Por Pr. Silas Figueira
Texto base: Lucas 4.1-13
INTRODUÇÃO
Após o batismo Jesus
foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo diabo, como
lemos em Mateus 4.1: “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao
deserto, para ser tentado pelo diabo”. Em Lucas nós lemos: “E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto; e quarenta dias foi tentado
pelo diabo” (Lucas 4.1,2).
Jesus não foi ao
deserto por vontade própria. O Espírito Santo que habitava nele com toda a
plenitude impelia-o com força irresistível com uma finalidade bem determinada,
sofrer toda tentação.
No Jordão, o Pai
testificou a seu respeito e ficou provado que ele era o Filho de Deus, mas no
deserto, ele foi tentado para provar que era o homem perfeito, o segundo Adão (Rm
5; 1Co 15.45-47).
JESUS
PODERIA CEDER A TENTAÇÃO?
Jesus não foi apenas o
divino Filho de Deus, mas também o filho plenamente humano de Adão (Lc 3.38).
Foi em sua humanidade que Jesus suportou a investida da tentação. Obviamente, Jesus
não pecou; Ele “não conheceu pecado”
(2Co 5.21), “não cometeu pecado” (1Pe
2.22), e “Nele não há pecado” (1Jo
3.5; Cf. Hb 4.15; 7.26; Jo 8.46). Alguns teólogos, no entanto, acreditam que
Ele poderia ter pecado, embora ele não o tenha feito.
Wayne Grudem observa que
a união da natureza divina e humana de Cristo exclui a possibilidade de Jesus
pecar. Ele observa:
Se a natureza humana de
jesus tivesse existido por si só, independentemente de sua natureza divina,
teria sido a mesma natureza humana que Deus deu a Adão e a Eva. Estaria isenta
de pecado, mas mesmo assim seria capaz de pecar. Mas a natureza humana jamais
existiu à parte da união com sua natureza divina. Desde o momento de sua
concepção, ele existiu como verdadeiro Deus e também verdadeiro homem. Tanto
sua natureza humana como sua natureza divina existiram unidas em uma pessoa. Embora
Jesus tivesse experimentado algumas coisas (tais como fome, sede ou fraqueza)
só em sua natureza humana e não em sua natureza divina […], um ato pecaminoso
seria um ato moral que, aparentemente, teria envolvido toda a pessoa de Cristo.
Assim, se tivesse pecado, isso teria envolvido sua natureza divina bem como a
humana. Mas se Jesus como pessoa tivesse pecado, implicando tanto a natureza
humana como a divina no pecado, então o próprio Deus teria pecado e teria
deixado de ser Deus. Mas é claro que isso é impossível por causa da santidade
infinita da natureza de Deus. Assim, se perguntarmos se de fato era possível
Jesus pecar, parece que precisamos concluir que isso não era possível. A união
de sua natureza humana e divina em uma pessoa o impediria de pecar” [1].
Talvez você pergunte:
Então por que Jesus foi levado ao deserto para ser tentado?
Em sua tentação, Jesus expôs as táticas do inimigo e revelou-nos como ser vencedores ao sofrer a tentação. Jesus não só venceu Satanás como nos mostrou os meios para vencermos também.
Jesus era a semelhança
de Adão. O nosso primeiro pai caiu no jardim, o segundo Adão venceu Satanás no
deserto. Assim que pelo pecado de Adão veio a condenação sobre toda a
humanidade, agora, mediante a fé em Cristo, veio salvação para os seus eleitos.
Como lemos em Romanos 5.17,18:
“Porque,
se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a
abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus
Cristo. Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens
para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos
os homens para justificação de vida”.
Agora, entenda uma
coisa, não é porque Jesus não poderia ceder à tentação que ele não tenha sido
tentado. A pessoa que resiste à tentação conhece todo o poder da tentação. A
impecabilidade de Cristo “aponta para uma tentação muito mais intensa, não
menos intensa”. Alguém que cede à tentação não sente todo o seu poder, pois
cede enquanto a tentação ainda não chegou à sua força total, não chegou ao seu
extremo. Somente o homem que não cede a uma tentação, “no que diz respeito
àquela tentação em particular, é impecável, e conhece aquela tentação em toda
sua extensão” [2].
