segunda-feira, 29 de junho de 2009

Combustão espontânea


O blog que mantém, e que é o principal veículo de divulgação de suas ideias, já chegou a ser tirado do ar a partir de denúncias de entidades de defesa dos direitos da comunidade gay, que o acusam de homofóbico. Severo diz que a pressão foi tanta que ele teve que deixar o Brasil no fim de março. Ele não revela o lugar onde está de jeito nenhum. “Seria perigoso para mim e para minha família”, justifica. Lá, afirma que tem frequentado uma igreja “muito humilde” e se mantido graças à ajuda que recebe de colaboradores e instituições que o apoiam.

Severo é daqueles crentes quixotescos, disposto a lutar contra moinhos que talvez só ele consiga enxergar. Nas suas palavras, até mesmo o governo brasileiro teria interesse em pedir sua deportação por conta das críticas que faz a Luiz Inácio Lula da Silva. “O presidente faz defesa intransigente do homossexualismo e do aborto. Quanto ainda falta para considerarmos Lula e seu governo como possessos? Ele está acabando com a moralidade e a honestidade da sociedade”, dispara. O tom histriônico dá ao perfil de Julio Severo um contorno incendiário que ele faz questão de alimentar, e não apenas quando fala da homossexualidade. Ele defende, por exemplo, o direito de os pais crentes educarem seus filhos em casa (prática proibida pela legislação brasileira) como forma de mantê-los a salvo de supostas influências perniciosas da escola. Além disso, diz que o casamento é a solução contra a promiscuidade sexual entre os jovens evangélicos. “Querem sexo? Então, que se casem”, prega Severo, para quem as famílias não deveriam estimular seus filhos a postergar o matrimônio em busca de qualificação educacional e profissional, e sim, fazer justamente o contrário. É provável que poucos crentes concordem com ele, mas Severo avisa: “Quando meu livro foi publicado, muitos o acharam exagerado. Quem leu, hoje me chama de profeta.”
Cristianismo Hoje: Que tipo de ameaças o senhor recebeu por conta de sua militância contra a homossexualidade e que o obrigaram a deixar o país?

Julio Severo: Já recebi emails ameaçando processos, sem contar os inúmeros xingamentos. Várias comunidades no Orkut ligadas a mim ou feitas para honrar meu trabalho foram denunciadas e fechadas. Em contrapartida, as muitas comunidades que me denunciam como “criminoso” nunca foram fechadas. Essas comunidades encaminham o público radical a fazer denúncias diretamente nos órgãos do governo Lula.

Em julho de 2007, meu blog foi fechado pelo Google depois de uma longa campanha de denúncias de ativistas homossexuais. Graças à intervenção de advogados evangélicos e um procurador, o Google liberou meu blog, entendendo que meu direito de livre expressão estava sendo violado. [Não posso deixar de mencionar também o papel importante do filósofo Olavo de Carvalho, que na época escreveu um artigo em minha defesa no Jornal do Brasil.]

Em sua página pessoal de internet, o líder máximo do movimento homossexual brasileiro, Luiz Mott, publicou o nome completo, endereço e telefone de “Julio Severo”. Felizmente para mim e minha família, ele postou os dados de outra pessoa! Tempos atrás interceptei mensagem de Luiz Mott a outros líderes gays, onde havia o pedido para que se levantassem a meu respeito informações pessoais como nome completo, endereço, fotos, histórico, etc.

Além disso, sou alvo de outros tipos de ataques. Regularmente aparecem páginas de internet, com conteúdo de pornografia homossexual, contendo meu nome, como se eu estivesse ligado a tais obscenidades. O objetivo, sem dúvida, é levar o internauta que pesquisa meu nome a terminar numa dessas páginas pornográficas. Um conhecido site esquerdista chegou a publicar uma entrevista forjada, onde o falso “Julio Severo” se confessa um homossexual promíscuo.
Precisei sair do país depois que procuradores, numa atitude abusiva, intimaram um amigo meu a revelar minha localização. Mesmo depois que meu amigo declarou, com a ajuda de um advogado, que ele não tinha nenhuma responsabilidade pelo conteúdo do meu blog, o MPF continuou intimando-o. A alegação deles é que havia uma queixa de “homofobia” registrada contra mim em 2006.

Cristianismo Hoje: Onde o senhor está atualmente? Há quanto tempo o senhor está neste local? Por que a opção por este local?

Julio Severo: O lugar em que estou foi escolha de um evangélico que escutou um apelo em favor de mim. Esse apelo foi feito pelo filósofo brasileiro Olavo de Carvalho, através de seu programa de rádio na internet. Depois de ouvir o apelo, ele se mobilizou para ajudar.

Cristianismo Hoje: Quando o senhor pretende voltar ao Brasil? Sua volta depende de quê?

Julio Severo: O Brasil está descaradamente caminhando para uma ditadura cultural e legal pró-homossexualismo e pró outras perversões, inclusive o sacrifício de crianças com amparo estatal. Que chances tenho eu de prosseguir meu trabalho sem sofrer muitas outras ameaças?
Além disso, outras posições cristãs e éticas que eu e minha família temos são encaradas injustamente como “crimes” pela pseudo-democracia brasileira, trazendo grandes riscos de segurança para nós. Defendemos abertamente a educação escolar em casa, opção educacional que estava disponível para as famílias brasileiras até que os esquerdistas suprimiram, sem que ninguém percebesse, tal liberdade na Constituição de 1988. Em países genuinamente democráticos, nenhum pai ou mãe enfrenta perseguição por educar os filhos em casa.

