens ouvindo que Jesus estava na cidade levaram até onde Ele
estava um paralítico em uma maca. Eles criam que Jesus tinha poder para curar o
amigo que estava preso aquele leito. No entanto, eles tiveram que enfrentar
alguns obstáculos para conseguir pôr o amigo na presença de Jesus. É sobre esse
assunto que quero pensar com você e quais as lições que podemos tirar desse
texto.
1
– TODOS NÓS PRECISAMOS DE AMIGOS (Lc 5.18).
O historiador Leandro
Karnal disse que bandidos não têm amigos,
tem comparsas. Este homem tinha amigos. A prova de que esses quatro homens eram
seus amigos foi que eles fizeram de tudo para leva-lo à presença de Jesus. Ninguém
que te encaminha para o mal é seu amigo, mas se alguém faz de tudo para leva-lo
a Cristo, este, com certeza, é seu amigo.
São privilegiados todos
aqueles que nos seus relacionamentos têm pessoas com quem podem contar,
confiar, pedir conselhos e ajuda, desabafar sem ver a sua vida devassada, com
quem podem partilhar sonhos e visões e encontrar estímulo para a sua fé, nos
momentos particularmente difíceis da sua vida.
Como nos fala a música
cantada por Milton Nascimento: “Amigo é
coisa para se guardar do lado esquerdo do peito; amigo é coisa pra se guardar
debaixo de sete chaves, dentro do coração”. Há uma citação interessante do
filósofo grego Cícero que diz: “Em tempos
duvidosos, o amigo genuíno é conhecido”.
Provérbios 18.24 nos
diz que “há um amigo mais chegado do que um irmão”. Os amigos são um
bem precioso. São uma dádiva de Deus para todos nós.
A Bíblia não diz o nome
desses quatro amigos e nem o nome do paralítico. Mas sabemos que cada um deles
tinha um nome, uma profissão, uma família. Mas vamos imaginar que o nome desses
amigos fosse Mateus, Marcos, Lucas e João.
Por que esses nomes? Porque eu creio que esses amigos, de alguma
forma, representam os quatro
Evangelhos. É através dos Evangelhos que nós conhecemos a Pessoa de Cristo.
Através dos quatro Evangelhos que nós temos uma visão completa do ministério de
Jesus. Mateus nos apresenta Jesus como Rei. Marcos nos apresenta Jesus como o
Servo Sofredor. Lucas nos apresenta Jesus como o Filho do Homem ou o Homem
Perfeito e João nos apresenta Jesus como o Deus Encarnado. Esses quatro amigos
(os quatro Evangelhos), são a representação plena da Pessoa de Cristo. Assim como aqueles quatro leprosos de 2
Reis 7.3-9 que nos diz que quando Samaria estava sitiada pelos inimigos e a
fome era extrema na cidade, esses quatro leprosos descobriram que os inimigos
haviam partido e deixado tudo, inclusive muito alimento. E foram esses heróis improváveis que salvam a cidade de morrer de fome.
Os quatro amigos desse paralítico
o leva à única pessoa que poderia acabar com o seu infortúnio, com seu
sofrimento, com seu aleijo. Mas fica uma
pergunta, qual o nome do paralítico? Creio, sem dívida nenhuma, que esse
paralítico era eu, era você. São todas as pessoas que são levadas a Cristo
mediante a pregação da Palavra que nos revela a Pessoa, o ministério e o amor
de Deus por nós na pessoa de Seu Filho, e ao ouvir a palavra do Senhor recebe
cura, libertação e perdão dos pecados.
Características
de um amigo mais chegado que um irmão:
a) Ama em todos os
momentos: “Em todo o tempo ama o amigo e
para a hora da angústia nasce o irmão” (Pv 17.17).
b) Repreende com amor: “Melhor é a repreensão franca do que o amor
encoberto” (Pv 27.5).
c) Dá a vida pelo amigo:
“Saudai a Priscila e a Áquila, meus
cooperadores em Cristo Jesus, os quais pela minha vida expuseram as suas
cabeças; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos
gentios” (Rm 16.3,4).
d) Confronta para ajudar
no crescimento: “Como o ferro com o ferro
se afia, assim, o homem, ao seu amigo” (Pv 27.17).
e) Dá honra: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com
amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm 12.10).
