quinta-feira, 15 de julho de 2010

AS ESCRITURAS E O PECADO


Por A. W. Pink

Há seriíssimas razões para crermos que grande parte da leitura e do estudo bíblicos, nestes últimos poucos anos, não tem sido de grande proveito para aqueles que disso se tem ocupado. E vamos mais longe; pois tememos grandemente que, em muitos casos, isso tem sido antes uma maldição do que uma bênção. Estamos perfeitamente cônscios de que esta é uma linguagem dura, mas não mais forte do que o caso exige. Os dons divinos podem ser sujeitados a uso errôneo, e as misericórdias divinas podem ser alvo de abusos. Que assim tem sido, naquilo que aqui salientamos, é evidente através dos frutos produzidos.

Até mesmo o homem natural pode (e com freqüência o faz) atirar-se ao estudo das Escrituras com o mesmo entusiasmo e prazer que faria se estudasse as ciências. Quando assim faz, aumenta o seu cabedal de conhecimentos, mas também aumenta o seu orgulho. Tal como o químico atarefado em fazer experiências interessantes, o pesquisador intelectual da Palavra é invadido de satisfação ao fazer ali alguma descoberta; mas a alegria deste último não é mais espiritual do que a alegria daquele primeiro.

Outrossim, tal como os sucessos de um químico geralmente acentuam o seu senso de importância própria, levando-o a olhar com desdém para outros, que sejam mais ignorantes que ele mesmo, assim também, desafortunadamente, dá-se no caso daqueles que investigam a numerologia, a tipologia, a profecia bíblica e outros temas dessa natureza.

O estudo da Palavra de Deus pode ser levado a efeito com base em vários motivos. Alguns lêem-na a fim de satisfazerem seu orgulho literário. Em certos círculos tornou-se algo respeitável e popular a obtenção de um conhecimento geral do conteúdo da Bíblia, simplesmente por ser considerado como defeito de educação a ignorância dela. Outros lêem a Bíblia para satisfazer seu senso de curiosidade, como o fariam com qualquer outro livro famoso. Ainda outros lêem-na para satisfazer seu orgulho sectarista. Esses consideram um dever estar bem familiarizados com as crenças particulares de sua própria denominação, pelo que também buscam ansiosamente textos de prova que dão apoio ao que eles chamam de ''nossas doutrinas''. Ainda há aqueles que lêem a Bíblia com a finalidade de argumentar com êxito com aqueles que discordam de suas opiniões. Em toda essa atividade, entretanto, não há qualquer pensamento acerca de Deus, não há qualquer anelo pela edificação espiritual, e, portanto, não há qualquer beneficio real para a alma.

Assim sendo, de que maneira nos podemos beneficiar da Bíblia? A passagem de II Timóteo 3:16,17 não nos fornece clara resposta para essa pergunta? Lemos ali: "Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra." Observemos o que aqui é omitido: as Sagradas Escrituras não nos foram dadas a fim de satisfazer nossa curiosidade intelectual e nem nossas especulações carnais, e sim para habilitar-nos para toda boa obra, e isso mediante o ensino, a reprovação e a correção. Envidaremos esforços por ampliar isso com a ajuda de outros trechos bíblicos.

1. O indivíduo se beneficia espiritualmente quando a Palavra o convence de pecado.

Este é o seu primeiro préstimo: revelar a nossa depravação, desmascarar a nossa vileza, tornar conhecida a nossa iniquidade. A vida moral de um homem pode ser irrepreensível, seu trato com os seus semelhantes pode ser sem faltas; mas quando o Espírito Santo aplica a Palavra ao seu coração e à sua consciência, abrindo os seus olhos fechados pelo pecado para que perceba a sua relação e a sua atitude para com Deus, então ele exclama: "Ai de mim! Estou perdido!" (Isaías 6:5). É desse modo que toda a alma verdadeiramente salva é levada a perceber a necessidade que tem de Cristo. "Os sãos não precisam de médicos, e, sim, os doentes" (Lucas 5:31). Contudo, somente quando o Espírito aplica a Palavra, com poder divino, é que qualquer indivíduo é levado a sentir-se enfermo, enfermo até à morte.

