terça-feira, 19 de janeiro de 2021

UMA NOITE DE ORAÇÃO PARA TOMAR DECISÕES – A ESCOLHA DOS DOZE APÓSTOLOS

Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Lucas 6.12,13

INTRODUÇÃO

A escolha dos apóstolos é registrada nos três evangelhos sinópticos (Mt 10.1-4; Mc 3.14-19; Lc 6.13-16), e em Atos At 1.13 nós encontramos a relação dos onze apóstolos. É importante destacarmos que essa escolha ocorreu cerca e um ano e meio depois que Jesus iniciou o seu ministério. E a medida que seu ministério foi crescendo, foi crescendo também a inveja e perseguição por parte dos fariseus que questionavam os seus ensinamentos, principalmente porque Jesus não observava a tradição dos anciãos. Com isso, Jesus passou a sofrer muitas retaliações, como lemos em Mc 3.6: “E, tendo saído os fariseus, tomaram logo conselho com os herodianos contra ele, procurando ver como o matariam”. Jesus sabia que o seu ministério seria curto e que a obra que ele havia iniciado deveria ter continuidade. Para isso ele escolhe entre os seus discípulos doze homens que deu o nome de apóstolos.

O texto de Lucas destaca que antes de Jesus escolher esses homens para o apostolado, Ele passou a noite em oração e então, ao descer do monte pela manhã, escolhe entre os discípulos doze apóstolos. Jesus passou a noite nas montanhas, vigiando em oração. Mais de uma vez Lucas salientou essa necessidade íntima que o Redentor tinha de orar, que com frequência impelia Jesus a lugares ermos (Lc 4.42; 5.16). Contudo os termos aqui utilizados contêm uma ênfase muito especial. A palavra “vigiar por toda a noite” ocorre unicamente aqui [1].

É sobre esse assunto que quero pensar com você, sobre a necessidade da oração antes de tomarmos decisões importantes pois necessitamos ser dirigidos por Deus em todas as áreas da vida. Devemos orar pois muitas das nossas decisões poderão afetar drasticamente o nosso futuro e também de muitas outras pessoas. Podemos deixar um rastro de bênçãos ou de desilusão e tristeza na história.

Dizem que uma certa tribo antes de tomar qualquer decisão eles avaliam as consequências que essa decisão irá trazer até a quarta geração. Se isso é verdade não podemos afirmar, mas uma coisa é certa, deveríamos agir assim também antes de tomarmos decisões importantes. Fica a dica!

Quais a lições que podemos tirar para as nossa vidas nesse episódio das Escrituras?

JESUS NOS MOSTRA A NECESSIDADE DA ORAÇÃO ANTES DE TOMARMOS DECISÕES (Lc 6.12,13).

O texto nos diz que Jesus passou a noite em oração e pela manhã chamou a si os discípulos. Lucas é o único evangelista que menciona que Jesus passou a noite orando antes da escolha dos apóstolos. Por que Jesus passou a noite em oração? Podemos destacar quatro coisas:

1º - A oração de Jesus nos mostra algumas marcas distintas:

1) Ele orou secretamente. Jesus sobe ao monte para orar. O que Jesus fez aqui ele havia ensinado no Sermão do Monte: “E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente” (Mt 6.5,6).

2) Ele orou insistentemente. O texto de Lucas nos diz que Ele “passou a noite orando a Deus” (Lc 6.12). A decisão que deveria ser tomada naquela manhã não poderia ser resolvida em uma breve oração. A decisão era por demais importante que teve que ser estendida durante toda a noite. Como disse alguém: “Eu tenho tanta coisa para resolver hoje que terei que passar as primeiras quatro horas em oração”.

3) Ele orou de forma objetiva. Jesus tinha que escolher dentre os seus discípulos doze apóstolos e foi nesse propósito que o Senhor passou a noite em oração.

Devemos aprender com Jesus esses princípios.

2º - Jesus passou a noite em comunhão com o Pai submetendo-se à Sua vontade. A escolha de Jesus estava atrelada a vontade do Pai. Jesus mesmos falou: “Pois Eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.38).

A Bíblia é clara em declarar que Jesus em Sua humanidade anulou o uso independente de seus atributos divinos para estar em total dependência e obediência ao Pai, como nos fala Paulo em Filipenses 2.5-8:

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”.

O termo que Paulo usa aqui para esvaziou-se vem do verbo grego kenou. Esse verbo significa literalmente “tirar algo até que não fique nada”. Jesus não usou nenhum dos seus atributos divinos para ficar unicamente na dependência do Pai. Vemos isto de forma clara quando o Senhor Jesus estava no deserto sendo tentado pelo diabo (Mt 4.1-11).

Esse deve ser o nosso posicionamento também diante de Deus. Isto é o que nos orienta as Escrituras. Devemos nos submeter a vontade de Deus, pois assim poderemos experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2). Como Jesus mesmo havia ensinado: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10). Devemos buscar a direção Deus em todas as nossas decisões. O Senhor sabe o que é melhor para nós e para o Seu Reino. Quando a vontade dele prevalece o resultado é abençoador.

