Por Pr Silas Figueira
Texto base: Lucas 13.1-5
INTRODUÇÃO
Entre o final do capítulo
12 e o princípio do capítulo 13 há uma dupla conexão: (a) temática: em
ambos é enfatizada a necessidade de conversão; (b) temporal: note “nesse
mesmo tempo” e, portanto, provavelmente durante a viagem final de Cristo para
Jerusalém. Jesus rejeitou a teologia defeituosa que vê a calamidade como o
julgamento de Deus sobre as pessoas particularmente perversos e ensinou que
todos os pecadores estão vivendo em tempo emprestado. Ele assim o fez, tanto
através da instrução direta e por meio de ilustrações.1 Foi durante esse
percurso de Jesus para Jerusalém que alguns comentaram ocorrido com Jesus. É interessante
salientar que nenhuma outra fonte registra os dois incidentes nos vs. 1 e 4;2
nem a chacina promovida por Pilatos e nem o incidente na torre de Siloé. Somente
Lucas registrou esse fato em seu Evangelho.
O Reverendo Hernandes D.
Lopes diz que as motivações de Pilatos nos são desconhecidas. As motivações das
pessoas que narraram esse fato a Jesus também nos são encobertas. Entretanto,
podemos pressupor três motivações possíveis. A primeira delas seria
colocar Jesus contra Pilatos. Como Jesus era galileu, portanto, pertencente à
jurisdição do tetrarca Herodes Antipas, o propósito desses informantes era que
Jesus se posicionasse politicamente diante desse massacre. A segunda
motivação seria alertar Jesus sobre as atrocidades cometidas por Pilatos contra
os galileus. Assim, o objeto dessa informação seria proteger Jesus de Pilatos,
em vez de empurrá-lo para uma nova crise. A terceira motivação seria
especular sobre a morte dos galileus, como se mais pecadores eles fossem. Essa
tendência era muito forte no imaginário do povo (Jo 9.1-12) e ainda hoje o é.3
É o famoso: “amigos de Jó”. É procurar pecado aonde não existe e tentar
justificar as tragédias naquilo que não há justificativa.
Vejamos o que esse texto
tem a nos ensinar.
1 – VIVEMOS EM UM MUNDO ONDE
ESTAMOS SUJEITOS A MUITOS MALES (Lc 13.1,4).
Vivemos em uma era
diferente de qualquer outro na história, uma era em que a mídia fornece de forma
instantânea o que está acontecendo em todo o mundo. A internet veio para revolucionar
os meios de comunicação. Notícias que levavam horas ou dias para ficarmos
sabendo, hoje, mediante as redes sociais, sabemos em instantes ou ao vivo. Hoje
está estampado diante dos nossos olhos as mais diversas notícias, desde
desastres provocados pelo homem, como guerras, terrorismo, genocídio, crimes,
motins e acidentes, além de crises social e econômica em todo o mundo, fazendo
com que as pessoas, em todos os lugares, passem a experimentar vicariamente toda
a dor, tristeza, sofrimento e morte que essas catástrofes trazem.
Isso só revela que a vida
neste planeta está amaldiçoada pelo pecado (Gn 3.17), e por isso, este mundo está
cheio de problemas, tristeza, dor e sofrimento. Isso é a mais evidente prova do
testemunho das Escrituras da consequência do pecado.
Mas mesmo sabendo disso,
vem sempre aquela pergunta: “Por que coisas ruins ocorrem com pessoas boas?”,
ou, “Por que Deus permite as tragédias?”. Essa pergunta é relativamente fácil
de responder, mas muito difícil de aceitar. Creio que a grande crise em aceitar
a resposta de Deus seja a falta de maturidade espiritual em muitas pessoas. Não
quero com isso amenizar a dor de quem passa pela crise, e que a pessoa deva fingir
que não está doendo. Eu quero dizer é que muitas pessoas acabam culpando Deus
pelas calamidades que muitas vezes causamos, ou são causadas por terceiros, ou que
são consequências do mundo perverso que vivemos.
