Por Pr. Silas Figueira
Texto Base: Lucas 1.15-17
INTRODUÇÃO
Após
o anjo Gabriel dar as boas novas a Zacarias lhe informando que o
Senhor havia ouvido suas orações e que ele seria pai, o anjo agora
lhe diz qual será a missão específica desse menino que está para
vir ao mundo. Este menino não seria sacerdote como era seu pai. Este
menino seria usado por Deus para um ofício que a muito tempo não
havia.
Este seu
filho
seria profeta. Assim como Jeremias, que era filho de sacerdote e foi
separado por Deus para ser profeta, da mesma forma seria João:
“Palavras
de Jeremias, filho de Hilquias, um dos sacerdotes que estavam em
Anatote, na terra de Benjamim; ao qual veio a palavra do Senhor, nos
dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo terceiro ano
do seu reinado. Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Antes
que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre,
te santifiquei; às nações te dei por profeta”
(Jeremias 1.1,3-5).
Existe
uma diferença real e notória entre um servo
de Deus
e
um profeta de Deus,
pois enquanto todos os seus profetas são servos, nem todos os seus
servos são profetas.
O
Senhor havia parado de se comunicar com o Seu povo através de
profetas. As profecias haviam cessado há mais de quatrocentos anos.
O povo de Israel não recebia nenhuma palavra profética de Deus
desde que o profeta Malaquias prometera a vinda do precursor do
Messias, na força e no poder de Elias (Ml 4.5,6). João Batista,
quatrocentos anos depois, surge como o último profeta do Antigo
Testamento. João fecha o ciclo dos profetas do Antigo Testamento que
profetizaram sobre Jesus, mas não tiveram o privilegio que João
teve de conhecer o Salvador. João não apenas profetizou sobre
Jesus, mas também preparou o caminho para o ministério de Jesus,
viu Jesus e o batizou. Isso faz de João Batista um dos maiores
profetas. João fez o elo entre a Antiga Aliança (lei) com a Nova
Aliança (graça), por isso ele é tanto último profeta do Antigo
Testamento como o primeiro do Novo Testamento anunciando o Evangelho
da Graça (Lc 16.16).
Quais
as lições podemos tirar desse texto? O que ele tem a nos ensinar?
1
– PRIMEIRAMENTE VAMOS DEFINIR O QUE É O MINISTÉRIO PROFÉTICO.
Antes
de mais nada, devemos deixar bem claro que o verdadeiro ministério
profético hoje é a pregação da Bíblia com precisão e clareza. O
dom da profecia hoje é a proclamação da Palavra escrita, não a
transmissão de novas revelações do céu. A Bíblia já está
completa, ela é suficiente para seguirmos fielmente o Senhor. O
apóstolo Paulo escrevendo sua segunda carta a Timóteo é claro
sobre isso (2Tm 3.16,17), assim como o autor de Hebreus também
escreveu (Hb 1.1-2).
Vamos
analisar algumas características fundamentais de um ministério
profético, e porque o Senhor levantou profetas.
1o
– O ministério profético sempre pressupôs fracasso e pecado.
Deus só enviava um dos seus profetas quando, em tempo de grande
declínio e afastamento, o povo se afastava do Senhor. Como nos fala
Pedro em sua segunda carta: “Temos,
assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em
atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso”
(2Pe 1.19).
O
mesmo princípio se confirma por todo o Novo Testamento. O primeiro
pregador que nos é apresentado ali é João Batista. E qual era a
notável característica do seu ministério? Não era o de
evangelista nem o de mestre, mas o de profeta – “E
irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter
o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à
prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado”
(Lc 1.17). João
foi um protesto divino contra a podridão dos fariseus, saduceus e
herodianos.
Embora fosse filho de um sacerdote, João nunca ministrou no templo,
nem jamais se ouviu a sua voz em Jerusalém. Em vez disso, a sua voz
foi ouvida clamando no deserto, fora de toda a religião organizada.
Ele foi um verdadeiro profeta, conclamando o povo que se arrependesse
e fugisse da ira vindoura.