3º - Jesus passou a noite em oração porque a escolha que ele iria fazer era importante para o curso futuro da história da redenção. O que estava em jogo era a nossa salvação. A escolha que o Senhor iria fazer afetaria a história da nossa redenção, por isso que os Seus ensinamentos deviam ser compartilhados de forma íntegra. Jesus antes de ascender aos céus Ele deu uma ordem para os seus discípulos:

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mt 28.19,20).

Paulo escrevendo a Timóteo, diz que ele deveria confiar o Evangelho a homens fiéis:

“Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2Tm 2.1,2).

A mensagem do Evangelho nos foi confiada, por isso não podemos ser relapsos, nem tão pouco displicentes com a Palavra de Deus.

Em meio a tantas heresias que temos visto por aí, nós que temos a responsabilidade de pregar a Palavra, devemos estar atentos. Jesus falou que um pouco de fermento leveda toda a massa. 

4º - Jesus nos ensina que na oração o Pai nos orienta em nossas escolhas e que caminho devemos seguir. Jesus estava na total dependência e direção de Deus. As decisões e os rumos de Seu ministério estavam de acordo com os céus e não com a terra. Haviam vários discípulos, mas somente doze seriam escolhidos. E Jesus fez a escolha certa. Até o traidor foi escolhido segundo a vontade do Pai:

“Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse (Jo 17.12).

As decisões que Jesus tomou foi segundo a direção do Pai, e as suas decisões?

E as decisões que temos tomando? Qual será o resultado daqui alguns anos para mim, para a minha família, para a humanidade? O Senhor será glorificado ou Seu nome será escandalizado?

Por isso devemos orar e pedir a Deus direção certa e não sermos guiados por nossas vontades e emoções. Jesus é o nosso melhor exemplo. Entenda, Deus continua orientando a cada um de seus filhos, basta buscarmos a sua face em oração sincera e esperar dele a resposta.

Muitas vezes nós até estamos bem intencionados em nossos planos. “Mas de boas intenções”, já diz um velho adágio, “é pavimentada a estrada que leva ao inferno”. Como nos fala a Palavra de Deus em Provérbios: “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte” (Pv 14.12).

Veja por exemplo o que ocorreu com o apóstolo Paulo em Atos 16.6-10:

“E, passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito não lho permitiu. E, tendo passado por Mísia, desceram a Trôade. E Paulo teve de noite uma visão, em que se apresentou um homem da Macedônia, e lhe rogou, dizendo: Passa à Macedônia, e ajuda-nos. E, logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o evangelho”.

Paulo disse que foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia, depois ele diz que o Espírito não lhes permitiu ir para Bitínia e por fim, depois da visão a noite, concluíram que o Senhor lhes comissionava a ir para a Macedônia. Paulo tinha discernimento e obedecia o que o Senhor lhe falava. Ele discernia a vontade de Deus.

Está em jogo aqui a vontade e a obediência, o que tem prevalecido em sua vida?

Mas não devemos romantizar a vida dirigida pela vontade de Deus. Devemos estar cientes de que estar no centro da vontade de Deus não nos isenta de lutas e provações. Nem sempre os caminhos percorridos dentro da vontade de Deus serão fáceis. O apóstolo Paulo e Silas quando chegaram a Filipos encontraram duras provas. Foram açoitados, lançados no cárcere e humilhados. Mas ali nasceu uma igreja.

Quando os discípulos obedeceram a ordem dada por Jesus de atravessarem o mar da Galileia enfrentaram uma grande tempestade (Mt 14.22-24). Jesus deixou bem claro: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33).

Assim como Jesus recebeu direção do Pai por estar em comunhão com Ele em oração, nós, da mesma forma, recebemos direção de Deus para as nossas vidas hoje. Por isso ore!

CONCLUSÃO

Ao olharmos para esse texto, nós vemos o exemplo que Jesus nos deixou em relação a necessidade da oração. Aliás, uma das coisas que mais o Senhor falou foi a respeito da necessidade de orarmos. Através da oração nós recebemos do Senhor a direção certa a ser tomada em nossas vidas. Jesus nos deixou esse exemplo aqui, pois pela manhã Ele teria que escolher doze homens que dariam continuidade a obra que Ele havia começado (At 1.1,2). Como falamos anteriormente, até o traidor foi escolhido para se cumprir as Escrituras.

O que estava em jogo aqui era a nossa redenção, devido a isso, a escolha que o Senhor Jesus faria pela manhã era de extrema importância que fosse feita em profunda oração e direção de Deus Pai.

Esse exemplo o Senhor Jesus nos deixou, então sigamos os seus passos.

Pense nisso!

Bibliografia

1 – Rienecker Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, 2005. p. 97.

2 comentários:

  1. Olá Pr. Silas, sou Gabriel, tenho 29 anos, sou do Rio de Janeiro e embora ainda não nos conheçamos pessoalmente (entrei em contato a um tempo..) entro em contato novamente para que compartilhe com os irmãos que trabalham na seara se lembrarem, colaborando em oração nesses tempos de pandemia. Orem também, quando lembrarem, para que eu tenha saúde e possa vencer as aflições DESTE MUNDO, como o Senhor Jesus.

    Oremos uns pelos outros !!!
    Att. Gabriel Tinoco Rocha

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    1. Graça e paz meu Gabriel.
      Em oração por você.
      Pr Silas Figueira

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