quarta-feira, 20 de julho de 2011

Me Gloriarei nas minhas fraquezas


O Poder de Deus se Revela de Forma Muito Mais Plena nas Fraquezas Humanas.

Por J. I. Packer

Existem muitos tipos de fraquezas. Há a fraqueza física do deficiente físico; há a fraqueza de caráter da pessoa que age enganosamente ou em vícios; há a fraqueza intelectual da pessoa com capacidades limitadas; há a fraqueza resultante da exaustão, depressão, pressão, marcas e sobrecargas emocionais. Deus santifica todas estas formas de fraquezas ao capacitar o fraco para que seja mais forte (mais paciente, relacional, afetuoso, tranquilo, alegre e equilibrado) do que parecia ser possível diante das circunstâncias. Este é uma demonstração do seu poder que ele tem prazer em dar.

Paulo declara este princípio nas palavras a seguir: "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal. De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida" (2Co 4.7-12). Em um mundo como o nosso, dominado pelo egocentrismo, comodismo e orientado à busca do prazer, as palavras do apóstolo soam dissonantes e brutais. Mas elas conduzem, no entanto, o verdadeiro sentido de um ditado popular muito conhecido e respeitado que diz: "O extremo humano é a oportunidade de Deus". Oportunidade para quê? - para mostrar o seu poder, o poder de sua graça, agora manifestado para o louvor de sua glória.

Ser fraco, ou sentir-se fraco, não é em si algo engraçado, nem pode ser uma condição do que o mundo veria como a máxima eficiência. É possível que se espere que Deus use o seu poder para eliminar essa fraqueza da vida dos seus servos. Entretanto, o que ele, de fato, repetidamente faz é conduzir os seus servos às maravilhas não fixas - às vezes, sem dúvida, no sentido físico, maravilhas imobilizadas - de sabedoria, amor e ajuda aos outros, apesar de suas limitações. É desta maneira que o amor mostra o seu poder. Esta é uma verdade vital que deve ser aprendida.

O próprio Paulo aprendeu toda esta lição pelo seu relacionamento com os cristãos de Corinto. Paulo não era um homem de meia medida ou de relacionamentos mornos. Ele era, naturalmente, uma "bola de fogo", como dissemos, dominador, combativo, brilhante e apaixonado. Consciente de sua autoridade apostólica e bem certo de que seu ensino era definitivo e saudável, ele se envolveu completamente na tarefa de discipular os seus convertidos. Ele sentia e expressava grande afeição por eles, porque eram de Cristo, e, naturalmente, esperava, não somente obediência, mas também afeição da parte deles.

No entanto, no caso dos coríntios, a obediência não era praticada, nem a afeição era muito sentida. Isto aconteceu, em parte, pelo fato de Paulo não ter alcançado as expectativas intelectuais deles (como Paulo ilustra em suas duas cartas), levando-o, então, a ser desrespeitado. Paulo, na verdade, não os tinha impressionado como mestre. Aconteceu também, pelo fato de outros mestres, cuja argumentação filosófica os tinha impressionado, terem conquistado o respeito e a lealdade deles. Por fim, isto também aconteceu pelo fato de os coríntios terem adotado uma visão triunfalista da vida espiritual, que valorizava o falar em línguas e o exibicionismo, em detrimento do amor, humildade e justiça. Eles entendiam que o cristão era uma pessoa liberta por Cristo para fazer qualquer coisa que desejasse, sem consideração alguma pelas consequências. Eles viam o apóstolo Paulo como uma pessoa "fraca" – cuja presença e discurso não impressionavam (2Co 10.10) e, possivelmente, equivocado em questões doutrinárias e morais. Eles eram muito críticos do estilo pessoal e atitudes de Paulo.

Qualquer pessoa que estivesse na posição de Paulo sentiria a mesma dor que ele sentiu. Ao lermos suas cartas aos Coríntios, podemos perceber suas expressões de amor angustiado e suas manifestações de dor, ira, desapontamento, frustração e sarcasmo. Tudo isto foi muito difícil para ele. Entretanto, sua resposta foi magnífica. Ele assumiu a sua fraqueza - não a fraqueza de ministério que os coríntios alegavam, mas a de um corpo enfermo, da função de servo e de um coração ferido - como seu chamado na terra. Ele diz: "Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza" (2Co 11.30). "De tal coisa me gloriarei; não, porém, de mim mesmo, salvo nas minhas fraquezas" (2Co 12.5).

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