No Brasil, o mesmo Estado incompetente que não consegue tirar crianças das ruas consegue invadir lares e ameaçar pais e mães inocentes com prisão pelo “crime” de educar em casa. Eu pessoalmente vi, em São Paulo e no Rio, crianças nas ruas pedindo esmola. Em São Paulo vi uma menina de 8 anos pedindo esmola às 23h30min! Contudo, se ela fosse uma menina educada em casa, bem alimentada e segura, as autoridades incompetentes conseguiriam invadir seu lar, tomar-lhe a guarda e, quem sabe, entregá-la em adoção a um “casal” homossexual.
Defendo também a liberdade de os pais optarem por não vacinar seus filhos, considerando o fato gravíssimo de que a maioria das vacinas infantis é feita a partir de linha de células fetais de bebês abortados.

Tive também acesso à informação confidencial de fonte de alto nível me avisando do Ministério da Saúde (MS) preparando medidas e retaliações contra mim porque o MS atribuiu diretamente aos meus textos o baixo índice de vacinação em sua recente campanha da rubéola. A própria imprensa brasileira confirmou o impacto dos meus artigos como importante fator na conscientização da população, onde um grande número acabou rejeitando a vacinação durante a campanha da rubéola.

No Brasil, posturas éticas em defesa da liberdade de escolha e dos direitos prioritários dos pais em importantes decisões de educação e saúde dos filhos estão custando um alto preço para muitos pais cristãos. Eu e minha família vivemos essa dura realidade na própria pele.
Enquanto a maioria absoluta dos brasileiros (pais, mães, cristãos, etc.) vai perdendo direitos necessários sem nem mesmo perceber, a minoria homossexual ganha do Estado o direito completamente desnecessário de promover e praticar o ato de enfiar ou receber o pênis no ânus. Atribuo a cegueira do povo brasileiro (inclusive católicos e evangélicos) às campanhas de doutrinação estatal com a cumplicidade da mídia comprada.

Uma sociedade justa e saudável tem escolas que, em vez de doutrinarem as crianças no homossexualismo, ensinam o valor do casamento, o valor do papel do pai e da mãe, o valor do sexo conjugal e desestimulam as crianças de todo comportamento nocivo, inclusive o homossexualismo. Uma sociedade que não tem essa justiça inevitavelmente acaba perseguindo as pessoas honestas e justas.

Cristianismo Hoje: O senhor diz que saiu com sua mulher e dois filhos. Qual tem sido sua atividade aí e de onde vem seu sustento?

Julio Severo: Minha atividade aqui é exatamente a mesma atividade que Deus me deu no Brasil: alertar, informar, conscientizar, através do meu blog. Não vou abandonar minhas responsabilidades para com o Brasil. Meu sustento atual está vindo da colaboração voluntária dos leitores e admiradores do meu blog.

Cristianismo Hoje: O senhor diz que promotores do Ministério Público têm pressionado pessoas conhecidas suas no Brasil para que informem seu paradeiro. Quem são estes promotores? O MP já abriu investigação contra o senhor?

Julio Severo: Tecnicamente, seria impossível o Brasil se tornar a nação mais obcecada do mundo na promoção do homossexualismo, mas isso aconteceu. Tecnicamente, não haveria o que o MPF fazer contra mim, pois não existe nenhuma lei anti-“homofobia” no Brasil. Mesmo não havendo tal lei, outros cristãos brasileiros já foram perseguidos por “homofobia”. Que país é esse, que age arbitrariamente com base exclusiva nos sentimentos pró-homossexualismo do presidente Lula? Que tipo de justiça eu posso sofrer por minhas posições públicas sobre o homossexualismo, sendo inclusive autor do livro “O Movimento Homossexual”, publicado há 11 anos pela Editora Betânia?

O que poderiam fazer, conforme orientações que recebi de advogados católicos e evangélicos, é tentar me cercar com outras acusações mais viáveis, e isso já está sendo feito. À queixa de “homofobia” foram adicionadas posteriormente queixas de jornalistas muçulmanos e adeptos de religiões afro-brasileiras. As novas acusações no MPF partiram de indivíduos insatisfeitos com os textos do meu blog sobre as práticas de bruxaria e da religião muçulmana.

Antes que fechassem o cerco, tomei a iniciativa de proteger minha família e meu trabalho, pois posso continuar alertando o Brasil a partir de qualquer localidade do mundo. Saí também para aliviar as pressões injustas do MPF sobre um amigo.

Cristianismo Hoje: Se o PL 122/2006 ainda não foi aprovado, com base em qual instrumento legal o senhor seria denunciado?

Julio Severo: Na base da pura truculência estatal. A VINACC (Visão Nacional para a Consciência Cristã) teve seu direito de livre expressão totalmente violado numa campanha de defesa da família, pois sob pressão de ativistas gays e do governo federal uma juíza acolheu contra a VINACC queixa de “homofobia”. Isso ocorreu em 2007, um ano depois da primeira queixa contra mim. Ainda em 2007, o Pr. Ademir Kreutzfeld, da Igreja Luterana de Santa Catarina, foi intimado porque o maior ativista homossexual do seu estado entrou com queixa por “homofobia”, posteriormente desistindo da ação, por causa das pressões contrárias que eu e meus amigos conseguimos levantar. Infelizmente, porém, a VINACC foi obrigada a remover seus outdoors pró-família. Tudo o que os outdoors diziam era: “Homossexualismo: E Deus os criou homem e mulher e viu que isso era bom”. Essa simples declaração foi considerada “criminosa” e “homofóbica”. Só um governo ditatorial proibiria tal campanha pacífica. Tal é o governo Lula.

