Por Pr. Silas Figueira
Texto base: Lucas 7.11-17
INTRODUÇÃO
O capítulo sete de Lucas começa
nos dizendo que Jesus estava na cidade de Cafarnaum, onde curou o servo de um
oficial romano. No outro dia, nós vemos Jesus dirigindo-se para a cidade de
Naim e com Ele numerosa multidão. Naim ficava cerca de 38 km de Cafarnaum. Esse
percurso era de pelo menos um dia de viagem e, no entanto, Jesus foi até lá sem
ninguém ter pedido que o fizesse. Uma vez que os judeus sepultavam seus mortos
no mesmo dia em que faleciam (Dt 21.23; At 5.5-10), é bem provável que Jesus e
seus discípulos tenham chegado às portas da cidade no final do dia em que o
menino faleceu [1].
CIDADE DE NAIM - Naim, que em
hebraico significa a “bela”, “a graciosa”, era uma aldeia
construída próximo ao Hermom, a sudoeste de Nazaré. Naim está situada na região
de Suném, onde Eliseu ressuscitou o filho da Sunamita (2Rs 4.8-37).
Este episódio só é descrito no
Evangelho de Lucas. Esta é uma das três ocasiões em que nosso Senhor
ressuscitou um morto. O filho da viúva de Naim, a ressurreição da filha de
Jairo (Mt 9.18-26, Mc 5.21-43 e Lc 8.40-56), e a ressurreição de Lázaro (Jo
11.1-46). Somente estas três ressurreições são descritas no ministério de
Jesus, embora haja clara evidência de que outras pessoas, não informadas nos
evangelhos, tenham sido ressuscitadas (Lc 7.22).
É na entrada desta cidade que
algo maravilhoso acontece. Podemos dizer que foi um incidente notável o
encontro entre as duas multidões às portas de Naim. Pelos olhos espirituais
podemos ver a morte montada em seu cavalo amarelo (Ap 6.7,8); e como disse
Spurgeon: “A morte leva seus despojos
até o túmulo” [2]. De repente, o cortejo fúnebre se depara com uma
multidão que acompanhava Jesus e seus discípulos. Diz-nos o texto que o Senhor
Jesus olha para aquela pobre viúva e se compadece dela. Não foi a viúva que o
viu e correu ao seu encontro e pediu que o Senhor a abençoasse ressuscitando
seu filho. Mas foi o Senhor quem a viu e foi ao seu encontro. Ele para o
cortejo consola aquela mãe enlutada e ressuscita o seu jovem filho. Aquela
mulher que estava condenada a terminar os seus dias sozinha, sem descendente,
de repente é surpreendida com a bênção inesperada.
A participação de um cortejo
era uma “obra de misericórdia”. A participação nos procedimentos fúnebres não
era apenas uma expectativa social, mas uma exigência rabínica. Na Galileia, era
costume os homens caminharem na frente do morto e as mulheres atrás dele, com
pranteadores e músicos com instrumentistas contratados produzindo seu gênero respectivo
[3].
Lucas não menciona esses pranteadores
profissionais, mas decerto estavam ali, pois até os mais pobres em Israel
costumavam alugar pelo menos dois flautistas e uma carpideira nessas ocasiões.
O principal objetivo destas era levar os partícipes ao choro e lamento, mesmo
que o defunto não merecesse.
O que podemos aprender com esse
texto? Que lições ele nos tem a dar?
1 – SEMPRE HAVERÁ DUAS MULTIDÕES: UMA ACOMPANHANDO O SENHOR DA MORTE E A OUTRA ACOMPANHANDO O
SENHOR DA VIDA (Lc 7.11,12).
Este texto nos coloca diante de
duas multidões que se encontram na porta da cidade de Naim. A primeira estava
feliz, cheia de emoção e alegria, já a segunda estava infeliz.
A multidão que acompanhava
Jesus estava feliz, pois acompanhava o Senhor da Vida, a multidão que saía da
cidade de Naim estava infeliz porque acompanhava um féretro onde se encontra um
jovem.
