Por Pr Silas Figueira
Texto base: Lucas 17.1-10
INTRODUÇÃO
A estrutura da narrativa para esse capítulo continua sendo a viagem para Jerusalém: “A caminho de Jerusalém, Jesus passou pela divisa entre Samaria e Galileia” (Lc 17.11). [1] Jesus entra em Samaria em Lc 9.51 e termina esse percurso com a entrada triunfal em Jerusalém (Lc 19.28ss). Como disse Eugene Peterson: “É ao viajar por Samaria, indo da Galileia para Jerusalém, que Jesus separa um tempo para contar histórias que preparam seus seguidores a trazer o comum da vida a uma percepção consciente e uma participação nessa vida do reino” [2]
Jesus
tinha alertado aos seus discípulos a respeito do inferno, contando a parábola
do rico e Lázaro, mostrando que, uma vez nesse lugar terrível, é impossível
escapar (16.26-31). Agora, à medida que Jesus está com os discípulos, e
dialogando com eles, o Senhor lhes traz três ensinamentos extremamente
importantes a todos nós.
Vejamos esses ensinamentos.
UM VERDADEIRO CRISTÃO NÃO PODE SER PEDRA DE TROPEÇO PARA OS OUTROS (LC 17.1,2).
Jesus
disse aos discípulos, não apenas aos doze discípulos, mas ao seu círculo mais
amplo de seguidores. O assunto em questão tem uma grande aplicabilidade, mas
tem uma relevância especial ao cristão que precisa de orientação em seu
relacionamento e responsabilidade pelos seus semelhantes. [3]
Jesus
nos traz três advertências em relação aos escândalos ou pedra de tropeço, como
pode ser também traduzido.
Em
primeiro lugar, a inevitabilidade dos escândalos (Lc 17.1). Na versão
ACF diz que é “impossível” que não venham escândalos.
Inevitável, impossível (Anendektos em grego), aparece somente aqui no Novo
Testamento. [4]
E
por que que é impossível que venham os escândalos? Porque vivemos em um mundo
que jaz no maligno. Em um mundo corrupto. Um mundo imperfeito e caído.
Mas
tem uma segunda pergunta que precisa ser respondida. Por quem vem os
escândalos? Eles vêm dos religiosos. Os escândalos não vêm do mundo. Eles
nascem dentro da igreja, no meio dos que se dizem cristãos. E, infelizmente,
temos muitos exemplos atualmente. As redes sociais nos mostram todos os dias um
novo escândalo em nosso meio.
Mas
há uma terceira pergunta. O que é o “escândalo” que Jesus falou? A palavra
grega scandala, traduzida aqui por “escândalos”, significa literalmente
a lingueta de um alçapão que o faz fechar-se sobre a vítima. [5] Trata-se de um
laço, uma armadilha, um tropeço colocado no caminho de alguém. Literalmente uma
“pedra de tropeço”.
John
C. Ryle diz que há os que professam ser crentes, mas fazem outros tropeçarem
sempre que trazem descrédito ao seu cristianismo, por meio de sua
inconsistência em palavras, temperamento e conduta. Nós o fazemos sempre que
tomamos nosso cristianismo desagradável aos olhos do mundo, por nos
comportarmos não de acordo com aquilo que professamos ser. O mundo talvez não
entenda as doutrinas e os princípios dos crentes, mas está de olhos atentos
àquilo que eles praticam. [6]
Em
segundo lugar, a malignidade dos escândalos (Lc 17.1b). David A. Neale
diz que a exclamação ouai (ai) nunca é usada para os que estão no
aprisco em Lucas, somente aos que estão de fora. Ela é usada para os ricos,
para os bem-alimentados e para os falsos profetas (Lc 6.24-26). Ela é usada
para Corazim (Lc 10.13) e para os fariseus e advogados seis vezes (Lc 11.42-52).
Ela também é usada uma vez para o traidor de Jesus (Lc 22.22). [7]
Essa
expressão é usada deliberadamente para aquelas pessoas que aparentam ser uma
coisa, mas na verdade são outras. Jesus está aqui alertando os seus discípulos
para tomarem cuidado para não caírem no mesmo erro dos fariseus.
Wiersbe
diz que afinal, somos todos pecadores, vivendo em um mundo pecaminoso. Mas
devemos atentar para não ser motivo de tropeço para outros, pois é algo
extremamente sério pecar contra outro cristão e tentá-lo ao pecado (Rm 14.13; 1Co
10.32; 1Jo 2.10). [8]
Em
terceiro lugar, haverá uma severa punição aos que trazem escândalos (Lc 17.2).