Este texto de Lucas é
um belo quadro de alguém que se salva graças a fé de seus amigos. Se não fosse
por seus amigos, este homem jamais teria chegado à presença curadora de Jesus.
Vou tentar dar uma
pequena definição para a pessoa do amigo. Veja:
Disse um soldado ao seu
comandante:
- “O meu amigo não
voltou do campo de batalha. Meu comandante, eu solicito autorização para ir
buscá-lo.”
Respondeu o oficial:
- “Autorização
negada!" "Não quero que você arrisque a vida por um homem que,
provavelmente, esteja morto!”.
O soldado ignorando a
proibição saiu, e uma hora mais tarde voltou mortalmente ferido, transportando
o cadáver do seu amigo.
O oficial estava
furioso e disse:
- “Eu não lhe disse que
ele estava morto!” - “Diga - me, valeu a pena ir até lá para trazer um
cadáver?”.
E o soldado, moribundo,
respondeu:
- "Claro que sim,
meu comandante!
Quando o encontrei, ele
ainda estava vivo e disse-me:
- “Tinha a certeza que
viria; amigo!”.
Foi exatamente isso que
Jesus, o nosso melhor amigo fez por nós. Não para salvar moribundos, mas
pessoas mortas para trazer à vida. Jesus morreu a nossa morte para que hoje
pudéssemos ter a sua vida. Como nos fala João 15.13: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos
seus amigos”.
2
– OS OBTÁCULOS QUE ESSES HOMENS ENFRENTARAM PARA LEVAR SEU AMIGO A CRISTO (Lc
5.18,19).
“Quando
temos um grande sonho, nenhum obstáculo é grande demais para ser superado”
(Augusto Cury). Os obstáculos fazem parte da vida. São eles que nos fazem ter
certeza – convicção – do que desejamos alcançar.
Se há algo que esses
homens tiveram que superar foram os obstáculos para levar o seu amigo à
presença de Jesus. E não foram poucos e nem fáceis. Podemos enumerar quatro
obstáculos que eles tiveram que vencer:
O primeiro obstáculo
foi a multidão. A multidão tornou-se uma muralha
intransponível de impedimento ao projeto. Eles queriam deixar o paralítico
diante de Jesus, mas agora, nem perto da porta conseguem deixá-lo (Mc 2.2). A
multidão formava uma barreira tanto com seus corpos e seus corações.
Geralmente no evangelho
de Marcos as multidões são apresentadas como um empecilho para as pessoas
chegarem até Jesus. A mulher do fluxo de sangue teve que enfrenta-las (Mc 5.25-27).
O cego Bartimeu foi repreendido pela multidão (Mc 10.48). Os quatro amigos têm
dificuldade de levar o paralítico até Jesus por causa da multidão. No entanto,
aqui em Lucas não há essa forma pejorativa, mas a multidão de alguma forma os
impediu de levar o paralítico à presença de Jesus.
O segundo obstáculo foi
o peso do paralítico. Se quisermos ajudar as pessoas a
irem a Jesus, precisaremos carregá-las na mente, no coração, na alma, nos
braços [1]. Isso se chama empatia. É se colocar no lugar do outro e fazer o
possível para ajudar. Infelizmente, muitos desistem no percurso da caminhada. Temos o bom exemplo de Rute que não
abandonou sua sogra Noemi. Cuidou dela até o fim, devido a isso, foi
recompensada casando-se com Boaz. Ambos se tornaram bisavós do rei Davi.
O terceiro obstáculo
foi o telhado. Para pôr o amigo doente diante de
Jesus eles tiveram carrega-lo até o telhado, destelhar a casa e baixar o amigo
até a presença de Jesus. Isso revela a coragem, esforço e os riscos do
empreendimento. Estavam dispostos a tudo, menos a abandonar aquele homem ao seu
desalento. Essa cobertura externa de uma casa geralmente era plana. Tinha vigas
com algumas armações transversais cobertas com ramos e galhos de árvores, sobre
a qual havia uma grossa camada de barro misturado com palha, que era amassado e
prensado. Apesar de todo o cuidado, recheando com barro, os locais que iam se
abrindo em erosão, não conseguiam evitar as goteiras nas suas cabeças, quando
dentro de casa comiam e dormiam. Pv 19.13 diz: “O filho insensato é uma desgraça para o pai, e um gotejar contínuo as
contendas da mulher”.