Essa convicção, que impressiona o coração com o fato de que o pecado produziu tremenda devastação na constituição humana, não se restringe à experiência inicial, que precede de imediato à conversão. De cada vez que Deus bendiz a sua Palavra em meu coração, sou levado a sentir quão longe ando do padrão que Ele me apresenta, a saber: "...tornai-vos santos também vós mesmos em todo vosso procedimento" (I Pedro 1:15). Aqui, por conseguinte, temos o primeiro teste a ser aplicado: quando leio acerca dos tristes fracassos de diferentes personagens das Escrituras, isso me faz perceber quão infelizmente parecido com eles eu sou? E quando leio sabre a vida bem-aventurada e perfeita como a de Cristo, isso me faz reconhecer quão terrivelmente diferente sou eu dEle?

2. O indivíduo se beneficia espiritualmente quando a Palavra o faz entristecer-se por causa do pecado.

Com respeito ao ouvinte do solo rochoso foi dito que "...esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo antes de pouca duração..." (Mateus 13:20, 21). Porém, acerca daqueles que foram convencidos de pecado, sob a pregação de Pedro, está registrado que eles se sentiram compungidos em seus corações (ver Atos 2:37). O mesmo contraste se verifica hoje. Muitos ouvem um sermão floreado ou um discurso sobre a ''verdade dispensacional'', que exibe a capacidade de oratória ou mostra a habilidade intelectual do orador, mas que, usualmente, não contém qualquer aplicação à consciência. Aquela exposição é recebida com aprovação, mas ninguém é humilhado diante de Deus e nem é levado a andar mais perto dEle, por ela.

Porém, deixe-se que um servo fiel do Senhor (o qual pela graça divina não busca adquirir reputação por ''brilhantismo'') faça os ensinamentos bíblicos exercerem pressão sabre o caráter e a conduta, desvendando os tristes fracassos até mesmo dos melhores entre o povo de Deus, e embora a multidão despreze o mensageiro, as pessoas realmente regeneradas sentir-se-ão gratas pela mensagem que as leva a se lamentarem diante de Deus e a clamarem: "Desventurado homem que sou!" (Romanos 7:24). Assim acontece quando lemos pessoalmente a Palavra. E assim sucede quando o Espírito Santo a aplica de tal maneira que sou levado a ver e a sentir minha corrupção íntima, para que eu seja verdadeiramente abençoado.

Que palavra encontramos no trecho de Jeremias 31:19: "Na verdade, depois que me converti, arrependi-me; depois que fui instruído, bati no peito; fiquei envergonhado, confuso, porque levei o opróbrio da minha mocidade!"

Meu prezado amigo, você conhece algo parecido com essa experiência? Os seus estudos da Palavra de Deus produzem um coração quebrantado e o levam a humilhar-se perante Deus? Fica você convicto de seus pecados, de tal modo que é levado a arrepender-se diariamente perante ele? O cordeiro pascal tinha de ser comido com ''ervas amargas'' (Êxodo 12:8). Por semelhante modo, quando realmente nos alimentamos da Palavra, o Espírito Santo a torna "amarga" para nós, antes de tornar-se doce ao nosso paladar. Notemos a ordem das coisas, no trecho de Apocalipse 10.9: "Fui pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele então me fala: Toma-o, e devora-o; certamente ele será amargo ao teu estômago, mas na tua boca, doce coma mel". Essa será sempre a ordem da experiência: primeiramente deve vir a lamentação, e somente depois vem o consolo (Mateus 5:4); primeiro a humilhação, e depois a exaltação (I Pedro 5 :6).

3. O indivíduo se beneficia espiritualmente quando a Palavra o conduz à confissão de pecado.

As Escrituras são proveitosas para a "repreensão" (II Timóteo 3:16); e a alma honesta está pronta a reconhecer as suas próprias faltas. Mas acerca do indivíduo carnal é declarado: "Pois todo aquele que pratica o mal, aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras" (João 3:20). "Deus tenha misericórdia de mim, um pecador", é o clamor dos corações renovados; e cada vez que somos revivificados pela Palavra (Salmo 119), recebemos nova revelação e renovada convicção de nossas transgressões aos olhos de Deus. "O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia" (Provérbios 28:13). Não pode haver prosperidade nem frutificação espirituais (Salmos 1:3), enquanto ocultarmos em nosso seio as nossas culpas secretas; somente quando são livremente reconhecidas perante Deus, e isso com detalhes, é que desfrutaremos de Sua misericórdia.