Cristianismo Hoje: Em que etapa está o processo que foi movido contra o senhor pela ABGLT?

Julio Severo: Não sei. A ABGLT (agora ABLGT) entrou com queixa contra mim por “homofobia” em novembro de 2007, pedindo o fechamento do meu blog e ações criminais contra minha pessoa. Poderíamos desconsiderar essa ameaça como sem efeito, pelo tempo que já passou. Foi o que fiz também em 2006, quando recebi um email da Associação da Parada do Orgulho Gay de São Paulo, dizendo que estavam entrando com queixa contra mim no MPF. Não dei atenção, pois recebo muitas ameaças. Para mim, era apenas mais uma ameaça. Contudo, no final de 2008, um amigo meu entra em contato comigo dizendo que estava sendo intimado pelo MPF a revelar minha localização. Com a ajuda de um advogado, ele se defendeu, porém o MPF não aceitou a defesa e continuou pressionando. Para um queixa de “homofobia” de 2006 que eu achava que não ia dar em nada, acabou dando nisso. E ainda há outras queixas: Em maio de 2008, Luiz Mott, em confissão pública, declara também que entrou com queixas contra mim no MPF e outros órgãos.

Cristianismo Hoje: Quem está no Brasil defendendo seus interesses e seus direitos?

Julio Severo: Um escritório de advocacia, de direção evangélica, assumiu voluntariamente a defesa de meu direito de livre expressão.

Cristianismo Hoje: O senhor tem recebido apoio de alguma pessoa, igreja ou instituição?
Julio Severo: Antes de sair do Brasil, recebi muitas manifestações de carinho e apoio, desde irmãos em Cristo simples como eu até pastores, advogados, promotores e outros líderes.

Cristianismo Hoje: Por que o senhor começou sua militância nesta área do homossexualismo e suas relações com a fé cristã e desde quando está envolvido nisto?

Julio Severo: No começo de 1995 senti claramente Deus me dirigindo a escrever um livro sobre a ameaça do movimento homossexual. Durante algumas semanas, hesitei, pois o tema homossexual era um tabu enorme. Não havia paradas gays, nem a obsessão homossexual que vemos hoje em tudo: escolas, mídia, etc. Depois de algum tempo, venci meus temores e aceitei o chamado do Espírito, começando a pesquisar sobre o movimento homossexual. Quando, em meados de 1995, ocorreu no Brasil a primeira conferência internacional da ILGA no hemisfério sul, entendi a intenção divina de me chamar para o combate, pois depois da conferência os grupos gays brasileiros ganharam um impulso extraordinário para avançar. Deus antecipou essa agressão espiritual do inferno com uma ação da agenda do Reino de Deus. Foi assim que nasceu meu livro “O Movimento Homossexual”, publicado pela Editora Betânia em 1998.

Cristianismo Hoje: O senhor já teve algum envolvimento pessoal com homossexualismo? Caso positivo, como se deu a sua mudança de comportamento, já que hoje o senhor mantém há longo tempo uma relação heterossexual estável que já lhe deu dois filhos?

Julio Severo: Nunca fui homossexual.

Cristianismo Hoje: O senhor se denomina um ativista pró-família. Em quê consiste seu trabalho?

Julio Severo: Essa designação me foi dada por líderes evangélicos e católicos nos EUA, exatamente pela repercussão de meus artigos em inglês em defesa da família. Meu trabalho consiste principalmente em alertar e defender os valores da família. As famílias precisam compreender fatos fundamentais: 1. Filhos são bênçãos inigualáveis. 2. Decisões de saúde e educação dos filhos pertencem prioritariamente aos pais. Portanto, as famílias precisam lutar contra o Estado voraz que, em desafio ao planejamento divino, desvaloriza os filhos, o lar, o papel das mulheres, o casamento e usurpa os papéis dos pais, removendo deles o direito prioritário de decidir questões de saúde e educação dos filhos. Hoje o Estado amigo-da-onça é a maior ameaça à integridade da família.

Cristianismo Hoje: Muitos de seus detratores o chamam de radical. O senhor se considera um fundamentalista?

Julio Severo: Sou apenas um servo de Deus, radicalmente apaixonado por Jesus. Muitas igrejas do Brasil, tanto evangélicas quanto católicas (não o Vaticano, que é conservador), estão radicalmente comprometidas com a esquerda e é natural que queiram tachar de radical quem ouse pensar diferente da ideologia predominante na sociedade e nas igrejas. Quanto às designações, no final vai valer somente o que Deus disser. Por isso, minha meta é agradar a Deus.

Cristianismo Hoje: A sexualidade, além de tabu entre muitos evangélicos, é uma das questões que mais suscitam polêmica neste segmento. Em sua opinião, por que isso acontece, levando-se em conta a concepção cristã de que o sexo é uma dádiva de Deus a seus filhos?