Jesus não nos diz qual será o destino de tal pessoa. O “ai” do versículo
anterior mostra que não será agradável, e agora ficamos sabendo que seria
melhor para ela ser afogada aqui e agora. [9]
William Hendriksen diz que:
A pedra de moinho de que Jesus fala é a pedra superior de duas pedras entre as quais o grão era moído. A referência não é ao moinho manual, mas à pedra muito mais pesada, que é movida por um jumento. No meio da pedra superior há um orifício por meio do qual se pode jogar o grão para que seja moído entre as duas pedras. A presença desse orifício explica a frase “uma pedra de moinho pendurada ao pescoço”. Ser lançado ao mar com uma pedra desse tipo em torno do pescoço, faz com que o afogamento seja duplamente garantido. Note “esses pequeninos”. Quão queridos são eles para o Salvador! [10]
Os
pequeninos que Jesus se referia não são apenas crianças, mas também a cristãos
novos na fé aprendendo os caminhos do Senhor (Mt 18.1-6; Lc 10.21). Uma vez que
Lucas 17.1-10 faz parte do contexto que começa em Lucas 15.1, pode ser que
esses “pequeninos” incluíssem publicanos e pecadores que creram em Jesus
Cristo. [11]
Fritz Rienecker diz que o ai proferido por Jesus contra todo aquele por meio do qual vêm os escândalos vale para os discípulos quando ação e omissão, discurso equivocado ou mau exemplo induzem outros a tropeçar. A palavra severa e altamente ponderável da pedra de moinho ilustra a grave culpa e punição para os escândalos. [12]
UM VERDADEIRO CRISTÃO ESTÁ SEMPRE PRONTO A PERDOAR (LC 17.3-6).
A
oposição contra o pecado estabelecido no ponto anterior deve ser equilibrada
por uma atitude gentil, ou seja, perdoar os pecadores que nos ofenderam. O
cristão não deve pecar contra os outros, mas também não deve guardar rancor
quando os outros pecarem contra nós (cf. Lc 11.4). Assim como é ruim que os
discípulos incitem outros a pecarem, assim também seria ruim se eles não
perdoassem quando outros pecam contra eles. [13]
Rienecker
lembra que o contrário de “causar escândalo” é amar. Para não ser motivo de
tropeço não apenas precisamos deixar de fazer algo, mas também fazer algo.
Cumpre amar sem limites. [14] E a forma de demonstrar esse amor sem limites é
através de um coração perdoador. Da mesma forma que é um terrível pecado ser
uma pedra de tropeço às pessoas que se achegam a Cristo, também é um grave
delito não perdoar as pessoas que pecam contra nós. [15]
Com
isso em mente, podemos aprender lições preciosas aqui.
Em
primeiro lugar, o perdão exige cautela (Lc 17.3a). A posição forte
contra o pecado estabelecido no ponto anterior deve ser equilibrada por uma
atitude gentil, mediante o perdão para com os pecadores. Cristãos não devem pecar
contra os outros, mas eles também não devem guardar rancor quando os outros
pecarem contra eles e, principalmente, se lhe pedirem perdão (cf. Lc 11.4).
Precisamos
nos acautelar para não sermos arrogantes até mesmo na maneira de lidar com o
perdão. A falta de humildade no trato ou a abordagem errada pode agravar o
problema e aprofundar a ferida, em vez de trazer cura e libertação. [17]
Em segundo lugar, o perdão exige o confronto (17.3b). O termo epitimo (grego), “confrontar” usado no texto original de Lucas ordena um punir ou repreender. [18] Mas com a intenção de que essa pessoa caia em si e se arrependa do pecado cometido. Tanto que há um processo para que tal advertência ocorra. Podemos ver esse processo em Mt 18.15-17:
“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano”.
O
objetivo desse processo de quatro etapas é enfrentar e restaurar o pecador de
modo a proteger a pureza da igreja. O primeiro passo é se opor ao comportamento
do irmão pecador em privado. Se ele se recusar a se arrepender, devemos partir
para a segunda etapa, que envolve confrontá-lo novamente com nada menos do que
duas testemunhas presentes para confirmar sua resposta. Se ele novamente se
recusar a se arrepender, o terceiro passo deve ser aplicado, que é informar a
igreja, de modo que toda a irmandade possa confrontá-lo e chamá-lo
carinhosamente ao arrependimento. O passo final para um pecador impenitente é
colocá-lo para fora da igreja; tratá-lo como um dos párias da sociedade
judaica, um “gentio e publicano” (cf. 1Co 5. 1-13; 2Co 13.1,2; 2Ts 3.14,15; Tt
3.10,11) ou um incrédulo, que ele demonstra ser.
