terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

NINGUÉM EXPLICA DEUS


Por Cláudia Castor

“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém”. (Rm 11.33-36)

Mesmo faltando palavras para descrever Deus em toda a sua essência, o apóstolo Paulo tenta descrever algo sobre Deus que se torna um texto clássico da Bíblia. Em primeiro lugar Paulo deixa claro que a mente finita do ser humano é incapaz de conhecer Deus em sua totalidade. Mas a Bíblia também nos fala que um dia esta finitude irá acabar quando estivermos na glória e veremos a Deus como realmente ele é (1Jo 3.2).

1 – A Profundidade das riquezas. Em Rm 2.4, 9.23 Paulo cita alguns aspectos destas riquezas: bondade, tolerância, longanimidade, misericórdia. Porém em Romanos 10.12,13 está o fechamento da total riqueza do nosso Deus: a salvação. Só a salvação em Cristo Jesus enriquece o homem de forma completa, eterna e verdadeira, tudo o mais é passageiro e ficará nesta terra.

2 – A inescrutável sabedoria de Deus – A sabedoria é o uso correto do conhecimento. Todo conhecimento pertence a Deus e é usado para o cumprimento de seus santos propósitos. Sua sabedoria planejou a salvação e a riqueza a concedeu.

3 – O conhecimento de Deus – A Bíblia nos mostra que Deus é Onisciente: conhece todas as coisas e nele está a pré-ciência. Com nossa mente finita conseguimos olhar de frente para trás, ou seja, do presente para o passado. Deus olha do futuro para o presente e para o passado, Ele conhece tudo com antecedência. Nada lhe foge do conhecimento. Daí tantas vezes a Bíblia nos alertar a descansarmos nele, não andarmos ansiosos. Deus já nos conhece e conhece a nossa história. Todo crente fiel pode descansar em Deus, pois ele tudo sabe e seu conhecimento aliado à sua sabedoria usará tudo sobre nós para cumprir em nós seus santos propósitos.

4 – Insondáveis juízos – Estamos vivendo uma crise no judiciário brasileiro. O que é justo e ajuizado já está em crise nos tribunais humanos de maior instância. Porém, em Deus, não há nenhuma sombra de variação (Tg 1.17). Sua justiça e juízo continuam intactos. Ainda que a justiça humana seja falha, o homem não escapa da justiça divina.

5 – Inescrutáveis seus caminhos – A palavra inescrutável significa impossível, incompreensível à mente humana. O fato de não compreendermos Deus ou seu modo de agir não nos dá o direito de questioná-lo ou sugerir-lhe melhores caminhos. Por vezes ouço servos tentando dizer a Deus como ele deveria agir, levar determinada situação. Como um ser finito, com conhecimento e sabedoria finitas pode tentar dizer a este Deus por onde ir e como ir? É o cego tomando o comando da trilha. A soberba do homem o leva ao campo do ridículo. Eu determino, eu ordeno, se não acontecer... Oh profundidade da ignorância e da pobreza humana. Deixemos Deus agir em nossas vidas, cumprir seus santos propósitos e sermos levados por ele da forma, hora e modo que ele quiser. Os caminhos do Senhor são perfeitos, o fato de não entendê-los não tira deles a sua perfeição.

6 – Conhecer a mente de Deus – O próprio ser humano não conhece todo o potencial de sua mente finita; como poderíamos então entender e conhecer a mente infinita de Deus? Nossa incompreensibilidade de Deus deve nos levar a aceitação dele e nunca a dúvida e falta de fé. O que não conheço, com certeza Deus conhece, tem um propósito e tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus e andam segundo o seu propósito.  
      
O que Deus não revelou nos é no momento incompreensível. É como dar um livro de Shakespeare a uma criança recém alfabetizada e esperar que ela entenda e aprecie a obra. Certamente, ainda que apresentada, não entenderá e não gostará. Muitos andam desgostosos de Deus por não o entender. Deus deve ser aceito e não entendido em sua mente inapreensível. A fé nos faz entender e ter intimidade com Deus e isto basta.

7 – Seu conselho – Quem poderia dar conselho a um Deus, depois de tudo que o apóstolo Paulo expôs? Mas infelizmente estamos vendo cada vez mais pessoas dizendo a Deus como agir, fazer, a que horas, de que modo. E não é só conselho, são ordens. Depois de lermos o que Paulo escreveu aqui em Romanos 11.33-36, depois de lermos como Paulo descreve a sabedoria de Deus, como podemos pensar em dar conselhos a Deus? Depois de ler tudo o que Paulo descreve o sentimento é de total impotência e de total dependência dele.

8 – Quem primeiro deu? – A salvação é gratuita. Não damos nada. Tudo já foi pago na cruz do Calvário. Nem fui eu quem escolheu a Deus, mas foi ele quem me escolheu! Estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Morto fala, anda, escolhe, dá algo a alguém? Não! Tudo parte de Deus, nossa salvação vem dele. Foi dele a iniciativa de se reconciliar com o homem através de Jesus Cristo na cruz do Calvário. Ele é o princípio e o fim, o primeiro e o último. “O que daremos a Deus pelos grandes benefícios que nos tem feito?” (Sl 116.12), resume bem a nossa incapacidade de dar algo a Deus. Nada nos é possível dar porque tudo em Deus é através de sua misericórdia e graça.

E o verso 36 deste capítulo resume as quatro verdades excelentes de Deus:

Porque dele – ele é a origem de tudo. Todas as coisas são de Deus, ele é o autor de tudo, sua vontade é a origem de toda existência. 

Por meio dele – Ele é o sustentador de tudo. Todas as coisas continuam a existir por intermédio dele. Na passagem que diz: “Louco! Esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12.20), é o exemplo claro do Deus sustentador.

Para ele – Deus é o herdeiro de tudo. Deus é a fonte, o meio e o fim. Tudo deve ser para sua glória. Por que se vangloriar de coisas passageiras e que não são para ele? Não passam de palha. Tudo o que realmente tem valor é para Deus. Nossa adoração é para ele e só dele, todas as coisas tendem à sua glória como seu objetivo final.

A ele pois – Deus é o alvo de tudo. Porque tudo vem dele, através dele e para ele é que a glória só pode pertencer a ele. A ele não somente devemos tributar toda a glória, mas para ele redundará toda a glória. Soli Deo Gloria!

Todo joelho dobrará, toda língua confessará ao seu tempo que só o Senhor é Deus! Aceite-o antes deste grande e terrível dia.

Que Deus nos abençoe!