sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Pela mesma causa


Por Eunice Nalamele Alberto Chiquete

Teologia para pastores e teólogos, missiologia para missionários. Essa “separação” entre a teologia e a missiologia ou formação missionária tem sido comum. Na verdade, esse tem sido um pensamento equivocado em relação às duas áreas - ensino e prática.

Bárbara Burns diz que “o missionário que não experimentou formação do caráter no lar e na igreja, e que não teve a oportunidade de passar por um currículo abrangente numa escola de treinamento teológico e missiológico, tem desvantagens a superar no campo”.1

Por outro lado, líderes e pastores que não tiveram uma preparação adequada em missiologia têm dificuldades em considerar como parte de seu ministério os projetos de despertamento missionário, apoio emocional, espiritual e financeiro a membros que se dispõem a servir a Deus como missionários de forma parcial ou integral.

A teologia e a missiologia estão casadas pela mesma causa, estão alicerçadas sobre a Bíblia e existem não apenas para proporcionar boas reflexões, mas também para que, acima de tudo, a Boa Nova seja proclama a toda criatura.

A teologia que usamos define o Deus que levamos e pregamos. O Deus que pregamos e levamos define a nossa teologia. A nossa soteriologia define a maneira como levaremos a questão da salvação para os povos e isso tem implicações na maneira de tratar questões culturais, tradições e crenças que interagem intimamente com o dia-a-dia das pessoas. O mesmo acontece com a eclesiologia e com a teologia sacramental.

Missionários bem capacitados precisam de uma base sólida na teologia, que determina o conteúdo que será levado, e teólogos aprimorados precisam de uma formação missiológica, que os orientará em como e quando o conteúdo deve ser oferecido.

Essas concepções ou doutrinas determinam a base de nossa missiologia, que consequentemente norteia a missão.

“Se queremos enviar missionários cristãos, eles devem conhecer e viver o verdadeiro cristianismo revelado por Deus na Palavra. Com esta finalidade, a Bíblia deve se tornar o foco e o fator integrante de todo o ensino teológico e missiológico.”2

A teologia certamente intermedia a mensagem evangélica para os homens em todos os tempos. No entanto, ela não pode exercer essa mensagem com excelência sem utilizar os recursos que a missiologia oferece, pois esta é como as sandálias que a teologia calça, é como a voz na boca da teologia. Assim, concordamos com a natureza eclesiástica da teologia. E que a teologia é o autoexame da igreja e a missiologia rege a prática da igreja, ou seja, o que fazemos em relação à Missio Dei ( Missão de Deus)!

Por essa razão, todo o treinamento ou formação para pastores, teólogos, missiólogos e missionários deve envolver a teologia e a missiologia, pois ambas existem primeiro para a glória de Deus, e depois como ferramentas em nossas mãos para uma boa, eficiente e contextual proclamação da Palavra de Deus.
...a fim de que toda língua declare que Jesus é Rei, para a glória do seu nome!

Eunice Nalamele Alberto Chiquete, casada, duas filhas, é angolana e cursa mestrado em missiologia em Viçosa, MG. Notas
1. BURNS, Bárbara. “Capacitando para Missões Transculturais”, n. 6, p. 3.
2. Idem, n. 1, p. 62.

Fonte: Ultimato

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