Podemos responder esse
dilema da seguinte forma, do ponto de vista bíblico:
Em primeiro lugar,
Deus permite que coisas ruins aconteçam a seu povo para testar a validade de
sua fé ((1Pe 1.6,7; cf. Dt 8.2; Pv 17.3). “Em que vós grandemente vos alegrais,
ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco
contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais
preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e
honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo” (1Pe 1.6,7).
Em segundo lugar,
Deus permite que coisas ruins aconteçam a seu povo para ensinar-lhes que eles não
dependem de si próprios, mas dos recursos divinos (2Co 1.8,9; cf. 12.7-10). “Porque
não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois
que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que
até da vida desesperamos. Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte,
para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos” (2Co 1.8,9).
Em terceiro lugar,
Deus permite que coisas ruins aconteçam a seu povo para lembrá-los de sua
esperança celestial (Rm. 5.3-5; cf. 2Co 4.17,18). Como disse o Reverendo Augustus
Nicodemus: “O céu não é aqui”. “Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas
coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são
temporais, e as que se não veem são eternas” (2Co 4.17,18).
Em quarto lugar,
Deus permite que coisas ruins aconteçam a seu povo para revelar quem eles
realmente amam (Gn 22.10-12; At 5.41; Rm 5 3,4; 1Pe 4.13). “E
estendeu Abraão a sua mão, e tomou o cutelo para imolar o seu filho; mas o anjo
do Senhor lhe bradou desde os céus, e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me
aqui. Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada;
porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único
filho” (Gn 22.10-12).
Em quinto lugar,
Deus permite que coisas ruins aconteçam a seu povo para ensinar-lhes obediência
(Sl 119.67,71; Hb 12.5-11). “Antes de ser afligido andava errado; mas agora tenho
guardado a tua palavra. Foi-me bom ter sido afligido, para que
aprendesse os teus estatutos” (Sl 119.67,71).
Jesus rejeitou a teologia
defeituosa que vê a calamidade como o julgamento de Deus sobre as pessoas,
particularmente as que julgamos perversas, e ensinou que todos os pecadores
estão vivendo em um tempo que males ocorrem a todos. Ele assim o fez, tanto
através da instrução direta como por meio de ilustrações.
2 – AS CALAMIDADES NÃO
APONTAM PARA OS QUE SÃO MAIS PECADORES (Lc 13.1-5).
Jesus não condenou nem os
galileus nem Pilatos, nem considerou as razões porque os desastres naturais recaem
sobre alguns e não sobre outros. Sabendo que algumas pessoas interpretavam tais
tragédias como justiça retributiva (aqui se faz, aqui se paga), [no entanto],
Jesus afirmou aqui e no versículo 5 que não havia maior pecado por parte
daqueles que tinham passado pelo sofrimento. Mas o seu ponto, sem considerar a
causa da calamidade, era que seus ouvintes pereceriam como tinham perecido os
galileus, se permanecessem impenitentes.4 Jesus deixa claro que
existe uma tragédia muito maior, a falta de arrependimento pelos pecados e, devido
a dureza do coração, a impossibilidade de entrar na vida eterna. Essa sim é a grande
calamidade da vida, pois é para toda a eternidade.
Podemos destacar algumas lições
aqui:
1ª - As pessoas se
mostram mais propensas a conversar a respeito da morte dos outros do que a respeito
da sua própria morte5 (Lc 13.1,2,4).
E mais fácil especular sobre a vida dos outros do que enfrentar a nossa própria
realidade. E mais cômodo pensar que a tragédia que desaba sobre a cabeça dos
outros é um justo pagamento por seus erros do que enfrentar os nossos próprios
pecados. E mais fácil julgar os outros do que julgar a nós mesmos.6 J.