Julio Severo: Se perdermos de vista o propósito de Deus para o sexo, perdemos o rumo de tudo na área sexual. Deus conferiu aos seres humanos a capacidade reprodutiva, onde podemos dar continuidade à maior obra que Deus criou no começo de tudo: o homem e a mulher. Na sexualidade, participamos com Deus no Seu projeto de criação. É como no evangelismo. É um prazer ver uma alma sendo resgatada pelo sacrifício de Jesus. Mas a alma do evangelismo não é o prazer. O mesmo se aplica à sexualidade. O prazer tem seu papel, porém o propósito prioritário do sexo é o estabelecimento da família: pai, mãe e filhos. Sem tal perspectiva, o sentido do sexo se evapora.

Cristianismo Hoje: O aborto é um tema do interesse evangélico? Faz parte da agenda da liderança evangélica? Por que não, ou por que sim? De que forma? Como foi a repercussão de sua polêmica com o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal, sobre esse assunto?

Julio Severo: Acho o aborto um problema muitíssimo importante, pois envolve o sacrifício dos inocentes. Sabemos que Satanás exige tais sacrifícios a fim de operar mais na sociedade. Por isso, para ele é de fundamental importância legalizar tais sacrifícios. A legalização do aborto faz parte de um projeto das trevas para expandir a atividade demoníaca na sociedade, com suas conseqüentes devastações.

Infelizmente, as igrejas evangélicas de forma geral estão em cima do muro. Somente o Vaticano (não a CNBB) tem uma voz cristã clara, objetiva e forte nessa importante questão.
Fazia parte da agenda dos israelitas, sob o comando de Deus, exterminar os sacrifícios de crianças da Terra Prometida, e havia conseqüências graves quando eles não conseguiam cumprir tal missão. O motivo por que não faz parte da agenda da vasta maioria das igrejas evangélicas brasileiras exterminar toda medida política, legal e cultural que favorece o aborto é porque os evangélicos perderam a visão e o respeito pelo valor dos filhos. Filhos são bênçãos especiais e essenciais no projeto de Deus para o casamento e sexualidade.

Uma cultura que desvaloriza crianças (e temos de reconhecer que a atual cultura é fundamentalmente contraceptiva) fatalmente valoriza o aborto. Todas as sociedades contraceptivas legalizam o aborto. Ao invés de confrontar a cultura anti-bebê e anti-criança, tudo o que as igrejas têm conseguido fazer é se adaptar. É uma apostasia que começou na área sexual, atingiu o casamento e família, e agora atinge em cheio os púlpitos, tornando as igrejas cristãs e suas mensagens quase que socialmente insignificantes.

A luta contra o aborto envolve necessariamente o resgate do valor original da sexualidade e filhos. Quando os casais e as igrejas tornam as crianças irrelevantes para o sexo e família, eles próprios se tornam irrelevantes.

Quanto à IURD, suspeito que se estivessem presentes nos tempos de Josué e Davi eles apoiariam os cananeus e seus sacrifícios de crianças, pois só quem gosta de tais sacrifícios é que apóia o aborto. Ao apoiar o aborto, a IURD se descaracterizou completamente como entidade cristã.

Cristianismo Hoje: Embora desagrade os crentes, a regulamentação da união civil entre homossexuais parece estar vindo para ficar – por todo o país, diversos tribunais têm não apenas reconhecido os direitos civis decorrentes dessa união, como também concedido aos parceiros gays até mesmo o direito à adoção de filhos na condição de “dois pais” ou “duas mães”. No entanto, as Igrejas Católica e Evangélica permanecem frontalmente contrárias a tal prática, atuando no sentido de que não seja regulamentada. Em um Estado democrático de Direito, qual legitimidade tem o segmento religioso de interferir na vida em sociedade?

Julio Severo: Em um legítimo Estado democrático de direito, a família natural e seus interesses são respeitados e protegidos acima de todo e qualquer interesse de outros grupos. O que o falso Estado democrático de direito quer impor é a descaracterização da família e sua importância, colocando como prioridade um comportamento sexual anti-natural que nenhuma função tem para a preservação da espécie humana ou para a estabilidade da família humana. Do ponto de vista natural, a homossexualidade é uma das maiores aberrações e ameaças à família natural.
A sociedade é dividida em diferentes segmentos ideológicos. Há o segmento que tem ideologias religiosas e o segmento que tem a ideologia homossexual. Se a maioria religiosa não tem, conforme a opinião do “Estado democrático de direito”, o direito de impor sobre a sociedade seus valores, que direito tem então a minoria homossexual?

Do ponto de vista da democracia tradicional, é ditatorial submeter a vontade da maioria à vontade de uma minoria. Só uma democracia deturpada permitiria tal medida.
Esse embate, onde uma minoria é manipulada por um Estado de linha socialista para anular e silenciar a maioria, é o exemplo mais representativo e gritante da fomentação da luta de classes, estratégia marxista para a implantação de ditaduras.

O mundo foi criado por Deus, não pelo Estado. Nem as famílias, nem as igrejas, nem a sociedade e muito menos o Estado democrático de direito podem viver sem Deus e seus valores. Isso é impossível e destrutivo.

O chamado “Estado democrático de direito” não está acima de Deus e seus valores. Qualquer que seja o Estado, ele é ministro de Deus, conforme Romanos 13. Em outras palavras, o Estado tem o chamado e a obrigação de servir a Deus. Quanto a nós, não temos nenhuma obrigação de endeusar ou idolatrar o Estado, muito menos um Estado que descaradamente distribui cartilhas pornográficas e camisinhas para crianças de 10 anos nas escolas.