Foi isso que ocorreu
com Cristo, ele sentiu a tentação, mas não cedeu a ela.
Como lemos em Hb 4.15:
“Porque
não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas;
porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”.
Quais as lições que
podemos tirar desse episódio na vida de Jesus?
1
– O ESPÍRITO SANTO GUIOU JESUS AO DESERTO PARA SER TENTADO (Lc 4.1,2).
A intenção de Deus é
que Jesus fosse tentado pelo diabo. Portanto, o próprio Deus está por trás
desse episódio da tentação no deserto. E, com base no AT, a pessoa “tentada” sempre é o devoto e justo, e
não o ímpio. Cf., por exemplo, Abraão (Gn 22), José, Jó, etc. O objetivo da
tentação é a aprovação e o aprofundamento da fé, e não pôr em risco ou até
mesmo destruir a fé (cf. José na casa de Potifar – Gn 39). Por essa razão
também Tiago escreve: “Ninguém, ao ser
tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal
e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13). E, já que é assim e não pode ser de
outra forma, o cristão sempre precisa alegrar-se quando é conduzido para diversas
tentações (cf. Tg 1.2) [3].
Muitas lutas e
adversidades vem sobre nós por permissão de Deus. Se Jesus não foi poupado de
tais adversidades nós também não seremos. A questão é se cederemos a tentação
ou ficaremos firme na fé. Por isso Paulo diz: “Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!”
(1Co 10.12).
A tentação de Jesus não
procedia de dentro dele, da sua mente, mas totalmente fora, a ação de Satanás.
Nós somos tentados por nossa cobiça (Tg 1.14). Quando Satanás sussurra em
nossos ouvidos uma tentação, um desejo interior nos aguça a dar ouvidos a essa
tentação. A cobiça, dessa forma, nos conduz e nos leva a cair na tentação. Com
Cristo não aconteceu assim, pois o incentivo interior ao mal, ou o desejo de
cooperar com a voz tentadora, não existia em Jesus [4].
O Espírito havia
descido sobre Jesus, capacitando-o para sua tarefa como nosso Grande Profeta,
Sumo Sacerdote Compassivo e Rei Eterno. No presente relato, como Sumo Sacerdote
ele sofre sendo tentado (Hb 2.17,18); como Profeta ele três vezes apela para as
Escrituras (vs. 4, 8, 12); e como Rei ele luta com seu principal oponente e
triunfa sobre ele [5].
Existe uma grande
diferença entre a tentação de Jesus e a nossa, Jesus foi tentado em tudo e não
pecou, nós, por muito menos, pecamos. Jesus em tudo foi tentado, já sobre nós “Não veio sobre vós tentação, senão humana;
mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a
tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1Co 10.13).
Qual é a nossa desculpa
perante o Senhor?
2
– AS TRÊS ÁREAS EM QUE JESUS FOI TENTADO (Lc 4.2-13).
Se nós observarmos a
narrativa desse texto em Mateus e compararmos com a de Lucas, nós veremos que a
segunda e a terceira tentação em Lucas está diferente da de Mateus. Muitos já
especularam a respeito disso, mas não se chegou a um denominador comum. Por
exemplo, se compararmos esse texto de Lucas nós teremos um paralelo com o que
João escreveu em 1Jo 2.16: a concupiscência da carne (transformar pedras em
pão), a concupiscência dos olhos (os reinos do mundo e a sua glória) e a
soberba da vida (saltar do pináculo do templo). Mas não podemos afirmar tal
paralelo.
A história da tentação
do Senhor Jesus pode ser chamada de arrasadora revelação da existência do poder
e das leis do reino das trevas. A história da tentação mostra que o diabo é um
espírito maligno, um inimigo de Deus. O diabo conhece a Jesus e por isso o odeia.
