terça-feira, 25 de agosto de 2015

O que é o “Estágio de Gaiola” do Calvinismo e o que causa isso?


R.C Sproul Jr.

Estágio de gaiola descreve um fenômeno muito comum em que um crente passa a abraçar as doutrinas da graça e, por um tempo, se torna um tolo desagradável defendendo as doutrinas para todos que chegam, estejam eles interessados ou não. Sugere-se que tal novato possa passar algum tempo em uma gaiola até que ele se acalme. Se você é um calvinista provavelmente já esteve nesse estágio. Se você não é, certamente já encontrou com aqueles que estão infectados.

O que causa o estágio de gaiola do calvinismo é uma falha em acreditar no calvinismo. Agora eu não quero sacudir nenhuma gaiola aqui, mas eu creio que seja verdade. Ele começa com uma falha em acreditar na total depravação. O estagiário da gaiola está frustrado, desesperado, frequentemente raivoso com a falha dos outros em abraçar essas doutrinas bíblicas. Mas essa doutrina bíblica reconhece que todos nós temos dificuldade de abraçar doutrinas bíblicas. O estagiário da gaiola parece que esquece a batalha com o pecado que ele não somente continua a ter, mas a batalha que ele só recentemente ganhou, pela graça de Deus, ao abraçar as doutrinas da graça. Ele parece pensar: “O que há com esses terríveis, ridículos e inúteis pecadores que se recusam a ver o que eu só recentemente passei a ver?”.

O estágio de gaiola do calvinismo é como uma negação implícita da eleição incondicional. Isto é, em nossos corações, tendemos a ver a nós mesmos, sendo calvinistas, como recipientes peculiarmente dignos da graça de Deus, como se Ele houvesse olhado para o corredor do tempo e tivesse visto que nós iríamos em nossa sabedoria abraçar o calvinismo e, com base nisso, Ele nos escolheu. Calvinistas não são os soldados de elite do reino. Nós, pelo contrário, estávamos mortos antes que a batalha começasse, exatamente como todos os outros.

Você consegue ver o que essas duas noções têm em comum? O estágio de gaiola do calvinismo, no fim das contas, é fruto do orgulho. Nós pensamos tão grandiosamente de nós mesmos, olhando por cima do nariz para os outros e dando tapas nas costas uns dos outros por termos entendido tudo. O calvinismo verdadeiro reconhece nosso pecado, nossa dependência da graça de Deus não somente por sermos redimidos, mas por qualquer entendimento sobre como passamos a ser redimidos. Ele reconhece e honra a graça e a providência de Deus, afirmando que o mesmo Deus soberano que nos trouxe à fé salvadora também nos revelou Sua soberania.

O calvinismo verdadeiro também reconhece que o Deus soberano que nos redimiu redime muitos que entendem menos que nós a soberania de Deus. Nós não entramos em pânico por conta da existência de não-calvinistas na igreja, entendendo que isso também é parte do Seu plano soberano. Ficar empolgado em aprender mais sobre a graça de Deus, a obra de Cristo e o poder regenerador do Espírito Santo é uma coisa boa. E é, de fato, uma coisa boa buscar ajudar outros a também entenderem isso. Contudo, perder de vista nossa necessidade de graça e de graciosidade é uma coisa muito ruim.

Despertar para a soberania de Deus é, na verdade, uma experiência humilhante que carrega o fruto de um arrependimento mais profundo, uma humilhação mais profunda, uma compaixão mais profunda. Carrega o fruto da beleza, não da feiura, da alegria, não da raiva. Liberta-nos da gaiola do orgulho e nos equipa para servir os irmãos. O estágio de gaiola do calvinismo tem sido e deve ainda ser o plano soberano de Deus. Contudo, Sua verdade revelada é que nos tornemos mais como Cristo, que nos liberta.

Traduzido por Felipe Prestes

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