Não há paz real para a consciência e nem descanso para o coração, enquanto sepultarmos a carga do pecado não confessado. O alívio só nos é outorgado se confessarmos o pecado a Deus. Notemos bem a experiência de Davi: "Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos, pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim; e o meu vigor se tornou em sequidão de estio." (Salmos 32:3,4).

Essa linguagem figurada mas vigorosa lhe parece ininteligível? ou a sua própria história espiritual a explica? Há muitos versículos nas Escrituras que nenhum comentário pode interpretar satisfatoriamente, mas que a experiência pessoal pode fazê-lo. Verdadeiramente bem-aventuradas são as palavras seguintes: "Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado." (Salmos 32:5)

4. O indivíduo se beneficia da Palavra, espiritualmente falando, quando ele odeia o pecado com maior profundidade.

"Vós, que amais o SENHOR, detestai o mal: ele guarda as almas dos seus santos, livra-os da mão dos ímpios" (Salmos 97:10). "Não podemos amar a Deus sem odiar aquilo que Ele odeia. Não somente devemos evitar o mal, recusando-nos a continuar nele, mas também devemos declarar guerra contra ele, voltando-nos contra ele com indignação no íntimo" (C.H. Spurgeon).

Um dos testes mais seguros que se pode aplicar à professada conversão é a atitude do coração para com o pecado. Sempre que o princípio de santidade houver sido implantado, necessariamente haverá repulsa por tudo quanto é profano. E se nosso repúdio ao mal for genuíno, então seremos gratos quando a Palavra reprovar até mesmo o mal de que nem suspeitávamos.

Essa foi também a experiência de Davi: "Por meio dos teus preceitos consigo entendimento; par isso detesto todo caminho de falsidade" (Salmos 119:104). Observemos atentamente que não devemos meramente "abster-nos do pecado", pois "detesto"; e não somente a "alguns" ou "muitos" pecados, mas antes, a "todo caminho de falsidade", e não apenas a "todo mal" mas a "todo caminho de falsidade". E continua o salmista: "Por isso tenho por em tudo retos os teus preceitos todos, e aborreço todo caminho de falsidade" (Salmos 119:128).

No entanto, dá-se exatamente o contrário no caso do ímpio: "De que te serve repetires os meus preceitos e teres nos lábios a minha aliança, uma vez que aborreces a disciplina e rejeitas as minhas palavras? " (Salmos 50:16,17).

E em Provérbios 8:13, lemos: "O temor do SENHOR consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho, e a boca perversa, eu os aborreço". Ora, esse temor piedoso nos vem através da leitura da Palavra (ver a passagem de Deuteronômio 17:18,19). Com razão, pois, é que alguém declarou: "Enquanto não odiarmos ao pecado, não poderemos mortificá-lo, ninguém clamará contra o pecado, como os judeus clamaram contra o Cristo: ''Crucifica-O! Crucifica-O!'', enquanto realmente não abominar o pecado como Ele foi abominado" (Edward Reyner, 1635).

5. O indivíduo se beneficia espiritualmente quando a Palavra o leva a abandonar o pecado.

"Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor" (II Timóteo 2:19). Quanto mais lemos a Palavra com o objetivo definido de descobrir o que é agradável e o que é desagradável ao Senhor, mais a Sua vontade tornar-se-á conhecida por nós; e se os nossos corações forem corretos diante dEle, mais ainda os nossos caminhos se harmonizarão com a Sua vontade. Então é que andaremos "na verdade" (II João 4).

No fim do sexto capítulo da segunda epístola aos Coríntios algumas promessas preciosas são dadas àqueles que se separarem dos incrédulos. Observemos, naquela passagem, a aplicação feita pelo Espírito Santo. Não diz o Senhor "Tendo, pois, ó amados, tais promessas, consolemo-nos e nos entreguemos à complacência...", e, sim: "Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne, como do espírito..." (II Coríntios 7:1).

"Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado" (João I5:3). Eis aqui uma outra importante regra, par meio da qual nos deveríamos testar com freqüência: a leitura e o estudo da Palavra de Deus está produzindo a purgação de minha conduta? Desde os dias antigos vinha sendo feita a indagação: "De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?" E a resposta do salmista inspirado declara: ''Observando-o segundo a Tua Palavra" (Salmo119:9).

Sim, não basta ler a Palavra, crer nela ou memorizá-la; mas é preciso haver a aplicação pessoal da Palavra ao nosso "caminho". É quando "damos ouvidos" a exortações como aquelas que estipulam: "Fugi da impureza!" (I Coríntios 6:18), "Fugi da idolatria" (I Coríntios 10:14), "... foge destas cousas..." – da cobiça apaixonada pelo dinheiro (1 Tim. 6:11) e "Foge, outrossim, das paixões da mocidade" (II Tim. 2:22), é que o crente é levado a separar-se do mal, na prática; pois então o pecado não somente tem sido confessado, mas também tem sido "deixado" (ver Provérbios 28:13).

6. O indivíduo se beneficia espiritualmente quando a Palavra o fortalece contra o pecado.

As Sagradas Escrituras nos foram dadas não somente com o propósito de revelar-nos a nossa pecaminosidade inata, ou a fim de mostrar as muitas e muitas maneiras mediante as quais carecemos "da glória de Deus" (Romanos 3:23), mas igualmente para ensinar-nos como podemos obter livramento do pecado, como podemos ser livres de desagradar a Deus. "Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti" (Salmos 119:11). E de cada um de nós é requerido o seguinte: "Aceita, pego-te, a instrução que profere, e põe as suas palavras no teu coração" (Jó 22:22).

O de que precisamos é, particularmente, dos mandamentos, das advertências, das exortações da Bíblia, para que sejam como que nosso tesouro particular; devemos memorizá-los, meditar sobre os mesmos, orar a seu respeito e pô-los em prática. Eis a única maneira eficaz de se evitar que um terreno qualquer seja invadido por ervas daninhas: é semear ali a boa semente: "...vence o mal com o bem" (Romanos 12:21). Por conseguinte, quanto mais "ricamente" estiver habitando em nós a Palavra de Cristo (ver Colossenses 3:16), menos espaço haverá para o exercício do pecado, em nossos corações e em nossas vidas.

Não é suficiente apenas assentirmos à veracidade das Escrituras, mas é necessário que elas sejam recebidas em nossos afetos. É uma verdade soleníssima aquela em que o Espírito Santo especifica a base da apostasia, "...porque ao amor da verdade eles não receberam" (II Tessalonicenses 2:10, grego).

"Se essa semente ficar apenas na língua ou na mente, para que seja apenas uma questão de palavras ou de especulação, não demorará muito para que desapareça. A semente que jaz à superfície será apanhada pelas aves do céu. Portanto, que cada qual a esconda no profundo do ser; que vá dos ouvidos para a mente, da mente para o coração; e que ela penetre cada vez mais profundamente. Somente ao exercer ela um domínio soberano sobre o coração, é que a receberemos na força de seu amor – quando ela é mais cara para nós que nossas concupiscências mais queridas, então nos apegamos a ela". (Thomas Manton).

Não há qualquer outra coisa que nos preserve das infecções deste mundo, que nos livre das tentações de Satanás, que se mostre preservativo tão eficaz contra o pecado, como a Palavra de Deus recebida em nossos afetos: "No coração tem ele a lei do seu Deus; os seus passos não vacilarão" (Salmos 37:31). Enquanto a verdade mostrar-se ativa em nosso íntimo, despertando-nos a consciência e sendo realmente amada par nós, seremos preservados da queda. Quando José foi tentado pela esposa de Potifar, respondeu ele: "... como, pois, cometeria eu tamanha maldade, e pecaria contra Deus?" (Gênesis 39:9). A Palavra de Deus se achava em seu coração, pelo que também prevaleceu sobre os seus desejos. Essa é a inefável santidade, o grandioso poder de Deus, o qual é poderoso tanto para salvar como para destruir.

