domingo, 25 de julho de 2021

PROSPERANDO EM MEIO A CRISE - A PRIMEIRA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES

Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Lucas 9.10-17

INTRODUÇÃO

Ao aproximar-se o final de seu ministério na Galileia, o Senhor realizou o que foi em uma escala visível seu mais extenso milagre. Este é o único milagre, à parte da ressurreição, narrado em todos os quatro Evangelhos (Cf. Mt 14.13-21; Mc 6.30-44; Jo 6.1-14) [1]. A alimentação de cinco mil homens, além de certamente um número igual de mulheres e crianças, foi a maior obra do poder criativo divino desde a semana da criação (Gn 1.1-31, 2.1-3), e da reestruturação da terra depois do dilúvio (Gn 6-8). Em todos os quatro evangelhos esse milagre é apresentado como o auge da atuação na Galileia. Imediatamente depois disso, os Evangelhos sinóticos começam a mostrar Jesus revelando o mistério de sua iminente paixão aos apóstolos (Lc 9.18-27; Mt 16.13-28; Mc 8.27-38) [2]. Esta também foi a última e grande oportunidade para os galileus.

John MacArthur enfatiza que curiosamente, ambos os milagres de criação de Jesus – transformação da água em vinho (Jo 2.1-10) e a multiplicação dos pães – falam dos elementos principais da Ceia do Senhor ou da Comunhão (Jo 6.53) [3].

Antes de abordarmos este último milagre de Jesus na Galileia, devemos destacar o regresso dos apóstolos e do relatório que deram a Jesus; e destacar também a mensagem e as curas que o Senhor realizou quando a multidão os encontrou em Batsaida.

1 – JESUS MOSTRA A NECESSIDADE DO DESCANSO E APRENDIZADO (Lc 9.10).

Depois que os apóstolos retornaram, Jesus se reúne com Ele, provavelmente, em Cafarnaum. Eles fizeram um relato a respeito de tudo o que eles haviam feito. Jesus reconhecendo que eles estavam exaustos depois de seu tempo de viagem e do ministério, Jesus tomou-os e se retirou para uma cidade chamada Betsaida. Lá eles poderiam descansar e se recuperar longe das multidões que os mantinham tão ocupados que nem sequer tinham tempo para comer (Mc 6.31).

Com isso em mente, podemos destacar algumas lições para nossas vidas.

1º - Assim como os apóstolo, nós também precisamos de um tempo para descansar (Mc 6.31). “E ele disse-lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco. Porque havia muitos que iam e vinham, e não tinham tempo para comer”. Jesus, o grande Sumo Sacerdote do seu povo, está consciente das nossas fraquezas (Hb 4.15) e é sensível a todas as nossas necessidades. Tendo Ele mesmo experimentado o cansaço que vem do ministério (cf. Mc 4.38), Jesus entendeu a necessidade dos apóstolos para descanso e que se estende a nós também.

De tempos em tempos devemos “recarregar as nossas baterias”. Devemos rever o nosso trabalho para não cairmos no ativismo e nos esquecermos que temos família, que nosso corpo precisa de repouso e lazer. Outro grande perigo que corremos é a rotina, esta tem sido um mal que muitas vezes tem sido negligenciado.  

2º - Jesus os levou para um lugar deserto para dialogar com eles. A motivação pela qual Jesus se retirou a um lugar solitário é a necessidade de quietude para dialogar com os apóstolos. Marcos informa que ele pretendia proporcionar-lhes um pouco de sossego depois dessa excursão de pregação, visto que a multidão dos que iam e vinham não os deixava em paz. De acordo com Mateus, o motivo foi a notícia do assassinato de João Batista.

Essas concepções bastante diversas podem ser facilmente harmonizadas se a chegada da notícia da execução de João coincidir com a época do retorno dos apóstolos, fazendo o Senhor Jesus lembrar especialmente da proximidade de sua própria morte. Diante dessas impressões, o Senhor Jesus quis proporcionar a seus discípulos um tempo de recolhimento, a fim de dialogar com eles sem interrupções, passando adiante ensinamentos, exortações e advertências acerca de sua atuação vocacional futura. Em breve ele teria de deixar os discípulos sozinhos na terra [4].

Assim como o Senhor fez com os discípulos, nós também precisamos de tempo para orar, para termos as nossas devocionais. Ler bons livros, estudar. Por mais que leiamos a Bíblia, ela precisa ser estudada sempre. O pastor foi chamado para ser pastor-mestre (Ef 4.11). Como diz um antigo adágio: “Enquanto descansa, carrega pedras!”. Assim, pelo menos, é a vida do pastor.