2o
– Profetas sempre andam “a sós” com Deus, separados da
apostasia religiosa que os cerca.
Foi assim com Enoque: ele “andou
com Deus” (Gn 5.24)
– mostrando o seu desinteresse pelo mal que o cercava. Foi assim
com os patriarcas: “Pela
fé, (Abraão) peregrinou na terra da promessa como em terra alheia,
habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma
promessa” (Hb 11.9).
Igualmente “sozinho” estava o profeta Samuel que, quando Saul o
procurou, precisou se informar a respeito do lugar onde morava (1Sm
9.11,12). O mesmo aconteceu com João Batista: ele estava claramente
separado da religião organizada dos seus dias. Dessa forma, agora,
aos servos de Deus é ordenado que fujam daqueles que, “tendo
forma de piedade”, negam-lhe, “entretanto, o poder” (2Tm
3.5).
3o
– Não foram aprovados por parte dos sistemas religiosos dos seus
dias. Como seria
moralmente possível que João Batista exercesse o seu ministério
nos arredores do templo degenerado de Jerusalém? Em consequência da
sua separação dos sistemas que desonravam a Deus na época em que
viviam, eles foram desprezados, odiados e perseguidos pelos líderes
religiosos e, aos olhos dos seus seguidores, eram muito malvistos (Jo
2.12-17). O mesmo
princípio vigora ainda hoje. Só se pode permanecer membro de uma
denominação que repudiou a verdade (em doutrina ou prática) quem
estiver disposto a pagar o preço da infidelidade para com Deus: “E
não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes,
porém, reprovai-as”
(Ef 5.11). Charles Spurgeon, por exemplo, retirou sua igreja da
convenção que faziam parte, pois tal convenção estava aceitando
certas coisas que contrariavam as Escrituras.
4o
– Os profetas de Deus nunca receberam a atenção de mais do que um
insignificante e pequeno remanescente.
A grande massa dos religiosos professos a rejeitou, pois não era
agradável a seu paladar depravado. Não houve jamais alguma
reparação coletiva! A natureza humana de então não era diferente
do que é agora: pregar sobre a excessiva pecaminosidade do pecado e
sobre a certeza do juízo vindouro nunca foi algo aceitável. São
sempre os falsos profetas os que clamam: “Paz,
paz, quando não há paz”.
Eles são os oradores populares.
“[…] dizei-nos coisas aprazíveis, profetizai-nos ilusões”
(Is 30.10)
é sempre o desejo da multidão, e aqueles que se recusam a atender a
esse clamor e, em vez disso, pregam fielmente a verdade, são
tachados de “pessimistas” e “desmancha-prazeres”.
Ainda hoje, quando se aplica a
Palavra de Deus de forma coerente dentro dos princípios bíblicos,
muitas pessoas nos chamam de conservadores, fundamentalistas,
retrógrados. Que devemos fazer uma releitura das Escrituras. Fazer
uma releitura das Escrituras quer dizer: “Deixar
de pregar fielmente a Palavra para agradar os ouvintes”.
“Pregar um Evangelho
a gosto do freguês”.
“Porque nós não somos,
como muitos, falsificadores da palavra de Deus, antes falamos de
Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus” (2
Co 2.17).
2 – DEFININDO O MINISTÉRIO
DE JOÃO BATISTA (Lc 1.15-17).
O anjo fala para Zacarias que
esta criança que eles teriam seria motivo de grande alegria para
eles e para muitas outras pessoas, por três
razões: primeiro –
era uma resposta a oração de seus pais e,
segundo – seria um
propósito nacional. E
terceiro
– seria um propósito
universal,
pois, os muitos que se
alegrarão ante
o nascimento de João, sem dúvida nenhuma são os homens, de todos
os lugares que finalmente participarão dos benefícios do ministério
do Messias, que João, na qualidade de precursor, veio anunciar.
No entanto, no tempo de Zacarias
não eram tempos fáceis. Israel estava debaixo do tacão de Roma.
