terça-feira, 24 de maio de 2016

COMUNICAÇÃO A CHAVE PARA UM CASAMENTO FELIZ


Por Pr. Silas Figueira

INTRODUÇÃO

Texto Base Marcos 9.31-37

O texto que lemos nos mostra Jesus retornando a região de Decápolis, apesar dele ter sido expulso de lá por ter liberto um homem possesso por uma legião demônios (Mc 5.17); isso demonstrando o Seu amor para com aquelas pessoas, apesar delas não entenderem esse amor.

Chegando nessa região lhe trouxeram um homem que era surdo e gago e lhe suplicaram para que o curasse. Por ser surdo e gago ele tinha muita dificuldade de se comunicar, por ser surdo ele não conseguia ouvir e por ser gago ele tinha dificuldade em falar. 

O que isso tem a ver com o casamento? Tudo. Pois sem comunicação fica inviável qualquer relacionamento, muito mais em um casamento.

H. Norman Wright diz que “o declínio na comunicação e a falta de comunicação andam de mãos dadas. Muitos casais hoje em dia não possuem as aptidões de comunicação que produzem a compreensão necessária para que um casamento torne-se forte ou até mesmo exista. Compreensão no casamento não significa não existirem diferenças. Antes, significa que você e seu cônjuge são capazes de conversar acerca dessas diferenças e chegar a uma compreensão do ponto de vista do outro”.

Para que aja uma boa comunicação é necessário que um ouça o outro e transmita através da fala o que foi entendido. Mas se o casal, ou um dos casais, sofre da audição e da fala não haverá uma boa comunicação. 


Definição de comunicação: Comunicação é um processo (verbal ou não) de compartilhar informação com outra pessoa de forma tal que ela compreenda o que você está dizendo. Falar e ouvir e compreender, tudo isso está envolvido no processo de comunicação. 
 
Através desse texto eu quero pensar com você das dificuldades que muitos casais têm enfrentado em seus relacionamentos por falta de uma boa comunicação.

ENTENDENTO O QUE É SUDEZ

Surdez – definição: 1 – ausência, perda ou diminuição considerável do sentido da audição. 2 – indiferença ou desatenção pelo que se ouve.

Hernandes Dias Lopes citando Antônio Vieira enumera alguns tipos de surdez:
A primeira é a surdez congênita – É congênita quando uma pessoa nasce com a deficiência física.

A segunda é a surdez temporária – É temporária como a das crianças que ainda não entendem os sons e a linguagem, mas logo mais estarão entrosadas com a comunicação.

A terceira é surdez artificial – Essa é a surdez dos estrangeiros que não entendem a língua do país onde se encontram.

A quarta é a surdez moral – Essa é a surdez daqueles que não querem ouvir. De acordo com Jesus essa é a pior espécie de surdez. A pessoa propositalmente resiste ouvir. Seus ouvidos estão fechados ao que Deus diz e ao que o semelhante fala.

ENTENDENDO A GAGUEIRA

O que é Gagueira? Gagueira é um distúrbio na temporalização da fala que afeta a fluência e a comunicação. A temporalização significa o tempo de execução dos sons, sílabas, palavras e frases. Cada som da fala tem um tempo usual para ser falado. Esse tempo depende da região onde a fala é produzida. No caso da gagueira, alguns sons demoram mais para serem ditos. Esse tempo maior interfere na fluência.

Já a fluência representa a suavidade e facilidade com que os sons, sílabas, palavras e frases são produzidos ao longo da fala. No caso de pessoas com gagueira, a produção da fala é trabalhosa e a ligação entre sons, sílabas, palavras e frases não é automática ou espontânea, como ocorre com quem não tem a condição.

O CAMINHO DO MILAGRE PARA RESTAURAR A COMUNICAÇÃO NO CASAMENTO.

1 – Reconhecer que há necessidade da intervenção de Jesus no relacionamento (Mc 7.32).

Quando aquelas pessoas trouxeram aquele homem surdo e gago até Jesus eles reconheciam que o Senhor era capaz de curá-lo, da mesma forma hoje precisamos crer que o Senhor é capaz de restaurar a comunicação no lar deficiente. Ainda que seja um que busque ajuda, esse o Senhor irá ouvir e irá intervir nesse casamento.

O que não podemos fazer é tapar os ouvidos de vez para esse aspecto que é de prioridade em todos os relacionamentos, principalmente no casamento. 

As consequências da surdez. Como já foi falado, a surdez pode ser definida de várias formas, mas a que estamos falando aqui é da surdez moral, é a surdez daqueles que não querem ouvir. Seus ouvidos estão fechados ao que Deus diz e ao que o semelhante fala, no caso aqui, o cônjuge e outros membros da família.


Tiago 1.19 diz para o cristão ser pronto para ouvir. Muitos de nós somos prontos para falar, mas temos pouco ou nenhum desejo de ouvir. Entretanto, uma das chaves de um casamento bem-sucedido é desejar escutar o que seu cônjuge tem a dizer. Você precisa esforçar-se para ouvir.

Uma das dificuldades em ouvir é a de que uma das pessoas tenta adivinhar o que a outra vai dizer. É fácil pensar que sabe o que o parceiro vai dizer, por isso você corta o que ele está dizendo e termina a sentença, ou interrompe a ideia dele com algo que está longe do que ele ou ela está querendo dizer (Pv 18.13).

Como dizia o falecido Chacrinha: "Quem não se comunica se trumbica". 

2 – Para que aja o milagre devemos deixar Jesus agir segundo a vontade dEle e não lhe dizer como deve agir (Mc 7.32).

Um dos grandes problemas do ser humano é querer dizer para Deus como Ele deve agir em suas vidas. Observe que as pessoas que levaram esse homem enfermo até Jesus lhe suplicavam que impusesse as mãos sobre ele; mas quem disse que Jesus queria lhe curar dessa forma? Sabe qual é o grande problema nosso é achar que Jesus age sempre da mesma maneira. E não é assim que funciona.