O diabo conhece a Escritura e por isso a odeia. Ele a odeia e distorce.
Distorcer e seduzir é seu contexto, mentir é seu ofício. Jesus disse que o
diabo é mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44), por isso devemos ficar firmes
contra as suas investidas.
Jesus aqui é tentado
por Satanás em três provas:
1) A primeira tentação
foi na área física, saciar a fome (Lc 4.3,4).
Provavelmente ele se mostra a Jesus na figura de um anjo da luz (2Co 11.14), de
forma intencionalmente hipócrita e ofuscante. Os v. 3 e 4 descrevem uma
tentação concebida de forma particularmente sutil. Com comovente empatia se
aproxima de Jesus completamente exausto pela fome, sugerindo-lhe que
transformasse a pedra em pão, por força de sua filiação divina.
Observe que ele utiliza
a expressão no singular, “manda que essa pedra” em Lucas é mais palpável que o
plural “manda que essas pedras” em Mateus. Talvez Satanás até mesmo tenha lhe
estendido uma pedra cujo formato evocava o pão e despertava o desejo por
comida. – Ou seja, o assassino de almas
sempre utiliza o momento propício, o lugar apropriado e as circunstâncias
oportunas. Ele está a postos quando estamos sós, quando uma aflição nos
tortura e dores nos oprimem, ou quando retornamos de um estudo bíblico.
“Se és Filho de Deus”
não expressa uma dúvida, seu sentido é: “Se
de fato és Filho de Deus, então nem sequer precisas passar fome, não tens
nenhuma necessidade de permanecer em uma situação de tamanho esgotamento. Isso
está aquém da tua dignidade”. Assim Satanás alude à interpelação de Deus no
batismo, que dizia: “Tu és meu Filho
amado”. Seu intuito é confundir Jesus quanto a essa filiação e ao
testemunho do Pai celestial, estimulando-o a adequar sua condição exterior de
penúria à sua posição de Filho de Deus [6].
Era, naturalmente, uma
perversa tentativa de (a) provocar a
queda de “o último Adão” (1Co 15.45), ainda quando o primeiro Adão havia
fracassado, ambos os casos em conexão com o consumo de alimentos. Além do
mais, por parte do tentador este era um sinistro esforço por (b) destruir a confiança do Filho na vontade e
poder de seu Pai para sustentá-lo. O que o tentador propunha a Jesus a fazer
era desconfiar de seu Pai e tomar os assuntos inteiramente em suas próprias
mãos.
Ambos foram tentados
por Satanás. Mas a diferença na gravidade da prova se mostra no seguinte
tríplice contraste:
a. Em nenhuma parte de
Gênesis 3.1-7 lemos que o Adão do Antigo Testamento estivera sem alimento por
algum espaço de tempo. Ao contrário, Jesus estivera jejuando por quarenta dias.
Estava muito faminto.
b. Ainda quando o pai
da raça humana ficasse faminto, poderia ter saciado facilmente essa fome, pois
lhe fora dito: “De toda árvore do jardim poderás comer” (Gn 2.16). Tal provisão
não foi feita para Cristo.
c. Ao ser tentado, o
marido de Eva tinha, por assim dizer, tudo a seu favor, uma vez que vivia no paraíso.
Jesus, no momento de sua tentação, permanecia nesse horrível deserto! [7].
A
resposta de Jesus ao tentador: “E Jesus
lhe respondeu, dizendo: Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de
toda a palavra de Deus”. O Senhor cita as Escrituras para
rechaçar o tentador. Jesus cita o texto de Dt 8.3 mostrando para o diabo que a
fome espiritual é muito maior que a fome física. Pois a fome física pode ser
saciada em qualquer lugar, mas a fome de Deus só Ele pode saciar. E mais, assim
como o Pai sustentou o seu povo no deserto com maná que caia do céu, da mesma
forma o Senhor poderia vir ao seu encontro e saciar a Sua fome.
