sexta-feira, 9 de julho de 2010

A DOUTRINA BÍBLICA DA ELEIÇÃO - PARTE I


Por Claude Duvall Cole


Eleição! Que palavra abençoada! Que doutrina gloriosa! Quem não se regozija ao saber que foi escolhido para uma grande bênção! A eleição é para a salvação - a maior de todas as bênçãos. E é estranho dizer que é uma verdade negligenciada, mesmo por muitos que dizem crer nela. Outros têm um sentimento de repulsa à simples menção desta verdade revelada na Bíblia, que honra a Deus e torna o homem mais humilde. Spurgeon disse:


"Parece haver um preconceito arraigado na mente humana contra esta doutrina, e embora a maioria das outras doutrinas seja recebida por crentes professos, algumas com cuidado, outras com prazer, esta parece ser mais comumente negligenciada e rejeitada".


Se isto era verdade no tempo de Spurgeon, quanto mais o é em nossos dias. Com respeito a esta doutrina há um abandono alarmante da fé de nossos antepassados batistas. E por falar neste artigo de nossa fé, os batistas chegaram ao ponto de ter um credo calvinista e outro arminiano.


Mas há alguns que amam a doutrina da eleição. Para eles, ela é a base profunda sobre a qual as outras doutrinas da redenção humana são colocadas. E a amam o bastante para pregá-la, mesmo em face a críticas e perseguição. E preferem resignar a seus púlpitos, do que ficarem calados sobre este princípio precioso da fé, uma vez entregue. Mas todos os que amam a doutrina a odiaram um dia, portanto não têm nada de que se vangloriar. Cada homem é um arminiano por natureza. É preciso que o trabalho regenerador do Espírito Santo e da Palavra de Deus, ensinada pelo Espírito, façam uma pessoa amar a doutrina da eleição. Como é profundamente importante que os crentes a aprendam! Para isto devemos conhecer a sabedoria superior de Deus, cujos "pensamentos não são os nossos pensamentos". A Bíblia foi dada para corrigir nosso modo de pensar. O arrependimento é uma mudança de mente como resultado de uma mudança no modo de pensar. Não podemos ir à Bíblia como críticos; ela é quem nos critica. Não podemos ir à Bíblia como se fôssemos infalíveis, mas pela graça, podemos ir humildemente. Que Deus dê graça a cada escritor e leitor, para que possamos ter a atitude de coração certa diante de Deus. A evidência mais real de que uma pessoa é salva, é a atitude certa que ela tem em relação à Palavra de Deus. Caro leitor: Deixe que o escritor o avise contra "fazer pouco" sobre qualquer doutrina da Bíblia.


As doutrinas da graça têm encontrado expressão em dois sistemas de teologia, conhecidos comumente como Calvinismo e Arminianismo. Estes dois sistemas não receberam o nome de seus fundadores, mas foram eles que os popularizaram. O sistema da verdade, conhecido como Calvinismo, foi pregado por Augustinho, no tempo antigo, e antes dele por Cristo e os apóstolos, sendo enfatizado especialmente pelo apóstolo Paulo. O sistema do erro, conhecido como Arminianismo, foi proclamado por Pelágius, no século V. Entre estes dois não há posição mediana; cada homem está de um lado ou de outro, em seu pensamento religioso. Alguns tentam misturar os dois, mas este não é um pensamento correto. Dizer que não somos Calvinistas nem Arminianos é fugir do assunto. O Paulinismo é representado ou pelo Calvinismo ou pelo Arminianismo. O sistema verdadeiro é baseado sobre a verdade da depravação total do homem; o sistema do erro é baseado sobre o dogma romano da vontade própria.