O agir de Jesus sobre a vida de uma pessoa é igual dieta, não é igual para todo mundo. Por isso não diga para Jesus como Ele tem que agir, só lhe peça que aja.

No casamento as pessoas são diferentes, as situações são diferentes e o ambiente em que vivem é diferente. Por isso que não podemos achar que o Senhor irá padronizar a forma dele agir. A Palavra aplicada é a mesma, mas a forma é diferente. 
   
3 - Vejamos a intervenção de Jesus na vida desse homem.

1º - Jesus tira o homem do meio da multidão (Mc 7.33). Note que a primeira coisa que Jesus fez foi tirar esse homem do meio da multidão. Jesus trouxe o homem à parte. Para que se inicie o milagre é preciso OUVIR o que o Senhor tem para falar e fazer conosco; é impossível receber do Senhor o milagre totalmente desatendo ao Seu agir e não fazendo o que Ele manda.

2º - Jesus tapa os ouvidos do surdo. Observe que para iniciar o milagre o Senhor Jesus tapou os ouvidos do surdo. Um dos grandes problemas em muitos casamentos hoje é que há muita gente dando palpitadas no casamento dos outros, e isso ocorre porque tem muita gente que dá crédito para essas pessoas. Para ouvirmos os conselhos de Jesus devemos parar de ouvir as multidões e devemos parar para ouvir o que Jesus tem a dizer. Devemos lhe dar toda atenção. Por isso eu lhe aconselho a sair do meio da multidão e fique com Jesus à parte. Você só tem a ganhar com isso.

Há muitas pessoas com um casamento falido e quer ser conselheiro dos outros. Como disse Jesus: “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?” (Mt 7.3).

Tome cuidado com essas pessoas, elas não têm nada a lhe oferecer de bom.

3º - Jesus tocou a sua língua com saliva. Isso significa total submissão ao que Jesus estava fazendo. Aparentemente isso era algo que fugia a normalidade. Tocar a língua da outra pessoa com saliva? Alguém pode pensar: “Que nojo!”, mas o que sai da boca de Jesus para muitas pessoas é nojento. E o que sai de sua boca é o que cura os mudos, os surdos e os cegos. É o Evangelho. E do Evangelho o mundo tem nojo. O mundo tem asco. O mundo vomita.

Observe que em Efésios 5.1-22; 6.1-4 é um texto que fala de como o marido deve tratar a esposa, que a esposa deve se sujeitar ao marido, que os filhos têm que obedecer aos pais e honrá-los e que os pais não devem provocar a ira nos filhos. Agora, observe que muitas pessoas até conhecem bem esses textos; mas quantos têm procurado colocá-los em prática? Ou quantas pessoas olham para esse texto torcendo a cara, achando isso um absurdo, principalmente as feministas.

Mas é esse Evangelho que restaura a fala do marido, da esposa e dos filhos. É esse Evangelho em nossa língua e em nossos lábios que gera vida no nosso falar. Como nos fala Provérbios 18.21: “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto”.

O Evangelho para muitas pessoas dá nojo, mas é ele, que praticado, trás alegria ao lar. 

4 - Jesus opera o milagre abrindo-lhe os ouvidos e soltando-lhe o desembaraço da língua (Mc 34,35).

Há uma observação a ser feita aqui. Se este homem era gago era sinal de que ele já havia ouvido, mas no decorrer dos anos a sua audição se perdeu. Pois para uma pessoa falar, ainda que com dificuldades, é necessário que a pessoa ouça, ainda que pouco.

Há muitos casais que começaram bem em seu relacionamento conjugal, mas à medida que os anos foram se passando foram perdendo a audição de um para com o outro. Foram ficando indiferentes aos problemas do lar, de um para com o outro, para com os filhos.

Hernandes Dias Lopes diz que “muitos maridos são homens que não dialogam com a esposa, não conversam com os filhos, que não ouvem as reclamações e as necessidades da família e que apenas sabem dar ordens, fazer reclamações e impor obrigações”.

Mas eu quero lhe dizer que o Senhor Jesus se compadece daqueles que vão até Ele. Vemos isto através das atitudes de Jesus.

1ª – Jesus levanta os olhos aos céus. Já que aquele homem não podia ouvir, o Senhor lhe mostrou que o seu socorro vinha dos céus. Ele não podia ouvir, mas podia ver e através desse gesto o Senhor Jesus lhe mostrou que do Pai vinha o seu socorro. Vimos a mesma atitude de Jesus quando ressuscitou a Lázaro (Jo 11.41,42).

O socorro para o nosso lar vem do Senhor. Se não houver uma intervenção divina os ouvidos espirituais não irão se abrir. A surdez continuará e os membros da família continuarão sem se ouvirem.

Você pode buscar conselhos, ler bons livros sobre relacionamento matrimonial, fazer terapia de casais... Se não houver uma intervenção de Deus nada irá mudar.

Durante dez anos eu tive problemas no meu casamento. Li tudo sobre relacionamento de casais, mas só vi o resultado quando o Senhor interviu em meu lar nos ajudando a aplicar todo conhecimento que havíamos adquirido. 

2ª – O Senhor se compadece do enfermo. O texto nos diz que o Senhor suspirou. Segundo o dicionário suspirar é: Respiração forte e ruidosa, por tensão emocional.

O Senhor se compadeceu daquele pobre homem assim como se compadece do seu casamento. Ele se importa com a crise que há em seu lar. Ele quer intervir e lhe ajudar a solucionar os problemas se sua casa. O Senhor não é indiferente a sua dor e muito pelo contrário, Ele deseja intervir para o bem estar de seu lar.