Herodes, o Grande, era um grande tirano. Tinha nove (ou, de acordo
com alguns, dez) esposas, sendo que uma delas, a Mariana, havia sido
executada sem qualquer motivo, aparente. Mandou matar vários membros
da própria família, sua sogra Alexandra e seus três filhos
Alexandre, Aristóbulo e Antípatro, e mandou matar as crianças de
Belém de dois anos para baixo, intentando com isso eliminar o menino
Jesus, que tinha nascido para ser rei dos judeus. Por sua vez, os
líderes religiosos de Israel estavam presos à tradição e, em
alguns casos, também eram corruptos.
Quando João Batista começa o
seu ministério quem estava no poder era o filho de Herodes o Grande,
Herodes Antipas, ou simplesmente Antipas. Ele foi tetrarca da
Galileia e da Pereia. É mais conhecido através dos relatos do Novo
Testamento por seu papel nos eventos que levaram às execuções de
João Batista e Jesus de Nazaré.
Diante disso, podemos dizer
que o profeta é aquele que discerne o seu tempo. Ele discerne o
cronos e o kairós, ele vê o seu tempo dentro da perspectiva de
Deus. Ele vê o que Deus vê e fala o que Deus quer que ele fale. Ele
é boca de Deus dentro da história retratando o seu estado atual e
chamando o povo as mudanças necessárias dentro do contexto
histórico atual.
Vejamos o caráter pessoal de
João retratado pelo Senhor:
1o
– Ele será grande aos olhos de Deus (Lc 1.15).
Observe que o texto diz que João será grande diante
do Senhor. Na versão
King James Fiel traz à
vista do Senhor. O
padrão de grandeza do mundo, entre os homens, não corresponde ao
padrão de grandeza do céu. Isso quer dizer que João será grande
dentro perspectiva Divina. Na perspectiva do homem, ser grande é ser
uma pessoa de sucesso, ser bem-sucedida financeiramente, ser uma
pessoa influente. Na perspectiva de Deus João era grande porque
tinha a Sua aprovação.
O próprio Senhor Jesus dá
testemunho de João em relação a isso: “Eu
vos afirmo que dentre os nascidos de mulher não há um ser humano
maior do que João”
(Lc 7.28; Mt 11.11). Entre todos os grandes homens da antiga
dispensação, João Batista foi maior que todos eles. Esse elogio
surpreendente significa que João era maior do que todos os homens
notáveis do Antigo Testamento, ou qualquer um dos outros heróis da
fé mencionado
em Hebreus 11. Todos os profetas e patriarcas apontavam para Cristo,
João Batista viu o Senhor, o batizou e preparou o caminho para o Seu
ministério. Ele teve a honra de apontar para o Senhor Jesus e dizer:
“Eis o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo
1.29).
Em Mateus 11.9-11 o Senhor Jesus
testifica de João Batista:“Mas,
então que fostes ver? Um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do
que profeta; porque é este de quem está escrito: Eis que diante da
tua face envio o meu anjo, que preparará diante de ti o teu caminho.
Em verdade vos digo que, entre
os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que
João o Batista;
mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele”.
João Batista se destaca como
primeiro entre todos os profetas por sua posição única no reino de
Deus. Ele encerrou a antiga aliança e iniciou a nova.
João merece ser chamado o maior entre todos os profetas, porque ele
foi o enviado de quem falou Malaquias. No entanto, Jesus eleva o
menor de seus discípulos acima do maior dos profetas. Por quê? É
porque, pela dádiva de poder experimentar a força redentora, o
discípulo de Jesus alcançou uma percepção mais profunda da
natureza, do desenvolvimento e das bênçãos do reino dos céus do
que a percepção concedida a João. Se já foi essa a situação
daqueles que naquele tempo acreditavam em Jesus, quanto mais valerá
para nós, para quem pela história dos séculos a grandeza e glória
de Jesus foi revelada de maneira mais maravilhosa ainda.
2o
– Ele será consagrado ao Senhor (Lc 1.15).