Temos também de notar que o Estado não tem chamado de criar direitos. Sua função básica é proteger os direitos naturais já existentes. Contudo, o Estado socialista estabelece direitos artificiais, criados à revelia da natureza e das leis divinas, que acabam ameaçando os direitos naturais. É o nazismo em roupagem “democrática”. Por falar em nazismo — que era a siga do Partido dos Trabalhadores Nacional Socialista —, Hitler e a cúpula nazista eram homossexuais. Mera coincidência?

Cristianismo Hoje: Falta conscientização política e social aos pastores brasileiros? Por que isso acontece?

Julio Severo: Muitos pastores desconhecem os embates culturais e preferem não se envolver na política, por causa da corrupção presente até mesmo entre políticos evangélicos. A esquerda evangélica hoje detém quase que exclusivamente o monopólio da “conscientização política e social”. Daí, quando se fala em ação política ou social evangélica, a primeira imagem que vem à mente do público evangélico é a imagem de igrejas e grupos evangélicos atuando como se fossem meros braços assistencialistas do Estado socialista. Essa visão deformada é praticamente a única que os evangélicos do Brasil têm de “ação social”. Falta uma visão genuína de Reino de Deus para a atuação dos evangélicos na política brasileira.

Cristianismo Hoje: O combate ao sexo pré-conjugal é uma de suas bandeiras. Como convencer o jovem, inclusive o cristão, a manter a castidade num mundo que enfatiza o prazer e o descompromisso das relações?

Julio Severo: O tipo de castidade que as igrejas evangélicas hoje defendem é impossível, pois requerem dos jovens abstinência sexual, mas não propõem casamento quando os impulsos sexuais exigem satisfação a todo custo. O adolescente evangélico vai à escola, onde recebe doutrinação estatal para fazer sexo de todas as formas possíveis, vendo seus amigos namorando e fazendo sexo: o que ele acaba fazendo? Para piorar, as igrejas e as famílias dizem ao adolescente e ao jovem: reprima suas tentações e não pense em casamento até acabar os estudos. O resultado é que acontece hoje entre os jovens evangélicos exatamente o que está acontecendo entre os jovens não cristãos: sexo promíscuo.

Num tempo de suas vidas em que a prioridade de seus sentimentos está voltada ao sexo, as pressões principais sobre os jovens — vinda dos pais, dos amigos e das igrejas — colocam o casamento em último plano. Falta muita valorização do casamento e família para os jovens.
A Bíblia nos instrui: é melhor casar do que abrasar-se. O jovem vive muitas vezes abrasado. Como se isso não fosse suficiente, ele nasceu justamente numa era marcada pelo abrasamento, lascívia e prostituição. Por isso, quando o jovem não consegue mais se controlar, é fundamental não pressioná-lo a sacrificar possibilidades de casamento por causa de metas educacionais. De que adianta, do ponto de vista do Reino de Deus, um evangélico com diploma universitário com um rastro de prostituição? Tal rastro representa grandes perdas espirituais. Esse evangélico depois terá problemas pelo resto da vida, inclusive conjugais, pois sacrificou todos os seus valores em prol da deusa educação.

Portanto, se o jovem sente que é hora de casar, em vez de pressioná-lo ao contrário, as famílias evangélicas envolvidas deveriam apoiar e ajudar o moço e a moça a começarem sua vida juntos. Eles precisam se casar.

O que pude constatar em várias igrejas é que a maioria dos jovens que namoram já está fazendo sexo. Filhos de pastores estão engravidando moças fora do casamento. Filhas de pastores estão tendo bebês sem casar e às vezes até matando seus bebês escondido através do aborto. Tudo é sacrificado: bebês, casamento, moral, espiritualidade, comunhão com Deus. Tudo — menos as idolatradas metas educacionais.

Anos atrás um pastor evangélico me confessou que todos os jovens integrantes da equipe de louvor de sua igreja estavam fazendo sexo. O caminho certo é encaminhar rapidamente esses jovens ao casamento. Quando não são encaminhados, eles podem acabar trocando de “namoradas”, transformando assim seus relacionamentos em prostituição. Antes que se transforme em prostituição, é melhor transformar em casamento. Por isso, quando as famílias evangélicas sentem que o rapaz e a moça já estão num namoro, é recomendável ajudar num casamento sem demora.

Aliás, o conceito de namoro é uma invenção moderna sem nenhum apoio na Bíblia. Na área sexual e em outras áreas importantes, o que deve haver é compromisso. Não quer casar? Não namore. Quer sexo? Case. A Bíblia não diz: é melhor namorar do que abrasar-se. Recomendo a leitura do importantíssimo livro “Eu disse adeus ao namoro”, de Joshua Harris. A cultura do namoro leva menos ao casamento do que ao sexo promíscuo. Vale a pena optar pelo compromisso de casamento, em vez do namoro.

Só os rapazes e moças que não estão namorando ou não tendo nenhum tipo de relacionamento abrasante é que podem prosseguir com suas metas educacionais. Os outros, para o seu próprio bem-estar físico, moral, espiritual, psicológico e conjugal, precisam se casar o mais cedo possível.

Cristianismo Hoje: O senhor apresenta em alguns de seus posts uma forte tendência carismático-pentecostal – contudo, é um militante político-social, ao contrário da larga maioria dos crentes deste segmento, que costumam ser bem mais alienados, preferindo temas ligados à espiritualidade. Como fazer uma saudável conexão entre os dois extremos?

