- Muitas vezes os arminianos dizem que a razão nos ensina a esperar que o Criador e Governador onipotente de todos os homens seja imparcial no modo por que trata os indivíduos - que conceda a todos as mesmas vantagens essenciais e as mesmas condições de salvação. Dizem também que esta justa pressuposição da razão se acha confirmada nas Escrituras, as quais declaram que "Deus não faz acepção (ou exceção, como em 2 Crôn.l9:7 Figueiredo, presumivelmente em edição antiga) de pessoas" - Atos 10:34; 1 Ped. 1:17. Na primeira destas passsagens o apóstolo fala simplesmente da aplicação do evangelho aos gentios bem como aos judeus; e na segunda afirma-se que Deus, no Seu julgamento das obras humanas, é absolutamente imparcial. Na eleição, porém, a questão versa sobre a graça, e não sobre o juízo feito a respeito de obras, e as Escrituras em parte alguma dizem que Deus é imparcial na comunicação da Sua graça.
Além disso, devemos sempre interpretar as pressuposições da razão e os textos das Escrituras à luz dos fatos palpáveis da história humana e das dispensações diárias da providência de Deus. Se é injusto em princípio que Deus seja parcial na Sua distribuição de bens espirituais, não pode ser menos injusto que seja parcial na Sua distribuição de bens temporais. Como matéria de fato, Ele faz as maiores distinções possíveis entre os homens, desde o seu nascimento e independentemente dos seus merecimentos, na distribuição, não só de bens temporais, mas também dos meios essenciais à salvação. Uma criança nasce para a saúde, para honras e riquezas, para a posse de um coração e de uma consciência suscetíveis, e para todos os melhores meios de graça, como sua herança segura e certa. Muitas outras nascem para moléstias, para a vergonha, a pobreza, a posse de um coração duro e de uma consciência obtusa, e para as trevas absolutas do paganismo e da ignorância a respeito de Cristo. Se Deus não pode ser parcial para com indivíduos, por que é que o pode ser para com nações, e como se pode explicar o Seu proceder para com as nações pagas e para com as crianças das classes criminosas de países nominalmente cristãos?
O arcebispo Whately dirige a seguinte admoestação excelente a seus amigos arminianos: "Sugiro cautela no uso que se fizer de uma série de objeções tiradas dos atributos morais de Deus, feitas freqüentemente contra os calvinistas. Devemos acautelar-nos muito para não empregarmos armas que podem virar-se contra nós. É uma verdade terrível, porém inegável, que grandes multidões, mesmo nos países evangelizados, nascem e são criadas em circunstâncias que não somente tornam improvável, mas até impossível, que obtenham qualquer conhecimento de verdades religiosas, ou adquiram o hábito de comportamento moral, e são até criadas, desde crianças, em erros supersticiosos e na pior depravação. Por que é que isso é permitido, nem os calvinistas nem os arminianos podem explicar; realmente, por que é que o Todo-poderoso não faz morrer no berço toda criança cuja malvadez e miséria, se viver, Ele prevê, é coisa que nenhum sistema de religião, quer natural quer revelado, nos habilita a explicar de modo satisfatório" - Essays on some of the Difficulties of St. Paul, Ensaio 3o, sobre a eleição
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