Esse tipo de teto não
era muito difícil de “desarmar”. Havendo feito uma abertura no teto, os quatro
baixaram o “leito” no qual jazia o paralítico. Isso me faz lembrar do filme “Até
o Último Homem”, que conta a história do médico do exército Desmond T. Doss
(Andrew Garfield) se recusa a pegar em uma arma e matar pessoas, porém, durante
a Batalha de Okinawa ele trabalha na ala médica e salva mais de 75 homens
feridos descendo eles em corda. Soldados esses que ficaram no campo de batalha
abandonados pois não tinha como busca-los sem risco de serem mortos também.
O Quarto obstáculo foi
a crítica dos fariseus e mestres da lei. Se a multidão
fechava a porta para o paralítico e seus amigos, os fariseus e os mestres da
lei fechavam os corações para os ensinos de Jesus. Eles estavam ali para investigar
os seus ensinos. Eles eram os fiscais da religião, os farejadores de heresias.
Estavam ouvindo Jesus não de coração aberto, mas para o criticar. A motivação
deles não era aprender, mas apanhar Jesus em alguma contradição. Se Jesus desse
ouvidos a eles, aquele homem paralítico continuaria paralítico, e pior, não
teria recebido o perdão de seus pecados.
3
– COMO OS OBSTÁCULOS FORAM SUPERADOS (Lc 5.18-20).
Vencer na vida é mais
que chegar ao topo é olhar para traz e ver o quanto foi difícil chegar até lá.
Como falamos, foram vários obstáculos que esses homens precisaram enfrentar e
superar para chegar até onde Jesus estava. Mas como eles venceram esses
obstáculos? Creio que a resposta para esta pergunta seja:
1º
- Perseverança – Ninguém alcança seus objetivos sem
perseverança. A perseverança é uma qualidade daquele que persiste, que tem
constância nas suas ações e não desiste diante das dificuldades.
Perseverar é conquistar
seus objetivos devido ao fato de manter-se firme e fiel a seus ideias e
propósitos.
Esses homens não
desistiram de alcançar o seu objetivo porque encontraram obstáculos. Aliás,
creio que são por causa dos obstáculos que valorizamos o que alcançamos. Tudo
que nos vem às mãos de forma muito fácil, geralmente, não damos o devido valor.
2º
- Estratégia – Quando eles viram que não iriam
conseguir pelas vias normais alguém teve a brilhante ideia de pôr o paralítico
diante de Jesus pelo telhado. O projeto
deles era arriscado, difícil e engenhoso, mas não lhes faltou disposição.
A
vida nos dá as dificuldades e nós lhe apresentamos as estratégias.
É assim que vencemos na vida. Entenda uma coisa, o homem sem Jesus está só,
doente, perdido. Não há esperança para os aflitos a menos que os levemos a
Jesus. Nós não podemos converter as pessoas, mas podemos levá-las a Jesus. Não
podemos realizar milagres, mas podemos deixar as pessoas aos pés daquele que
realiza milagres. Mas isso não nos impede de sermos estratégicos em nossas
ações. No entanto, devemos ter cuidado para não sermos hereges ou usarmos de
estratégias suspeitas e controvérsias para alcançar os nossos objetivos. Você
pode ser criativo sem ser herege.
3º
- Fé
(Lc 5.20) – Talvez no mundo corporativo essas duas coisas, perseverança e estratégia
sejam suficientes para se vencer na vida, mas em relação a nós cristãos a fé
deve ser o primeiro fator motivacional em nossas vidas. Falamos isso porque
para nós cristãos fé significa crer na aprovação de Deus para nossas
realizações. A perseverança e a estratégia devem estar aliançadas com os
valores cristãos e se for da vontade de Deus para nós o nosso projeto irá se
realizar. Veja o que nos fala Tiago:
“Atendei,
agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá
passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que
sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por
instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser,
não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo” (Tiago
4.13-15).
Como nos ensinou Jesus: “seja feita a tua vontade, assim na terra
como no céu” (Mt 6.10).
4
– MEDIANTE A FÉ O MILAGRE É ALCANÇADO (Lc 5.19-21).