3ª – O Senhor lhe dá uma palavra de ordem. Efatá! Esse é um termo em aramaico a linguagem que se falava na época de Jesus.

Através dessa ordem os ouvidos e a fala desse homem foram totalmente restaurados. Quando há a intervenção do Senhor o milagre acontece. Quando o Senhor intervém no relacionamento conjugal o milagre ocorre em nosso lar. Mas para isso devemos deixar o Senhor agir e não lhe impor as nossas opiniões. Como Ele irá agir em sua casa não será da mesma forma que irá agir na casa de outra pessoa. O importante é que Ele aja.

Restaurar a audição no casamento é muito mais do que simplesmente a ouvir a outra. Significa que a outra pessoa pode lhe escutar.


Ouvir refere-se aos sentidos da audição. A pessoa ouve apenas, mas pode ou não interpreta a comunicação.

Escutar requer mais que ouvir, ou seja, a pessoa tem que prestar atenção ao assunto, entender do que se trata, perceber o que foi dito, sentir as palavras, memorizar o assunto, opinar, levar em consideração e agir ou não em conformidade.

Escutar não é nossa preferência natural. A maioria das pessoas prefere ser a que está falando. Gostamos de expressar as nossas ideias. É exatamente isso que o Senhor quer restaurar no casamento, essa "arte" de aprender escutar o outro. 

O texto nos diz que o Senhor "lhe soltou o empecilho da língua, e falava desembaraçadamente". Por não poder ouvir este homem também tinha dificuldades no falar. No casamento é a mesma coisa. Se os ouvidos espirituais e emocionais não estiverem totalmente desobstruídos será impossível haver uma boa comunicação no casamento. Vai se ouvir uma coisa que muitas vezes não foi dita e irá se falar algo que acabará ofendendo a outra pessoa. Por isso devemos escutar bem para podermos falar bem.

Tiago compara o poder da língua ao do leme de um navio. Comparativamente falando, o leme é uma pequena parte do navio, e, no entanto, pode voltar o navio para qualquer direção e controlar seu destino. O que os maridos e as esposas dizem um ao outro pode voltar seu casamento em diferentes direções (e, em alguns casos, fazer com que acabem rodando em um círculo vicioso).

Por isso é necessário escutar bem o seu cônjuge para poder lhe falar as palavras corretas de forma que o seu casamento vá na direção certa e não ande em círculos e muito menos bata em rochas submersas.

CONCLUSÃO

Saiba de uma coisa, o Senhor age aplicando a Sua Palavra, não aplicando ideias humanas. Pouco adiantará buscarmos ajuda na sociedade. Ela está lutando com a crise, mas continua a se enrolar cada vez mais na teia dos próprios valores e ideias conflitantes. A sociedade busca respostas, mas só fornece perguntas.  Não são conceitos de especialistas que irá restaurar o seu lar, mas a aplicação da Palavra de Deus, ela sim tem poder para que o milagre aconteça em sua casa. 

Pense nisso!

sábado, 21 de maio de 2016

OS DOIS CEGOS E A ORAÇÃO RESPONDIDA

 

Por Pr. Silas Figueira

Texto Base Mateus 9.27-31 

INTRODUÇÃO

O texto nos diz que depois que Jesus saiu da casa de Jairo dois cegos passou a segui-Lo clamando para que Ele os curasse, e foram até a casa em que Jesus entrou, mostrando com isso um grande desejo de alcançar a cura.

Na Judéia antiga, dos tempos de Jesus, o destino das pessoas que tinham qualquer deficiência era esmolar para conseguir sobreviver. Os cegos, os amputados, os paralíticos pelas mais variadas causas, acabavam expostos pelos caminhos, ruas, logradouros e praças públicas. Em particular, a cegueira era um problema sério no Oriente naquele tempo. De acordo com os relatos dos Evangelhos, Jesus curou pelo menos seis cegos e realizou cada milagre de maneira diferente.

Aqui encontramos esses dois cegos procurando o Senhor quando Ele sai da casa de Jairo. É provável que a notícia houvesse se espalhado do milagre que Ele havia operado lá, com isso, aqueles dois homens viram a oportunidade de alcançar a cura do mal que lhes afligia.

O texto não nos diz por quanto tempo eles vinham seguindo o Senhor lhe pedindo a cura, mas vemos que o Senhor não os atendeu de imediato, mas o texto deixa claro que eles foram até a casa onde Jesus estava; provavelmente a casa de Pedro. Eles não deixaram aquela oportunidade passar e muito menos sem terem a oportunidade de ouvir do próprio Senhor a resposta de cura ou não.

É bom destacarmos que a cegueira era uma das ilustrações usadas para identificar a ignorância espiritual e a incredulidade (Is 6.10; Mt 15.14; 2Co 4.4). A cegueira física não nos impede de vermos a Cristo, mas a cegueira espiritual – ainda que tenhamos a vista perfeita – nos impede de vermos ao Senhor e o Seu reino (Jo 3.3).

Através desse relato bíblico nós podemos aprender algumas lições preciosas sobre oração e perseverança. Observe que esses homens vinham clamando ao Senhor e esperavam alguma resposta, como não alcançaram de imediato continuaram a perseverança até ter a resposta de Jesus.

O Senhor havia ensinado sobre isso em Mateus 7.7-11:

“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?”

A oração é muito mais do que recebermos do Senhor uma resposta favorável de um pedido que lhe fazemos. Orar vai muito além disso. Através da oração eu experimento a presença de Deus em minha vida. Entenda, Deus está sempre presente na vida do ser humano, mas o ser humano só está na presença de Deus quando o busca através da oração. 
   
Através desse texto eu quero pensar com você a respeito desse assunto por demais importante. Quais lições nós podemos aprender aqui?

PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE NA ORAÇÃO DEVEMOS HONRAR AO SENHOR (Mt 9.27).

C. H. Spurgeon disse que “os grandes da terra não queriam reconhecer que o Senhor era de descendência real, mas os cegos proclamavam com muito ânimo o Filho de Deus”.

1º - Honramos o Senhor na oração quando reconhecemos Sua autoridade. Observe que esses dois cegos estavam chamando o Senhor pelo seu nome messiânico (Mt 1.1). Eles reconheciam que Jesus era o enviado de Deus por isso esperavam dEle sinais e maravilhas. “Filho de Davi” – esses cegos o honravam com esse título, pois o reconheciam como aquele que veio do Pai. Eles reconheciam que Jesus era o Messias de Israel. Esse título dado a Jesus aparece aqui pela primeira vez, sendo que o Novo Testamento menciona, por cerca de quinze vezes, o fato que Jesus era “Filho de Davi”, e a maioria dessas ocorrências expressa a voz do povo. 
   
O mesmo aconteceu com Bartimeu, cego mendigo, que ao ouvir que Jesus estava passando por ali começou a clamar por Ele da mesma forma (Mc 10.46,47).

Enquanto as autoridades judaicas negavam que Jesus procedia do Pai, apesar de enxergarem, esses cegos enxergavam o que as autoridades judaicas não vinham: A Sua Autoridade.

A. W. Pink disse que “quando Elias orou para que chovesse, reconheceu que Deus exerce controle sobre os elementos da natureza; ao orarmos para que Deus liberte um miserável pecador da ira vindoura, reconhecemos que “ao SENHOR pertence a salvação!” (Jn 2.9). ao suplicarmos que Ele abençoe a pregação do evangelho até aos confins da terra, declaramos que Ele é quem rege o mundo inteiro”.

A oração é o reconhecimento de que Aquele que rege o mundo não perdeu o controle dele (Sl 113).

2º - Honramos a Deus na oração quando reconhecemos a nossa total dependência dEle. Veja que esses dois cegos reconhecem que nada mereciam do Senhor. Observe que eles clamam pela misericórdia do Senhor. Eles não falavam em mérito, nem usavam como argumento os sofrimentos, ou que eram merecedores da cura. Muito pelo contrário, eles reconheciam que nada mereciam e se alcançasse a cura seria somente pela misericórdia do Senhor.

Quanta diferença dos dias de hoje quando encontramos muitas pessoas determinado a cura, determinado a bênção, determinando tudo. Pensam que mandam em Deus. O veem como um empregado que está ao seu dispor; tais pessoas não se veem como pó e cinza; como barro nas mãos do Oleiro; que o Senhor tem toda autoridade de fazer desse barro o que bem lhe prouver. São cegos espirituais que estão longe de alcançarem a cura, pois tais pessoas pensam que enxergam. Esses tais são como a igreja de Laodicéia que dizia:
“Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz; sim, miserável, pobre, cego e nu” (Ap 3.17).

Entenda uma coisa: através da oração eu reconheço a minha humanidade falível, imperfeita e finita, pois quando entramos na sala do trono contemplamos Aquele que é eterno (Is 6). Mas há outro fator importante na oração, é que ela nos proporciona o nosso amadurecimento espiritual. Veja a história de Jó, este patriarca alcançou crescimento espiritual à medida que orava e se arrependia da sua ignorância espiritual (Jó 42.1-6).

SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE NA ORAÇÃO O SENHOR NOS REVELA O QUE ELE DESEJA PARA NÓS (Mt 9.27).

A. W. Pink diz que “Quando Deus determina conceder uma bênção, também outorga o espírito de súplica que lhe solicita essa mesma bênção”.

O apóstolo Paulo nos diz assim em Filipenses 2.13:

“Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”.

Através da oração nossa fé é renovada e o Senhor nos orienta o que devemos falar e pedir. A oração não tem como finalidade dar informações a Deus, como se Ele ignorasse as coisas que necessitamos. O Senhor Jesus já havia declarado: “Porque Deus, vosso Pai, sabe de que tendes necessidade, antes que lho peçais” (Mt 6.8).

1º - A finalidade da oração é expressar a Deus nosso reconhecimento que Ele já sabe aquilo que necessitamos. O Senhor deseja que as Suas dádivas sejam buscadas, por isso devemos orar, não para lhe informar, mas para buscá-lo em plena comunhão e termos convicção do que o Senhor tem para nós.

2º - A finalidade da oração é buscar a Sua vontade. Jeremias nos diz que “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17.9). Nosso coração tem desejos que fogem daquilo que o Senhor realmente tem para nós, por isso devemos orar. Não só para pedir, mas para ter a certeza de que o nosso coração almeja seja segundo a Sua vontade (2Co  12.7-10).

Esses cegos quando foram até onde o Senhor estava não foram guiados pelo simples desejo de seus corações, mas foram guiados pela vontade do Senhor em curá-los.  
  
O Senhor Jesus falando a respeito da oração disse que os gentios criam que seriam ouvidos pelo muito falar. Jesus aqui está falando da formalidade da oração, da oração sem emoção, sem fé. Quase uma reza. Esses cegos pouco falaram e foram ouvidos.  

TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE A ORAÇÃO NÃO PODE ESTAR DIVORCIADA DA FÉ (Mt 9.28).

A pergunta que Jesus lhes faz diz respeito à fé. A fé é o meio pela qual o Senhor exerce em nós o Seu querer e alcançamos dEle as Suas dádivas especiais. Observe que o Senhor Jesus lhes pergunta: “Credes que eu possa fazer isso?”. Jesus está perguntando diretamente para eles. Por que o Senhor lhes faz esta pergunta?