Julio Severo: Admiro grandemente Martinho Lutero e João Calvino em suas idéias políticas. Por exemplo, o conceito de porte de arma para a defesa pessoal e a pena de morte para assassinos eram idéias defendidas por esses dois grandes fundadores da Reforma. Eles eram politicamente mais bíblicos do que 99% dos evangélicos políticos que conheço hoje.

Tenho um relacionamento muito bom com reformados. Em 2006 o famoso teólogo reformado Harold O. J. Brown me convidou para preparar a edição de agosto do Religion & Society Report, um excelente período acadêmico conservador. O título do meu artigo de 12 páginas foi “Behind the homosexual tsunami in Brazil”, onde descrevo a esquerdização do Brasil, trazendo como conseqüência deterioração política, legal, cultural e estatal.

É claro que acima de tudo procuro me manter em sintonia com Jesus, que é o Rei do Reino de Deus. Esse Reino é essencialmente “político”, mas não no sentido desgastado que conhecemos. É um sistema de governo com leis e valores perfeitos.

Todos os cristãos são chamados a orar pedindo para que esse “Reino venha”, isto é, para que “esse Governo” venha. É a vontade de Deus que o Governo dEle avance no mundo que Ele criou. Quando oramos a famosa oração do “Pai nosso”, conscientemente ou não estamos pedindo para que o sistema político e legal de Deus seja estabelecido neste mundo. Portanto, não tenho como não me emocionar e me envolver no projeto político de Deus. Sou cidadão do Reino de Deus, chamado com todos os outros cidadãos do Reino a avançar o Governo de Deus no mundo, através de orações, testemunhos, ações, etc.

Cristianismo Hoje: Fale sobre sua trajetória religiosa. Quando o senhor tornou-se evangélico? Sua formação profissional e acadêmica? A qual igreja está ligado atualmente? No seu auto-exílio, como o senhor tem praticado a sua fé?

Julio Severo: Fui a uma igreja evangélica pela primeira vez com minha mãe, que atuava na umbanda. Ela encontrou Jesus numa igreja batista renovada. Meu encontro pessoal só ocorreu anos mais tarde, em 1981, quando senti Jesus me enchendo com seu Espírito Santo, depois de um período de busca angustiada e sede espiritual. A partir daquele dia, mudei. Comecei a ler a Bíblia com gosto, a orar, a buscar mais a Deus. Lembro-me de que, mesmo freqüentando os cultos e Escola Dominical pontualmente, eu gostava de colecionar gibis de terror e assistir a filmes de terror. Depois de experimentar a plenitude do Espírito Santo em mim, com 16 anos de idade, olhei para os gibis de terror e pensei: Que graça tem isso? Perdi todo gosto por programas de terror. Joguei tudo fora. Meus gostos mudaram. Reconheço que essa mudança veio de fora de mim. A presença do Espírito veio com paz e novas coisas para mim. Joguei o vinho velho fora e fiquei com o novo.

Além de “O Movimento Homossexual”, sou autor do livro Orações Proféticas, publicado pela Editora Propósito Eterno em 2007. Sou também responsável pelo Blog Julio Severo — www.juliosevero.com —, em língua portuguesa; pelo Blog Last Days Watchman — www.lastdayswatchman.blogspot.com — , em língua inglesa e pelo Blog Escola em Casa — www.escolaemcasa.blogspot.com — , voltado para questões educacionais e defendendo o direito prioritário dos pais em decisões de educação e saúde de seus filhos.

No meu exílio estou freqüentando uma humilde igreja evangélica, com um pastor e membros muito humildes.

Estou aproveitando meu exílio, como Martinho Lutero no Castelo de Wartburgo, para escrever o que Deus tem posto no meu coração.

Cristianismo Hoje: Em seu blog, o senhor fez uma relação de líderes evangélicos que apoiaram ou apoiam o governo Lula como forma de denunciar os conchavos interesseiros de lideres que manipulam o povo. Quem são estes líderes? Quais as suas intenções? E qual foi a sua intenção ao fazer essa denúncia?

Julio Severo: A lista é tão grande que não dá para citar aqui. Desde líderes tradicionais como Guilherminho Cunha e Nilson Fanini até líderes menos tradicionais como a turma do Edir Macedo e outros. Todos querendo usar Lula para seus próprios fins, para favorecer suas concessões de rádio, TV e outros interesses. A grande tragédia é que assim como eles usaram Lula, Lula também os usou.

É triste constatar que famosos pastores e outros líderes com forte presença política conhecem os graves problemas do Brasil, mas não assumem uma postura profética de ação e denúncia porque querem aproveitar suas ligações e alianças políticas para avançar suas ambições pessoais, ministeriais ou denominacionais.

Como eles conseguirão denunciar profeticamente a promoção do aborto e do homossexualismo na sociedade brasileira sabendo que o principal responsável por tal promoção é o “ungido” que eles escolheram para a presidência do Brasil? A maioria dos líderes evangélicos do Brasil tem grande responsabilidade por tudo o que está acontecendo na sociedade brasileira e um dia darão contas a Deus por terem trocado a fidelidade a Deus por ambições e dinheiro.

O apoio deles a Lula foi público, de modo que minha exposição do nome deles no meu blog nada mais faz do que tornar público o que já é público. É para que ninguém se esqueça e possa orar por eles e perceber que em questões políticas, os conselhos deles são inconfiáveis.
Apesar de tudo, amo em Cristo cada um desses líderes e já tive oportunidade de conversar pessoalmente com alguns deles, incentivando-os a se arrepender de sua ligação com Lula. Há sempre espaço para a graça de Deus quando os corações se quebrantam e mudam o curso de suas ações.