C Ryle diz que o estado de nossa própria alma deve ser nossa primeira
preocupação. É eminentemente verdadeiro que o cristianismo autêntico começa em
nosso próprio coração.7
Dois fatos merecem
destaque aqui:
1) As vítimas de um
massacre (Lc 13.1,2). Pôncio Pilatos, o governador romano, não se dava com os
judeus, pois desprezava suas convicções religiosas. Um exemplo dessa falta de
entendimento pode ser vista na ocasião em que Pilatos levou as insígnias romanas
para a cidade de Jerusalém, enfurecendo os líderes judeus, que se ofenderam com
a presença da imagem de César na Cidade Santa. O governador ameaçou matar os
que protestaram; estes, por sua vez, se declararam dispostos a morrer! Ao ver
sua determinação, Pilatos cedeu e transferiu as insígnias para Cesaréia, mas
esse não foi o fim do conflito.8 Pilatos novamente enfureceu os
judeus por tirar dinheiro de seu tesouro do templo para construir um aqueduto
para levar água para Jerusalém.9
William Hendriksen é da
opinião que o incidente registrado teria ocorrido em conexão com a Festa da
Dedicação, e que a razão pela qual Pilatos teria feito isso era que esses
homens da Galileia eram zelotes, membros de um partido nacionalista que pública
e agressivamente se opunham ao governo romano. Mas tudo isso não vai além de
teoria.10 O fato é que os galileus estavam em Jerusalém
oferecendo sacrifícios no Templo. E enquanto estavam ocupados com isso, Pilatos
enviou seus soldados para assassiná-los e, no processo, o sangue deles se
misturou com o sangue dos animais que eles estavam oferecendo como sacrifícios.11
Eles
foram massacrados impiedosamente. Pilatos matou-os, e matou-os com requinte de
crueldade e sacrilégio. Não apenas eles foram mortos violentamente, mas sua
religião foi profanada frontalmente. A grande pergunta é: essas pessoas
assassinadas eram mais pecadoras do que os demais galileus ou habitantes de
Jerusalém? O fato de serem vítimas de tamanha crueldade as colocava numa lista
de pecadores mais culpados? Aqueles que morrem em massacres são mais pecadores
do que aqueles que são poupados dos massacres?12 Spurgeon
é enfático ao dizer que devemos ter muito cuidado de não concluir
apressadamente e irrefletidamente sobre esses terríveis acidentes: que os que
os sofrem, os sofrem por culpa de seus pecados.13
2) As vítimas de
catástrofes naturais (Lc 13.4). Jesus passa, então, a falar numa outra desgraça
em Jerusalém, que também nos é conhecida somente através desta referência. Seus
ouvintes não devem supor que os dezoito que tinham morrido quando desabou a
torre de Siloé e os matou fossem mais culpados (lit. “devedores”; homens que
estão devendo obediência a Deus) do que outros. Mas seu fim é uma advertência
ao auditório de Jesus quanto à urgência do seu arrependimento.14
Ainda hoje, diante de
guerras sangrentas, terremotos e maremotos que vitimam milhares, e de atos
terroristas que ceifam tantas pessoas, o questionamento é ainda feito. Por que
alguns morrem e outros escapam? Será que aqueles que perecem são mais pecadores
e mais culpados? A resposta de Jesus é categórica: Não eram, eu vo-lo afirmo; se,
porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis (Lc 13.3,3).15
2º - Aqueles que perecem
em tais calamidades não são mais pecadores do que aqueles que sobrevivem (Lc
13.2,4). Jesus deixou claro que as tragédias que acontecem no
mundo nem sempre são castigo divino e que é errado assumir o papel de Deus e
julgar o semelhante. Os amigos de Jó cometeram esse erro ao dizer que as
aflições de Jó evidenciavam seus pecados. Ao aplicar essa abordagem às
tragédias em geral, será difícil explicar o sofrimento dos profetas, dos apóstolos
e do próprio Senhor Jesus Cristo.16 O mundo não está
dividido entre maiores pecadores e menores pecadores, entre mais culpados e
menos culpados. O mundo está povoado por pecadores culpados. Não importa como
se vive ou se morre, todos são pecadores e culpados aos olhos de Deus. Não
existem uns melhores ou mais merecedores do que outros.17
Como disse Spurgeon: “Por
que não pode acontecer a mim que muito prontamente e inesperadamente seja eu
cortado? Tenho eu um contrato de aluguel de minha vida? Tenho algum amparo
especial que me garante que não atravessarei inesperadamente os portais da
sepultura? Recebi um título de privilégio de longevidade? Fui coberto com uma
armadura tal que sou invulnerável às flechas da morte? Por que não irei morrer?”18
3 – O ARREPENDIMENTO É O
ÚNICO ESCAPE DA MAIOR TRAGÉDIA DA VIDA (Lc 13.3,5).