Assim como esta multidão que
saía da cidade de Naim, existem muitas pessoas hoje caminhando a passos largos
para o cemitério. Eles tinham como ponto de referência um rapaz morto. Eles
contemplavam um defunto e procuravam consolar a sua triste mãe. Eles tinham
como referência a morte e uma mãe enlutada. Estavam caminhando para o cemitério
em direção a um túmulo. O ponto de referência daquela multidão estava morto.
Muitas pessoas têm como referencial de vida a morte. E quem tem como
referencial em sua vida a morte, vive uma vida infeliz, pois a morte traz
profunda tristeza. Tanto que o Senhor Jesus diz para aquela mãe: “Não chores”.
O mais triste da morte não é a
mote física, mas a morte espiritual. É saber que no fim da vida a pessoa
continuará morta, vivenciando a morte eterna.
Spurgeon comentando sobre esse
texto destaca três pontos importantes [4].
1º - Os espiritualmente mortos
provocam grande tristeza aos que estão embaixo da graça de Cristo. Muitas pessoas que estão
debaixo da graça, que foram alcançadas por Jesus vivem enlutadas por ainda não
verem sua casa alcançada pela ressurreição. Assim como aquela mãe não podia ter
mais comunhão com seu filho, pois falecera, muitas mães hoje estão sem comunhão
com seus filhos queridos porque eles estão espiritualmente mortos.
Quantas mães estão chorando por
seus filhos que vivem no vale da sombra e da morte (Sl 23.4). Quantas esposas
estão chorando por seus maridos espiritualmente mortos. Quantas pessoas
enlutadas por causa da morte espiritual de seus entes queridos. Quantas mães
servindo refeição a filhos mortos. Quantas esposas deitadas ao lado de maridos
mortos. A Bíblia nos fala em 1Jo 5.19 nos diz: “Sabemos que somos de Deus e que o mundo
inteiro jaz no Maligno”. O termo jaz
dá a ideia de estar sob o domínio, de estar morto (Ef 2.1-3).
2º - Ficamos enlutados por causa do futuro dos
espiritualmente mortos. Assim como uma pessoa morta precisa ser enterrada por causa da corrupção
da carne, assim também ocorre com os mortos espirituais. Eles também estão em
estado de decomposição. O pecado decompõe a alma, faz com que ela cheire mal
nas narinas do nosso Deus.
Apesar de não crermos em
zumbis, vivemos num mundo cheio de mortos-vivos.
Eles vivem ao nosso redor, estão entre nós; eles se casam, têm filhos, amam,
lutam, odeiam, tiram férias, frequentam igreja... Estamos literalmente cercados
por mortos-vivos.
Nós não só estamos entre eles,
como de fato éramos um deles. Paulo diz: “E
vos vivificou, estando vós mortos em delitos e pecados” - Efésios 2.1 – A palavra usada significa
literalmente cadáver. Paulo está dizendo que cada membro da igreja em Éfeso antes
era completamente desprovido de vida espiritual. Ele está dizendo que pecadores
perdidos são completamente incapazes e também indispostos de chegar a Deus por
iniciativa própria.
Para nós cristãos esta é uma dura realidade.
Vivemos em um mundo que jaz no maligno – que está morto no maligno. Mas nem
todos têm consciência dessa dura realidade. Que possamos despertar para esse
fato.
3º - Ficamos enlutados porque perdemos
a possibilidade de comunhão com eles. Todos nós sabemos o que morte física significa. Uma
pessoa morta é incapaz de responder a qualquer estímulo. Quando a pessoa morre
seu corpo é reduzido a um vazio infinito, todo estímulo é fútil, não há
capacidade de ouvir, falar, pensar. Os toques que antes tanto emocionavam já
não produzem nada, as vozes familiares ao ouvido caem agora num mundo de
silêncio impenetrável. O corpo que foi cheio de vida agora não passa de uma
concha vazia. Todas as famílias da terra já tiveram experiência com a morte,
cada cidade tem cemitérios cheios de tristeza todos os dias.
Um homem morto perdeu toda a
capacidade de responder ao mundo físico, e essa é a ilustração perfeita
colocada por Paulo em Efésios 2.1 sobre os homens que não foram regenerados.