2 – ENTRE O DESCANSO E A OBRA, A OBRA VEM EM PRIMEIRO LUGAR (Lc 9.11).

O texto de Marcos nos fala que “a multidão viu-os partir, e muitos o conheceram; e correram para lá, a pé, de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles, e aproximavam-se dele. E Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e teve compaixão deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6.33,34).

Jesus demonstra compaixão pelos doze, levando-os consigo a Betsaida para um tempo de descanso e refrigério (9.10b), mas demonstra também compaixão pelas multidões que, exaustas e aflitas, seguiram Jesus para essa região de Betsaida. Sua compaixão é demonstrada pelo fato de Jesus olhar para essa multidão e vê-la como ovelhas sem pastor. Diante desse fato, Jesus dedica-se a falar a elas acerca do reino de Deus e a socorrer aqueles que tinham necessidade de cura. Jesus dedica-se à grande multidão como mestre e médico, ensinando e curando [5].

Leon Morris diz que a despeito de ter procurado a solidão, Jesus não revelou irritação alguma. Pelo contrário, acolheu-as. E continuou a obra que tão recentemente estava fazendo através dos discípulos. Falava-lhes a respeito do reino de Deus e socorria os que tinham necessidade de cura [6].

Diante desse episódio, podemos destacar duas coisas importantes:

1º - Aprendemos aqui o que é prioridade. A prioridade é Reino de Deus e a sua obra. Os apóstolos teriam outras oportunidades para estarem com Jesus, aquela multidão não teria. Diante disso, Jesus para o que estava por fazer e dá atenção aquelas pobres pessoas que, na visão de Jesus, eram como ovelhas sem pastor. Eram “ovelhas” sujeitas a “lobos” que não poupam o rebanho e o Senhor as ampara lhes ensinando, curando e alimentando.

2º - Devemos ver as pessoas como Jesus as vê e termos a mesma compaixão. Muitas vezes a nossa visão fica desfocada em relação ao que é prioridade e de como Jesus quer que vejamos as pessoas. Para isso é necessário termos a intervenção do Espírito Santo em nós para nos mostrar os passos certos em nosso ministério e como devemos agir como igreja. Há um texto que nos mostra como o Espírito Santo orienta a igreja no seu agir. Atos 6.1-3 diz: “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.

Pregação da Palavra, ensino e socorro foram atividades da Igreja Primitiva. Esse exemplo devemos seguir, sabendo que essas tarefas devem ser divididas e não centralizadas. Só assim a igreja avança. Seja o ensino, seja o socorro, ambos devem ser feitos com paixão e compaixão. Assim aprendemos com Jesus.

3 – UMA MULTIDÃO SEDENTA E FAMINTA (Lc 9.12-17).

Jesus, apesar do fato de a multidão interromper o descanso muitíssimo necessário com os Doze, olha para essas pessoas com “compaixão”, apalavra grega para “compaixão”, splangningsthar, é usada no Novo Testamento só em relação a Jesus, e, aqui, sua compaixão é expressa no “ensinar-lhes muitas coisas”. Elas eram para Jesus, conforme relata Marcos, “como ovelhas sem pastor” [7].

Como o dia estava terminando (“começou a declinar”) e que a tarde avançava, os apóstolos ficaram preocupados. O lugar era deserto. Não havia lugar para comprar comida onde estavam. Era uma multidão que estava ali e a situação estava se tornando complicada aos olhos dos Doze.

Quero destacar quatro coisas:

1º - A preocupação dos apóstolos era uma preocupação legítima. Eles tinham razão em estarem preocupados, pois o lugar era ermo e não havia onde comprar alimento. Certamente havia ali muitas mulheres e não poucas crianças.

2º - O texto aqui está falando de fome mesmo, de gente com o estômago vazio, de gente carente. Não devemos espiritualizar esse texto no sentido de aplica-lo a Jesus como o Pão da Vida porque isso será feito mais tarde no discurso de Jesus em João 6.22-59.

3º - Esta pergunta é a pergunta, talvez, mais comum em nossos dias. Onde compraremos pão? Famílias que estão passando por crise financeira fazem esta pergunta. É a pergunta de quem assiste os telejornais e vê o mundo que jaz no maligno e não consegue ver expectativa de melhora para sair da crise.

4º - A pergunta feita saiu dos lábios de Jesus: “Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem?” (Jo 6.5). Jesus está testando a fé dos apóstolos.

