terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A Bíblia é o Único Escudo que Nos Protege do Erro


Por João Calvino

De fato, se refletirmos quão acentuado é a tendência da mente humana para esquecer a Deus, quão grande é a inclinação dos homens para com toda espécie de erro e quão pronunciado é o gosto deles para forjar, a cada instante, novas fantasiosas religiões, poderemos perceber como foi necessário a autenticação escrita da doutrina celeste, para que ela não desaparecesse pelo esquecimento, nem se desfizesse pelo erro, nem fosse corrompida pela petulância dos homens. Deste modo, como está sobejamente demonstrado, Deus providenciou o auxilio de Sua Palavra para todos aqueles a quem quis instruir de maneira eficaz, pois sabia ser insuficiente a impressão de Sua Imagem na estrutura do universo. Portanto, se desejamos, com seriedade, contemplar a Deus de forma genuína, precisamos trilhar a reta vereda indicada na Sua Palavra.

Importa irmos à Palavra na qual, de modo vivo e real, Deus Se apresenta a nós em função de Suas obras, ao mesmo tempo em que essas mesmas obras são apreciadas, não sendo o nosso julgamento corrompido, mas de acordo com a norma da verdade eterna. Se nos desviarmos da Palavra, como ainda há pouco frisei, mesmo que nos esforcemos com grande empenho - pelo fato de a corrida ser fora da pista - jamais conseguiremos atingir a meta. Devemos pensar que o esplendor da face divina, que até mesmo o Apóstolo Paulo reconhece ser inacessível (I Tm.6:16), é para nós um labirinto emaranhado, no qual só podemos entrar se, através dele, formos guiados pelo fio da Palavra. Por isso, é preferível andar mancando, ao longo deste caminho a correr velozmente fora dele!

É por isso que, não poucas vezes, nos Salmos 93, 96, 97 e outros, ensinando que devemos tirar do mundo as superstições, para que floresça a religião pura, Davi representa a Deus como Aquele que reina, dando a entender, pelo termo reinar, não o poder de que Deus está investido e que exerce no governo universal da natureza, mas significando a doutrina pela qual reivindica, para Si, a legítima soberania, visto que jamais se pode arrancar os erros do coração humano, enquanto nele não se implantar o verdadeiro conhecimento de Deus.

Fonte: Sola Fide

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