Uma pessoa não regenerada não tem comunhão com Deus e não tem comunhão com os
filhos de Deus.
Aquela mãe não podia ter mais
comunhão com seu filho querido depois de morto, pois os mortos não sabem coisa
alguma. Não sentem. Não interagem com ninguém. Assim é o homem natural. O homem
natural está morto (1Co 2.14). Ele vive, se move, ri, busca prazer. Mas estão
mortos espiritualmente. Não estão mortos para o mundo, mas estão mortos para
Deus.
Os espiritualmente mortos não
podem manter comunhão com Deus e não podem manter comunhão espiritual com os
filhos de Deus. Podemos ter comunhão física e emocional, mas não comunhão
espiritual. Isso é impossível. Essa é uma dura realidade que tem sido
negligenciada em muitas igrejas. Há pessoas que pensam que basta ser boa para
ir para o céu. Quem pensa assim está negligenciando o sacrifício de Cristo na
cruz do calvário.
A morte espiritual é o oposto
da vida eterna. Cristo em João 17.3 diz: “E
a vida eterna é essa: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro...”. João
repete a mesma verdade: “Aquele que tem o
Filho tem a vida, e quem não tem o Filho de Deus não tem vida” – 1 João
5.12.
É interessante observar que os
Evangelhos registram três ressurreições que o Senhor Jesus realizou: A filha de
Jairo – esta acabara de morrer; o filho da viúva de Naim – este estava morto a
vinte e quatro horas e Lázaro – que estava morto há quatro dias. A única
diferença entre estes três mortos era o grau de decomposição. A filha de Jairo
o corpo ainda estava quente, o filho da viúva de Naim o corpo estava entrando
em estado de decomposição e Lázaro já cheirava mal, ou seja, estava em
decomposição. No entanto, os três mortos o Senhor ressuscitou. Assim como o
Senhor Jesus tem poder para ressuscitar o corpo, Ele também tem poder para
ressuscitar os mortos espirituais.
Mas a multidão que acompanhava Jesus está alegre, pois estava acompanhando
o Senhor da vida. Quem tem Jesus como referência
ainda que esteja vivendo entre os mortos, crê que a ressurreição há de
acontecer a qualquer momento. Nas horas menos esperadas o Senhor para o esquife
e traz vida, pois Ele é o Senhor da vida. Esse texto nos enche dessa real
esperança.
2 – AQUELE RAPAZ REPRESENTA TODA A ESPERANÇA QUE MUITOS DEPOSITAM NO FUTURO
(Lc 7.12).
O fato de que o funeral se dirigia para fora da
cidade não era um acontecimento fortuito, mas devia-se à circunstância de que
os judeus não permitiam o sepultamento de seus mortos dentro da cidade (entre
os vivos) – somente podiam ser enterrados fora dos muros de suas localidades
[5]. A esperança de um futuro feliz morreu e estava sendo levado para fora da
cidade. Seu filho, sua esperança, sua razão de um futuro melhor estava indo
para a sepultura.
1º - Aquele garoto representava
toda a esperança que ainda lhe restava. Além desta pobre mulher ser viúva, acabara de perder
seu único filho. A morte lhe bateu a porta duas vezes e foi vitoriosa.
Provavelmente este rapaz era a única fonte de sustento daquela velha mãe. A sua
única esperança de sobrevivência – era muito comum naquela época, muitas viúvas
sem filhos passarem necessidade e terem que partir para a mendicância.
Aquele menino foi a única coisa
boa que lhe havia restado, que lhe dava razão para continuar vivendo. Que lhe
dava sentido à vida.
Certamente ela sonhava com o
casamento do seu filho, uma boa nora, alguns netos, uma velhice feliz ao lado
de seu filho. Uma família próspera; mas agora tudo estava indo por terra
abaixo, ou melhor, para o túmulo.
2º - Esse rapaz morto representa
para muitas pessoas hoje um futuro tranquilo que morreu. Este rapaz representa para muitas pessoas toda a
esperança, todas as alegrias e investimentos que sucumbiram diante da morte, da
falência, da perda.
– Quantas pessoas casaram pensando que o
casamento traria felicidade, e agora veem o casamento desmoronando, morrendo.