Eles estavam vindo de uma série de milagres operados por Jesus e por eles mesmos na campanha evangelística que fizeram (Mt 10.7,8; Lc 9.6). O milagres por eles vistos não despertaram neles fé suficiente para entender que para Deus nada é impossível. Eles continuavam cegos em seus entendimentos. Eles não conseguiam se lembrar que o Senhor sustentou a nação de Israel no deserto por quarenta anos quando saíram do Egito. Eles não se lembraram que Elias multiplicou a farinha e o azeite da viúva até a chuva cair sobre a terra (1Rs 17.14). Eles não se lembravam de que o Senhor através de Eliseu multiplicou o azeite de uma viúva que estava prestes a perder seus filhos como escravos (2Rs 4). Eles não se lembravam da primeira multiplicação dos pães através de Eliseu: “E um homem veio de Baal-Salisa, e trouxe ao homem de Deus pães das primícias, vinte pães de cevada, e espigas verdes na sua palha, e disse: Dá ao povo, para que coma. Porém seu servo disse: Como hei de pôr isto diante de cem homens? E disse ele: Dá ao povo, para que coma; porque assim diz o Senhor: Comerão, e sobejará. Então lhos pôs diante, e comeram e ainda sobrou, conforme a palavra do Senhor” (2R 4.42-44).

Eles não se lembraram que o Senhor havia transformado água em vinho (Jo 2.1-10).

Esse tem sido o problema de muitas pessoas hoje, não se lembrarem do quanto o Senhor, no decorrer dos anos, têm nos sustentado. Por isso que diante da crise se desesperam. Se esquecem que o Senhor nos prometeu: “O pão nosso de cada dia nos dá hoje” (Mt 6.11). É pão fresco da fornada do céu que o Senhor nos dá todos os dias. Lembrem-se disso!

Muitos se esquecem do que o Senhor Jesus nos falou: “Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6.31-34).    

Com isso em mente, podemos destacar lições importante para nossas vidas:

1º - A solução dada a Jesus pelos Doze (Lc 9.12). Os Doze vieram a Jesus e de forma impetuosa, quase impertinente disseram-lhe: “Despede a multidão, para que, indo aos lugares e aldeias em redor, se agasalhem, e achem o que comer”. Eles queriam que o Senhor dispersasse a multidão antes que anoitecesse, porque, eles lhe informaram, “porque aqui estamos em lugar deserto”. Eremos em grego (desolado) não se refere aqui a um deserto, uma vez que não era abundante grama verde (Mc 6.39), mas sim para um lugar desabitado. A noite foi se aproximando, e não havia nenhum lugar para a multidão adquirir alimentos.

Os discípulos, governados por uma lógica simples, não veem alternativa senão despedir as multidões, uma vez que o lugar era deserto e eles não tinham provisão nem recursos suficientes para atender a tamanha demanda [8].

Quem age usando a lógica com Deus pensa que Ele está limitado as circunstâncias deste mundo. A Teologia Liberal prega um deus assim. No entanto, na outra ponta existe aqueles que pensam que o Senhor é o gênio da lâmpada. Acham que têm um Deus domesticado que faz o que eles querem. Um Deus sujeito as suas vontades. Aí nós vemos o “eu determino”, “eu tomo posse”, “eu decreto”. São esses extremos que devemos a todo custo evitar.  

2º - A solução dada por Jesus (Lc 9.13). A resposta de Jesus, “Dai-lhes vós de comer!”, aparentemente distante da realidade, deixou os discípulos espantados.

Incrédulos eles protestaram, “Nós não temos mais que cinco pães e dois peixes”. Pão e peixe eram os principais artigos na Galileia, sobretudo para o pobre. João 6.9,13 especifica pães de cevada — o pão mais barato e grosseiro [9].

Em seguida, um pouco sarcasticamente os apóstolos acrescentaram, “a menos que talvez nós formos comprar comida para todo este povo”. Jogando fora tal observação, Jesus disse a Filipe: “Onde compraremos pão, para que estes possam comer?” (Jo 6.5).

A resposta de Filipe dizendo que duzentos dinheiros de pão não lhes bastarão (Jo 6.7-9) revela o fato de que ele pode pensar somente na esfera de mercado, o mundo natural. A expressão dinheiro em grego é denarius, que era o pagamento de um dia para um trabalhador comum; duzentos denarii (também especificado em Mc 6.37), portanto, representa oito meses de salário (NVI). Já que uma proporção substancial do salário de um trabalhador ia para a alimentação diária, isso, presumivelmente, era bastante para abastecer uma família por oito meses ou um pouco mais. Mas a multidão era tão grande (v. 10) que mesmo uma soma tão grande de dinheiro não compraria pão suficiente para que cada um recebesse um pedaço! [10].

