sábado, 6 de julho de 2013

E quando todos esquecem?


Por Alexandre Nobre

Uma das experiências mais difíceis na vida cristã é quando passamos por alguma dificuldade e, de uma hora para outra, parece que não há ninguém quem nos possa ajudar. É difícil sim ... e dói ... como dói! Mas esse tipo de experiência, invariavelmente, todos os cristãos passam; aliás me atrevo a dizer que esse “deserto” em meio à dificuldade é algo que todos os seres humanos experimentam, sejam cristãos ou não.

Mas, falando do deserto na vida cristã, posso dizer, eu já passei por ele, você provavelmente também, mas por mais que essa experiência seja um tanto comum, a maneira de lidar com essa situação é muito particular, ou seja, cada um de nós reagirá de forma pontual diante dos desertos da vida espiritual.

Claro que esse post não tem a intenção de ser o manual da vida cristã no deserto; definitivamente não! Porém, algumas experiências vividas e o desabafo de uma irmã em Cristo me impeliram a escrever de forma objetiva como podemos enfrentar esse sofrimento; claro que tudo isso seria nada, se o que você vai ler a partir de agora não estivesse pautada nas Escrituras Sagradas.

Como descrevi, foi o desabafo de uma irmã que me fez relembrar meus desertos, de como eles me fizeram chorar e de como me ensinaram. Nessa conversa, a irmã me disse a seguinte frase: “(...) me senti assim sem rumo olhando para um lado pro outro e não via ninguém nada pra onde eu pudesse correr”. A conversa se estendeu por vários minutos, quase uma hora, e biblicamente tentei apresentar forças à minha irmã; forças essas que, obviamente não vêm de mim, mas da Palavra de Deus e do Espírito Santo.

Essa irmã resolveu não me contar o real motivo desse sofrimento. Mas enquanto ela desabafava, minha mente montava a cena, quadro a quadro, cada palavra que ela me falava me fazia imaginar seu sofrimento. E, após ouvi-la atentamente, resolvi expor minha opinião e de alguma forma ajuda-la a enfrentar essa situação.

Claro que minhas palavras não salvaram minha amiga do seu sofrimento, mas sabemos que toda a palavra de Deus é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, redargüir, e instruir em justiça (II Tm 3:16) e o Senhor foi glorificado em Sua Palavra.

Essa situação me fez pensar muito sobre o deserto da vida cristã. Por que acontece? Por que Deus permite? Por que parece que Deus nos esqueceu? Como em tudo e em todas as coisas, a Palavra de Deus tem as respostas, vejamos:

No deserto, conhecemos a nós mesmos

É justamente nos piores momentos da vida que revelamos nossa verdadeira natureza. Quando somos perseguidos, destratados, deixados de lado, esquecidos; nesses momentos o que era prioridade fica em segundo plano; aquilo que não vivíamos sem, nessas horas são esquecidas em algum canto da casa; dessa forma, invertemos padrões e mudamos conceitos. É muito comum nos surpreendermos conosco quando passamos por grandes dificuldades. A raiva escondida vem à tona; o orgulho velado se eleva e se apresenta; o medo oculto se revela; e não adianta mais máscaras: somos nós sim; patentes e nus diante de Deus e de nós mesmos. E é justamente aí que precisamos fazer uma auto avaliação. Quem somos? O que nos levou a agir dessa forma? Esse momento também é importante para analisarmos nossa fé em Deus, afinal se estamos desesperados, pode ser que não estejamos tão inabaláveis assim. É preciso pensar a respeito.

No deserto, nosso caráter é provado e aperfeiçoado

Uma famosa frase do filosofo grego Epicuro (341-270) diz que “Os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e tempestades”. Espiritualmente, é no deserto que podemos ser aperfeiçoados em Deus, pois toda nossa independência é colocada à prova e, muitas vezes por estarmos cansados de lutar contra as provações, nos rendemos sem reservas aos cuidados de Deus. É aí que começa a prática do salmo de número 40, onde não temos mais opções, a não ser esperarmos com paciência no Senhor, confiando em Seu cuidado e correção.

No deserto, Deus nos trata de forma especial

É impossível não se emocionar quando lembramos dos cuidados do Senhor sobre nossas vidas quando passamos pelo “vale”. Nos momentos em que parece que estamos distantes de Deus, na verdade, por Ele estamos sendo provados e aperfeiçoados. O profeta Oséias, em seu livro, traz uma interessante palavra de qual é nossa situação quando estamos no deserto. No capítulo 13, verso 5, ele diz: “Eu te conheci no deserto, na terra muito seca”. O contexto da mensagem diz respeito a como Deus tratou com seu povo, tirando-o do Egito, atravessou o deserto e como Israel se entregou à idolatria. Deus conhecia o futuro de Israel, porém em Sua longanimidade Ele se voltou ao Seu povo, e dele teve misericórdia. O período do deserto de Israel foi de aprendizado, pois suas ações ficaram registradas na memória do povo, de geração à geração, provando a misericórdia do Senhor. Deus tratou Seu povo de forma especial e única; assim, quando, em comparação, passamos pelos nossos desertos na vida espiritual, Ele nos trata de forma especial também.

Então ...

Não nos esqueçamos que, mesmo em meio ao silêncio de Deus; à Sua provação e repreensão, Ele sempre olha pelos Seus filhos. Veja o que diz Isaias no capítulo 49, verso 15: “Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti.”Aleluia!! Que maravilhosa promessa!! Se você está passando pelo deserto espiritual, ou ainda venha a passar, em tudo ofereça a Deus sua adoração. Que suas lágrimas, seus gemidos e até sua tristeza sejam para a glória Dele, pois essa leve e momentânea tribulação produzirá em você um peso de glória mui excelente (II Co 4:17).

Se quando passares pelas provas do deserto espiritual, e, assim como minha amiga, procurar ajuda nas pessoas e não encontrar, não desanime. Uma conhecida música evangélica diz assim: “Se tanta gente tentou te ajudar mas não deu, não julgues, porque é de Deus; tem coisas que só Jesus faz”. É bem verdade ... Deus pode permitir que passemos pelos desertos e que todos à nossa volta nos abandonem para que provemos da fidelidade do Senhor, assim como Seu povo Israel no deserto; assim teremos mais confiança e comunhão com nosso Deus, e assim como Jó, poderemos dizer: “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos.”

Que o Deus de paz nos ajude!

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