domingo, 4 de abril de 2021

JESUS RESSUSCITA O FILHO DE UMA VIÚVA

Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Lucas 7.11-17

INTRODUÇÃO

O capítulo sete de Lucas começa nos dizendo que Jesus estava na cidade de Cafarnaum, onde curou o servo de um oficial romano. No outro dia, nós vemos Jesus dirigindo-se para a cidade de Naim e com Ele numerosa multidão. Naim ficava cerca de 38 km de Cafarnaum. Esse percurso era de pelo menos um dia de viagem e, no entanto, Jesus foi até lá sem ninguém ter pedido que o fizesse. Uma vez que os judeus sepultavam seus mortos no mesmo dia em que faleciam (Dt 21.23; At 5.5-10), é bem provável que Jesus e seus discípulos tenham chegado às portas da cidade no final do dia em que o menino faleceu [1].

CIDADE DE NAIM - Naim, que em hebraico significa a “bela”, “a graciosa”, era uma aldeia construída próximo ao Hermom, a sudoeste de Nazaré. Naim está situada na região de Suném, onde Eliseu ressuscitou o filho da Sunamita (2Rs 4.8-37).

Este episódio só é descrito no Evangelho de Lucas. Esta é uma das três ocasiões em que nosso Senhor ressuscitou um morto. O filho da viúva de Naim, a ressurreição da filha de Jairo (Mt 9.18-26, Mc 5.21-43 e Lc 8.40-56), e a ressurreição de Lázaro (Jo 11.1-46). Somente estas três ressurreições são descritas no ministério de Jesus, embora haja clara evidência de que outras pessoas, não informadas nos evangelhos, tenham sido ressuscitadas (Lc 7.22).

É na entrada desta cidade que algo maravilhoso acontece. Podemos dizer que foi um incidente notável o encontro entre as duas multidões às portas de Naim. Pelos olhos espirituais podemos ver a morte montada em seu cavalo amarelo (Ap 6.7,8); e como disse Spurgeon: A morte leva seus despojos até o túmulo” [2]. De repente, o cortejo fúnebre se depara com uma multidão que acompanhava Jesus e seus discípulos. Diz-nos o texto que o Senhor Jesus olha para aquela pobre viúva e se compadece dela. Não foi a viúva que o viu e correu ao seu encontro e pediu que o Senhor a abençoasse ressuscitando seu filho. Mas foi o Senhor quem a viu e foi ao seu encontro. Ele para o cortejo consola aquela mãe enlutada e ressuscita o seu jovem filho. Aquela mulher que estava condenada a terminar os seus dias sozinha, sem descendente, de repente é surpreendida com a bênção inesperada.

A participação de um cortejo era uma “obra de misericórdia”. A participação nos procedimentos fúnebres não era apenas uma expectativa social, mas uma exigência rabínica. Na Galileia, era costume os homens caminharem na frente do morto e as mulheres atrás dele, com pranteadores e músicos com instrumentistas contratados produzindo seu gênero respectivo [3].

Lucas não menciona esses pranteadores profissionais, mas decerto estavam ali, pois até os mais pobres em Israel costumavam alugar pelo menos dois flautistas e uma carpideira nessas ocasiões. O principal objetivo destas era levar os partícipes ao choro e lamento, mesmo que o defunto não merecesse.

O que podemos aprender com esse texto? Que lições ele nos tem a dar?

1 – SEMPRE HAVERÁ DUAS MULTIDÕES: UMA ACOMPANHANDO  O SENHOR DA MORTE E A OUTRA ACOMPANHANDO O SENHOR DA VIDA (Lc 7.11,12).

Este texto nos coloca diante de duas multidões que se encontram na porta da cidade de Naim. A primeira estava feliz, cheia de emoção e alegria, já a segunda estava infeliz.

A multidão que acompanhava Jesus estava feliz, pois acompanhava o Senhor da Vida, a multidão que saía da cidade de Naim estava infeliz porque acompanhava um féretro onde se encontra um jovem.

Assim como esta multidão que saía da cidade de Naim, existem muitas pessoas hoje caminhando a passos largos para o cemitério. Eles tinham como ponto de referência um rapaz morto. Eles contemplavam um defunto e procuravam consolar a sua triste mãe. Eles tinham como referência a morte e uma mãe enlutada. Estavam caminhando para o cemitério em direção a um túmulo. O ponto de referência daquela multidão estava morto.

Muitas pessoas têm como referencial de vida a morte. E quem tem como referencial em sua vida a morte, vive uma vida infeliz, pois a morte traz profunda tristeza. Tanto que o Senhor Jesus diz para aquela mãe: “Não chores”.

O mais triste da morte não é a mote física, mas a morte espiritual. É saber que no fim da vida a pessoa continuará morta, vivenciando a morte eterna.

Spurgeon comentando sobre esse texto destaca três pontos importantes [4].

1º - Os espiritualmente mortos provocam grande tristeza aos que estão embaixo da graça de Cristo. Muitas pessoas que estão debaixo da graça, que foram alcançadas por Jesus vivem enlutadas por ainda não verem sua casa alcançada pela ressurreição. Assim como aquela mãe não podia ter mais comunhão com seu filho, pois falecera, muitas mães hoje estão sem comunhão com seus filhos queridos porque eles estão espiritualmente mortos.  

Quantas mães estão chorando por seus filhos que vivem no vale da sombra e da morte (Sl 23.4). Quantas esposas estão chorando por seus maridos espiritualmente mortos. Quantas pessoas enlutadas por causa da morte espiritual de seus entes queridos. Quantas mães servindo refeição a filhos mortos. Quantas esposas deitadas ao lado de maridos mortos. A Bíblia nos fala em 1Jo 5.19 nos diz: “Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno. O termo jaz dá a ideia de estar sob o domínio, de estar morto (Ef 2.1-3).  

2º -  Ficamos enlutados por causa do futuro dos espiritualmente mortos. Assim como uma pessoa morta precisa ser enterrada por causa da corrupção da carne, assim também ocorre com os mortos espirituais. Eles também estão em estado de decomposição. O pecado decompõe a alma, faz com que ela cheire mal nas narinas do nosso Deus. 

Apesar de não crermos em zumbis, vivemos num mundo cheio de mortos-vivos. Eles vivem ao nosso redor, estão entre nós; eles se casam, têm filhos, amam, lutam, odeiam, tiram férias, frequentam igreja... Estamos literalmente cercados por mortos-vivos.

Nós não só estamos entre eles, como de fato éramos um deles. Paulo diz: “E vos vivificou, estando vós mortos em delitos e pecados” - Efésios 2.1 – A palavra usada significa literalmente cadáver. Paulo está dizendo que cada membro da igreja em Éfeso antes era completamente desprovido de vida espiritual. Ele está dizendo que pecadores perdidos são completamente incapazes e também indispostos de chegar a Deus por iniciativa própria.

Para nós cristãos esta é uma dura realidade. Vivemos em um mundo que jaz no maligno – que está morto no maligno. Mas nem todos têm consciência dessa dura realidade. Que possamos despertar para esse fato.

3º - Ficamos enlutados porque perdemos a possibilidade de comunhão com eles. Todos nós sabemos o que morte física significa. Uma pessoa morta é incapaz de responder a qualquer estímulo. Quando a pessoa morre seu corpo é reduzido a um vazio infinito, todo estímulo é fútil, não há capacidade de ouvir, falar, pensar. Os toques que antes tanto emocionavam já não produzem nada, as vozes familiares ao ouvido caem agora num mundo de silêncio impenetrável. O corpo que foi cheio de vida agora não passa de uma concha vazia. Todas as famílias da terra já tiveram experiência com a morte, cada cidade tem cemitérios cheios de tristeza todos os dias.

Um homem morto perdeu toda a capacidade de responder ao mundo físico, e essa é a ilustração perfeita colocada por Paulo em Efésios 2.1 sobre os homens que não foram regenerados. Uma pessoa não regenerada não tem comunhão com Deus e não tem comunhão com os filhos de Deus.

Aquela mãe não podia ter mais comunhão com seu filho querido depois de morto, pois os mortos não sabem coisa alguma. Não sentem. Não interagem com ninguém. Assim é o homem natural. O homem natural está morto (1Co 2.14). Ele vive, se move, ri, busca prazer. Mas estão mortos espiritualmente. Não estão mortos para o mundo, mas estão mortos para Deus.

Os espiritualmente mortos não podem manter comunhão com Deus e não podem manter comunhão espiritual com os filhos de Deus. Podemos ter comunhão física e emocional, mas não comunhão espiritual. Isso é impossível. Essa é uma dura realidade que tem sido negligenciada em muitas igrejas. Há pessoas que pensam que basta ser boa para ir para o céu. Quem pensa assim está negligenciando o sacrifício de Cristo na cruz do calvário.

A morte espiritual é o oposto da vida eterna. Cristo em João 17.3 diz: “E a vida eterna é essa: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro...”. João repete a mesma verdade: “Aquele que tem o Filho tem a vida, e quem não tem o Filho de Deus não tem vida” – 1 João 5.12.

É interessante observar que os Evangelhos registram três ressurreições que o Senhor Jesus realizou: A filha de Jairo – esta acabara de morrer; o filho da viúva de Naim – este estava morto a vinte e quatro horas e Lázaro – que estava morto há quatro dias. A única diferença entre estes três mortos era o grau de decomposição. A filha de Jairo o corpo ainda estava quente, o filho da viúva de Naim o corpo estava entrando em estado de decomposição e Lázaro já cheirava mal, ou seja, estava em decomposição. No entanto, os três mortos o Senhor ressuscitou. Assim como o Senhor Jesus tem poder para ressuscitar o corpo, Ele também tem poder para ressuscitar os mortos espirituais.

Mas a multidão que acompanhava Jesus está alegre, pois estava acompanhando o Senhor da vida. Quem tem Jesus como referência ainda que esteja vivendo entre os mortos, crê que a ressurreição há de acontecer a qualquer momento. Nas horas menos esperadas o Senhor para o esquife e traz vida, pois Ele é o Senhor da vida. Esse texto nos enche dessa real esperança.

2 – AQUELE RAPAZ REPRESENTA TODA A ESPERANÇA QUE MUITOS DEPOSITAM NO FUTURO (Lc 7.12).

O fato de que o funeral se dirigia para fora da cidade não era um acontecimento fortuito, mas devia-se à circunstância de que os judeus não permitiam o sepultamento de seus mortos dentro da cidade (entre os vivos) – somente podiam ser enterrados fora dos muros de suas localidades [5]. A esperança de um futuro feliz morreu e estava sendo levado para fora da cidade. Seu filho, sua esperança, sua razão de um futuro melhor estava indo para a sepultura.

1º - Aquele garoto representava toda a esperança que ainda lhe restava. Além desta pobre mulher ser viúva, acabara de perder seu único filho. A morte lhe bateu a porta duas vezes e foi vitoriosa. Provavelmente este rapaz era a única fonte de sustento daquela velha mãe. A sua única esperança de sobrevivência – era muito comum naquela época, muitas viúvas sem filhos passarem necessidade e terem que partir para a mendicância.

Aquele menino foi a única coisa boa que lhe havia restado, que lhe dava razão para continuar vivendo. Que lhe dava sentido à vida.

Certamente ela sonhava com o casamento do seu filho, uma boa nora, alguns netos, uma velhice feliz ao lado de seu filho. Uma família próspera; mas agora tudo estava indo por terra abaixo, ou melhor, para o túmulo.

2º - Esse rapaz morto representa para muitas pessoas hoje um futuro tranquilo que morreu.  Este rapaz representa para muitas pessoas toda a esperança, todas as alegrias e investimentos que sucumbiram diante da morte, da falência, da perda.

 – Quantas pessoas casaram pensando que o casamento traria felicidade, e agora veem o casamento desmoronando, morrendo.

 – Outros colocam suas esperanças numa UTOPIA POLÍTICA, achando que o mundo melhorará a partir de um bom projeto político. No entanto, ele vê seu sonho indo de caos em caos.  

 – BERTRAND RUSSEL – matemático, filósofo e sociólogo, nascido em 1872 disse que a ciência dos nossos dias melhoraria até mesmo os GENES DOS HOMENS, de forma que iriam nascer mental e psicologicamente melhores. Mas o que vemos é o homossexualismo aumentando, os jovens nas drogas, a vida sendo destruída, morrendo. Sem falar das duas guerras mundiais que ocorreram e as guerras civis em muitos países. E hoje a guerra biológica que enfrentamos.

 – Há aqueles que perderam totalmente a esperança e por isso vivem infelizes - corações vazios – pessoas seguindo a morte. Gente vivendo num cemitério existencial.

ILUSTRAÇÃO

Certa noite, no ano de 1954, Billie Sicard demitiu-se da vida. Nenhum anúncio foi feito, nem documento oficial algum foi assinado. Mas, mesmo assim, ela demitiu-se. Billie decidiu não viver mais. Seu espírito morreu em 1954, seu corpo em 1979.

Naquela noite de 1954, a única razão para Billie viver deixou-a. Seu filho George, de 12 anos, morreu de um tumor cerebral. A vida do pequeno George prendeu Billie num vácuo. Ela tinha 34 anos quando ele nasceu. Depois que o marido a deixou, o filho tornou-se a sua vida. Quando ele morreu, a morte dele passou a ser a dela.

Ela era rica. Billie morava desde 1937 num bairro de luxo em Sunset Island. Sua casa foi vendida por 226.000 dólares depois que ela morreu. Tudo isso, porém, era imaterial para Billie. Sua vida era o filho.

Contam que quando George morreu num hospital na cidade de Nova Iorque, o corpo dele foi levado para o velório em sua casa. Depois de o corpo ter ficado exposto a visitação durante um dia na casa da Sra. Sicard, os responsáveis pela funerária foram removê-lo. Ela impediu que o retirassem. Durante vários dias ficou chorando por trás das portas fechadas, até que finalmente deu permissão para o sepultamento.

Gastar cem dólares em brinquedos para George não representava nada para Billie. Em 1979 quando o corpo dela foi encontrado, encontraram também os brinquedos, exatamente como ele os deixara. Nada tinha sido guardado, nada mudado de lugar.

Durante 25 anos, Billie vagou por uma casa cheia de brinquedos, com o coração cheio de memórias. Quando a casa foi vendida, o uniforme de escoteiro de George estava ainda pendurado no armário do pavimento térreo. Na parede se via um desenho infantil de um trenzinho desenhado com lápis vermelho. Ela jamais limpou. Os chinelos dele enfeitados com o Mickey Mouse, repousavam num canto do quarto.

Quando Billie demitiu-se da vida, tornou-se uma reclusa da sociedade. Seu jardim transformou-se em selva. Sua casa tornou-se uma fonte de história de fantasmas e boatos. Não se importava com nada.

Billie simplesmente aposentou-se. Sua vida representa um legado silencioso à humanidade:

“O HOMEM PRECISA POSSUIR ALGO MAIOR QUE A MORTE... CASO CONTRÁRIO, A MORTE PASSA POSSUÍ-LO”

Aquela pobre viúva e toda aquela multidão que a acompanhava estavam vivenciando a morte.

Se a nossa esperança está naquilo que pode morrer, corremos o risco de vivenciarmos a morte todo dia, mas se a nossa esperança está no Senhor da vida, ainda que vivenciemos a morte todos os dias, não a tememos, pois a morte já foi vencida, o Senhor a venceu por nós. Como nos fala Paulo em 1Co 15.55-57:

“Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo”.

3 – JESUS É O ÚNICO REFERENCIAL DA VIDA (Lc 7.13-15).

Assim como havia uma multidão enlutada, havia outra multidão alegre tendo como referencial o Senhor Jesus. O Senhor da vida, não de uma esperança fugaz, não só da vida comum, mas principalmente da vida eterna. Como Ele mesmo falou em Jo 10.10:Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Aquela multidão que acompanhava Jesus tinha uma única razão para estarem felizes, eles tinham esperança de vida eterna.

As contingências e circunstâncias eram idênticas para ambas, a multidão que acompanhava Jesus também morria, ficava doente, chorava, mas o que as diferenciavam era para quem estavam olhando (Mt 7.24,25). Ah queridos, em quem você está fitando seus olhos espirituais? Se for para o Senhor Jesus, você é um bem-aventurado, mas se estiver olhando para outra direção que triste sina é a sua vida. Como disse Paulo em 1Co 15.19: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”.

Nas ruas de nossa cidade nós nos deparamos com pessoas caminhando para o cemitério umas abraçadas a morte eterna e outras mas indo céu, abraçadas a vida eterna. Gente rindo, mas por dentro infelizes, e gente enfrentando as maiores lutas, mas com esperança de mudança por confiarem em Jesus.

A grande diferença entre estas duas multidões não é se uma tem mais dinheiro que a outra, nem porque gozam de mais saúde e outros não, ainda mais que saúde não é perpétua. O que faz desta multidão que segue a Jesus, de nós que somos cristãos, diferentes daquela outra multidão desesperada, seguindo um enterro, é justamente o fato de estarmos olhando e seguindo a Jesus – “Que vive e reina para sempre!”.

Somente Ele é capaz de fazer brotar a paz e a felicidade em meio as calamidades da vida. Esta multidão que segue a Jesus tinha esperança de vitória em meio as lutas da vida, assim como nós. Veja o que o apóstolo Paulo nos fala em Rm 8.31-39. Essa é a nossa esperança.

Temos o Espírito Santo que nos consola e intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26-30).

Posso andar com alegria porque há um túmulo vazio em Jerusalém, aja o que houver o túmulo de Jesus está vazio. Ele ressuscitou e vive pelos séculos dos séculos e está conosco todos os dias (Mt 28.20).

Nós temos um referencial vivo, uma motivação para viver e para andar em esperança. Não fazemos parte dessa multidão de infelizes e desesperados, FILHOS DO CEMITÉRIO, andando para a sepultura, adorando a morte.

Nós nascemos para a vida, para a esperança, para a felicidade, para o céu. Nascemos para a felicidade encarnada em Jesus porque o túmulo está vazio.

4 – O QUE O SENHOR JESUS FAZ QUANDO OLHA PARA ESTA MULTIDÃO DESESPERADA?

Quando Ele olha para você que investiu no futuro do seu casamento e agora o está vendo ruir, quando Ele olha para o seu idealismo político, mas que não passou de uma grande utopia, quando Ele olha para o enorme vazio do seu coração, quando Ele olha para você que vê seus intentos indo para o cemitério, para o túmulo, Ele faz a mesma coisa que fez com aquela viúva em Naim.

1º – O texto nos diz que Jesus sentiu compaixão (v 13a). Observamos, antes de mais nada, que o motivo deste milagre foi a compaixão. Sem dúvida, Jesus realizou milagres para confirmar a sua divindade. Mas a sua maravilhosa compaixão nunca estava ausente quando o milagre tinha algo a ver com os problemas humanos ou com o sofrimento humano, e algumas vezes esta compaixão parece ser o único motivo envolvido. Além disso, vemos que a compaixão era relacionada à viúva. Não há indicação de que Jesus tenha se comovido pela condição do filho morto, exceto pelo fato de que a sua morte trouxe dificuldades e tristeza para a mãe. Cristo não vê a morte como uma tragédia, a menos que seja a morte de um pecador. Não chores. Estas amáveis palavras, vindas do grande coração amoroso de Jesus, trariam um pouco de conforto à mulher [6].

William Hendriksen diz que com frequência a compaixão entre seres humanos pecadores é fingida, não genuína. Em contrapartida, quando Jesus sentiu compaixão, realmente a sentiu. Sua compaixão era genuína e profunda. Ele se preocupava com os enfermos, com os tristes, com os aflitos. Ele se preocupava tanto que dele foi escrito: “Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças” (NVI) (Is 53.4; Mt 8.17). A compaixão meramente humana é às vezes impotente. A compaixão que nosso Senhor demonstrou realmente ajudou. Foi eficaz [7].

Jesus não é indiferente as nossas dores. Ele se importa comigo, Ele se importa com você. Ele se importa com a nossa dor. O autor de Hebreus nos fala assim:

“Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”. (Hb 4.15,16)

2º – O texto nos diz que Jesus consolou aquela mãe enlutada (V 13b). Não há uma palavra mais insensata num funeral do que esta: “Não chores”. Funeral é lugar de choro. A morte traz sofrimento e dor. As lágrimas são esperadas numa hora do luto. Mas o Jesus que ordena, “Não chores”, é o mesmo que tem poder para estancar as lágrimas. Seu poder não é apenas para consolar nossa dor, mas também para colocar um ponto final na causa do nosso choro [8].

“Não chores” porque ainda há esperança. Em Jesus nós encontramos consolo, esperança em meio à tragédia.

3º – O texto nos diz que houve uma intervenção de Jesus (v 14). O esquife não era um caixão como os usados pelos egípcios, mas uma estrutura plana, semelhante a uma cama, na qual o cadáver era colocado embrulhado em um tecido [9].

Ele parou o esquife, Ele parou o enterro, Ele parou a morte. Jesus tem poder para interferir em nossas catástrofes. Como disse Spurgeon: “Para semelhante pesar existe um só ajudador: mas existe um ajudador” [10]. Jesus ainda intervém: – No casamento

 – Na firma falida – no desemprego.

 – Nos relacionamentos – no casamento em crise.

 – Na enfermidade

 – Na morte

Hoje o Senhor pode interferir em sua vida!

4º – O senhor Jesus quando interferiu falou ao morto e este ouviu (v 14). Ele para os que conduziam o enterro e carregavam o morto. Jesus chama o morto e dá uma ordem a ele: “Levanta-te”. Aquele que é a ressurreição e a vida tem poder sobre a morte. A morte escuta a sua voz. Quando Jesus chega, a morte precisa bater em retirada. A morte não tem a última palavra quando Jesus ergue sua voz! O mesmo Jesus que ressuscitou esse jovem trará à vida todos os mortos no último dia (Jo 5.28,29) [11]. O Cristo (o Ungido), o Messias, acordou alguém da maca mortuária com a mesma rapidez e facilidade com que outra pessoa tenta despertar alguém do sono [12].

“Levanta-te” - Hoje Ele pode dizer para sua vida desestruturada e caída: Levanta-te”. Para o seu casamento caído: “Erga-te!”. Ele pode dar uma ordem de vida, de ressurreição para sua vida morta.

5º – Jesus o restituiu a sua mãe (v 15). A solicitude de Jesus para com a viúva revela-se no detalhe de que restituiu o jovem à sua mãe (conforme fizera Elias numa situação semelhante 1Rs 17.23) [13]. A esperança voltou a brilhar no coração daquela mãe. O irremediável aconteceu. O impossível tornou-se realidade. A vida desfraldou suas bandeiras. O choro doído foi trocado pela alegria indizível. As vestes mortuárias foram deixadas para trás [14].

Jesus tem poder sobre a morte. Basta uma palavra e o milagre da vida acontece. Só Ele tem o poder da restituição. Ele não restitui algo morto, mas vivo, pulsante, que gera choro de alegria.

- Jesus pode restituir o seu marido. Sua esposa. Seu casamento. Seus filhos.

- Jesus pode restituir a alegria da salvação, a paz de espírito que seu coração tanto busca.

- Jesus pode restituir a sua saúde - física, emocional e espiritual.

Ele pegou aquele jovem morto e o devolveu vivo, ressuscitado. “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (Hebreus 13.8)

Jesus pode fazer isso por você hoje!

6º – Todos glorificaram a Deus (v 16, 17). A intervenção de Jesus foi sobre aquele jovem morto e o restituiu vivo a sua mãe. No entanto, nós vemos que não só aquela viúva e o seu filho glorificaram a Deus, mas toda a multidão. Eles reconheceram que Deus havia visitado o seu povo.

Por meio da ressuscitação deste morto Jesus revelou-se como o Messias esperado pelo povo. Suas testemunhas oculares agora viam nele o “grande profeta” que Deus havia suscitado em seu meio (cf. Dt 18.15,18) [15].

Todos os milagres tem que levar as pessoas a glorificarem a Deus.

Wiersbe resume essa passagem dizendo que podemos observar quatro encontros específicos, ocorridos às portas da cidade naquele dia:

- O encontro de dois grupos. Em termos espirituais, cada um de nós se encontra em um desses dois grupos. Se crermos em Cristo, estamos indo para a cidade (Hb 11:10, 13-16; 12:22). Se estamos "mortos nos nossos pecados", já estamos no cemitério e sob a condenação de Deus (Jo 3.36; Ef 2.1-3). Precisamos crer em Jesus Cristo e ser ressuscitados dentre os mortos (Jo 5.24; Ef 2.4-10).

2º - O encontro de dois filhos únicos. Um estava vivo, mas destinado a morrer, o outro estava morto, mas destinado a viver.

3º - O encontro entre dois sofredores. Jesus, o “homem de dores”, não teve dificuldade em se identificar com o sofrimento da viúva. Não apenas estava aflita como também se encontrava sozinha numa sociedade sem recursos para cuidar de viúvas.

4º - O encontro entre dois inimigos. Jesus enfrentou a morte, “o último inimigo” (1Co 15.26). Quando pensamos na dor e tristeza que a morte causa a este mundo, de fato é um inimigo terrível, e somente Jesus Cristo é capaz de nos dar a vitória (1Co 15.51-58; Hb 2.14,15) [16].

CONCLUSÃO

Deus está aqui e quer visitar o seu coração e fazer nele morada. Ele quer restaurar a sua vida arruinada, destruída, morta. Ele quer te dar vida.

Vida eterna – vida plena de significado, com prazer de viver. Vida com cheiro de vida e não uma vida com cheiro de morte.

O Senhor da vida está te chamando!

Saia da sombra da morte venha para a luz de Cristo. Jesus está passando hoje pela sua vida, não o deixe passar adiante. Convide-o a entrar em sua vida hoje. Assim como o Senhor Jesus abençoou aquela viúva e o seu filho, Ele quer restaurar também a sua vida e sua casa.  

Pense nisso!

Bibliografia

1 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 253.

2 – Spurgeon, C. H. Os Milagres de Jesus, vol. 1, Editora Shedd, São Paulo, SP, 1ª Reimpressão 2011, p. 68.

3 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Sheed, Santo Amaro, SP, 2019, p. 286.

4 – Spurgeon, C. H. Os Milagres de Jesus, vol. 1, Editora Shedd, São Paulo, SP, 1ª Reimpressão 2011, p. 69-71.

5 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 112.

6 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, vol. 6, Lucas, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 398.

7 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 1, São Paulo, SP, Ed. Cultura Cristã, 2003, p. 516.

8 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 207.

9 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, vol. 6, Lucas, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 398.

10 – Spurgeon, C. H. Os Milagres de Jesus, vol. 1, Editora Shedd, São Paulo, SP, 1ª Reimpressão 2011, p. 74.

11 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 207.

12 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 112.

13 – Morris, L. Leon. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 133.

14 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, 2017, p. 207.

15 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005. p. 112.

16 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 253.

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