Leon
Morris diz que não podemos ser indiferentes diante do mal, mas isto não
significa que guardaremos ressentimentos. Se quem transgrediu se arrepender, o
crente deve perdoar-lhe. [19] O processo deve ser o que o Senhor nos orientou:
se houver pecado, deve haver repreensão, se houve arrependimento, deve haver o perdão.
Jesus
disse que, se o nosso irmão pecar contra nós, devemos repreendê-lo; se ele se
arrepender, devemos perdoá-lo. O silêncio, portanto, não é sinônimo de perdão.
O tempo não atenua a dor nem cura a ferida. O confronto é o caminho da
restauração. Não é sensato adiar a solução de um problema interpessoal. Não
devemos subestimar o poder da mágoa. A única maneira de estancar esse fluxo
venenoso é pelo confronto que desemboca no arrependimento e no perdão. [20]
Em
terceiro lugar, o perdão deve ser sem limites (Lc 17.4). Quando Jesus
fala de sete vezes no dia não quer dizer, naturalmente, que uma oitava ofensa
não será perdoada (cf. Mt 18.21-22). Está dizendo que o perdão deve ser
habitual. [21]
John
C. Ryle lembra que existem poucos deveres cristãos sobre os quais o Novo
Testamento fala tão frequente e severamente quanto o dever de perdoar ofensas.
Ocupa um lugar proeminente na oração do Pai Nosso. A única confissão que fazemos
em toda a oração é a de que “perdoamos aos nossos” os que transgridam contra
nós. Esse é um teste para verificarmos se nós mesmos fomos perdoados. [22]
Corroborando
com esse argumento, James R. Edwards diz que na segunda petição do Pai Nosso:
“Perdoa-nos os nossos pecados, pois também perdoamos a todos os que nos devem”
(Lc 11.4), os leitores são lembrados que o cristão deve perdoar os outros. [23]
Em
quarto lugar, o perdão vem de um coração transformado (Lc 17.5,6). Aparentemente
os apóstolos pensam que muita fé é necessária para perdoar assim. Dizem,
portanto, aumenta-nos a fé. [24] MacArthur diz que os apóstolos se
sentiram insuficientes diante do elevado padrão que Jesus definia para eles
[25]
“Aumenta-nos
a fé!” – Isso foi uma admissão humilde e honesta de fraqueza da parte deles
para o ensinamento de Jesus. Eles não estavam negando que não possuíam fé, mas
duvidavam que era suficientemente forte para agir conforme o ensino de Jesus.
Tanto que o verbo grego traduzido “aumenta” significa: “adicionar a”,
“suplemento”, “desenvolver” ou “crescer”. O que Jesus exigiu neste contexto
lhes parecia ser um padrão impossível de ser alcançado. Além de disso, era
completamente o contrário do que eles tinham sido ensinados pelos líderes
religiosos (Mt 5.43-48).
A
crise dos apóstolos é também a nossa crise, porque o perdão não é algo natural,
requer força do alto. Nossa natureza caída clama por retaliação e vingança.
Porém, recebemos um novo coração, uma nova mente, uma nova vida. Agora, o
Espírito de Deus habita em nós e podemos, pela força do Onipotente, exercitar o
perdão. Contudo, esse exercício só é possível quando o próprio Senhor aumenta a
nossa fé. O que não podemos fazer por nós, podemos fazê-lo pela força que vem
do alto. [26]
Wiersbe
destaca que os cristãos maduros sabem que o perdão não é uma simples troca de
palavras, como duas crianças que brigam e depois pedem desculpas uma para outra
sem grandes considerações. O verdadeiro perdão inclui dor; alguém foi ferido, e
há um preço a ser pago para que a ferida cicatrize. O amor motiva-nos a
perdoar, mas a fé ativa o perdão, de modo que Deus a utilize para trazer
bênçãos à vida de seu povo. [27]
Somente
através da fé alcançaremos o que é humanamente impossível fazer (Lc 17.6). A
resposta de Jesus tira deles o conceito de maior ou menor em termos de fé, para
o de uma fé genuína. Se há fé real, então os efeitos se seguirão. [28] À medida
que praticamos a fé, ela irá crescer tornando-se, como o grão de mostarda, uma
grande árvore. Ou seja, a fé praticada cresce. Desenvolve a ponto de fazer
diferença na vida de outras pessoas. Assim como a mostarda se torna árvore e
aninha os pássaros, a fé desenvolvida acolhe os que precisam de alento.