Cada pessoa no auditório
tinha o dever de examinar seu coração e vida, e fazer a si mesma a pergunta:
“Concretizou-se em minha vida uma mudança básica, de Satanás para Deus, das trevas
para a luz, do pecado para a santidade? Verdadeiramente me arrependi e tenho
realmente posto toda minha confiança em Deus, servindo-o de maneira exclusiva?
Em outros termos: Realmente me converti?” Se não, peça então a Deus poder para
você dar esse importante passo. Disse Jesus: “A menos que se convertam, vocês
também perecerão”.19
Arrependimento envolve
dois elementos.
1º - Em primeiro lugar,
os pecadores devem mudar sua mente sobre sua pecaminosidade.
Eles devem reconhecer que a lei de Deus é absolutamente santa e obrigatória
para eles, que eles a violaram e merecem punição eterna no inferno. Já os
pecadores arrependidos devem primeiro concordar que o diagnóstico de sua
condição é de miserável pecador, e que Deus é justo e santo, e que eles são impotentes
para livrar-se da morte eterna a não ser pela misericórdia de Deus.
2º - O segundo elemento
de arrependimento é afirmar que Jesus Cristo é o único Salvador
(Lc 24.47). Arrependimento não é meramente abandonando do pecado, mas também
voltar-se para Deus através de Cristo (1Ts 1.9,10).
Jesus deixa claro que o
pecado é pior do que um massacre e pior do que um desabamento. O massacre ou o
colapso de uma torre pode produzir morte física, mas o pecado causa a morte
eterna. Sem arrependimento, mesmo vivendo, os homens estão mortos e, sem
arrependimento, se morrerem na impiedade, perecerão eternamente. Oh, o pecado é
a maior tragédia, e a falta de arrependimento, a causa da maior desventura!20
CONCLUSÃO
Jesus prosseguiu mostrando
a conclusão lógica dessa argumentação: se Deus castiga os pecadores dessa
maneira, todos ali presentes precisavam arrepender-se, pois todos os seres
humanos são pecadores! A pergunta não é: “por que essas pessoas morreram?”, mas
sim: “que direito tinham de viver?” Ninguém é isento de pecado, de modo que
todos devem estar preparados.21
A grande questão da vida não
é saber como morreremos, mas sim, de saber como estamos vivendo. Porque vivendo
ou morrendo, sem Cristo estamos mortos eternamente e, morrendo com Cristo
viveremos eternamente em Sua presença.
Pense nisso!
Bibliografia:
1 – Hendriksen, William.
Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 220.
2 – Ash, Anthony
Lee. O Evangelho Segundo Lucas, Ed. Vida Cristã, São Paulo, SP, 1980, p. 220.
3 – Lopes, Hernandes
Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 414.
4 – Ash, Anthony Lee. O
Evangelho Segundo Lucas, Ed. Vida Cristã, São Paulo, SP, 1980, p. 221.
5 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL,
São José dos Campos, SP, 2002, p. 231.
6 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora
Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 415.
7 – Ryle, J. C.
Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p.
231.
8 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico
Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 291.
9 – Neale, David A.
Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ,
2015, p. 135.
10 – Hendriksen, William.
Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 221.
11 – Childers, Charles L.
Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006,
p. 436.
12 – Lopes, Hernandes
Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 416.
13 – Spurgeon, C. Haddon.
Olhe Para Cristo, vol. 2, Acidentes, não castigo, Projeto Spurgeon, 2011, p.
88.
14 – Morris, Leon L.
Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São
Paulo, SP, 1986, p. 209.
15 – Lopes,
Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP,
2017, p. 417.
16 – Wiersbe, Warren W.
Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo
André, SP, 2007, p. 291.
17 – Lopes, Hernandes
Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 418.
18 – Spurgeon, C. Haddon.
Olhe Para Cristo, vol. 2, Acidentes, não castigo, Projeto Spurgeon, 2011, p. 96.
19 – Hendriksen, William.
Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 222.
20 – Lopes, Hernandes
Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 419.
21 – Wiersbe, Warren W.
Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo
André, SP, 2007, p. 291.
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