Só podemos imaginar o
que se passou pelas mentes das pessoas naquela casa lotada, quando os quatro
homens começaram a abrir o telhado da casa acima de Jesus. As pessoas devem ter
ficado se perguntando o que seria aquele barulho e, de repente, abre-se um
buraco acima deles e dele veem descer um homem em uma maca. Espanto, ira,
admiração... creio que foi uma enormidade de pensamentos e sentimentos diante
daquela cena.
Mas o mais espantoso
ainda estava por vir. Ao ver Jesus essa fé que não se detinha ante os
obstáculos, Jesus olhou para o paralítico e lhe disse: “Homem, seus pecados lhe são perdoados”. Em Marcos lemos: “Filho, perdoados estão os teus pecados”.
Se abrir o telhado da
casa causou admiração aos presentes, as palavras de Jesus causou indignação aos
fariseus e mestres da lei.
Segundo a concepção dos
judeus a enfermidade sempre era decorrência do pecado. Talvez alguém possa
sofrer das consequências de seus pecados (Jo 5), e talvez tenha de sofrer até o
fim da vida, mas não obstante pode encontrar-se plenamente sob a graça, pode
obter perdão. Esse sim é o milagre real que Jesus veio realizar em nossas
vidas.
Naquele
momento aquele homem havia alcançado o milagre que ele necessitava.
Ele não precisava da cura física, ainda que seja por causa dela que seus amigos
o levaram até Jesus, ele precisava era de perdão dos pecados.
Esse pronunciamento de
perdão não foi apenas uma grande bênção para o paralítico, mas também uma fonte
de alegria para os seus benfeitores. Eles devem ter se alegrado em seu gozo.
Além do mais, foi uma lição para toda a audiência. Todos souberam que este
Grande Médico considerava as bênçãos espirituais em um nível mais elevado do
que as materiais, além de afirmar que possuía “autoridade”, que é o direito e
poder de curar, não somente o corpo, mas também a alma [2].
O verdadeiro milagre
vai além da cura física, é a cura da alma, dos traumas, das fobias, o perdão
dos pecados.
5
– JESUS PROVA SUA AUTORIDADE PARA PERDOAR PECADOS CURANDO O PARALÍTICO (Lc
5.21-26).
A menção de Jesus ao
paralítico dizendo que seus pecados estavam perdoados atraiu a atenção dos
mestres da lei, que até agora observavam tudo no anonimato. Com essas palavras
de Jesus eles foram atraídos para o centro do palco.
Quem pode perdoar
pecados? Só Deus pode. E eles estavam certos em relação a isso, mas errados em
não reconhecerem que diante deles estava o Deus encarnado.
Os
judeus faziam uma relação entre pecado e sofrimento.
Os rabinos entendiam que nenhum enfermo poderia ser curado de sua enfermidade
até que Deus perdoasse todos os seus pecados. Os escribas foram apanhados pela
sua própria teologia, porque ao mesmo tempo em que rejeitavam a divindade de
Cristo, acreditavam piamente que só Deus poderia perdoar pecados. Jesus, então
se dirige ao paralítico, dizendo: “Homem,
os teus pecados estão perdoados” e logo, curou o homem da sua paralisia.
Dentro da teologia dos escribas, a cura era a prova insofismável do perdão.
Assim, Jesus provou que não era um charlatão, mas o próprio Filho de Deus, pois
fez as duas coisas que só Deus poderia fazer: perdoar e curar.
Observe que o versículo
17 nos diz: “E a virtude do Senhor estava
com ele para curar” (ACF). Em outra versão nos diz: “E o poder do Senhor estava com ele para curar” (NAA). No momento
em que Jesus perdoou os pecados daquele homem ele alcançou a cura da sua alma.
A cura da alma só Deus pode curar. Por isso que o texto aqui em Lucas é
enfático em dizer que o poder do Senhor estava com Ele para curar.
Jesus
olhou para aquele homem paralítico e vê o que mais ninguém estava vendo, a
aflição de sua alma. O peso do pecado que lhe esmagava a
mente e o coração. A dor no espírito que lhe tirava a paz. Jesus viu o que
ninguém via e o cura onde ninguém poderia imaginar que ele poderia. E para
provar que Ele podia perdoar pecados, liberta aquele homem também do seu leito
que lhe servia de prisão. Jesus é transcendente, mas também é imanente.