Uma
pequena fé no grande Deus é capaz de desarraigar árvores robustas, cujas raízes
estão entrelaçadas e aprofundadas na terra, e lançá-las ao mar. As raízes da
amoreira ficavam na terra durante 600 anos, de modo que a remoção dela seria
muito difícil. Portanto, o que Jesus está dizendo é que nada é impossível à fé.
A fé genuína pode realizar aquilo que a experiência, a razão e a probabilidade
negariam. [29]
Champlin
destaca que em Mateus diz “montanha” (Mt 17.20), ao invés de mostarda,
como o objeto que poderia ser lançado ao mar, mediante a operação de uma fé
poderosa. Jesus não estava convocando os crentes a se tornarem mágicos,
conjuradores ou outros tipos de operadores de milagres ou de místicos; pelo
contrário, convoca-os para serem heróis da fé, como aqueles que são ilustrados
no décimo primeiro capítulo da epístola aos Hebreus. [30]
Corroborando
com esse pensamento, Leon Morris diz que Jesus não está sugerindo que Seus
seguidores se ocupem de coisas sem razão de ser, tais como transferir uma
árvore para o mar. Está dizendo que nada é impossível à fé: “a fé genuína pode
realizar aquilo que a experiência, a razão e a probabilidade negariam, se for
exercida dentro da vontade de Deus”. [31]
Jesus usa essa ilustração radical para mostrar que, pela fé, podemos fazer coisas humanamente improváveis e impossíveis, como perdoar ilimitadamente. [32]
UM VERDADEIRO CRISTÃO NÃO BUSCA RECONHECIMENTO (Lc 17.7-10).
Muitas
vezes alegou-se que essa parábola não tem nenhuma relação com o texto anterior.
No entanto, uma apreciação minuciosa dos quatro discursos doutrinários do Senhor
revela que essa parábola forma uma boa conclusão do todo. [33]
Champlin
lembra que Jesus extraía seu material ilustrativo da vida diária na Palestina,
tencionando mostrar como o elemento do dever, no serviço cristão, precisa ser
reconhecido; e também que o melhor serviço, prestado segundo os ditames do
dever, não pode ser considerado como uma grande demonstração da grandeza do
próprio servo. [34]
Com
isso em mente, podemos tirar algumas lições aqui.
Em
primeiro lugar, o perigo do orgulho espiritual (Lc 17.7-9). A intenção
de Jesus é mostrar a necessidade de sermos pessoas perdoadoras, cheias de fé, a
ponto de não guardarmos mágoas, mantendo puro o coração; mas nos alerta para o
perigo que tudo isso pode levar: “orgulho espiritual”. Alguém já disse certa
feita: “Tem gente que é tão humilde, mas tão humilde, que tem orgulho de ser
humilde”. Corremos o risco de cairmos nesta armadilha.
A
parábola lembra os ouvintes de Jesus de que não é porque o servo trabalha o dia
inteiro no campo que terá o direito de comer antes do Mestre. Ainda é parte da
sua tarefa servir a refeição do Mestre no final do dia, antes que se sirva. Ele
é um servo e, como tal, não tem direitos. Ele pertence ao seu senhor, e as suas
tarefas foram determinadas pelo seu senhor. Quando ele as tiver cumprido, terá
feito apenas o seu trabalho; o mérito só existirá quando o servo fizer mais do
que aquilo que era a sua obrigação. [35]
Os escribas e fariseus que eram obcecados por
serem homenageados. Em Mateus 23.5-7 Jesus disse-lhes: “fazem todas as obras a
fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as
franjas das suas vestes, e amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras
cadeiras nas sinagogas, e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos
homens; Rabi, Rabi” (cf. Lc 20.46,47).
John
C. Ryle disse que Jesus deu um poderoso golpe em nossa justiça própria.
Naturalmente, todos nós somos orgulhosos e cheios de justiça própria. Pensamos de maneira elevada a respeito de nós mesmos, de nossos merecimentos e de nosso caráter, mais do que realmente temos o direito de fazê-lo. Esta é uma doença sutil que se manifesta de muitas maneiras diferentes. Muitos podem detectá-la nas outras pessoas; poucos admitirão sua presença em si mesmos. [36]
Jesus
contou esta parábola como uma advertência contra o orgulho espiritual, para que
não nos esqueçamos de que tudo o que temos e fazemos é somente pela graça de
Deus.