João Batista foi consagrado ao Senhor desde o ventre materno. Essas
pessoas eram chamadas de nazireus, isto é, pessoas “consagradas a
Deus”, “noivas de Deus” (Nm 6.1-12). A única outra pessoa
descrita dessa forma na Bíblia é Sansão (Jz 13-16). Só que há
uma diferença tremenda entre João e Sansão. Apesar de ambos serem
consagrados a Deus desde o ventre materno, ambos serem fruto de um
milagre, ambos serem instrumento de Deus em suas épocas. Sansão foi
juiz e João o precursor de Jesus. Há
uma diferença gritante entre eles.
A
diferença entre eles:
Sansão
foi levantado por Deus num tempo de opressão. Sua força era
colossal. Era um jovem prodígio, um verdadeiro gigante, homem
imbatível. Seu
único problema é que não conseguia dominar seus impulsos carnais.
Um dia viu uma jovem filisteia e disse a seu pai: “Vi
uma mulher em Timna, das filhas dos filisteus; tomai-ma, pois por
esposa […] porque só desta me agrado”
(Jz 14.2,3). Seu pai tentou demovê-lo, mas Sansão não o ouviu.
Casamento
de jugo desigual.
Certa feita, caminhando pelas
vinhas de Timna, um leão novo, bramando, saiu ao seu encontro, mas
Sansão rasgou esse leão como se rasga um cabrito. Depois de alguns
dias passou pelo mesmo local e foi dar uma olhada no corpo do leão
morto. Estava ali, na caveira do leão, um enxame de abelhas. Sansão
pegou um favo de mel nas mãos e se foi andando e comendo dele (Jz
14.8,9). Sansão era nazireu e não podia tocar em cadáver. Ele
quebrou, ali, o primeiro voto de sua consagração a Deus. Ele
procurou doçura na podridão. Ele comeu mel da caveira de um leão
morto. Muitos ainda hoje buscam prazer no pecado e procuram doçura
naquilo que é impuro. Por isso, perdem a unção, a paz e a
intimidade com Deus.
A
Bíblia diz que um abismo chama outro abismo.
Porque Sansão quebrou o primeiro voto do nazireado, abriu a porta
para outras quedas. Na festa de casamento Sansão fez ali um
banquete; porque assim o costumavam fazer os moços (Jz 14.10).
Sansão preferiu imitar os moços de sua época a posicionar-se como
um ungido de Deus. Além de não tocar em cadáver, um nazireu não
podia beber vinho. Mas, Sansão quebrou mais esse voto de consagração
por não ter peito para ser diferente e fazer diferença. Daí para
frente, sua vida foi de queda em queda. Coabitou com a prostituta
Dalila (Jz 16.1). Essa mulher astuta o seduziu e arrancou dele a
confissão acerca da origem de sua força. Um nazireu não podia
cortar o cabelo, mas a cabeça de Sansão foi raspada. Esse jovem
prodígio perdeu sua força. O Espírito Santo retirou-se dele. Caiu
nas mãos dos filisteus. Estes, lhe vazaram os olhos e escarneceram
dele num templo pagão.
Sansão
brincou com o pecado e o pecado o arruinou.
Sansão não escutou conselhos e fez manobras erradas na vida. Sansão
fez pouco-caso de seus votos de consagração e perdeu o vigor de seu
testemunho. Perdeu sua força e sua visão. Perdeu sua dignidade e
sua própria vida. Vocacionado para ser o libertador do seu povo,
tornou-se cativo. Porque desprezou os princípios de Deus, o nome de
Deus foi insultado num templo pagão por sua causa. Ele que deveria
ser uma águia não passou de um inhambu.