Diante desse dilema o que Jesus os mandou fazer:

Primeiro – Jesus mandou fazer um levantamento da quantidade de alimento que havia entre a multidão (Mt 14.17; Mc 6.38; Jo 6.8,9). Muitos dos problemas na área econômica ocorrem porque muitas pessoas não sabem como se encontra a situação de sua casa. As crises são reais e sempre iremos enfrenta-las, mas como eu resolvo essas crises começa sabendo a real situação que estamos enfrentando e quais recursos nós temos. Eliseu perguntou a viúva que foi até ele o que ela tinha em casa, a partir daí foi lhe dado as diretrizes para sair da crise (2Rs 4.1-7).

Segundo – Organização é necessária (Lc 9.14,15). Uma multidão não pode ser atendida convenientemente sem ordem. A organização é fundamental. Por isso, Jesus ordena aos discípulos para dividir a multidão em grupos de 50, no que é prontamente atendido [11].

Para saber exatamente quantas pessoas havia ali era necessário organiza-los. Foi isso que o Senhor mandou os discípulos fazerem. Foi isso que José fez nos Egito no período de grande fartura e depois no período de grande fome. Por ser organizado nada faltou.

Terceiro – Jesus rendeu graças pelo alimento (Lc 9.16). Prestem atenção, Jesus deu graças pelo pão e pelo peixe. Observe que o pão era pão de cevada, um pão muito pobre. Mas era pão que eles tinham. Aprenda a ser grato a Deus pelo o que Ele lhe dá e não reclame pelo o que você não tem.

Os quatro evangelistas devem ter ficado impressionados com o fato de Jesus proferir uma oração de gratidão antes de multiplicar o alimento, porque todos eles relatam o fato. Os apóstolos perceberam que nisso residia o mistério de seu poder milagroso, revelado naquela hora. Em Mateus e Marcos consta: “Elevou o olhar ao céu e abençoou” (eulogéo), o que também pode ser traduzido com “e agradeceu”. Em Lucas lemos: “Erguendo os olhos para o céu e os abençoou (eulogéo)”, a saber, os pães, ou melhor, pão e peixe. João relata: “Ele agradeceu” (eucharistéo)”. É costume judaico proferir uma oração de bênção ou de gratidão antes da refeição. A oração atraiu uma bênção maravilhosa para um alimento tão insignificante [12].

É pouco, é simples, parece insuficiente, mas Jesus deu graças. Você tem dado graças pelo que Deus tem lhe dado? Pelo trabalho, pelo pão de cada dia, pela roupa que você veste? Tem gente que só reclama, aos invés de ser grato.  

Quarto – Faça o que Jesus ordena (Lc 9.16). O discípulos não tinham poder para multiplicar o pão, mas podia distribuir o pão que Jesus estava multiplicando. Não somos provedores; somos mordomos. Aquele que tem pão com fartura e é o Pão da vida nos dá o privilégio e a responsabilidade de distribuir sua provisão para as multidões [13].

Um aspecto digno de nota é que os discípulos executaram a ordem de Cristo. Eles realmente alimentaram a multidão quando se associaram a Jesus nesse ato. O que cada cristão pode aprender é que, não importa o quanto sua tarefa lhe pareça impossível, com a ajuda divina tudo pode ser feito. “Porque para Deus nada é impossível” (Lc 1.37) [14].

Apresente a Jesus o pouco que você tem e deixe o Senhor fazer o que tem que ser feito. Nós não temos o poder da multiplicação, mas temos um Deus que tem. O milagre tem início com aquilo que temos em mãos (2R 4.1-7).  

Quinto – Jesus multiplica de tal forma que todos saem alimentados (Lc 9.17). As pessoas não se limitaram a receber um lanche mínimo, mas de acordo com a graça abundante de Deus, todos comeram e ficaram satisfeitos. Satisfeito traduz uma forma do verbo chortazo, que foi originalmente usado para descrever os animais de engorda, que se fartaram até que eles não poderiam comer mais. As pessoas comeram até que eles estavam saciados.

Ralph Earle diz que o verbo chortazo (ficaram satisfeitas) vem do substantivo chortos, “grama”. Era usado principalmente para animais pastando. O quadro geral é do gado comendo até ficar saciado e depois se deitando satisfeito sobre a grama [15]. Somos ovelhas do seu pasto (Sl 100.3). É Ele quem nos alimenta. Seja com o alimento físico, seja com o alimento espiritual.   