Em
segundo lugar, a cura do orgulho espiritual é a humildade (Lc 17.10). Como
seus servos, devemos ter cuidado para não ter uma atitude incorreta com
respeito a nossas obrigações. Há dois extremos a evitar: o primeiro é
simplesmente cumprir o dever, como escravos que trabalham só por obrigação; o
segundo é cumprir o dever por esperar alguma recompensa. [37] Concordo com Leon
Morris quando disse que nosso melhor serviço não nos dá qualquer direito sobre
Deus (cf. 1Co 9.16). Na melhor das hipóteses, fizemos apenas o que devíamos
fazer. [38]
A
frase final da parábola: “Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que
devíamos fazer” esmaga toda a suposição de mérito pelo agir do servo.
Cumpre notar que não é Jesus ou o Senhor na parábola que avalia os servos como
servos inúteis, mas que essas palavras representam um testemunho dos próprios
servos a respeito de si mesmos. Ainda que de resto Jesus chame seus discípulos
“amigos” (Jo 15.14s), eles não obstante permanecem na humilde posição de servo
diante de seu Senhor. [39]
Em
terceiro lugar, a cura do orgulho espiritual e a gratidão. Devemos
servir ao Senhor que deu sua vida pelos servos, ao Senhor que serve a seus
servos e lava os pés dos seus servos, que se fez servo e o menor dos servos,
para dar sua vida pelos servos. Devemos servir a Cristo não com a mentalidade
de escravo, apenas com o senso de dever, mas com profunda gratidão e amor. [40]
Fritz Rienecker diz que a ideia básica
desta parábola é que todo recurso, toda confiança e todo apoio na realização
própria são condenados. Tudo é pura graça. [41]
Servir ao Senhor deve ser um deleite, e não uma obrigação pesada. O cristão deve dizer como Davi: “Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu...” (Sl 40.8).
CONCLUSÃO
Vimos
nesse texto três características básicas de um servo de Cristo: ele não é pedra
de tropeço na vida das outras pessoas, ele está sempre pronto a perdoar o irmão
arrependido e, por fim, ele não busca reconhecimento próprio.
Creio
que se colocarmos em prática esses ensinamentos faremos uma grande diferença na
igreja, na sociedade, em nós mesmos. Em tempos em que mais se busca é
reconhecimento, onde se pratica a retaliação e temos visto tanto escândalos em
nosso meio, creio que esses ensinamentos são de extrema importância hoje na
igreja.
Pense nisso!
______________________________________________________
Bibliografia:
1 – Neale,
David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de
Janeiro, RJ, 2015, p. 191.
2 –
Peterson, Eugene H. A Linguagem de Deus, Ed. Mundo Cristão, São Paulo, SP,
2011, p. 23.
3 –
Childers,
Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro,
RJ, 2006, p. 461
4 –
Edwards,
James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 602.
5 – Morris,
Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova,
São Paulo, SP, 1986, p. 240.
6 –
Ryle,
J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP,
2002, p. 275.
7 – Neale,
David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de
Janeiro, RJ, 2015, p. 192.
8 – Wiersbe,
Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed.
Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 315.
10 –
Hendriksen,
William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 350.
11 – Wiersbe,
Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed.
Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 315.
12 – Rienecker,
Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança,
Curitiba, PA, 2005, p. 350.
13 – Hendriksen,
William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 350.
15 – Lopes,
Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP,
2017, p. 495.
16 – Ibidem, p. 495.
17 – Rienecker,
Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança,
Curitiba, PA, 2005, p. 351.
18 – Morris,
Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova,
São Paulo, SP, 1986, p. 240.
19 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito,
Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 495.
21 – Ryle,
J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP,
2002, p. 276.
22 – Edwards,
James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 605.
23 – Morris,
Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova,
São Paulo, SP, 1986, p. 241.
24 – MacArthur,
John. Comentário Bíblico MacArthur, Gênesis a Apocalipse, Ed. Thomas Nelson,
Rio de Janeiro, 2019, p. 1276.
25 – Lopes,
Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP,
2017, p. 496.
26 –
Wiersbe,
Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed.
Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 316.
27 – Morris,
Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova,
São Paulo, SP, 1986, p. 241.
28 – Lopes,
Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP,
2017, p. 496.
29 – Champlin,
R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2,
Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 166.
30 – Morris,
Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova,
São Paulo, SP, 1986, p. 241.
31 –
Lopes,
Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP,
2017, p. 497.
32 – Rienecker,
Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança,
Curitiba, PA, 2005, p. 353.
33 – Champlin,
R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2,
Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 166.
34 –
Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de
Janeiro, RJ, 2006, p. 465.
35 – Ryle,
J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP,
2002, p. 278.
36 – Wiersbe,
Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed.
Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 316.
37 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 241.
38 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 354.
39 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 498.
40 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 354.
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