A Palavra de Deus nos
diz: “Sou eu apenas Deus de perto, diz o
Senhor, e não também Deus de longe? Poderá alguém esconder-se sem que eu o
veja? – diz o Senhor. Não sou eu aquele que enche os céus e a terra? – pergunta
o Senhor” (Jr 23.23,24).
6
– SEMPRE QUE ALGUÉM TEM UM ENCONTRO REAL COM JESUS, ALGO EXTRAORDINÁRIO
ACONTECE.
Não foi diferente com
esse paralítico. Lucas destaca três preciosas verdades:
Em
primeiro lugar, o paralítico foi cativo e voltou livre (Lc 5.18,25).
Aquele paralítico era doente, pobre, desamparado e oprimido. Ele vivia num
completo ostracismo social, abandonado à sua triste sorte. O seu corpo estava surrado
pela doença e sua alma assolada pela culpa. A debilidade e a imobilidade eram
as marcas da sua vida. Era um homem cativo da doença, prisioneiro de esperança.
Vivia na prisão do seu leito, vítima de sua triste enfermidade física,
emocional, existencial e espiritual. Mas ao ser levado a Jesus, ficou livre,
perdoado e curado.
Em
segundo lugar, o paralítico foi carregado e voltou carregando (Lc 5.18,25).
O paralítico precisou ser carregado, pois não tinha saúde, nem força nem ânimo.
Contudo, agora, recebe ânimo, perdão, cura, força e dignidade. Jesus o restaura
publicamente, libertando-o física, emocional e espiritualmente. Jesus devolve-o
à sua família, à vida, à sociedade. Agora deixou de ser um peso para as pessoas
e poderia carregar seu próprio leito.
Em
terceiro lugar, o paralítico foi buscar uma bênção e recebeu duas (Lc 5.20,24).
Aquele homem foi buscar cura e encontrou também salvação. Ele foi a Jesus, para
resolver um problema imediato e achou a solução para a eternidade. Ao ser
colocado aos pés de Jesus, estava doente e perdido. Ao sair, estava curado e
salvo.
Muitos são levados a
Jesus por causa da enfermidade, depressão, desemprego, conflito conjugal e
problema com os filhos. Mas quando chegam buscando uma bênção temporal, recebem
de Jesus também o perdão, a libertação e a salvação eterna [3].
CONCLUSÃO
Todo esforço humano é
incapaz de salvar uma alma dos seus pecados. No entanto, quando alguém tem um
encontro real com Jesus alcança esse grande milagre. O que os homens hoje
chamam de milagre – curas físicas – na verdade isso é algo muito pequeno diante
do verdadeiro milagre, que é a salvação das nossas almas e o perdão dos nossos
pecados. O milagre físico é a prova de que o Senhor tem poder e misericórdia
para operar o verdadeiro milagre da vida do ser humano, que é salvá-lo mediante
a fé em Jesus.
Por isso que o Senhor
nos diz que devemos temer aquele que tem poder para lançar no inferno tanto a
alma como o corpo (Mt 10.28). Não adianta alcançarmos nesta a vida a cura
física se nossa alma continua em total perdição. A cura desse paralítico é uma
prova que todo esforço para estarmos na presença de Jesus será recompensado com
suas bênçãos. No caso desse homem o perdão dos pecados e a cura física.
A fé sempre será
recompensada, se não for em nosso físico, com certeza, será em nosso espírito.
Pense nisso!
Bibliografia
1 – Lopes, Hernandes Dias. Marcos, O Evangelho dos
Milagres, São Paulo, Editora Hagnos, 2006, p. 125.
2 – Hendriksen, William. Marcos, Comentário do Novo
Testamento, São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2003, p. 119.
3 – Lopes, Hernandes Dias. Marcos, O Evangelho dos
Milagres, São Paulo, Editora Hagnos, 2006, p. 131,132.
Outras obras consultadas:
1 – Morris, Leon L. Lucas, introdução e comentário,
Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, 1986.
2 – Bruce, F. F. Organizador. Comentário Bíblico
NVI, Ed. Vida, 2009.
3 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas,
Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, 2005.
4 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem
perfeito, São Paulo: Editora Hagnos, 2017.
5 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1,
Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, 2012.
6 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas,
Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, 2005.
7 – Edwards. James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd,
2019.
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