OBSERVAÇÕES GERAIS PARA ACABAR COM O PRECONCEITO


Não há nenhuma doutrina tão vergonhosamente mal representada. A queixa do irmão A. S. Pettie contra os inimigos da depravação total é aplicada aqui com toda justiça, quando ele diz: "De lábios hostis, uma afirmação justa e correta da doutrina, nunca é ouvida". O tratamento que a doutrina da eleição recebe das mãos de seus inimigos é muito parecido com o que os cristãos primitivos receberam dos imperadores romanos. Os cristãos antigos foram muitas vezes vestidos de peles de animais sacrificados, e depois sujeitos ao ataque de animais selvagens ferozes. Do mesmo jeito a doutrina da eleição é vestida com um traje horrível, e exposta ao ridículo e zombaria. Agora vamos tentar despir esta verdade gloriosa do seu traje falso e vicioso, com o qual mãos inimigas a vestiram, e colocar os trajes de santidade e sabedoria.


1. Eleição não é salvação, mas é para a salvação.


"Pois que? o que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos", Rom. 11:7; "...por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação"; II Tess. 2:13. Então, se o eleito obtém a salvação, e a eleição é para a salvação, ela deve preceder à salvação. Os homens são salvos quando crêem em Cristo, não quando são eleitos. Roosevelt não foi presidente quando foi eleito, mas quando foi empossado. Não houve só uma eleição, mas uma indução ao cargo. Os eleitos de Deus são induzidos à posição de santidade pela chamada eficaz (o trabalho de vivificação do Espírito Santo), através do qual tornam-se crentes no Evangelho. Veja I Cor. 1:29 e II Tess. 2:13-14.


2. A eleição não é a causa de ninguém ir para o inferno, porque a eleição é para a salvação.


Também a eleição não é responsável pela perdição dos pecadores. O PECADO é que manda os homens para o inferno, e todos os homens são pecadores por natureza e prática - totalmente pecadores, à parte da eleição ou não. Isto não quer dizer que porque a eleição é para a salvação, que a não eleição é para a perdição. O PECADO é o elemento que condena na vida do homem. A ELEIÇÃO NÃO PREJUDICA A NINGUÉM.


3. A eleição pertence ao sistema da graça.


Nos dias de Paulo houve um remanescente entre os judeus que foi salvo de acordo com a eleição da graça (Rom. 11:5). A atitude dos homens em relação à eleição é o teste final de sua crença na graça. Aqueles que se opõem à eleição não podem consistentemente proclamar que crêem na salvação pela graça. Isto é visto nos credos da cristandade. As denominações que crêem na salvação pelas obras não dão lugar à doutrina da eleição em suas confissões de fé; os que crêem na salvação pela graça, à parte do mérito humano, não falham em incluir eleição em seu credo escrito. Um grupo é encabeçado pelos católicos romanos; o outro grupo pelos batistas.


4. A eleição não impede a salvação de ninguém que queira ser salvo.


Mas é preciso fazer uma distinção entre um simples desejo de se escapar ao inferno e o desejo de ser salvo do pecado. O desejo de ser salvo do inferno é natural - ninguém quer ficar queimando. O desejo de ser salvo do pecado é espiritual, e é um resultado da obra convincente do Espírito Santo. E a graça eficaz de Deus é a mãe desse desejo. Representar a eleição dizendo que Deus prepara o banquete do Evangelho, e um homem chega à mesa faminto pelo pão da vida, mas Deus diz: "Não! Isto não é para você, pois não é um dos meus eleitos", é representar mal a Santa Doutrina. Aqui está a verdade: Deus preparou o banquete, mas o fato é que ninguém quer vir à mesa! "E todos à uma começaram a escusar-se". Deus sabia como a natureza caída ia agir, e Ele não perdeu a chance de que Sua mesa ficasse completa, por isso disse a Seus servos que saíssem e os compelissem a vir. Veja Lucas 14:23. Se não fosse pela obra redentora de Cristo, não haveria nenhum banquete do Evangelho; se não fosse pela obra compulsória do Espírito Santo, não haveria nenhum convidado à mesa. Um simples convite não traz ninguém à mesa.