1º - Porque muitos creem que o Senhor é capaz de fazer maravilhas na vida de outros, mas não nas deles. É inútil a fé que crê na misericórdia na vida das outras pessoas, mas não confia que o Senhor é capaz de fazer isto neles mesmos. É aquele tipo de gente que adora ouvir testemunho de milagres e creem piamente na graça do Senhor sobre as pessoas, mas quando se trata deles mesmos sua fé é pequena.

Duvidam que o Senhor possa lhes libertar de um vício; restaurar o seu casamento; curar uma enfermidade; creem que o Senhor fez e faz isso na vida de outras pessoas, mas na vida dele mesmo ele continua cego para esses milagres. Estão cegos e continuarão cegos em relação à salvação de um ente querido. Por isso essa pergunta aos cegos.

Veja o que o autor de Hebreus nos fala: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).

Esses dois cegos tinham essa fé, por isso foram abençoados com a cura.

2º - Muitos creem, mas não buscam Jesus onde Ele está. Oração e fé andam de mãos dadas. No entanto, a oração e fé devem ser perseverantes. Observe que eles foram até onde Jesus estava, foram perguntando pelo caminho, foram buscando saber onde Jesus estava. Eles não queriam uma imitação, mas o Senhor que cura, liberta e abre os olhos aos cegos.

Muitos querem o milagre, mas não perseveram em oração, ou pior, buscam Jesus em outros lugares em que Ele não se encontra; e nesses lugares são enganados ficando ainda mais cegos – cegos espiritualmente. Isso quando não passam a se tornar incrédulos de tudo. Passam a ter os olhos cegos, a língua muda e o coração frio. Isso é o que mais tem ocorrido por aí.

QUARTA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE A ORAÇÃO CHEIA DE FÉ GERA O MILAGRE (Mt 9.29).

Através da resposta desses cegos o Senhor opera o milagre. Eles criam que o Senhor não só era poderoso para lhes abrir os olhos, ma também criam que isso ocorreria por Sua misericórdia e não por méritos próprios.

1º - A fé dos cegos era grandiosa. Jesus poderia declarar como fez com o leproso: “Quero. Seja purificado”. (Mt 8) Ele poderia dizer: “Quero. Efatah.”. Mas não. Ele diz: “Que lhes seja feito segundo a fé que vocês têm.” E então a visão foi restaurada. De forma parecida, o sumo sacerdote Eli declarou para Ana quando esta clamava a Deus por um filho: “Que o Deus de Israel lhe conceda o que você pediu.” A fé é poderosa e pode mover montanhas quando exercida com sinceridade e quebrantamento diante de Deus.

A fé é o canal que serve para que a alma receba as bênçãos do Senhor e reconheça o destino de sua alma. Isso é a verdadeira fé.

2º - A reação do Senhor à resposta deles foi misericordiosa. Diante de tamanha demonstração de fé o Senhor lhes dá o que haviam buscado. Que coisa maravilhosa nós vemos aqui, quando buscamos ao Senhor Ele sempre nos ouve e pela Sua infinita misericórdia e graça somos atendidos.

Por isso mais uma vez afirmo que nenhuma oração agradará a Deus se não for movida pelo espírito que diz: “Não se faça a minha vontade, e, sim, a tua” (Lc 22.42). Isso está inserido no contexto quando eles clamam por misericórdia.
A. W. Pink diz que “a misericórdia é aquele adorável atributo de Deus pelo qual ele tem compaixão dos miseráveis e os alivia”.

CONCLUSÃO

Esses dois cegos procuraram com diligência o Senhor Jesus e o encontraram. Não se deixaram levar pela condição que tinham que os impedia de encontrar o Senhor. Não sabemos como chegaram até onde Jesus estava, mas ao chegar ali sabiam que a misericórdia e graça do Senhor poderia lhes alcançar.

Que possamos aprender com esses dois homens que a oração perseverante e sincera movida pela graça do Senhor em nossos corações nos dará a vitória que tanto queremos alcançar.

Pense nisso!

sábado, 14 de maio de 2016

GIDEÃO E A ESTRATÉGIA DE DEUS PARA A VITÓRIA

Por Pr. Silas Figueira

Texto Base Juízes 7.1-23; 8.28

INTRODUÇÃO

A história de Gideão começa no capítulo 6 de juízes. Ele é retratado como um homem cujo medo era maior que a sua fé. No entanto, o Senhor o escolhe para ser o libertador de seu povo.  John MacArthur disse que “o fato de o Senhor ter escolhido Gideão como uma solução para libertar Israel é prova de que seu poder não pode ser limitado nem mesmo pelo instrumento humano mais improvável”.

Em mensagem anterior falamos a respeito do seu chamado - GIDEÃO – UM HOMEM DE DEUS NO MEIO DE UM POVO IDÓLATRA – agora falaremos a respeito da sua vitória e da estratégia que o Senhor lhe deu para vencer os inimigos de Israel.

Ao lermos o capítulo 6.33-35 vemos que os midianitas e os amalequitas estavam vindo para Israel para mais uma vez o assolar, como já vinha fazendo há sete anos. Mas nos diz também o texto que Gideão foi revestido pelo Espírito do Senhor a tal ponto que ele incentivou todo o povo a lutar contra os inimigos. A coragem que veio sobre ele motivou as outras pessoas a lutarem também. Um dos fatores da derrota é a falta de motivação. No caso de Gideão não foi uma motivação humana, mas a fé nas promessas do Senhor.

A história de Gideão é um relato de fé em meio à crise. É um relato de fé diante do impossível. É um relato de fé no Deus que tudo pode, pois para Ele não há impossível.

Como nos diz o Salmo 46.7-11:

“O Senhor dos exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. Vinde contemplai as obras do Senhor, as desolações que tem feito na terra. Ele faz cessar as guerras até os confins da terra; quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo. Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra. O Senhor dos exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio”.