A vida de Sansão é um brado de
alerta para a nossa geração. Há muitos jovens, que à semelhança
de Sansão, não escutam seus pais. Muitos jovens, mesmo sendo
consagrados a Deus, filhos da promessa, vivem flertando com o mundo,
amando o mundo, sendo amigos do mundo e conformando-se com o mundo,
procurando mel na caveira de leão morto. Muitos crentes têm perdido
a coragem de ser diferentes. Imitam o mundo em vez de serem luz nas
trevas. Fazem suas festas como o costumam fazer aqueles que não
conhecem a Deus. Transigem com os absolutos de Deus e entregam-se às
aventuras, buscando uma satisfação imediata de seus desejos. Esse
caminho, embora cheio de aventuras e prazeres, é um caminho de
escuridão, escravidão e morte. O pecado é um embuste. Promete
prazer e traz tormento. Promete liberdade e escraviza. Promete vida e
mata. O pecado levará você mais longe do que gostaria de ir; reterá
você mais tempo do que gostaria de ficar e, custará a você um
preço mais do alto do que gostaria de pagar.
João Batista:
Não tinha a força física de Sansão, mas tinha força na conduta
perante o Senhor. Foi consagrado a Deus e não se desviou do seu
caminho. Em Mateus 3.4 diz: “E
este João tinha a sua veste de pelos de camelo e um cinto de couro
em torno de seus lombos e alimentava-se de gafanhotos e de mel
silvestre”.
João era um sacerdote, porém um
sacerdote que não concordava com a religiosidade dos sacerdotes de
então. João certamente podia se valer de boas roupas e de boa
comida, pois pela lei mosaica ele deveria se vestir com vestes
sacerdotais (Êx 28.4), e se alimentar de flor de farinha (Lv 2.1-3).
No entanto, usava destes recursos
(veste de pelos de camelo e um cinto de couro em
torno de seus lombos e alimentava-se de gafanhotos e de mel
silvestre) para expor a hipocrisia dos corações e a
pobreza dos homens daquela época.
A roupa feita da pele de
camelo (animal
considerado imundo pela lei, Lv11.4) causava um escândalo na mente
religiosa daqueles dias, assim como alimentar-se de gafanhotos era
algo chocante. No entanto,
o objetivo de João era
revelar aos religiosos da época como eles realmente eram ou estavam.
Mostrava o quão hostis eram os homens que se diziam servos de Deus,
o camelo é reconhecido pelo seu temperamento hostil, além de ter a
característica de não precisar beber água de contínuo. Ao camelo
basta beber água uma vez pelo período de 40 a 50 dias. Quando os
homens olhavam para João enxergavam em suas vestes o que eles mesmos
eram. João bem como o Evangelho de Cristo têm por objetivo revelar
como somos diante de Deus.
Cinto de couro
– Usado em torno dos lombos, fazia aos homens lembrar a opressão
que o jugo causava nos bois que serviam como animais de carga. Não
havia como não se constranger olhando João daquela forma
paramentado. Eles se enxergavam rebeldes em função das vestes de
camelo, e se enxergavam também subjugados pelo pecado através do
cinto de couro que João usava em torno dos seus lombos.
Gafanhotos e mel silvestre
– O gafanhoto era tido como inseto símbolo da destruição (Jl
1.4), alimentar-se de gafanhotos era mostrar que o devorador é
devorado pelo Senhor, isto salienta o poder do Senhor (Lm 2.2). O mel
silvestre como alimento é o símbolo de Cristo como alimento, veja
Êxodo 16.31 onde o maná é descrito como tendo o sabor de mel.
Enquanto Sansão foi uma afronta
a Deus, João Batista foi uma afronta aos religiosos de sua época.
3o
– Ele será cheio do Espírito Santo (Lc 1.15).
João foi cheio do Espírito Santo já no ventre materno. Lucas 1.41
ilustra essa realidade, observando que “quando
Isabel ouviu a saudação de Maria, o bebê (João) saltou no seu
ventre; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo”
(enchimento do Espírito de João no útero indica claramente que o
feto é uma pessoa e que a vida começa na concepção. Isso é um
forte argumento para a santidade da vida e contra o aborto (cf. Ex
21.22-25; Sl 139.13-16).
Ele não foi cheio do Espírito
por um momento como aconteceu com alguns, mas durante toda a sua
vida. Ele não era um homem embriagado pelo vinho, mas embriagado de
Deus (Ef 5.18). Devido a isso, o seu ministério foi impactante. Sua
vida foi um exemplo. Ele preparou o caminho para o Senhor Jesus
chamando o povo ao arrependimento e que Jesus era o Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo.