– Outros colocam suas esperanças numa UTOPIA
POLÍTICA, achando que o mundo melhorará a partir de um bom projeto político. No
entanto, ele vê seu sonho indo de caos em caos.
– BERTRAND RUSSEL – matemático, filósofo e
sociólogo, nascido em 1872 disse que a ciência dos nossos dias melhoraria até
mesmo os GENES DOS HOMENS, de forma que iriam nascer mental e psicologicamente
melhores. Mas o que vemos é o homossexualismo aumentando, os jovens nas drogas,
a vida sendo destruída, morrendo. Sem falar das duas guerras mundiais que
ocorreram e as guerras civis em muitos países. E hoje a guerra biológica que
enfrentamos.
– Há aqueles que perderam totalmente a
esperança e por isso vivem infelizes - corações vazios – pessoas seguindo a
morte. Gente vivendo num cemitério existencial.
ILUSTRAÇÃO
Certa noite, no ano de 1954, Billie Sicard demitiu-se da vida.
Nenhum anúncio foi feito, nem documento oficial algum foi assinado. Mas, mesmo
assim, ela demitiu-se. Billie decidiu não viver mais. Seu espírito morreu em
1954, seu corpo em 1979.
Naquela noite de 1954, a única
razão para Billie viver deixou-a. Seu filho George, de 12 anos, morreu de um
tumor cerebral. A vida do pequeno George prendeu Billie num vácuo. Ela tinha 34
anos quando ele nasceu. Depois que o marido a deixou, o filho tornou-se a sua
vida. Quando ele morreu, a morte dele passou a ser a dela.
Ela era rica. Billie morava
desde 1937 num bairro de luxo em Sunset Island. Sua casa foi vendida por
226.000 dólares depois que ela morreu. Tudo isso, porém, era imaterial para
Billie. Sua vida era o filho.
Contam que quando George morreu
num hospital na cidade de Nova Iorque, o corpo dele foi levado para o velório
em sua casa. Depois de o corpo ter ficado exposto a visitação durante um dia na
casa da Sra. Sicard, os responsáveis pela funerária foram removê-lo. Ela
impediu que o retirassem. Durante vários dias ficou chorando por trás das
portas fechadas, até que finalmente deu permissão para o sepultamento.
Gastar cem dólares em
brinquedos para George não representava nada para Billie. Em 1979 quando o
corpo dela foi encontrado, encontraram também os brinquedos, exatamente como
ele os deixara. Nada tinha sido guardado, nada mudado de lugar.
Durante 25 anos, Billie vagou
por uma casa cheia de brinquedos, com o coração cheio de memórias. Quando a
casa foi vendida, o uniforme de escoteiro de George estava ainda pendurado no
armário do pavimento térreo. Na parede se via um desenho infantil de um trenzinho
desenhado com lápis vermelho. Ela jamais limpou. Os chinelos dele enfeitados
com o Mickey Mouse, repousavam num canto do quarto.
Quando Billie demitiu-se da
vida, tornou-se uma reclusa da sociedade. Seu jardim transformou-se em selva.
Sua casa tornou-se uma fonte de história de fantasmas e boatos. Não se
importava com nada.
Billie simplesmente
aposentou-se. Sua vida representa um legado silencioso à humanidade:
“O HOMEM PRECISA POSSUIR ALGO
MAIOR QUE A MORTE... CASO CONTRÁRIO, A MORTE PASSA POSSUÍ-LO”
Aquela pobre viúva e toda
aquela multidão que a acompanhava estavam vivenciando a morte.
Se a nossa esperança está
naquilo que pode morrer, corremos o risco de vivenciarmos a morte todo dia, mas
se a nossa esperança está no Senhor da vida, ainda que vivenciemos a morte
todos os dias, não a tememos, pois a morte já foi vencida, o Senhor a venceu
por nós. Como nos fala Paulo em 1Co 15.55-57:
“Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora,
o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus
que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo”.
3 – JESUS É O ÚNICO REFERENCIAL DA VIDA (Lc 7.13-15).