Cerca de trinta e dois mil homens se juntaram a Gideão. Ele estava pronto para a guerra, embora estivessem em menor número, era cerca de 4 inimigos para 1 israelita, mas ele estava motivado pelas promessas do Senhor. No entanto a fé é prática, fé que não é praticada não é fé.

Por isso que eu quero pensar com você sobre essa fé e como podemos aplicá-la em nossas vidas hoje. Quais as lições que podemos tirar desse episódio.

A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE A NOSSA FÉ SEMPRE SERÁ PROVADA (Jz 7.1-8).

Ao olharmos para os heróis da Bíblia sempre os encontraremos sendo provados em sua fé. Basta lermos Hebreus capítulo 11 que encontraremos os chamados “Heróis da Fé” ou “A Galeria dos Heróis da Fé”. Lá encontramos o nome de Gideão. Ele é citado com Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas (Hb 11.32-34). Como se dizia num antigo desenho animado da Hanna-Barbera chamado os Herculóides: “Todos fortes, todos valentes, todos heróis!”. No entanto, aqui não é uma história de ficção, mas uma dura realidade que Gideão e todo o Israel tinham que enfrentar. O inimigo era de carne e osso, mas tomados de uma malignidade ímpar.

Warren W. Wiersbe diz que “há pelo menos dois motivos pelos quais Deus prova a nossa fé: em primeiro lugar, a fim de mostrar se nossa fé é verdadeira ou se não passa de uma imitação e, em segundo lugar, a fim de fortalecer nossa fé para as tarefas que colocou diante de nós”.

É nesse momento de grande crise que a fé de Gideão foi posta a prova.

1º - Deus manda tirar os covardes (Jz 7.1-3). Se Gideão estava apreensivo e nervoso com um exército de 32 mil soldados, imagine agora com um exército de 10 mil? Em meio aquele exército havia 22 mil covardes. Estavam ali, mas seus corações estavam amedrontados, inquietos e tímidos.

Provavelmente quando iniciasse a luta muitos ali iria fugir. Não se pode contar com covardes, eles na hora H fogem ou paralisam, ficam inativos e se torna presa fácil para o inimigo. Se Gideão os levasse para a guerra seria uma carnificina e não uma vitória.

Isso ocorre hoje também. Há pessoas que paralisam diante da luta, diante de uma adversidade. Na hora do enfrentamento fogem. Eu conheço um rapaz que falava inglês fluentemente. Ele era excelente. Um dia surgiu a oportunidade de ele fazer um teste para dar aula em um excelente curso. Na hora marcada ele chegou e estava aguardando para ser chamado para o teste. Quando o chamaram, ele não estava lá; ele havia ido embora. E isso aconteceu em dois cursos. No segundo ele ia dar aula, quando ele foi para ser apresentado à turma ele havia ido embora mais uma vez.

O medo tem paralisado muita gente.

2º - Deus reduz os valentes (Jz 7.4-8). “Ainda há povo demais”, foram estas as palavras do Senhor para Gideão. Se Deus havia reduzido o exército tirando os cavardes, Ele agora reduz os valentes. Dez mil soldados ficaram, eram 13,5 inimigos para cada soldado israelita. Se antes já estava complicado, agora se tornara impossível, pois o Senhor mandou Gideão mandar para casa 9.700 soldados, ficando reduzido o exército para 300 soldados, ou seja, 450 soldados inimigos para cada soldado israelita.

Para isso o Senhor fez o teste no beber de água. Muitas vezes nós estamos sendo testados e não sabemos. Eu vi um vídeo uma vez que mostrou isso. Uma firma precisava de uma pessoa para datilografar documentos e pôs um anúncio no jornal; várias pessoas apareceram, mas somente um foi contratado, e o teste era o seguinte: enquanto eles aguardavam na sala de espera havia uma secretária com muito serviço para fazer, ou seja, ela tinha que datilografar vários documentos e não tinha como fazer tudo, pois estava sozinha. E havia outra mesa com um computador sem ninguém estar trabalhando nele. Era a vaga a ser preenchida. Dos vários candidatos que passaram por ali, só um se prontificou em ajudá-la enquanto aguardava ser chamado, os outros ficaram conversando, lendo alguma revista, mexendo no celular. Foi exatamente essa pessoa que foi contratada.

“Faça de toda ocasião uma grande ocasião, pois nunca se sabe quando alguém o está avaliando para algo mais elevado” – Marsden. 

No teste da água não devemos fazer especulações que o texto não nos dá. Mas penso que nesse teste havia algo que podemos concluir. Os trezentos que beberam água levando a água à boca (v. 6), eram homens atentos às coisas ao redor, àquilo que estava ocorrendo ali. Afinal estavam em guerra!

Queridos Deus quer nos usar e nos fazer vencedores, mas para isso devemos estar atentos ao que está acontecendo diante de nós. Há muitas pessoas que são e outras que estão alienadas do seu tempo, não sabem de nada, não querem saber de nada e tem raiva de quem sabe alguma coisa.

O apóstolo Paulo foi um dos apóstolos mais usados por Deus, pois ele era um dos mais bem preparados para ir para o mundo gentílico. Ele conhecia a língua, os costumes, as filosofias de sua época – veja o discurso no Areópago (At 17.16-34). Ele escrevendo aos Tessalonicenses disse: “Julgai todas as coisas, retende o que é bom” (1Ts 5.21). E escrevendo a Timóteo ele diz também: “Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15).

Observar tudo e reter o que é bom – isso se refere ao mundo secular. Manejar bem a Palavra da verdade – isso se refere ao mundo espiritual. Atento a tudo, mas firmado na Palavra do Senhor.  
     