Sexto – O desperdício não é aceitável no reino de Deus (Lc 9.17). Jesus tem não apenas provisão suficiente, mas com sobra. E o que sobra deve ser guardado. Não se deve jogar fora.   

Em sua provisão de abundante de alimento, Jesus não esqueceu a sua própria. Após a refeição, os pedaços dos pães e dos peixes (Mc 6.43) que sobraram foram apanhados pelos apóstolos. Nada foi desperdiçado; a quantidade de sobra de alimento era exatamente o suficiente para atender as necessidades dos Doze.

4 – A INTERVENÇÃO DE JESUS EM NOSSAS CRISES.

Quando chegam os problemas e nos deparamos com problemas semelhantes, a pergunta que geralmente é feita é esta: “como e onde compraremos pão?”. Por que o Senhor permite que passemos por tamanhas crises?

1º - Eu entendo que Deus permite passarmos por estas crises para que possamos ter experiências com Ele. Crescimento espiritual. É diante das crises que nós descobrimos um Deus que pode suprir todas as nossas necessidades, não os nossos caprichos. Observe que o pão era de cevada, não era um pão especial. O problema que vejo na vida de muitas pessoas é que na hora da crise querem continuar sendo alimentados com o melhor, não se contentam com o mais simples.

Meu irmão, na hora da crise devemos fazer escolhas difíceis e temos que cortar gastos. Na hora da crise Deus opera milagres tremendos em nossas vidas, mas Ele não tem obrigação nenhuma de manter os nossos luxos e caprichos.

Eu conheço uma pessoa que ficou seis anos desempregado, vivia de empréstimos. Um dia conversando com ele, ele me disse que não abria mão do seu queijo, do seu presunto e do seu café a vácuo. Tem gente que não aprende nem na crise!

2º - Para descobrirmos que por melhor que sejam as nossas soluções a resposta final vem de Deus. Os discípulos achavam que deveria despedir a multidão, mas o Senhor queria lhes mostrar que Ele tinha a solução.

Muitas vezes iremos passar por experiências semelhantes. Muitas vezes nós temos tão pouco para sustentar a tantos que ficamos atordoados. Mas é nessa hora que temos que crer na intervenção divina.

3º - Devemos entender que antes do problema ser nosso, é dele. Jesus já havia visto a multidão. Ele bem sabia da carência que eles tinham, mas Ele já tinha a solução. Diante disso podemos entender que Ele irá intervir.

4º - Jesus permite que passemos por tais situações para revelar qual tipo de fé é a nossa. Em quem temos depositado a nossa fé? Nos bens materiais ou no Senhor provedor de todas as coisas? Fé quando tudo vai bem é fácil, mas ela tem que entrar em ação quando tudo vai mal. É confiar na intervenção divina, não na minha e nem na sua solução, mas na dele.

CONCLUSÃO

Eu quero concluir dizendo que para Deus não há impossível. Que Ele faz muito mais do que pensamos. Mas não quer dizer que a solução do Senhor seja a nossa solução. Ele sempre nos surpreende.

As crises vem e vão, mas nunca viveremos sem elas. Ela faz parte da nossa vida. A grande questão é como a enfrentamos. Se teimaremos em pôr em prática as nossas soluções ou buscaremos do Senhor a solução.

O Senhor ainda hoje multiplica pão e peixe, mas para isso acontecer temos que apresenta-lo o que temos e seguir a Sua orientação.

Pense nisso!

Bibliografia

1 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p.157.

2 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 135.

3 – MacArthur, John. Comentário Bíblico MacArthur, João, Editora Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2019, p. 1332.

4 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 135.

5 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 288.

6 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p.158.

7 – Edwards, James R. O Comentário de Marcos, Ed. Sheed, Santo Amaro, SP, 2018, p. 247.

8 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 289.

9 – Carson, D. A. O Comentário de Mateus, Editora Shedd, Santo Amaro, SP, 2010, p. 401.

10 – Carson, D. A. O Comentário de João, Editora Shedd, Santo Amaro, SP, 3ª reimpressão 2017, p. 271.

11 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 289.

12 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 137.  

13 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 289.

14 – Earle, Ralph. Comentário Bíblico Beacon, Mateus, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 109.

15 – Ibidem, p. 109.

2 comentários:

  1. Que Bibliografia hein!!!🥰😍🙏

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    1. Graça e paz Jessé.
      É necessário fazer muitas pesquisas para se preparar um sermão, e mesmo assim, sempre haverá algo mais a acrescentar.
      Obrigado pelo comentário, é sempre um incetivo para nós.
      Que Deus o abençoe!

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