Assim como havia uma multidão
enlutada, havia outra multidão alegre tendo como referencial o Senhor Jesus. O
Senhor da vida, não de uma esperança fugaz, não só da vida comum, mas
principalmente da vida eterna. Como Ele mesmo falou em Jo 10.10: “Eu vim para que
tenham vida e a tenham em abundância”. Aquela multidão que acompanhava
Jesus tinha uma única razão para estarem felizes, eles tinham esperança de vida
eterna.
As contingências e circunstâncias eram idênticas para ambas, a multidão que
acompanhava Jesus também morria, ficava doente, chorava, mas o que as
diferenciavam era para quem estavam olhando (Mt 7.24,25). Ah queridos, em quem você está fitando
seus olhos espirituais? Se for para o Senhor Jesus, você é um bem-aventurado,
mas se estiver olhando para outra direção que triste sina é a sua vida. Como
disse Paulo em 1Co 15.19: “Se esperamos
em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”.
Nas ruas de nossa cidade nós
nos deparamos com pessoas caminhando para o cemitério umas abraçadas a morte
eterna e outras mas indo céu, abraçadas a vida eterna. Gente rindo, mas por
dentro infelizes, e gente enfrentando as maiores lutas, mas com esperança de
mudança por confiarem em Jesus.
A grande diferença entre estas
duas multidões não é se uma tem mais dinheiro que a outra, nem porque gozam de
mais saúde e outros não, ainda mais que saúde não é perpétua. O que faz desta
multidão que segue a Jesus, de nós que somos cristãos, diferentes daquela outra
multidão desesperada, seguindo um enterro, é justamente o fato de estarmos
olhando e seguindo a Jesus – “Que vive e
reina para sempre!”.
Somente Ele é capaz de fazer
brotar a paz e a felicidade em meio as calamidades da vida. Esta multidão que
segue a Jesus tinha esperança de vitória em meio as lutas da vida, assim como
nós. Veja o que o apóstolo Paulo nos fala em Rm 8.31-39. Essa é a nossa esperança.
Temos o Espírito Santo que nos
consola e intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26-30).
Posso andar com alegria porque
há um túmulo vazio em Jerusalém, aja o que houver o túmulo de Jesus está vazio.
Ele ressuscitou e vive pelos séculos dos séculos e está conosco todos os dias (Mt 28.20).
Nós temos um referencial vivo,
uma motivação para viver e para andar em esperança. Não fazemos parte dessa
multidão de infelizes e desesperados, FILHOS DO CEMITÉRIO, andando para a
sepultura, adorando a morte.
Nós nascemos para a vida, para
a esperança, para a felicidade, para o céu. Nascemos para a felicidade
encarnada em Jesus porque o túmulo está vazio.
4 – O QUE O SENHOR JESUS FAZ QUANDO OLHA PARA ESTA MULTIDÃO DESESPERADA?
Quando Ele olha para você que
investiu no futuro do seu casamento e agora o está vendo ruir, quando Ele olha
para o seu idealismo político, mas que não passou de uma grande utopia, quando
Ele olha para o enorme vazio do seu coração, quando Ele olha para você que vê
seus intentos indo para o cemitério, para o túmulo, Ele faz a mesma coisa que
fez com aquela viúva em Naim.
1º – O texto nos diz que Jesus
sentiu compaixão (v 13a). Observamos,
antes de mais nada, que o motivo deste milagre foi a compaixão. Sem dúvida,
Jesus realizou milagres para confirmar a sua divindade. Mas a sua maravilhosa
compaixão nunca estava ausente quando o milagre tinha algo a ver com os
problemas humanos ou com o sofrimento humano, e algumas vezes esta compaixão
parece ser o único motivo envolvido. Além disso, vemos que a compaixão era
relacionada à viúva. Não há indicação de que Jesus tenha se comovido pela
condição do filho morto, exceto pelo fato de que a sua morte trouxe
dificuldades e tristeza para a mãe. Cristo não vê a morte como uma tragédia, a
menos que seja a morte de um pecador. Não chores. Estas amáveis palavras,
vindas do grande coração amoroso de Jesus, trariam um pouco de conforto à
mulher [6].
