segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O Teísmo Aberto e o Livre-Arbítrio


O Teísmo Aberto declara que Deus concedeu às pessoas o livre-arbítrio e para que este livre-arbítrio permaneça livre, Deus não pode conhecer de antemão quais serão as escolhas das pessoas. Eles argumentam que se Deus conhecesse uma futura escolha de uma pessoa, então, esta pessoa não seria verdadeiramente livre para escolher algo diferente quando chegar o tempo de fazer aquela escolha. Portanto, eles dizem, se Deus conhece as futuras escolhas do livre-arbítrio das pessoas, então, isto significa que o livre-arbítrio realmente não existe.

Além do mais, eles sustentam uma visão do livre-arbítrio conhecida como livre-arbítrio libertariano. Esta é a posição de que uma pessoa é igualmente capaz de fazer escolhas entre opções independentemente das pressões ou coações de causas externas ou internas. Em outras palavras, a pessoa é capaz de igualmente escolher entre uma série de opções. Por contraste, o livre-arbítrio compatibilista sustenta que uma pessoa pode escolher somente o que é consistente com sua natureza e que há coações e influências sobre sua capacidade de escolher. No livre-arbítrio libertariano, um pecador é igualmente capaz de escolher ou rejeitar Deus, a despeito de sua condição pecaminosa. No livre-arbítrio compatibilista, um pecador pode escolher fazer somente o que é consistente com sua natureza pecaminosa.

Livre-Arbítrio Libertariano

O livre-arbítrio é afetado pela natureza humana, mas ainda possui a capacidade de escolha contrária à nossa natureza e desejos.

Livre-Arbítrio Compatibilista

O livre-arbítrio é afetado pela natureza humana e não pode escolher contrariamente à nossa natureza e desejos.

No compatibilismo uma pessoa que é escrava do pecado (Romanos 6:14-20) e que não pode entender as coisas espirituais (1 Coríntios 2:14), não será capaz de escolher a Deus de seu próprio livre-arbítrio, porque seu livre-arbítrio não tem a capacidade de contradizer sua natureza e sua natureza é contra Deus, morta e incapaz de escolher a Deus. O libertarianismo sustenta que apesar da natureza de uma pessoa, seu livre-arbítrio lhe permite escolher a Deus, a despeito de ser um escravo do pecado e não ser capaz de entender as coisas espirituais. Eu creio que o aspecto mais singularmente importante do open theism é a visão libertariana do livre-arbítrio e que a Bíblia, a pecaminosidade humana, a liberdade humana, a natureza de Deus e o próprio tempo são vistos através desse filtro. De fato, eu ainda creio que a Bíblia é reinterpretada à luz desta "verdade".

A diferença entre as definições tem um profundo efeito sobre o open theism porque o open theism deve sustentar a visão libertariana do livre-arbítrio, e não o compatibilismo. Por que? Porque os "teístas abertos" sustentam a absoluta soberania do livre-arbítrio do indivíduo, apesar da natureza pecaminosa da pessoa. Mas, o compatibilismo ensina que a vontade é somente livre à medida que sua natureza lhe permite ser livre. Se a última posição for verdadeira, então, como o Deus do open theism poderia salvar alguém sem interferir em sua vontade? Mas, visto que o open theism mantém que Deus não somente é ignorante das escolhas do livre-arbítrio das pessoas, Ele não interferiria no livre-arbítrio de ninguém.

Todavia, a Bíblia nos ensina que Deus deveras intervém nas livres escolhas das pessoas. Por favor, considere Provérbios 21:1 que diz, "Como corrente de águas é o coração do rei na mão do Senhor; ele o inclina para onde quer". Se o livre-arbítrio libertariano for verdade e se Deus não interfere no livre-arbítrio da pessoa de forma alguma, então, como Provérbios 21:1 pode ser verdade? Além do mais, considere como Deus até mesmo endurece os corações das pessoas para realizar a Sua vontade: "Mas Siom, rei de Hesbom, não nos quis deixar passar por sua terra, porquanto o Senhor teu Deus lhe endurecera o espírito, e lhe fizera obstinado o coração, para to entregar nas mãos, como hoje se vê" (Deuteronômio 2:30). Também, "Porquanto do Senhor veio o endurecimento dos seus corações para saírem à guerra contra Israel, a fim de que fossem destruídos totalmente, e não achassem piedade alguma, mas fossem exterminados, como o Senhor tinha ordenado a Moisés" (Josué 11:20). Não importa o quão difícil alguns versos possam ser, o fato é que Deus definitivamente influencia os corações dos indivíduos. Se isto é assim, então, o que acontece com a posição do "teísta aberto" de que Deus não interfere, de forma alguma, nas escolhas do livre-arbítrio das pessoas?