3º - Deus reduz o exército para ninguém se vangloriar (Jz 7.2). Quando o Senhor mandou reduzir o exército, do ponto de vista tático isso não fazia nenhum sentido. No entanto, o Senhor queria mostrar para Gideão e para todo o Israel, e porque não dizer para nós também, que eles estavam prestes a ver o poder dEle sendo demonstrado; era hora de eles serem corajosos, não por serem por eles mesmos, mas porque o Senhor lutava a favor deles (cf. Js 23.10): “um só homem dentre vós persegue a mil, pois o Senhor vosso Deus é quem peleja por vós, como já vos disse”
 
As vitórias alcançadas pela fé glorificam a Deus, e não podem glorificar o homem. Viver pela fé é reconhecer as nossas fraquezas e limitações, mas confiados na vitória que provém do Senhor.

Muitos são os exemplos bíblicos de pessoas que depois de grandes vitórias abandonaram ao Senhor. Veja por exemplo o rei Uzias (2Cr 26.5,16).

“E buscou a Deus enquanto viveu Zacarias, que o instruiu no temor de Deus; e enquanto buscou ao Senhor, Deus o fez prosperar. Mas, quando ele se havia tornado poderoso, o seu coração se exaltou de modo que se corrompeu, e cometeu transgressões contra o Senhor, seu Deus; pois entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso”.

O orgulho tem sido a causa da ruína de muitas pessoas, veja Provérbios 16.18: “A soberba precede a destruição, e a altivez do espírito precede a queda”.

A SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O SENHOR SEMPRE RENOVA A NOSSA FÉ (Jz 7.9-15).

“Então disse o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam a água eu vos livrarei...” (Jz 7.7). Ainda assim, o medo de Gideão era palpável (Jz 7.10). Nós não somos diferentes de Gideão, muitas vezes nosso coração gela diante de uma adversidade, humanamente falando, impossível, mas é nessa hora que a misericórdia do Senhor mais uma vez nos alcança.

O Senhor ao ver que Gideão estava extremamente temeroso renova mais uma vez a sua fé.  

1º - Através de uma promessa (Jz 7.9). Entenda uma coisa, o crente não vive de sinais, o crente vive de promessas. E a promessa do Senhor não cai por terra, muito pelo contrário, o Senhor zela por cumprir a Sua Palavra, como Ele nos fala em Isaías 55.10,11:

“Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei”.  

2º - Através de mais um sinal (Jz 7.10-14). Talvez este seja um dos sinais mais estranhos que o Senhor pudesse dar a alguém, fazer com que o próprio inimigo sonhasse e tivesse a interpretação do sonho. Sendo que, o sonho era a sua derrota.

Um pão de cevadaem vez de pão de trigo – representa os fazendeiros pobres de Israel. Esse pão representava Gideão e seu exército, que apesar de serem pobres e fracos iam vencer o exército inimigo na força do Senhor. Na passagem de 1Rs 4.28, a cevada é retratada como alimento apropriado para os animais, e não para os seres humanos.  

Nas páginas da Bíblia, é comum encontrar Deus comunicando sua verdade por meio de sonhos. Vejamos alguns desses acontecimentos: Jacó (Gn 28, 31), José (Gn 37) – este sonhava e interpretava sonhos, Salomão (1Rs 3), Daniel (Dn 7) – este sonhava e interpretava sonhos e José marido de Maria (Mt 1.20,21; 2.13-22). Mas o Senhor também falou com incrédulos, como Abimeleque (Gn 20), Nabucodonosor (Dn 2, 4), os companheiros de prisão de José (Gn 40), com Faraó (Gn 41) e a mulher de Pilatos (Mt 27.19).

O que ocorreu com Gideão foi uma forma de renovar a sua fé; agora, por favor, não faça disso uma doutrina. Embora eu não duvide que o Senhor nos fale através de sonhos ainda hoje. Isto eu falo por experiência própria. No entanto, o que predomina hoje é o Senhor nos dando respostas através da Sua Palavra, a Bíblia Sagrada, e através da oração. E por meio da sensibilidade ao Espírito Santo somos guiados diante das circunstâncias da vida.  
  
A TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE SENHOR HONRARÁ A NOSSA FÉ (Jz 7.15-25).

Depois de ouvir sobre o sonho e perceber o pavor na voz do inimigo, Gideão teve mais um sinal dado por Deus, então voltou para a sua tropa convencido de que o Senhor lhes daria a vitória. Isso não significa que Gideão não tivesse ainda com medo, a fé o faz superar o medo e avançar para a vitória.  

Como nos fala o autor de Hebreus 11.6: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”.

Diante dessa promessa e desse renevo espiritual Gideão teve algumas atitudes:

1º - Ele adorou ao Senhor (Jz 7.15a). Diante da resposta de Deus pela própria boca do inimigo, Gideão adora ao Senhor. Ele adorou a Deus, pois recebeu pela fé a vitória. Antes de sermos guerreiros vitoriosos, precisamos nos tornar adoradores sinceros.

Adoração deve ser a primeira reação do homem espiritual. Vemos a mesma coisa na vida de Abraão quando foi oferecer seu filho em holocausto. Diz o texto que ele falou para os seus servos que ele e o rapaz iriam a adorar a Deus e depois voltariam (Gn 22.5). Abraão cria no milagre da ressurreição do filho (Hb 11.17-19).

É através da adoração que o nosso coração é tomado pela paz que excede todo entendimento e toda ansiedade se esvai. É no momento que adoramos ao Senhor que nos esquecemos de tudo ao redor e nos submetemos inteiramente a Ele. Quando adoramos reconhecemos a nossa pequenez e a total dependência do Senhor.

2º - Deus lhe deu estratégia para a batalha (Jz 7.15b-18). Deus nos dá vitória, isso é um fato, mas para isso devemos ter estratégia diante da peleja.