William Hendriksen diz que com
frequência a compaixão entre seres humanos pecadores é fingida, não genuína. Em
contrapartida, quando Jesus sentiu compaixão, realmente a sentiu. Sua compaixão
era genuína e profunda. Ele se preocupava com os enfermos, com os tristes, com
os aflitos. Ele se preocupava tanto que dele foi escrito: “Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou
as nossas doenças” (NVI) (Is 53.4; Mt 8.17). A compaixão meramente humana é
às vezes impotente. A compaixão que nosso Senhor demonstrou realmente
ajudou. Foi eficaz [7].
Jesus não é indiferente as
nossas dores. Ele se importa comigo, Ele se importa com você. Ele se importa
com a nossa dor. O autor de Hebreus nos fala assim:
“Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas
sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a
fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião
oportuna”. (Hb 4.15,16)
2º – O texto nos diz que Jesus
consolou aquela mãe enlutada (V 13b). Não há uma palavra mais insensata num funeral do que
esta: “Não chores”. Funeral é lugar
de choro. A morte traz sofrimento e dor. As lágrimas são esperadas numa hora do
luto. Mas o Jesus que ordena, “Não chores”, é o mesmo que tem poder para
estancar as lágrimas. Seu poder não é apenas para consolar nossa dor, mas
também para colocar um ponto final na causa do nosso choro [8].
“Não chores” porque ainda há
esperança. Em Jesus nós encontramos consolo, esperança em meio à tragédia.
3º – O texto nos diz que houve uma
intervenção de Jesus (v 14). O esquife
não era um caixão como os usados pelos egípcios, mas uma estrutura plana,
semelhante a uma cama, na qual o cadáver era colocado embrulhado em um tecido
[9].
Ele parou o esquife, Ele parou
o enterro, Ele parou a morte. Jesus tem poder para interferir em nossas
catástrofes. Como disse Spurgeon: “Para
semelhante pesar existe um só ajudador: mas existe um ajudador” [10]. Jesus
ainda intervém: – No casamento
– Na firma falida – no desemprego.
– Nos relacionamentos – no casamento em crise.
– Na enfermidade
– Na morte
Hoje o Senhor pode interferir
em sua vida!
4º – O senhor Jesus quando interferiu falou ao morto e
este ouviu (v 14). Ele para os que
conduziam o enterro e carregavam o morto. Jesus chama o morto e dá uma ordem a
ele: “Levanta-te”. Aquele que é a
ressurreição e a vida tem poder sobre a morte. A morte escuta a sua voz. Quando
Jesus chega, a morte precisa bater em retirada. A morte não tem a última
palavra quando Jesus ergue sua voz! O mesmo Jesus que ressuscitou esse jovem
trará à vida todos os mortos no último dia (Jo 5.28,29) [11]. O Cristo (o
Ungido), o Messias, acordou alguém da maca mortuária com a mesma rapidez e
facilidade com que outra pessoa tenta despertar alguém do sono [12].
“Levanta-te” - Hoje Ele pode dizer para sua vida desestruturada e
caída: “Levanta-te”. Para o seu
casamento caído: “Erga-te!”. Ele pode dar uma ordem de vida, de ressurreição para sua vida morta.
5º – Jesus o restituiu a sua mãe (v 15). A solicitude de Jesus para com
a viúva revela-se no detalhe de que restituiu o jovem à sua mãe (conforme fizera
Elias numa situação semelhante 1Rs 17.23) [13]. A esperança voltou a brilhar no
coração daquela mãe. O irremediável aconteceu. O impossível tornou-se
realidade. A vida desfraldou suas bandeiras. O choro doído foi trocado pela
alegria indizível. As vestes mortuárias foram deixadas para trás [14].
Jesus tem poder sobre a morte. Basta uma palavra e o
milagre da vida acontece. Só Ele tem o poder da restituição. Ele não restitui
algo morto, mas vivo, pulsante, que gera choro de alegria.
- Jesus pode restituir o seu marido. Sua esposa. Seu
casamento. Seus filhos.
- Jesus pode restituir a alegria da salvação, a paz de
espírito que seu coração tanto busca.
- Jesus pode restituir a sua saúde - física, emocional
e espiritual.