Assim como o Pai
alimentou uma multidão no deserto, da mesma forma o Senhor iria alimentá-lo. O
mesmo o Senhor tem feito o mesmo conosco todos os dias. Em Mateus 6.25-30 Jesus
nos conforta dizendo que o Senhor nos dá o de comer, beber e vestir. E no verso
11 do capítulo 6 Ele nos ensina a orar dizendo: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje”.
Mas
o que está em jogo aqui é algo muito maior, se trata de uma prova ainda mais
sutil, pois Satanás
pede que Jesus separe o físico do espiritual. Na vida cristã, comer é uma
atividade espiritual. Podemos usar nosso alimento diário para glorificar a Deus
(Rm 14.20,21; 1Co10.31). Sempre que rotulamos diferentes áreas de nossa vida
como “físicas”, “materiais”, “financeiras” ou “espirituais”, corremos o risco
de deixar Deus de fora de áreas que, na verdade, lhe pertencem por direito. Cristo deve ser o primeiro em tudo ou não o
será em coisa alguma (Mt 6.33). Ê melhor passar fome dentro da vontade de
Deus do que estar saciado e fora da vontade de Deus.
Ao citar Deuteronômio
8.3, Jesus enfatiza a palavra homem. Como Filho eterno de Deus, tinha o poder
de fazer qualquer coisa, mas como Filho humilde do homem, tinha autoridade para
fazer somente o que era da vontade do Pai [8].
Quantas vezes Satanás
tenta pôr em dúvida a bondade e a providência de Deus, abrindo-nos outras
oportunidades para atender nossas necessidades imediatas. Devemos vigiar para
não sermos seduzidos por ele.
2 – A segunda tentação
é apostatar da fé (Lc 4.5-8). A tentação que Mateus
relata como sendo a terceira é apresentada por Lucas como a segunda tentação.
Essa inversão provavelmente se deve ao fato de que Mateus descreve os ataques
em ordem cronológica. Lucas, por seu turno, presumivelmente observa uma
sequência gradativa dos locais: o
deserto, a montanha, a cidade santa [9].
Do topo do lugar muito
alto o diabo mostra a Jesus todos os reinos do mundo. Todos estes foram
vividamente apresentados a Jesus num único e impressionante momento! Toda essa
riqueza é oferecida por Satanás a Cristo, tudo pelo preço de um único ato de
adoração a ele. Jesus poderia tê-lo em sua posse e sob sua autoridade.
O diabo, na verdade, é
um estelionatário. Usando a arma da mentira, diz para Jesus que essa autoridade
havia sido entregue a ele e que ele poderia dá-lo a quem quisesse. O diabo
oferece o que não tem, promete o que não pode cumprir [10].
O diabo oferece a Jesus
um reino de glória sem cruz!
A
resposta de Jesus ao tentador: “Vai-te
para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e
só a ele servirás”. O Senhor cita mais uma vez as
Escrituras Sagradas com intrepidez (Dt 6.13). Ele não se deixa levar, mais uma
vez, pela proposta imoral do diabo. Satanás não disse coisa alguma sobre
servir, mas Jesus sabia que servimos àquilo que adoramos. O serviço ao Senhor é
liberdade verdadeira, mas o serviço a Satanás é terrível escravidão.
O Pai já havia
prometido dar ao Filho todos os reinos do mundo (SI 2.7,8), mas primeiro era
necessário que o Filho sofresse e morresse (Jo 12.23-33; Ap 5.8-10). O sofrimento
precede a glória (Lc 24.25-27). O adversário ofereceu a Jesus esses mesmos
reinos se o adorasse uma única vez, o que eliminaria a necessidade de Jesus
sofrer na cruz (observe Mt 16.21-23). Satanás sempre quis tomar o lugar de Deus
e ser adorado (Is 14.13,14) [11].