Aparentemente o plano era simples, porém foi muito eficaz. Na densa escuridão da noite, os 300 homens de Gideão, divididos em três companhias de 100 soldados cada, foram instruídos a pegarem trombetas (Cifres de carneiro – shofar) e tochas, escondendo-as em cântaros vazios, e posicionaram-se acima e ao redor do arraial dos midianitas.

Gideão disse para os seus soldados duas coisas importantes: “Olhai para mim e fazei como eu fizer”, e, “e direis: Pelo Senhor e por Gideão!” – isso significa que havia liderança e por quem lutar – havia um propósito. Sem liderança ninguém chaga a lugar algum e sem propósito definido a luta é em vão. 
   
O Senhor pegou um homem cheio de dúvidas como Gideão e fez dele um general estrategista.

3º - Deus lhe deu intrepidez para liderar seu exército (Jz 7.19-22). Sem unidade não há vitória. Todos deveriam fazer a mesma coisa, gritar ao mesmo tempo e agir segundo a ordem dada.

Vigília média – entre a primeira e a terceira, ou seja, a segunda vigília. Naquele tempo, a noite era dividida em três vigílias de quatro horas cada uma. Sendo que o ataque ocorreu no início da segunda vigília, ou seja, por volta das 22 horas.

Quando esse pequeno exército chegou, havia acabado de ter a troca dos guardas. Quando Gideão e o seu exército tocaram as trombetas e gritaram, quebrou-se o silêncio da noite escura com o barulho dos cântaros quebrando-se e as 300 tochas acessas, deu-se a ideia de que era um grande número de israelitas os atacando, quando na verdade não era ataque nenhum.

O Senhor interveio na luta – nesse momento o Senhor colocou uns contra os outros. Então, perceberam que a coisa mais segura era fugir. Assim, tomaram caminho das caravanas para o sudeste e foram perseguidos pelo exército israelita.

É o Senhor quem peleja por nós. De nós mesmos nada podemos fazer. Como nos diz o Salmo 124 (leia). É o Senhor quem nos livra, e só por isso que estamos aqui hoje.

4º - Deus lhe aumentou o exército (Jz 7.23-25). É evidente que trezentos homens não poderiam perseguir um exército de milhares de soldados inimigos, de modo que Gideão chamou mais voluntários. Isso nos mostra que devemos reconhecer a nossa dependência de outras pessoas. Sozinhos não venceremos, mas unidos somos mais que vencedores por meio aquele que nos amou (Rm 8.37).

Isso nos mostra mais uma vez que quando o Senhor intervém a vitória é certa, mas quando Ele não intervém por maior que seja o exército a derrota virá (cf. Js 7.1-5).

Warren W. Wiersbe diz que “quando a igreja começa a depender da “grandiosidade” – grandes construções, grandes multidões, grandes orçamentos –, passa a depositar sua fé no lugar errado, e Deus não pode dar a sua bênção”.  

CONCLUSÃO

Quero terminar esta mensagem contando uma história de um milagre.

No dia 24 de maio de 1940, cerca de 400 mil soldados das tropas aliadas ficaram retidos na costa da França, no mar do Norte, num local próximo ao porto de DUNQUERQUE. Sem enfrentar nenhuma dificuldade, os tanques de Hitler tinham avançado e estava somente a quinze quilômetros de distância. Não havia possibilidade de escapar por terra. A situação era desanimadora. Numa questão de horas britânicos e franceses morreriam ou acabariam como prisioneiros de guerra. Precisavam desesperadamente de um resgate, mas quem e de que maneira?

Até o sempre otimista Winston Churchill considerava que a força naval inglesa poderia resgatar somente cerca de 30 mil soldados aliados em retirada. Os líderes das forças armadas estavam mais otimistas, achavam que poderiam salvar cerca de 45 mil soldados utilizando 129 embarcações de diversos tipos à disposição. O que eles não haviam percebido era que os cidadãos britânicos não estavam dispostos a abandonar seus filhos exaustos e feridos sem lutar.

De maneira informal e verbal, sem qualquer anúncio público, uma imensa armada de embarcações civis e militares se reuniu para trazer de volta os rapazes britânicos. Seis dias apenas depois do início da crise em Dunquerque, o observador de um destróier britânico viu no horizonte, aproximando-se de Dover, “uma enorme quantidade de pontos que enchiam o mar”. Aqueles pontos eram barcos. “Aqui e ali haviam alguns grandes barcos a vapor como a barca de transporte de automóveis, mas a maioria era composta de pequenos de todo tipo: barcos com um mastro apenas, barcos de pesca, de excursão, iates reluzentes, velhos barcos a motor, lanchas, rebocadores, barcaças enormes do rio Tâmisa, navios de cruzeiro, dragas, traineiras, chatas enferrujadas...” Esta marinha desorganizada saiu ao mar para resgatar milhares de soldados britânicos e, mais tarde, também franceses.

Este episódio não era brincadeira de criança para aqueles que estavam empenhados no resgate. Os barcos pequenos corriam o risco de soçobrar, as forças alemãs de artilharia, apoiadas por aviões e navios, tentavam afundar o maior número possível deles. Muitos voluntários trabalharam até a exaustão, como os dois civis que passaram 17 horas remando sem parar, levando as topas das praias de Dunquerque até os navios de resgate em mar aberto.

Não demorou muito e os que permaneceram em suas casas também deram apoio com alegria. Quando as tropas desceram dos barcos nas costas da Inglaterra, os civis correram até eles com sanduiches e chocolate. Um senhor comprou todas as meias e roupas de baixo de sua cidade e as entregou a soldados agradecidos...

Na noite de 4 de junho de 1940, duas semanas depois do início da crise foi completada a evacuação. No final da empreitada, contaram-se 861 “navios” na esquadra que evacuou cerca de 338 mil soldados.  

Pense nisso!