Ele pegou aquele jovem morto e o devolveu vivo,
ressuscitado. “Jesus Cristo é o mesmo,
ontem, e hoje, e eternamente” (Hebreus 13.8)
Jesus pode fazer
isso por você hoje!
6º – Todos glorificaram a Deus (v 16, 17). A intervenção de Jesus foi sobre aquele jovem morto e o restituiu vivo a
sua mãe. No entanto, nós vemos que não só aquela viúva e o seu filho
glorificaram a Deus, mas toda a multidão. Eles reconheceram que Deus havia
visitado o seu povo.
Por meio da ressuscitação deste morto Jesus revelou-se
como o Messias esperado pelo povo. Suas testemunhas oculares agora viam nele o “grande profeta” que Deus havia suscitado
em seu meio (cf. Dt 18.15,18) [15].
Todos os milagres tem que levar as pessoas a
glorificarem a Deus.
Wiersbe resume essa passagem dizendo que podemos
observar quatro encontros específicos, ocorridos às portas da cidade naquele
dia:
1º - O encontro de dois grupos. Em termos
espirituais, cada um de nós se encontra em um desses dois grupos. Se crermos em
Cristo, estamos indo para a cidade (Hb 11:10, 13-16; 12:22). Se estamos
"mortos nos nossos pecados", já estamos no cemitério e sob a
condenação de Deus (Jo 3.36; Ef 2.1-3). Precisamos crer em Jesus Cristo e ser
ressuscitados dentre os mortos (Jo 5.24; Ef 2.4-10).
2º - O encontro de dois filhos
únicos. Um estava vivo, mas destinado a morrer, o
outro estava morto, mas destinado a viver.
3º - O encontro entre dois sofredores. Jesus, o “homem de dores”, não
teve dificuldade em se identificar com o sofrimento da viúva. Não apenas estava
aflita como também se encontrava sozinha numa sociedade sem recursos para
cuidar de viúvas.
4º - O encontro entre dois inimigos. Jesus enfrentou a morte, “o último inimigo” (1Co 15.26). Quando pensamos na dor e tristeza
que a morte causa a este mundo, de fato é um inimigo terrível, e somente Jesus
Cristo é capaz de nos dar a vitória (1Co 15.51-58; Hb 2.14,15) [16].
CONCLUSÃO
Deus está aqui e quer visitar o seu coração e fazer
nele morada. Ele quer restaurar a sua vida arruinada, destruída, morta. Ele
quer te dar vida.
Vida eterna – vida plena de significado, com prazer de
viver. Vida com cheiro de vida e não uma vida com cheiro de morte.
O Senhor da vida está te chamando!
Saia da sombra da morte venha para a luz de Cristo.
Jesus está passando hoje pela sua vida, não o deixe passar adiante. Convide-o a
entrar em sua vida hoje. Assim como o Senhor Jesus abençoou aquela viúva e o
seu filho, Ele quer restaurar também a sua vida e sua casa.
Pense nisso!
Bibliografia
1 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1,
Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 253.
2 – Spurgeon, C. H. Os Milagres de Jesus, vol. 1,
Editora Shedd, São Paulo, SP, 1ª Reimpressão 2011, p. 68.
3 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Sheed,
Santo Amaro, SP, 2019, p. 286.
4 – Spurgeon, C. H. Os Milagres de Jesus, vol. 1,
Editora Shedd, São Paulo, SP, 1ª Reimpressão 2011, p. 69-71.
5 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário
Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 112.
6 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon,
vol. 6, Lucas, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 398.
7 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 1, São Paulo, SP,
Ed. Cultura Cristã, 2003, p. 516.
8 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem
perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 207.
9 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon,
vol. 6, Lucas, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 398.
10 – Spurgeon, C. H. Os Milagres de Jesus, vol. 1,
Editora Shedd, São Paulo, SP, 1ª Reimpressão 2011, p. 74.
11 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem
perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 207.
12 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário
Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 112.
13 – Morris, L. Leon. Lucas, Introdução e Comentário,
Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 133.
14 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem
perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 207.
15 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário
Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 112.
16 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1,
Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 253.
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