Cristianismo Hoje: O senhor costuma associar o avanço da militância homossexual à ideologia esquerdista e denuncia uma suposta simpatia do governo Lula à causa da homossexualidade. Na sua opinião, a aprovação do PL 122/2006 é uma bandeira do atual governo? Qual seria a intenção do governo em favorecer o segmento?

Julio Severo: Quem diz que apóia a agenda gay é o próprio presidente Lula, que declarou recentemente: “Alguns setores atrasados e ao mesmo tempo hipócritas — já propus a criação do Dia de Combate à Hipocrisia — têm criticado nosso governo por apoiar iniciativas que criminalizam PALAVRAS e atos ofensivos à homossexualidade. Isso não tem importância. Continuarei — com o apoio de todo o Governo — a manter essa atitude.” No início de seu governo, em 2003, a equipe diplomática de Lula apresentou na ONU resolução pioneira classificando o homossexualismo como direito humano inalienável. Semelhante resolução do governo Lula foi apresentada na Organização dos Estados Americanos. No Brasil, há o programa federal “Brasil Sem Homofobia”, para impor a doutrinação homossexual à população, pois conforme divulgou instituição de pesquisa ligada ao PT, 99% da população do Brasil não aceita o homossexualismo. E quem é que pode esquecer que Lula declarou que a oposição ao homossexualismo é uma “doença perversa”, convertendo assim a vasta maioria dos brasileiros em “doentes”? Quando um povo não vê a doença moral do seu próprio presidente, o doente é que acabará acusando os sãos de serem doentes!

Além disso, seu governo patentemente esquerdista é ávido promotor do aborto, tanto no Brasil quanto na ONU. Temos um governo satanicamente pagão, que imita perfeitamente o culto idolátrico de Baal, cujos sacerdotes eram homossexuais e cujas oferendas a Baal incluíam o sacrifício de bebês. Lula em nada difere deles. Ele é o rei Acabe do Brasil. O que faz Lula apoiar tanto o homossexualismo? O mesmo que fazia o rei Acabe do antigo Israel apoiar o homossexualismo inerente ao culto de Baal. Quanto ainda falta para classificarmos Lula e seu governo como possessos?

Dou todo o meu apoio à criação do Dia de Combate à Hipocrisia. Lula merece. O Brasil precisa urgentemente de um dia nacional para combater a hipocrisia do presidente e sua ideologia.
Se um governo estrangeiro estivesse fazendo contra o Brasil apenas 10% dos crimes que o governo Lula vem cometendo — como obrigar crianças inocentes a receber doutrinação imoral e pró-homossexualismo nas escolas, com distribuição de cartilhas pornográficas e camisinhas para crianças de 10 anos! —, seria caso de declarar guerra. Se um estranho da rua fizesse isso, seria caso de polícia. Por que Lula e seu governo imoral deveriam escapar impunes? Por que eles mereceriam ser poupados? O fato de que até agora ele não foi submetido a um justo impeachment mostra que os políticos e outros líderes do Brasil não são sérios.
Décadas atrás, quando o Brasil era muito mais católico e conservador do que hoje, Lula seria muito merecidamente enxotado aos pontapés da presidência do Brasil. Hoje, é ele quem está enxotando aos pontapés a moralidade e a honestidade do governo e da sociedade.

Cristianismo Hoje: Em alguns de seus artigos em seu blog, o senhor menciona uma suposta imposição da mídia, no sentido de que a homossexualidade seja aceita e entendida como comportamento normal. Pode citar alguns episódios em que isso tenha acontecido?

Julio Severo: A doutrinação homossexual da mídia e notória e descarada, onde homossexuais são falsamente retratados como anjos inocentes e os não homossexuais como desequilibrados e desajustados. Nas novelas, os “casais” homossexuais são os grandes exemplos de paz e harmonia, enquanto que o casamento normal é apresentado como palco de conflitos, ódio, inveja, traição, etc. Quem não se lembra da novela Duas Caras, escrita pelo homossexual Aguinaldo Silva, militante de esquerda? Sua novela literalmente pinta os evangélicos como loucos e violentos e os homossexuais promíscuos como símbolos de gentileza, educação e “santidade” politicamente correta.
Cristianismo Hoje: Há algum tempo, o senhor teve um forte embate com um líder evangélico famoso por ter mencionado que seu filho seria homossexual. Esse conflito foi amplamente divulgado na internet, levando aquele pastor inclusive a querer tirar a história a limpo fisicamente. Por que o senhor tomou aquela atitude e como está sua relação com aquele líder neste momento?

Julio Severo: Aquele líder, por sua própria confissão, não se considera mais evangélico. Hoje ele se vê como o grande denunciador dos “problemas” dos líderes evangélicos. Mas onde não há problemas? O que ele quer é desviar a atenção do público dos seus graves problemas pessoais, se justificando em cima dos escândalos dos outros. Não achei justo que alguém que se considera julgador e avaliador dos problemas evangélicos não tivesse tempo de cuidar do próprio filho, que estava “casado” com um pastor gay. Aliás, o filho dele chegou a estudar para ser pastor de uma igreja gay. O que a Bíblia diz? Aquele que quer tirar o cisco do olho dos outros primeiro deve tirar o pedaço de pau do próprio olho. Esse líder, envolto no pecado de ter destruído seu próprio casamento, agora quer se justificar em cima de todo e qualquer erro de toda a liderança evangélica. Presumo que ele deve estar muito contente, pois se a liderança evangélica hoje está obscenamente ligada ao governo Lula, foi porque ele mesmo ajudou. Ele próprio já confessou que trabalhou durante anos para aproximar Lula dos evangélicos e os evangélicos de Lula. Assim, além de ser culpado de adultério em sua vida familiar passada, ele também é culpado de levar a maioria dos líderes evangélicos do Brasil a um relacionamento de adultério político com Lula e a esquerda.