Nenhum de nós sabemos em que ocasião será sujeito às tentações; portanto, é mister estarmos preparados contra elas. "Quem há entre vós que ouça isto? que atenda e ouça o que há de ser depois?" (Isaías 42:23). Sim, compete-nos antecipar o futuro e nos fortalecermos intimamente para ele, entesourando a Palavra em nossos corações, para as emergências futuras.

7. O indivíduo se beneficia espiritualmente quando a Palavra o leva a praticar o contrário do pecado.

"... o pecado é a transgressão da lei" (I João 3 :4). Deus diz: "Farás...'', mas o pecado retruca: "Não quero". Deus diz: "Não farás...", e o pecado diz: "Farei". Assim, pois, o pecado é a rebeldia contra Deus, é a determinação do indivíduo seguir o seu próprio caminho (ver Isa. 53:6).

Isso capacita-nos a entender que o pecado é uma espécie de anarquia no campo espiritual, o que pode ser comparado com o ato de sacudir uma bandeira vermelha no rosto de Deus. Ora, a atitude oposta ao pecado contra Deus é a submissão a Ele, da mesma maneira que o contrário da iniqüidade é a sujeição à lei. Portanto, praticar o contrário do pecado é andar na vereda da obediência.

Esta é uma das outras grandes razões pelas quais as Escrituras nos foram dadas: tornar conhecida a senda pela qual devemos andar, o que agrada a Deus. As Escrituras são proveitosas não somente para repreensão e correção, mas também para a "instrução na justiça".

Neste ponto, pois, encontramos outra importante regra mediante a qual devemos testar freqüentemente a nós mesmos: Os meus pensamentos estão sendo formados, o meu coração está sendo controlado e a minha conduta e as minhas obras estão sendo regulamentadas pela Palavra de Deus? Eis o que o Senhor exige: "Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos" (Tiago 1:22). E aqui temos a declaração de como devem ser expressos a nossa gratidão e os nossos afetos por Cristo: "Se Me amais, guardareis os Meus mandamentos" (João 14:15). Para tanto, é necessário a ajuda divina. Davi orava: "Guia-me pela vereda dos teus mandamentos, pois nela me comprazo" (Salmos I19:35).

"Precisamos não somente de luz para reconhecermos o nosso caminho, mas também de um coração bem disposto para andar por esse caminho. A orientação é necessária por causa da cegueira das nossas mentes; e os impulsos eficazes da graça são necessários par causa da fraqueza dos nossos corações. Não cumpriremos o nosso dever mediante a mera noção das verdades, a menos que as abracemos e as sigamos". (Manton). Notemos que o salmista falava sabre a "... vereda dos Teus mandamentos..." Não aludia ele a algum caminho pessoal, auto-escolhido, e, sim, a um caminho bem demarcado; não se trata de uma estrada "pública", mas de uma vereda ''particular''.

Que tanto o escritor como o leitor se aquilatem, honesta e diligentemente, como na presença de Deus, pelas sete coisas acima enumeradas. O estudo da Bíblia, prezado amigo, o tem tornado uma pessoa mais humilde, ou mais orgulhosa – orgulhosa com o conhecimento que assim adquiriu? Esse estudo o elevou na estima de seus semelhantes, ou o rebaixou a um lugar inferior, na presença de Deus? Tem isso produzido, em sua experiência, uma atitude de mais profunda repulsa e asco par si mesmo, ou tornou-o mais complacente? Isso tem feito com que aqueles que entram em contato consigo, aos quais talvez você ensine, digam: "Gostaria de ter o seu conhecimento sobre a Bíblia!"; ou isso os tem levado a orar: "Senhor, dá-me a fé, a graça e a santidade que tens conferido a meu amigo ou professor?'' "Medita estas cousas, e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto" (1 Timóteo 4:15).

Extraido do livro de A. W. Pink Enriquecendo-se Com a Bíblia, Ed. Fiel, 1979.

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