4o
– Ele será um homem usado por Deus (Lc 1.16).
João veio com a finalidade de preparar o caminho para o ministério
de Jesus. João veio despertar no coração das pessoas o peso do
pecado (Mt 3.1-12). Aquilo que durante muitos anos ninguém mais
ouvia foi colocado na boca de João: “Arrependei-vos!”.
Essa é uma mensagem que hoje está em falta em muitos púlpitos.
Para muitos líderes essa mensagem ofende, constrange e afasta as
pessoas das igrejas.
Literalmente muitos líderes hoje não são pastores, são
empreendedores. Eles querem manter a igreja cheia de pessoas, ainda
que suas vidas estejam vazias de Deus.
5o
– Ele será um homem ousado em Deus (Lc 1.17).
João Batista veio no poder de Elias (Ml 4.5,6), o profeta que
confrontou, em nome do Senhor, a nação de Israel, o rei Acabe e os
profetas de Baal. Essa mesma ousadia de Elias, João Batista
demonstrou ao confrontar os líderes e o povo, chamando-os ao
arrependimento (Lc 3.7-14). Até
mesmo Herodes foi confrontado (Mc 6.17,18).
Ele não veio porque ele era mais
santo do que todos os outros, mas porque ele tinha uma vocação mais
nobre do que qualquer outra pessoa, para ser o precursor do Messias,
a tarefa mais privilegiada que qualquer homem poderia receber. João
era um “homem enviado
de Deus” (João
1.6), que “testemunharam
sobre Jesus e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu disse.
O que vem depois de mim tem um posto mais alto do que eu, pois Ele
existia antes de mim”
(1.15).
Em seu papel como precursor, João
iria antes de Jesus Cristo no espírito e poder de Elias. Essa
declaração é significativa porque os judeus acreditavam que Deus
enviaria um mensageiro antes do dia do julgamento Senhor e da vinda
do Messias para estabelecer o Seu reino (Ml. 3.1). A promessa de
encerramento do Antigo Testamento identificou que viria um profeta
como Elias: “Eis que
eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível
dia do Senhor; e ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o
coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a
terra com maldição” (Ml
4.5-6).
CONCLUSÃO
Vimos que o ministério de João
foi muito semelhante ao de Sansão, com uma pequena diferença,
enquanto Sansão envergonhou a Deus, seus pais e a nação, João
Batista recebeu do Senhor elogios. João é um exemplo de servo que
está pronto a abrir mão de seus “privilégios” para honrar ao
Senhor. No entanto, temos visto nos nossos dias pessoas que estão na
igreja, dizem ter um chamado para o ministério, mas que andam na
contramão da vontade de Deus.
Infelizmente hoje muitas pessoas
se identificam mais com Sansão do que com João Batista. Que o
Senhor nos ajude a termos uma vida exemplar dentro dos padrões
estabelecidos por Deus em Sua Palavra.
Pense Nisso!
Bibliografia:
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Comentário do Novo Testamento, Lucas.
2 – Champlin, R. N. O Novo
Testamento Interpretado, versículo por versículo, volume 2, Lucas e
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3 – Davidson, F. O Novo
Comentário da Bíblia, volume 2. Edições Vida Nova, São Paulo,
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6 – Lopes, Hernandes Dias.
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Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017.
7 – Lopes, Hernandes Dias.
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http://hernandesdiaslopes.com.br/mel-na-caveira-de-um-leao-morto/,
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8 – MacArthur, John.
Comentário do Novo Testamento, Lucas.
9 – Manual Bíblico SBB.
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10 – Mears, Henriqueta C.
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Paulo, SP, 1986.
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13 – Rienecker, Fritz.
Evangelho de Lucas, Comentário Esperança. Editora Esperança,
Curitiba, PR, 2005.
14 – Rienecker, Fritz.
Evangelho de Mateus, Comentário Esperança. Editora Esperança,
Curitiba, PR, 2017.
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