Observe que quem
prometeu riquezas se recebesse adoração foi Satanás e não nosso Senhor Jesus
Cristo. O evangelho da prosperidade, que é um falso evangelho (Gl 1.8), tem
levado muitas pessoas a adorarem Satanás achando que estão servindo a Deus. Mas
é importante destacar que tais pessoas são enganadas porque são cativas de suas
próprias ganâncias. Essas pessoas servem a “Deus” não pelo o que ele é, mas
pelo o que ele dá e faz. Essas pessoas estão servindo a um falso deus e lendo
um falso evangelho.
3 – A terceira tentação
é a presunção (Lc 4.9-12). É provável que o
pináculo fosse um ponto alto na extremidade sudeste do templo, bem acima do
vale de Cedrom, numa altura de cerca de 150 metros,
altura que provocava vertigem. Satanás pode usar até mesmo a Cidade Santa e a
parte mais elevada do templo santo como tentação! O inimigo seguiu o exemplo de
Jesus e resolveu citar as Escrituras, escolhendo para isso o Salmo 91.11,12.
Claro que citou essa promessa indevidamente e, além disso, deixou de fora a
expressão “em todos os teus caminhos”.
O diabo é um péssimo
exegeta e um falso intérprete das Escrituras. Com isso aprendemos que texto
fora do seu contexto, ou omitindo parte do seu texto, é pretexto para heresia.
Na primeira tentação, o
diabo queria levar Jesus a desconfiar do amor de Deus. Agora, quer levar Jesus
a uma confiança falsa na proteção. O diabo sempre torce a palavra de Deus. É
assim que surgem tantas seitas e heresias com gente de Bíblia na mão, mas
guiada pelo diabo.
Quando procuramos as
ordens que Deus tem para nós escolhendo um versículo aqui e outro ali, não
estamos vivendo pela fé. Antes, vivemos em função do acaso e tentando o Senhor.
“Tudo o que não provém de fé é pecado” (Rm 14.23), e “a fé vem pela pregação, e
a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10.17) [12].
A resposta de Jesus ao
tentador: “Dito está: Não tentarás ao Senhor teu Deus”
(Dt
6.16). Ao responder, Jesus chama a intenção do diabo de tentar a Deus.
Aqui o idioma grego apresenta um termo mais intenso do que simplesmente
peirázein = tentar (como no v. 2).
Aqui aparece ekpeirázein. Talvez possamos reproduzir a intensificação com “desafiar insolentemente a Deus”. – De
acordo com a concepção de Jesus, bem como de toda a Escritura, essa é a maior
blasfêmia.
Isso não passa de
provocação a Deus, e até mesmo uma ameaça por parte da criatura, de que, se o
Criador não socorrer imediata e instantaneamente a criatura, ela demitirá o
Criador. Isso é blasfêmia.
A majestade do
onipotente e santo Deus demanda que nossa confiança nele seja irrestrita e
nossa obediência, não-dividida! Podemos confiar que ele socorre em qualquer
situação, mas jamais podemos proscrever-lhe a intervenção. Temos o privilégio
de servir-lhe em obediência total como filhos e com alegria, mas nunca comandar
ou ordenar o que ele deve fazer [13].
3
– VENCENDO O TENTADOR COM AS ARMAS QUE JESUS USOU.
Adão caiu na tentação
do diabo no jardim do Éden, e devido a isso, precipitando toda a humanidade num
estado de pecado e total miséria. No entanto, o segundo Adão – Jesus Cristo –
venceu o diabo no deserto e abriu para nós um caminho de vitória. Quais as
armas que Jesus usou para vencer Satanás no deserto:
a) A plenitude do
Espírito Santo (Lc 3.22, 4.1). É impossível
vencermos Satanás na nossa força carnal. Para triunfarmos nessa batalha,
precisamos de armas espirituais (Ef 6.1-20). O Espírito Santo que estava sobre
Jesus está hoje sobre a Sua igreja.
b) Conscientes de quem
nós somos em Cristo. Jesus tinha plena consciência de
que Ele era o Filho de Deus. Nós, da mesma maneira, devemos ter essa
consciência também. No momento que recebemos Jesus como Senhor de nossas vidas,
nos tornamos filhos de Deus (Jo 1.12).
