terça-feira, 19 de outubro de 2010

A banalização do Evangelho - Primeira Parte


Por Pastor Jonas Santana

Nunca, em toda história a igreja pregou e viveu um evangelho tão barato quanto o que é apresentado ao povo nesses dias! Alguns homens se auto intitularam apóstolos, para poderem diferenciar seus ministérios dos demais, dando-lhes um ar de superioridade. Alguns desses apóstolos – nem todos - são negociantes que fizeram do evangelho um comércio lucrativo. Para atraírem mais clientes transformaram seus templos em teatros, com espetáculos semanais de show gospel, danceteria e grandes apresentações.

As conferências que eles realizam têm inscrições a peso de ouro, e taxas até para se assistir algumas horas de reuniões. No final da conferência há o dvd, o cd, o livro, tudo a venda. Ainda há cenas tiradas da Bíblia que levam o povo ao delírio, dando um ar de espiritualidade ao evento. Depois das reuniões os tais pregadores vão agradecer a Deus em restaurantes caríssimos. Fartam-se de alegria pelos frutos obtidos, pelas salvações alcançadas, pelos enfermos curados, etc...

Pedro, Paulo, ou mesmo John Wesley, Jonathan Edwards, Charles Finney, Charles Haddon Spurgeon, Smith Wigglesworth, ficariam corados de vergonha se vissem esses novos apóstolos. Até poderíamos pensar nisto: uma conferência apostólica reunindo Pedro, Paulo, Barnabé, João, Silas e ainda teríamos Estevão, Filipe. Eles alugariam um anfiteatro em Jerusalém e cobrariam ingressos para os irmãos assistirem as reuniões de fé.

Na idade média a Igreja Católica vendia indulgências e as pessoas podiam comprar um “lugarzinho” no céu. Nós, os evangélicos criticamos duramente a Igreja Católica por essa idolatria, chamando-a até de “a grande Babilônia”. Mas, os evangélicos dos nossos dias são piores do que os católicos. Não estou defendendo os católicos, apenas comparando-nos a eles! É uma comparação inevitável, pois a mesma hipocrisia existente na Igreja Católica está largamente implantada no seio evangélico.

É interessante que a Igreja Católica defende veementemente certos valores, mesmos sendo criticada duramente pela sociedade, não cede e defende seus princípios. Bem ao contrário dos evangélicos que estão se “atualizando”.

É incrível como temas que são tão claros na Bíblia (a Palavra de Deus) sejam desvirtuados por apóstolos mentirosos, pastores desonestos, que pregam o outro evangelho mencionado pelo Apóstolo Paulo em 2 Co 11.4, motivados apenas pelo lucro fácil. Descobriram que ter uma “igreja” é algo rentável. Pessoas que até pouco tempo atrás, passavam fome, hoje comem nos melhores e mais caros restaurantes; não tinham um local para morar, hoje vivem em verdadeiros palacetes; tinham um carro velho, hoje andam de carros importados, blindados, com motorista particular e seguranças por todo o lado. Se auto-nomeiam, passam a viver no luxo, enquanto a maioria dos pastores não tem sequer uma casa para morar. Estes mesmos pastores são encorajados a ir para um lugar qualquer e devem viver pela "fé".

Tais "apóstolos" são movidos pela ganância, pela glória pessoal. Costumam afirmar que não têm nada em seu nome, mas criam estatutos que lhes dão poder vitalício, em que somente eles podem decidir o que e quando comprar. São multimilionários e são os verdadeiros donos da denominação. Seus pastores são meros empregados que podem ser despedidos ou mesmo afastados sem explicação. Como a atividade de pastor não é empregatícia, mas um chamado, estes "apóstolos" abusam da sinceridade de seus obreiros.

São tão movidos por dinheiro, que quando um dos seus pastores telefonou para comunicar que houve cinqüenta decisões num culto, ouviu de seu líder apenas um comentário simples, com um amém!. No entanto, quando este mesmo pastor comunicou o montante de ofertas ouviu do outro lado da linha um: “oh glória a Deus, que grande benção, aleluia...!”. Alegria pelas ofertas! Não pela salvação das almas. Hoje, técnicas empresariais como administração, marketing, gestão, princípios de liderança, técnicas de vendas e por aí afora, são amplamente usadas. Com isto, os pastores deixam de ser pastores para se tornarem gestores.

Tudo é vendido: - “Venha adorar ao Senhor, venha adorar a Deus no maior evento de adoração, compre o seu ingresso hoje mesmo em qualquer uma de nossas livrarias ou em uma de nossas igrejas.” Cobram-se ingressos para tudo, Congresso de Pastores, Evangelismo, etc... A Pregação do Evangelho virou um negócio altamente rentável e lucrativo e livre de impostos.

Eu estou cansado deste modelo de igreja que aí está. Eu oro e peço a Deus que haja um grande mover e que urgentemente voltemos ao verdadeiro Evangelho, o Evangelho do Reino de Deus.

“Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo. Porém que fareis quando estas coisas chegarem ao seu fim?” (Jr 5.30-31).

Voltaremos a abordar este assunto.

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