5. A eleição significa que o destino dos homens está nas mãos de Deus.


Muitos de nós consideramos como um axioma a afirmação de que o destino de cada homem está em suas próprias mãos. Mas isto é negar o teor inteiro das Escrituras. Em nenhum momento o destino dos santos está em suas mãos, nem antes nem depois de salvos. Meu destino estava em minhas próprias mãos antes da minha salvação? Se estivesse, eu me regenerei e ressuscitei pelo meu próprio poder, de um estado de pecado e morte; sou meu próprio benfeitor e não tenho que agradecer a ninguém, a não ser a mim mesmo por estar vivo e salvo. Que tal pensamento pereça! "Pela graça de Deus sou o que sou". Leia João 1:13, Efésios 2:1-10, II Timóteo 1:9 e Tiago 1:18.


Meu destino está em minhas próprias mãos agora? Então vou me manter salvo ou perder a minha salvação. Mas a Bíblia diz que somos guardados pelo poder de Deus, através da FÉ. I Pedro 1:15, Salmos 37:28, João 10:27-29, Filipenses 1:6 e Hebreus 13:5. Se meu destino não estiver seguro em minhas mãos depois da minha salvação, então como poderia imaginá-lo salvo em minhas próprias mãos antes da minha conversão? O santo morre, seu corpo é sepultado e se torna pó. O destino dele está ainda em suas mãos? Se estiver, que esperança tem de sair do túmulo com um corpo imortal e incorruptível? Ninguém, mas ninguém mesmo tem seu destino em suas próprias mãos. Tal teoria, de que o destino dos santos está ou já esteve em suas mãos, é contrária às próprias leis da natureza e implica que a água pode subir acima do nível de sua fonte; que o homem pode erguer-se até o sótão pelo cadarço do sapato; que o etíope pode mudar sua cor e o leopardo pode tirar suas manchas; que a morte pode gerar a vida; que a evolução é verdade e que Deus é mentiroso. A teoria de que o destino de alguém está em suas mãos gera autoconfiança e justiça própria; a crença que o destino está nas mãos de Deus gera AUTO-ABNEGAÇÃO E FÉ EM DEUS.


6. A eleição permanece firme ou cai com a doutrina da soberania de Deus e depravação do homem.


Se Deus é soberano e o homem é depravado, então segue-se uma conseqüência natural, que alguns serão salvos, ou ninguém será salvo, ou todos serão salvos. Os resultados práticos da eleição são que alguns, sim muitos, serão salvos. A eleição não é um plano para salvar só um simples bocadinho de gente. Cristo deu-Se como resgate por muitos. Veja Mateus 20:28 e Apocalipse 5:9. A soberania de Deus envolve Seu prazer, João 5:21 e Mateus 11:25-27; Seu poder, Jó 23:13, Jeremias 32:17 e Mateus 19:26; e Sua misericórdia Rom. 9:18.


7. Os eleitos são manifestados em arrependimento, fé e boas obras.


Estas graças, sendo feitas por Deus ao homem, não são as causas, mas as evidências da eleição. Veja I Tessalonicenses 1:3-10, II Pedro 1:5-10, Filipenses 2:12-13 e Lucas 18:7. O homem que não ora, que não se arrepende dos seus pecados e confia em Cristo, e que não se empenha nas boas obras não tem o direito de dizer que é um dos eleitos de Deus.


Extraído do livro A Doutrina da Eleição de Claude Duvall Cole.

2 comentários:

  1. Belo livro! Denso, mas muito edificante.

    Saudades sua. Nunca te acho no Skype!

    ResponderExcluir
  2. Graça e paz Danilo,
    esse livro realmente é muito bom, nos faz refletir muito sobre a soberania de Deus.

    Eu tenho acompanhado os debates no Galileu, simplesmente excelente, parabéns. Que Deus continue abençoando seu trabalho.

    Quanto ao Skype tive que removê-lo, a internet da igreja estava com problemas, mas em breve vou reparar isso.

    Estou com saudades suas também meu nobre amigo, mas não deixo de acompanhá-lo.

    Fique na Paz!
    Pr. Silas

    ResponderExcluir