c) Com jejum e oração
(Lc 3.21, 4.2 conf. Mt 4.2). A oração e o jejum
são armas espirituais poderosas em Deus para vencermos fortalezas espirituais e
anular sofismas (2Co 10.3-5).
d) Com a Palavra de Deus
(Lc 4.4,8,12) “Está escrito!”. Jesus não citou a
Palavra de forma aleatória, mas dentro do seu real contexto. A Palavra de Deus
é a espada do Espírito, uma arma não só de defesa, mas também de ataque (Hb
4.12). Por isso que Paulo escrevendo a Timóteo lhe diz: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que
se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15).
e) Jesus resistiu ao
diabo firmemente em obediência ao Pai. A própria
Palavra nos ensina a fazer a mesma coisa:
“Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”
(Tg 4.7).
CONCLUSÃO
Diante de tudo que foi
falado creio que podemos concluir dizendo algo prático e extremamente
importante: “Todos nós devemos esperar tempos de provas”. Se Satanás não
desistiu de Jesus, ele também não desistirá de nenhum de nós. Por isso devemos
vigiar e orar o tempo todo e em todo tempo. Ele é um ser maligno e
perseverante. Sempre haverá suas investidas, não pense que ele se afasta e não
volta. O apóstolo Paulo nos deixou isso bem claro quando escreveu a sua carta
aos Efésios 6.10-13. Veja como ele nos alerta:
“Quanto
ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de
toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo;
porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os
principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra
as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Portanto, tomai toda a
armadura de Deus, para que possais resistir no dia mal e, depois de terdes
vencido tudo, permanecer inabaláveis”.
Mas nós temos um grande
conforto, Deus sempre está ao nosso lado. Ele nunca nos abandona. Aliás, o
Senhor nos diz também que “Não vos
sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que
sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a
tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (1Co
10.13).
O texto de Mateus
termina dizendo que “com isso, o deixou o
diabo, e eis que vieram anjos e o serviram”. Lute até o fim, não esmoreça.
Não ceda à tentação. O Senhor também enviará o sustento para você e para mim
também.
Bibliografia:
1 – Grudem, Wayne. Teologia
Sistemática, 2ª ed. São Paulo, Edições Vida Nova, 2015, p. 443-44.
1 – Ferreira, Franklin.
Myatt Alan. Teologia Sistemática, 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2017, p. 523.
3 –Rienecker Fritz.
Lucas, Comentário Bíblico Esperança, Curitiba: Editora Evangélica Esperança,
2005, p. 63.
4 – Lopes, Hernandes
Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, São Paulo: Editora Hagnos, 2017, p. 113.
5 – Hendriksen,
William. Novo Comentário do Novo Testamento, Lucas, vol. 1, São Paulo: Editora
Cultura Cristã, 2003, p. 314.
6 – Rienecker Fritz.
Lucas, Comentário Bíblico Esperança, Curitiba: Editora Evangélica Esperança,
2005, p. 64.
7 – Hendriksen,
William. Novo Comentário do Novo Testamento, Lucas, vol. 1, São Paulo: Editora
Cultura Cristã, 2003, p. 315.
8 – Wiersbe, Warren W.
Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Santo André: Ed.
Geográfica, 2012, p. 235.
9 – Rienecker Fritz.
Lucas, Comentário Bíblico Esperança, Curitiba: Editora Evangélica Esperança,
2005, p. 65.
10 – Lopes, Hernandes
Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, São Paulo: Editora Hagnos, 2017, p. 117.
11 – Wiersbe, Warren W.
Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Santo André: Ed.
Geográfica, 2012, p. 235.
12 – Wiersbe, Warren W.
Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Santo André: Ed.
Geográfica, 2012, p. 236.
13 – Rienecker Fritz.
Lucas, Comentário Bíblico Esperança, Curitiba: Editora Evangélica Esperança,
2005, p. 68.
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