Nunca pensei em lidar com os problemas morais desse homem, porém a exposição do caso foi inevitável. Tudo começou quando alguém me mandou um email contendo declarações dele sobre homossexualidade. Em resposta, mencionei muito brevemente algum problema sério dele. O destinatário enviou minha resposta à sua própria lista, onde alguém remeteu ao ex-evangélico, que explodiu, escrevendo-me uma resposta grosseira e desafiando-me a postá-la no meu blog. Fiz isso.

Cristianismo Hoje: O PL 122/2006 tem sido combatido de maneira intensa por muitos setores evangélicos, que identificam no seu conteúdo uma ameaça à liberdade religiosa no país. Contudo, o Artigo 5º da Constituição Federal assegura ampla liberdade de crença e direitos individuais de opinião, inclusive na forma de cláusulas pétreas. Não tem havido muitos exageros nesta questão?

Julio Severo: A perseguição aos cristãos alcançou a Alemanha e a Rússia no passado porque os cristãos não souberam reconhecer que, por trás das mentiras e fachada, o nazismo e o comunismo são ideologias destrutivas. É sempre assim: o sistema de perseguição entra na sociedade em roupagem elegante, como eram elegantes o nazismo e o comunismo. Depois da lua de mel, vem o poço do abismo. O PLC 122 é um projeto que nem elegante é e que mal consegue disfarçar suas más intenções. É um projeto ridículo para satisfazer a má intenção de políticos ridículos. Não perceber suas ameaças é normal para mentes desatentas, assim como foi normal mentes desatentas na Alemanha não perceberem os perigos do nazismo.

Quando meu livro “O Movimento Homossexual” foi publicado em 1998, muitos o acharam exagerado e disseram que suas previsões nunca ocorreriam. Infelizmente, acabaram ocorrendo. E quem leu, hoje me chama de profeta. O exagerado de ontem é o profeta de hoje. O “exagerado” de hoje será o que amanhã?

A ameaça do PLC 122 não é vista somente por evangélicos. Muitos sabem que levantei um alerta nacional em fevereiro de 2007 contra esse projeto de lei. Depois, veio a enorme repercussão, tornando o PLC 122 famoso entre os evangélicos. O que poucos sabem é que os católicos estão igualmente preocupados. Em fevereiro de 2007, um líder católico me telefonou pedindo minha ajuda para alertar o Brasil contra esse projeto. Tudo o que ele queria era uma mensagem minha, assinada por mim, que seria amplamente divulgada por uma grande equipe católica. Através dessa aliança entre um evangélico e católicos, o alerta tocou o Brasil inteiro.

Cristianismo Hoje: Além, evidentemente, dos militantes gays e das entidades de defesa dos homossexuais, a quais outros setores interessaria a aprovação daquele projeto?

Julio Severo: Ao governo. Essencialmente, leis anti-“homofobia” e outras leis de favorecimentos a minorias fomentam a luta de classes, enfraquecendo os grupos sociais e fortalecendo o poderio estatal. O Estado moderno de orientação socialista estabelece e apóia mecanismos políticos, sociais e culturais para fragmentar todas as formas de poder (família, igreja, etc.) a fim de instituir como resultado final apenas uma forma de poder central: o Estado. Esse Estado, com sua ânsia e voracidade de poder, é de longe a maior ameaça à sociedade.
Vivemos o trágico cumprimento das “profecias” orwellianas, onde o termo “direitos” vem sendo modificado e adulterado para significar outras coisas. “Direitos” agora quer dizer concessões estatais que escondem imposições e a escravidão do Estado sobre as pessoas.

Todas as palavras agradáveis que conhecemos (democracia, liberdade, direitos individuais, liberdade de expressão, etc.) estão sendo desfiguradas de seu sentido original para se adequarem a propósitos estatais de controle e manipulação das massas. Na aparência, o Estado está apenas sendo muito “bonzinho” e “justo” ao oferecer — gratuitamente e de bandeja — mais direitos para a população. Mas esses novos direitos são nada menos do que iscas para capturar o coração dos cidadãos. Depois da captura, o Estado sai fortalecido à custa da verdadeira liberdade civil e da integridade das famílias.

Nesse sentido, a consagração política e legal do “casamento” homossexual e da ideologia de gênero, com o conseqüente extermínio do padrão sexual normal homem/mulher e da família natural, atende perfeitamente aos interesses dos grupos feministas, abortistas, humanistas, socialistas, homossexualistas, ateístas, etc. Não é à toa que o Estado brasileiro sustente, com muitos impostos, uma infinidade de ONGs que nenhuma utilidade social têm, a não ser ecoar os próprios interesses e aspirações do Estado socialista.

Cristianismo Hoje: Quais são seus próximos planos na esfera pessoal e profissional?

Julio Severo: Continuar orando e atuando para que o nome de Jesus Cristo seja glorificado e para que o Reino de Deus avance no Brasil e no mundo.


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