terça-feira, 5 de julho de 2011

O Ódio de Deus


Por Kyle Baker

É comum ouvir-se hoje nas igrejas a respeito do amor de Deus. Porém, coisa raríssima é encontrar o ódio de Deus como tópico de debate. Quando isso acontece, usa-se certo adágio para princípio de conversa: "Deus odeia o pecado, mas ama o pecador!". Pergunte à maioria dos crentes professos a respeito do ódio de Deus e eles lhe responderão de modo similar.

Examinemos as Escrituras para ver se isso é verdade!

Inicialmente, permita-nos responder a pergunta: "Deus odeia o pecado?".

Hebreus 1.8, 9: "Mas a respeito do Filho, diz 'O teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre; cetro de eqüidade é o cetro do teu reino. Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, escolheu-te dentre os teus companheiros, ungindo-te com óleo de alegria'".

O escritor de Hebreus cita uma passagem de Salmos e a aplica ao Senhor Jesus Cristo. É claro que Deus ama a justiça e odeia a impiedade. Portanto, Deus odeia o pecado! Isto também é afirmado em outras passagens:

Provérbios 6.16-19: "Há seis coisas que o SENHOR odeia, sete coisas que ele detesta: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que traça planos perversos, pés que se apressam para fazer o mal, a testemunha falsa que espalha mentiras e aquele que provoca discórdia entre irmãos".

Estas — é claro — não são as únicas coisas que Deus odeia; elas são apenas uma pequena lista. Podemos dizer "amém", de coração, à primeira parte do adágio sob exame: "Deus odeia o pecado".

Permita-nos responder a pergunta: "(Mas) Deus ama o pecador?".

Salmos 5.3-7: "De manhã ouves, Senhor, o meu clamor; de manhã te apresento a minha oração e aguardo com esperança. Tu não és um Deus que tenha prazer na injustiça; contigo o mal não pode habitar. Os arrogantes não são aceitos na tua presença; odeias todos os que praticam o mal Destróis os mentirosos; os assassinos e os traiçoeiros o SENHOR detesta. Eu, porém, pelo teu grande amor, entrarei em tua casa; com temor me inclinarei para o teu santo templo".

O salmista diz que Deus "odeia todos os que praticam o mal" e que ele detesta "os assassinos e os traiçoeiros". Aqui Deus odeia o próprio pecador, não só seus pecados. Repare no contraste: Deus odeia o praticante do mal, mas ama o salmista com "grande amor".

Salmos 11.4-7: "O Senhor está no seu santo templo; o Senhor tem o seu trono nos céus. Seus olhos observam; seus olhos examinam os filhos dos homens. O SENHOR prova o justo, mas o ímpio e a quem ama a injustiça, a sua alma odeia. Sobre os ímpios ele fará chover brasas ardentes e enxofre incandescente; vento ressecante é o que terão. Pois o Senhor é justo, e ama a justiça; os retos verão a sua face".

Percebemos que a alma de Deus odeia quem ama a injustiça, e sobre tais pessoas ele derramará brasas ardentes e enxofre incandescente como castigo eterno. Repare também aqui que Deus odeia o ímpio, mas ama o justo!

Romanos 9.10-16: "E esse não foi o único caso; também os filhos de Rebeca tiveram um mesmo pai, nosso pai Isaque. Todavia, antes que os gêmeos nascessem ou fizessem qualquer coisa boa ou má — afim de que o propósito de Deus conforme a eleição permanecesse, não por obras, mas por aquele que chama —foi dito a ela: 'O mais velho servira ao mais novo'. Como está escrito: 'Amei jacó, mas rejeitei [gr., odiei] Esaú'. E então, que diremos? Acaso Deus é injusto? De maneira nenhuma! Pois ele diz a Moisés: 'Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão'. Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus".

Antes de Jacó e Esaú terem nascido e antes de eles terem feito o bem ou o mal, Deus jã fizera a escolha de quem amaria e de quem odiaria. Isso aconteceu exclusivamente para que o bom propósito de Deus e seus atributos pudessem ser conhecidos (Rm 9.17-23). O amor e o ódio de Deus não dependem da "vontade humana", mas apenas de Deus. Por ser o supremo governante e criador do universo, é natural que Deus tenha o direito de escolher a quem amar e a quem odiar.

Portanto, o adágio "Deus odeia o pecado, mas ama o pecador", segundo a Bíblia, é falso. A afirmação encontrada na Escritura a respeito do ódio de Deus pode causar duas reações em quem a ouvir. Ela é capaz de endurecer o coração de modo a quem alguém diga: "Como o Deus descrito pela Bíblia pode ser justificado ao agir dessa forma?". Essa pessoa também é capaz de pensar:

"Não posso servir a um Deus que não ama todas as pessoas", ou talvez "Nunca fiz nada de mal para merecer o ódio de Deus". Além disso, outras pessoas afirmarão sua incapacidade de julgar a Deus dessa forma (Rm 9.20). Eles percebem que a Palavra de Deus é a descrição verdadeira de Deus, e que esses atributos de Deus devem ser aceitos. Na verdade, eles não devem ser só aceitos, mas devem ser motivo de júbilo; porque este é Deus, e precisamos nos regozijar na verdade de sua revelação!

As passagens acima fazem distinção entre o ódio e o amor. Deus odeia quem pratica o mal, mas ama o salmista. Deus odeia o ímpio, mas ama o justo. Deus odeia Esaú, mas ama Jacó. Qual é a diferença? Como um pode ser ímpio e o outro justo? A diferença é Jesus Cristo e sua obra realizada na cruz Por causa do sangue de Cristo vertido, os eleitos de Deus são declarados justos (Rm 5.9). A diferença não é questão de quem peca e de quem não o faz, por que não há diferença; todos pecaram e estão destituídos da graça de Deus (Rm 3.22,23). A diferença é Jesus Cristo, e apenas ele!

Deus não ama e odeia as pessoas. Elas são amadas ou odiadas — esses são pensamentos opostos na Escritura. Quem foi comprado por Jesus Cristo na cruz jamais foi odiado por Deus. Vimos que a Escritura afirma o ódio de Deus pelo pecador, mas aquele por quem Cristo morreu nunca é considerado pecador aos olhos de Deus. Ele foi eleito e amado em Cristo desde antes da fundação do mundo (Ef 1.4,5). Quando Deus olha para seus filhos (aqueles a quem ele escolheu amar), ele não os odeia porque sua inocência foi assegurada pelo Senhor Jesus Cristo.

Efésios 2.4, 5: "Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos".

Repare no que Paulo diz Deus ama os eleitos mesmo quando estavam mortos em transgressões. (Em outras palavras, quando eles chafurdavam no pecado, antes de serem regenerados.) É responsabilidade de toda pessoa pesquisar as Escrituras e descobrir se ela é um filho amado de Deus, ou se ela se encontra entre aqueles que Deus escolheu odiar. Um se regozijará com a revelação de Deus, o outro endurecerá o coração contra a verdade.

Fonte: Ortopraxia

Um comentário:

  1. Palavra do Senhor essa! E sempre quando reflito sobre essa questão vem a minha mente o fato de que sou amada por Deus, e por isso tenho que anunciar esse amor, lançando a rede para alcançar as almas perdidas que Ele tanto ama. Ainda que elas nem saibam disso. Aí é como está no texto:
    "É responsabilidade de toda pessoa pesquisar as Escrituras e descobrir se ela é um filho amado de Deus, ou se ela se encontra entre aqueles que Deus escolheu odiar. Um se regozijará com a revelação de Deus, o outro endurecerá o coração contra a verdade."

    No amor Dele,
    Naná :D

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