terça-feira, 2 de agosto de 2011

O dia mau na vida do homem


Por Ivan G. G. Ross

“Tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau” Efésios 6:13

O que significa esse “dia mau”? Alguns dizem que á a vida inteira do cristão. Jacó, já à beira da morte, lamentou: “Poucos e maus foram os dias dos anos da minha vida” (Gn. 47.9). Cristo advertiu os discípulos: “No mundo passais por aflições” (Jo. 16.33). Mas este sofrimento generalizado é a porção de qualquer pessoa, afinal, todos nós somos herdeiros das conseqüências do pecado.

Contudo, no texto citado, o Apóstolo Paulo está indicando algo bem mais específico. É um dia que se distingue de todos os demais. Ele traz uma novidade, algo que os outros dias não apresentam, males como: desastres naturais (uma enchente destruindo a propriedade); desastres materiais (a casa sendo assaltada); desastres físicos (uma doença terminal); desastre final (a chegada do último inimigo, a morte vem para ceifar mais uma vida). Seja qual for a natureza específica desse momento, ele poderá ser suavizado como o devido preparo: “Tomai toda armadura de Deus, para que possais resistir (permanecer inabalável) no dia mau” (Ef. 3.13). Deus já providenciou os recursos necessários para que sejamos mais que vencedores no “dia mau”.

Vamos observar algumas características da visitação desse “dia mau”:

O “dia mau” é inescrupuloso, isto é, não tem pena de sua vítima. Seja qual for a natureza desse mal, ele vem para desorientar e machucar, não leva em conta os sentimentos de ninguém.

O dia, em si, não é pecado, ou seja, a pessoa que recebe esta visitação não se torna culpada de pecado. O pecado é sempre a transgressão da lei de Deus (1Jo. 3.4). O dia mau é algo que vem sobre nós involuntariamente e sem a nossa participação.

Também devemos lembrar que esse dia mau, normalmente, não vem por cauda de um pecado específico que estamos abrigando em nossa vida. Entendemos que, para o cristão, o dia mau vem com a soberana permissão de Deus, e é por isso que Ele está presente conosco nestas aflições: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo” (Sl. 12.4).

Muitas vezes, esse “dia mau” é permitido para provocar uma manifestação da sinceridade da nossa fé. Nós vamos permanecer fiéis no meio da tribulação e glorificaremos a Deus, ou negaremos a fé a fim de nos livrarmos da aflição? Lembremo-nos de Jó.

Esse dia mau é permitido para nos fazer lembrar que este mundo é assim mesmo e, portanto, impróprio para a construção de esperanças permanentes. Abraão, sentindo a sua vulnerabilidade, “aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hb. 11.10). De forma semelhante, sentindo a nossa insegurança, devemos buscar refúgio sob as asas do Deus poderoso, o Deus que envia o seu auxílio (Rt. 212; Sl. 57.3)

Uma outra característica a ser abordada é que o “dia mau” é inevitável, isto é, há de chegar, independente do nosso estado espiritual. Em Eclesiastes capítulo 8, versículo 8, está escrito: “Não há nenhum homem que tenha domínio sobre o vento para o reter; nem tão pouco tem ele poder sobre o dia da morte; nem há tréguas nesta peleja”. A morte é um temido exemplo de “dia mau”. Com o nosso nascimento, ela já foi anunciada: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, depois disso, o juízo” (Hb. 9.27). Devemos ter consciência da imutabilidade das determinações de Deus, porque Ele mesmo já se pronunciou: “Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei” (Is. 46.11). Quando a ordem da morte é emitida, não há como resistir, temos de ir.

O “dia mau” é também inescusável, isto é, não há desculpas para justificar a nossa falta de preparo. Já fomos advertidos: haverá dias maus para cada pessoa, “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau” (Ef. 6.13). Podemos meditar sobre esta necessidade em termos de dever e prudência:

O nosso próprio dever. A Bíblia ensina: “A sabedoria do prudente é entender o seu próprio caminho” (Pv. 14.8). Sabemos que dias maus nos aguardam, portanto, devemos estar preparados. A boa providência de Deus nos oferece inúmeras oportunidades para ficarmos prevenidos contra estas visitações negativas, e oportunidades são dadas a fim de serem aproveitadas. O escritor aos Hebreus exclamou: “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?” (Hb. 2.3).

À luz da prudência. Eis a voz das Escrituras: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim, como sábios, redimindo o tempo, porque os dias são maus” (Ef. 15-16). Este preparo para o “dia mau” é uma questão de prioridade. Devemos sentir uma urgência na exortação do Apóstolo Paulo: “Eis agora o tempo sobremodo oportuno, eis agora o dia da salvação” (2Cor. 6.2). É muito difícil e até impossível se vestir em pleno dia mau; achando-se nu, permanecerá nu e desabrigado. Não sabemos a hora da chegada. Portanto, devemos ser prudentes e nos preparar para aquele dia. “O choro de remorso por causa de oportunidades desperdiçadas não traz nenhum auxílio e nem consolo: Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau” (Ef. 6.13).

A própria experiência pessoal deve nos ensinar que estamos expostos a todo tipo de mal. Contudo, apesar das duras evidências da realidade desse dia temível, percebemos que poucos se preparam. Evidentemente, é mais cômodo adiar qualquer decisão, ou esconder-se atrás de formas de mentiras, tais como: este dia não existe, é só para nos amedrontar; talvez este dia possa chegar, mas é reservado somente para os idosos, eu ainda sou muito jovem, não vou me preocupar com estes assuntos por enquanto; este dia mau é o castigo de Deus para pecadores, mas eu sou crente, protegido contra tais adversidades, por isso não preciso me incomodar com tais coisas negativas.

O que devemos fazer para estarmos devidamente preparados? É necessário desembaraçar-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, e firmarmos todas as nossas esperanças em Jesus Cristo, porque Ele é a armadura de Deus (Hb. 12.1-2). “Mas revesti-vos do Senhor Jesus, e nada disponhais para a carne, no tocante às suas concupiscências” (Rm. 13.14).

Texto extraído do livro “Vasos de honra e de desonra – Lições Práticas para Assuntos Polêmicos – Ver. Ivan G. G. Ross, Dataromel Publicações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário