Por Pr. Silas Figueira
Texto base: Lucas 6.12,13
INTRODUÇÃO
A escolha dos apóstolos
é registrada nos três evangelhos sinópticos (Mt 10.1-4; Mc 3.14-19; Lc 6.13-16),
e em Atos At 1.13 nós encontramos a relação dos onze apóstolos.
É importante destacarmos que essa escolha ocorreu cerca e um ano e meio depois
que Jesus iniciou o seu ministério. E a medida que seu ministério foi
crescendo, foi crescendo também a inveja e perseguição por parte dos fariseus
que questionavam os seus ensinamentos, principalmente porque Jesus não
observava a tradição dos anciãos. Com isso, Jesus passou a sofrer muitas
retaliações, como lemos em Mc 3.6: “E,
tendo saído os fariseus, tomaram logo conselho com os herodianos contra ele,
procurando ver como o matariam”. Jesus sabia que o seu ministério seria
curto e que a obra que ele havia iniciado deveria ter continuidade. Para isso
ele escolhe entre os seus discípulos doze homens que deu o nome de apóstolos.
O texto de Lucas
destaca que antes de Jesus escolher esses homens para o apostolado, Ele passou
a noite em oração e então, ao descer do monte pela manhã, escolhe entre os
discípulos doze apóstolos. Jesus passou a noite nas montanhas, vigiando em
oração. Mais de uma vez Lucas salientou essa necessidade íntima que o Redentor
tinha de orar, que com frequência impelia Jesus a lugares ermos (Lc 4.42;
5.16). Contudo os termos aqui utilizados contêm uma ênfase muito especial. A
palavra “vigiar por toda a noite”
ocorre unicamente aqui [1].
É sobre esse assunto
que quero pensar com você, sobre a necessidade da oração antes de tomarmos
decisões importantes pois necessitamos ser dirigidos por Deus em todas as áreas
da vida. Devemos orar pois muitas das nossas decisões poderão afetar
drasticamente o nosso futuro e também de muitas outras pessoas. Podemos deixar
um rastro de bênçãos ou de desilusão e tristeza na história.
Dizem que uma certa
tribo antes de tomar qualquer decisão eles avaliam as consequências que essa
decisão irá trazer até a quarta geração. Se isso é verdade não podemos afirmar,
mas uma coisa é certa, deveríamos agir assim também antes de tomarmos decisões
importantes. Fica a dica!
Quais a lições que
podemos tirar para as nossa vidas nesse episódio das Escrituras?
JESUS
NOS MOSTRA A NECESSIDADE DA ORAÇÃO ANTES DE TOMARMOS DECISÕES (Lc 6.12,13).
O texto nos diz que
Jesus passou a noite em oração e pela manhã chamou a si os discípulos. Lucas é
o único evangelista que menciona que Jesus passou a noite orando antes da
escolha dos apóstolos. Por que Jesus passou a noite em oração? Podemos destacar
quatro coisas:
1º - A oração de Jesus
nos mostra algumas marcas distintas:
1)
Ele orou secretamente. Jesus sobe ao monte para orar. O que
Jesus fez aqui ele havia ensinado no Sermão do Monte: “E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em
orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos
homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando
orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está
em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente” (Mt
6.5,6).
2)
Ele orou insistentemente. O texto de Lucas nos diz que Ele
“passou a noite orando a Deus” (Lc 6.12). A decisão que deveria ser tomada
naquela manhã não poderia ser resolvida em uma breve oração. A decisão era por
demais importante que teve que ser estendida durante toda a noite. Como disse
alguém: “Eu tenho tanta coisa para
resolver hoje que terei que passar as primeiras quatro horas em oração”.
3)
Ele orou de forma objetiva. Jesus tinha que escolher dentre
os seus discípulos doze apóstolos e foi nesse propósito que o Senhor passou a
noite em oração.
Devemos aprender com
Jesus esses princípios.
2º - Jesus passou a
noite em comunhão com o Pai submetendo-se à Sua vontade.
A escolha de Jesus estava atrelada a vontade do Pai. Jesus mesmos falou: “Pois Eu desci do céu, não para fazer a
minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.38).
A Bíblia é clara em
declarar que Jesus em Sua humanidade anulou o uso independente de seus
atributos divinos para estar em total dependência e obediência ao Pai, como nos
fala Paulo em Filipenses 2.5-8:
“De
sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que,
sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas
esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos
homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente
até à morte, e morte de cruz”.
O termo que Paulo usa
aqui para esvaziou-se vem do
verbo grego kenou. Esse verbo significa literalmente “tirar algo até que não fique nada”. Jesus não usou nenhum dos seus
atributos divinos para ficar unicamente na dependência do Pai. Vemos isto de
forma clara quando o Senhor Jesus estava no deserto sendo tentado pelo diabo
(Mt 4.1-11).
Esse
deve ser o nosso posicionamento também diante de Deus.
Isto é o que nos orienta as Escrituras. Devemos nos submeter a vontade de Deus,
pois assim poderemos experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2). Como Jesus
mesmo havia ensinado: “Venha o teu reino,
seja feita a tua vontade, assim na
terra como no céu” (Mt 6.10). Devemos buscar a direção Deus em todas as
nossas decisões. O Senhor sabe o que é melhor para nós e para o Seu Reino.
Quando a vontade dele prevalece o resultado é abençoador.
3º - Jesus passou a
noite em oração porque a escolha que ele iria fazer era importante para o curso
futuro da história da redenção. O que estava em jogo
era a nossa salvação. A escolha que o Senhor iria fazer afetaria a história da nossa
redenção, por isso que os Seus ensinamentos deviam ser compartilhados de forma
íntegra. Jesus antes de ascender aos céus Ele deu uma ordem para os seus
discípulos:
“Portanto
ide, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que
eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos. Amém” (Mt 28.19,20).
Paulo escrevendo a
Timóteo, diz que ele deveria confiar o Evangelho a homens fiéis:
“Tu,
pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim,
entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos
para também ensinarem os outros” (2Tm 2.1,2).
A mensagem do Evangelho
nos foi confiada, por isso não podemos ser relapsos, nem tão pouco displicentes
com a Palavra de Deus.
Em meio a tantas
heresias que temos visto por aí, nós que temos a responsabilidade de pregar a
Palavra, devemos estar atentos. Jesus falou que um pouco de fermento leveda
toda a massa.
4º - Jesus nos ensina
que na oração o Pai nos orienta em nossas escolhas e que caminho devemos seguir.
Jesus estava na total dependência e direção de Deus. As decisões e os rumos de
Seu ministério estavam de acordo com os céus e não com a terra. Haviam vários
discípulos, mas somente doze seriam escolhidos. E Jesus fez a escolha certa. Até
o traidor foi escolhido segundo a vontade do Pai:
“Estando
eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a
Escritura se cumprisse” (Jo 17.12).
As decisões que Jesus
tomou foi segundo a direção do Pai, e as suas decisões?
E as decisões que temos
tomando? Qual será o resultado daqui alguns anos para mim, para a minha
família, para a humanidade? O Senhor será glorificado ou Seu nome será
escandalizado?
Por
isso devemos orar e pedir a Deus direção certa e não sermos guiados por nossas
vontades e emoções. Jesus é o nosso melhor exemplo. Entenda,
Deus continua orientando a cada um de seus filhos, basta buscarmos a sua face
em oração sincera e esperar dele a resposta.
Muitas vezes nós até estamos
bem intencionados em nossos planos. “Mas
de boas intenções”, já diz um velho adágio, “é pavimentada a estrada que leva ao inferno”. Como nos fala a
Palavra de Deus em Provérbios: “Há um
caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte”
(Pv 14.12).
Veja por exemplo o que
ocorreu com o apóstolo Paulo em Atos 16.6-10:
“E,
passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia.
E, quando chegaram a Mísia, intentavam
ir para Bitínia, mas o Espírito não lho permitiu. E, tendo passado por
Mísia, desceram a Trôade. E Paulo teve de noite uma visão, em que se apresentou
um homem da Macedônia, e lhe rogou, dizendo: Passa à Macedônia, e ajuda-nos. E,
logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava para
lhes anunciarmos o evangelho”.
Paulo disse que foram
impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia, depois ele diz que
o Espírito não lhes permitiu ir para Bitínia e por fim, depois da visão a
noite, concluíram que o Senhor lhes comissionava a ir para a Macedônia. Paulo
tinha discernimento e obedecia o que o Senhor lhe falava. Ele discernia a
vontade de Deus.
Está
em jogo aqui a vontade e a obediência, o que tem prevalecido
em sua vida?
Mas
não devemos romantizar a vida dirigida pela vontade de Deus.
Devemos estar cientes de que estar no centro da vontade de Deus não nos isenta
de lutas e provações. Nem sempre os caminhos percorridos dentro da vontade de
Deus serão fáceis. O apóstolo Paulo e Silas quando chegaram a Filipos
encontraram duras provas. Foram açoitados, lançados no cárcere e humilhados.
Mas ali nasceu uma igreja.
Quando os discípulos
obedeceram a ordem dada por Jesus de atravessarem o mar da Galileia enfrentaram
uma grande tempestade (Mt 14.22-24). Jesus deixou bem claro: “No mundo tereis aflições, mas tende bom
ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33).
Assim como Jesus
recebeu direção do Pai por estar em comunhão com Ele em oração, nós, da mesma
forma, recebemos direção de Deus para as nossas vidas hoje. Por isso ore!
CONCLUSÃO
Ao olharmos para esse
texto, nós vemos o exemplo que Jesus nos deixou em relação a necessidade da
oração. Aliás, uma das coisas que mais o Senhor falou foi a respeito da
necessidade de orarmos. Através da oração nós recebemos do Senhor a direção
certa a ser tomada em nossas vidas. Jesus nos deixou esse exemplo aqui, pois
pela manhã Ele teria que escolher doze homens que dariam continuidade a obra
que Ele havia começado (At 1.1,2). Como falamos anteriormente, até o traidor
foi escolhido para se cumprir as Escrituras.
O que estava em jogo
aqui era a nossa redenção, devido a isso, a escolha que o Senhor Jesus faria
pela manhã era de extrema importância que fosse feita em profunda oração e
direção de Deus Pai.
Esse exemplo o Senhor
Jesus nos deixou, então sigamos os seus passos.
Pense nisso!
Bibliografia
1 – Rienecker Fritz. O
Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, 2005. p.
97.
Olá Pr. Silas, sou Gabriel, tenho 29 anos, sou do Rio de Janeiro e embora ainda não nos conheçamos pessoalmente (entrei em contato a um tempo..) entro em contato novamente para que compartilhe com os irmãos que trabalham na seara se lembrarem, colaborando em oração nesses tempos de pandemia. Orem também, quando lembrarem, para que eu tenha saúde e possa vencer as aflições DESTE MUNDO, como o Senhor Jesus.
ResponderExcluirOremos uns pelos outros !!!
Att. Gabriel Tinoco Rocha
Graça e paz meu Gabriel.
ExcluirEm oração por você.
Pr Silas Figueira