Livre-Arbítrio

A Bíblia diz que o incrédulo é um escravo do pecado (Romanos 6:14-20), tem um coração que é desesperadamente perverso (Jeremias 17:9) e cheio de maldade (Marcos 7:21-23), ama mais as trevas do que a luz (João 3:19), está morto em seus pecados (Efésios 2:1), não busca a Deus (Romanos 3:10-12), e não pode entender as coisas espirituais (1 Coríntios 2:14). Estes fatos influenciam a vontade humana? Tanto o libertarianismo como o compatibilismo dizem que sim, mas o libertarianismo diz que a natureza caída do homem não restringe o livre-arbítrio suficientemente para limitar a escolha. O compatibilismo, por outro lado, declara que não podemos violar nossas próprias naturezas e que nossas vontade é parte de nossa natureza, e que nossa vontade está diretamente relacionada e afetada pela nossa natureza que, a Bíblia diz, está em numa situação extremamente má. Portanto, no compatibilismo, se alguém é um escravo do pecado, está morto, não busca a Deus, é cheio de maldade e não entende as coisas espirituais, faz sentido dizer que suas escolhas são limitadas ao escopo permitido pela descrição apresentada na Bíblia. Mas o libertarianismo dirá que a vontade é algo independente da natureza, visto que ela é capaz de escolher contrariamente à sua natureza. Isto, certamente, é ilógico.

Livre-arbítrio é a capacidade de uma pessoa fazer escolhas que determinam algumas ou todas as suas ações. Eu proponho que o livre-arbítrio envolve três aspectos: consciência, desejo e escolha. A consciência leva ao desejo, que leva à escolha. Por favor, considere o seguinte:

Consciência, Desejo e Escolha

Antes que possamos fazer uma escolha sobre qualquer coisa, devemos primeiro desejar escolhê-la. Mas antes que possamos desejar escolher algo, devemos estar cientes deste algo. Assim, não podemos escolher algo do qual não estamos cientes. Além do mais, não podemos estar cientes de algo além da nossa capacidade ou natureza de estarmos cientes. Por exemplo, há coisas no universo dos quais não podemos estar cientes da dimensão, ou escopo, ou lugar, ou tempo; isto está simplesmente além da nossa capacidade de compreender, dada nossa natureza humana limitada. Portanto, essas realidades não conhecidas, não podem ser coisas das quais estamos cientes (e as quais compreendamos), visto que não temos conhecimento delas. Isto significa que não somos livres para fazer escolhas sobre elas, porque não estamos cientes delas. Nossa falta de ciência é logicamente restringida pela nossa natureza.

Se nossa natureza afeta nossa capacidade de escolher, então, o que a Bíblia diz sobre nossa natureza afetará da mesma forma nossa capacidade de escolher. Como eu disse acima, o incrédulo é um escravo do pecado (Romanos 6:14-20), tem um coração que é desesperadamente perverso (Jeremias 17:9) e cheio de maldade (Marcos 7:21-23), ama mais as trevas do que a luz (João 3:19), está morto em seus pecados (Efésios 2:1), não busca a Deus (Romanos 3:10-12), e não pode entender as coisas espirituais (1 Coríntios 2:14). Devemos perguntar como uma vontade pecaminosa é capaz de escolher contrariamente ao que a Bíblia claramente declara concernente à sua natureza.

Livre-Arbítrio Libertariano

Os libertarianos concordarão, eu espero, que somos limitados pelas nossas naturezas para sermos capazes de escolher somente entre opções das quais estamos cientes. Do que eu tenho lido sobre os "teístas abertos", eles facilmente concordam com esta realidade. Mas, apesar das passagens das Escrituras sobre a natureza dos incrédulos citadas acima, eles ainda mantém que o livre-arbítrio humano não é limitado pela nossa pecaminosidade e que ele ainda é capaz de fazer escolhas iguais entre opções iguais - falam, por exemplo, da capacidade de escolher ou rejeitar a Cristo, a despeito da declaração da Bíblia das limitações da nossa natureza pecaminosa.

Mas, o que parece estar acontecendo é que os "teístas abertos" querem ambos os caminhos. Eles querem dizer que somos afetados pela nossa natureza, e até mesmo que somos pecadores por natureza, e querem dizer também que nossa capacidade de escolha não é limitada por esta natureza pecaminosa. Mas, como pode ser isto, dada a clara direção da Escritura sobre nossa condição pecaminosa, que declara que o incrédulo é escravo do pecado (Romanos 6:14-20), ama mais as trevas do que a luz (João 3:19), não busca a Deus (Romanos 3:10-12), e não pode entender as coisas espirituais (1 Coríntios 2:14)? Neste ponto, os "teístas abertos" simplesmente declaram que o livre-arbítrio humano ainda é de certo modo capaz de fazer tais escolhas. Ao que perguntamos: "Como isto pode ser assim, dada as passagens das Escrituras que falam o contrário?"

Conclusão

Em minha opinião, a posição "teísta aberta" do livre-arbítrio libertariano viola a revelação da Escritura, que claramente restringe nossas naturezas humanas não regeneradas como não sendo livres do pecado. Ela ainda contradiz as passagens das Escrituras que nos dizem que Deus intervém nos corações das pessoas, como por exemplo, Provérbios 21:10 e Deuteronômio 3:20.

O "teísta aberto" erroneamente exalta o livre-arbítrio das pessoas a um nível tão alto, que para Deus ser Deus, Ele deve ser rebaixado (não conhece o futuro, pode cometer erros, etc.), para que o nosso precioso livre-arbítrio não possa ser violado. Qualquer teologia que reduz a majestade e a glória de Deus ao exaltar a liberdade do homem é uma teologia de erro.

Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto

Fonte: Ortopraxia

Um comentário: