quinta-feira, 15 de agosto de 2019

UMA TÃO GRANDE SALVAÇÃO (João 3.16)



Por Pr. Silas Figueira

Texto base: João 3.16 – “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

INTRODUÇÃO

Jesus está conversando com Nicodemos à noite e esta conversa gira em torno da salvação do homem – particularmente do próprio Nicodemos, que por ser fariseu e muito zeloso pela Lei achava que estava salvo. O Senhor começa dizendo que se Nicodemos não nascesse de novo não poderia, nem ver e nem entrar no Reino de Deus (Jo 3.3,5). Que a salvação não é meritória, mas mediante a graça de Deus.

Para entendermos João 3.16, nós precisamos entender o seu contexto. Antes de Jesus falar para Nicodemos a respeito de como a salvação é alcançada, o Senhor lhe mostra o real sentido da serpente de bronze que Moisés levantou.

No versículo 14 o Senhor fala a respeito da serpente de bronze que foi levantada por Moisés (Nm 21.4-9) para ilustrar como acontece a regeneração (nascer de novo). Nesse episódio o povo começou a falar mal de Deus e de Moisés, dizendo: “Por que vocês não nos tiraram do Egito para morrermos no deserto? Não há pão! Não há água! E nós detestamos esta comida miserável!”. (Nm 21.5 – NVI). Devido a isso, o Senhor envia serpentes venenosas que morderam o povo. Quando as pessoas começaram a morrer, Moisés intercede pelo povo. O Senhor, em resposta, instrui Moisés a fazer uma serpente de bronze e colocá-la em um poste (haste) para que aqueles que fossem picados por alguma serpente, pudessem olhar para ela. Quando a pessoa que fosse picado pela serpente olhasse para esta serpente de bronze o veneno perderia a sua eficácia.

O ponto de conexão mais profundo entre a serpente de bronze e Jesus estava no ato dele ser levantado. O verbo “levantar” possui duplo sentido: ser crucificado (Jo 8.28, 12.32-34) e ser glorificado e exaltado (Jo 12.23,24). Olhando para Jesus, todas as pessoas são salvas da morte eterna, da separação de Deus e do tormento eterno ao contemplar com os olhos espirituais a pessoa de Jesus, levantado na cruz.

A humanidade, como aqueles israelitas do passado, foi mordida por uma serpente, mas o veneno mortal que ela lhe instalou nas veias é o veneno do pecado, pois o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Mas o Pai providenciou um remédio na Pessoa de seu Filho; na crucificação vemos o aniquilamento do pecado. Essa salvação que o Senhor Jesus veio proporcionar ao homem perdido é chamado de “novo nascimento”. Como vemos em João 3.15, o Senhor falando para Nicodemos: “para que todo que nele crê tenha a vida eterna”. A vida eterna aqui é a própria vida de Deus que está no Verbo eterno (A vida estava nele – Jo 1.4), e por Ele a vida eterna é transmitida a todos os crentes.

Crer no Filho de Deus é semelhante a olhar para a serpente de bronze. Aqueles que foram amados por Deus e creem no seu Filho, em vez de condenação, recebem a vida eterna. Assim como Deus usou de misericórdia com os israelitas que fitaram a serpente, da mesma forma o Senhor tem usado de misericórdia para com o homem pecador que olha para Jesus. E através desse olhar o homem tem alcançado a salvação de sua alma.

A forma como o Pai nos deu está salvação está descrita em João 3.16, onde o Senhor Jesus fala para Nicodemos como isso ocorreu. Vamos analisar esse texto que nos fala de forma maravilhosa esse ato de Deus por nós.

1 – A SALVAÇÃO PROCEDE DO GRANDE AMOR DE DEUS (Jo 3.16 a).

Porque Deus amou o mundo de tal maneira...”

Esse texto é tão sublime e tão profundo que Lutero o chamou de “miniatura do evangelho”.

Jesus deixa claro para Nicodemos que a nossa salvação procede do amor do Pai por nós. Foi porque Deus amou que fomos salvos, foi porque ele é misericordioso que fomos alcançados.

Para os judeus o Senhor só amava os filhos de Israel; aqui, porém, o amor de Deus não se restringe a uma raça. João já havia falado sobre isso em João 1.11-13. O amor de Deus ao mundo não é porque o mundo é bom, mas porque o mundo é mau. O mundo é tão ímpio que João em sua primeira carta proíbe os cristãos de amá-lo ou de amar qualquer coisa do mundo (1Jo 2.15-17). Em outras palavras, o homem caído é mal e o sistema em que ele está inserido também é mal.

A palavra “amor” no grego, nesse texto, é agape, que é um amor sacrificial.

Jesus cita qual é a fonte desse amor, Ele fala para Nicodemos que fonte é o próprio Deus. Jesus deixa claro para Nicodemos que a nossa salvação não procede dos nossos atos (Ef 2.8,9) e muito menos da nossa escolha por Ele (Rm 3.10-26). Essa escolha procedeu do Pai. O amor de Deus é um ato livre de Sua vontade, não uma emoção produzida nEle por nosso estado miserável e muito menos por nossos atos de “bondade”. Esse amor é dirigido particularmente aos crentes (Rm 9.18).

Devemos entender que o amor de Deus por nós é eterno e incondicional. A Bíblia nos fala que o Senhor nos elegeu nEle antes da fundação do mundo (Ef 1.4). Ele nos amou quando ainda éramos inimigos da cruz (Rm 5.10). Por isso que não há nada que possamos fazer para Deus nos amar mais, nem há nada que possamos fazer para Ele nos amar menos. Ele ama porque isso é de sua natureza (1Jo 4.8). A causa do amor de Deus não está em mim e nem em você, está no próprio Deus.

Conta-se a história de um médico que se formou e foi atuar numa cidade muito pobre. Montou seu consultório e atendia a todos com alegria. O que muitos não sabiam é que ao se deparar com a miséria da grande maioria da população, não cobrava nada. Eram tão pobres que se compadecia, atendia e depois pegava a ficha e escrevia: “Muito pobre. Dívida paga”. Os anos foram se passando, as fichas aumentando. Até que um dia o médico veio a falecer. A viúva, olhando seu consultório, observando as fichas, indignada, procura a justiça e pede indenização pelos serviços prestados e não recebidos. Quase toda a cidade foi acionada. Ao analisar as fichas o juiz pergunta se a viúva reconhecia a letra que escreveu: “Muito pobre. Dívida paga”. Imediatamente responde que sim. Que era de seu falecido marido. O juiz então decreta a sentença. Minha senhora, o próprio autor do serviço os liberou do pagamento. Eles têm a garantia dele para não pagar.

Assim somos nós. Você sabia que tivemos uma dívida perdoada por quem um dia tratou de nós? João 3.16 nos mostra que por amor essa dívida foi cravada na cruz. A nossa dívida era impagável, mas o Senhor a perdoou através do sacrifício de Jesus na cruz.

Segunda coisa que devemos entender que esse amor de Deus se estende a todas as pessoas. A palavra “mundo” em grego é kosmos, essa palavra na Bíblia tem muitos sentidos, mas nesse texto nos fala da humanidade. Jesus morreu na cruz para salvar o homem perdido (Lc 19.10). Esse amor se estende a todos os povos, raças, tribos e nações (Ap 7.9), e não somente aos judeus como pensava Nicodemos.

O comprimento, a largura, a altura e a profundidade do amor de Deus procede desde Adão e vai até o último homem. Por isso que o apóstolo Paulo ora para que esse amor seja compreendido pela igreja de Éfeso. Como está escrito:

Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” (Ef 3.17-20).

A terceira coisa que devemos entender é a intensidade desse amor – de tal maneira. Deus ama o mundo tão intensamente, tão incompreensivelmente, tão profunda e poderosamente que a expressão “de tal maneira” só pode ser compreendida à luz do verso 14 que diz: assim importa que o Filho do Homem seja levantado”. É um amor que não podemos entender a sua dimensão, a nossa mente finita não alcança tal entendimento para compreender esse amor. Ele amou a mim e a você desde a eternidade passada e planejou o meio para nos salvar. Apesar de tudo que éramos em relação a Ele, Ele não desistiu de nos amar.

Há alguns estudiosos que dizem que o termo traduzido por “tanto, de tal” não é um advérbio de intensidade, mas de modo (desse modo); o tempo dos verbos gregos reforça essa leitura: “É assim que Deus amou o mundo: ele deu seu Filho”.

Não importa se “tanto” é um advérbio de intensidade ou de modo, a prova do amor de Deus por nós está centrada em seu amor por nós.

2 – A SALVAÇÃO PROCEDE DE UMA GRANDE DÁDIVA DE DEUS (Jo 3.16b).

...que deu seu Filho unigênito...”

Essa dádiva de Deus implicava na encarnação e morte na cruz de Seu Filho. O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos diz: “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). A nossa salvação sempre partiu do amor de Deus por nós. A prova desse amor está manifesta naquilo que Ele deu para nos salvar. Ele deu o próprio Filho. Filho Unigênito. Mais uma vez citando Paulo ele nos diz: “Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm 5.6).

Há um paralelo entre Deus e Abraão e entre Jesus e Isaque. Vemos que o Senhor em Gênesis 22 põe Abraão à prova. O Senhor pede seu filho Isaque em sacrifício em um dos montes que o Senhor lhe mostraria. Abraão não questionou a Deus, mas foi até o fim nesse propósito. Da mesma forma o Pai ofereceu seu Filho Jesus em sacrifício por nós na cruz, mas diferente de Isaque que não foi sacrificado, o nosso Senhor e Salvador Jesus foi pendurado na cruz, pagando um alto preço pelas nossas vidas.

O Filho de Deus esteve entre nós na forma de servo (Fl 2.7; Jo 6.38). Deus enviou Seu Filho para o exílio entre nós. Ele veio para o que era seu, mas os seus não o receberam (Jo 1.11). Os homens o rejeitaram, mas mesmo sabendo que isso ocorreria, Ele foi enviado para estar entre nós.

Entenda uma coisa, Deus não nos amou porque Cristo morreu por nós; Cristo morreu por nós porque Deus nos amou. O amor de Deus é a causa; a cruz é a consequência. O Pai não poupou seu próprio Filho (Rm 8.32).

Como nos diz Isaías: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu” (Is 9.6a). O menino Jesus nasceu, mas o Filho foi dado. Esse Filho era o unigênito do Pai. A palavra “unigênito” é monogenes em grego. A ideia que nos dá aqui é que Jesus é o único do seu tipo. Como nos fala João em sua primeira carta:

Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo 4.9,10).

Essa grande dádiva ultrapassa a compreensão humana, pois mesmo sabendo de tudo que seu Filho passaria nas mãos dos homens, Ele não retrocedeu. Mesmo o vendo transpassado, escarnecido, ferido, o Senhor não poupou seu próprio Filho, mas, pelo contrário, o entregou por nós (Rm 8.32).

3 – A SALVAÇÃO PROCEDE DE UMA GRANDE OPORTUNIDADE (Jo 3.16c).

...para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

A coisa mais extraordinária sobre a fé é que ela nos livra da destruição eterna (Calvino).

No dia 6 de janeiro de 1850, uma tempestade de neve praticamente paralisou a cidade de Colchester, na Inglaterra, e um rapaz não conseguiu chegar à igreja que costumava frequentar. Assim, se dirigiu a uma capela metodista muito simples perto de sua casa, onde um leigo despreparado substituía o pastor que não havia aparecido. O texto de sua mensagem era Isaías 45.22: “Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra”. Fazia meses que esse rapaz estava infeliz, e seu coração pesava por causa de seus pecados; mas, apesar de ter crescido dentro da igreja (tanto seu pai quanto eu avô eram pastores), não tinha certeza da salvação.

O pregador improvisado não tinha muito que dizer, de modo que continuou repetindo o texto. “Não é preciso fazer uma faculdade para ser capaz de olhar”, gritava. “Qualquer um pode olhar, uma criança pode olhar”. Foi então que o pregador olhando para o jovem visitante ali sentado, apontou para ele e disse: “Meu rapaz, você parece extremamente infeliz. Olhe para Jesus”.

O rapaz olhou para Jesus pela fé, e foi assim que o grande pregador, Charles Haddon Spurgeon, se converteu.

Spurgeon não deixou passar essa oportunidade, no entanto, muitos tem deixado ela passar, como foi o caso do jovem rico (Mc 10.17-22), que confiou em sua religiosidade e nos seus bens e não seguiu a Cristo.

A palavra “fé” em grego é pisteuo, aparece 98 vezes no evangelho de João – várias vezes por capítulo. Esse termo pisteuo significa “reconhecer a verdade como verdade”. Crer em Cristo é aceitar que Ele diz a verdade.

Segundo, pisteuo significa “acreditar em, depositar a confiança em, estar persuadido de” algo ou alguém. Quando digo que creio em Jesus Cristo, declaro que confio nele, apoio-me nele, ponho minha completa confiança nele.

A fé em Cristo é uma grande oportunidade:

Primeiro, de crer na verdade do evangelho. É crer que o alto preço que Jesus pagou na cruz por mim é o suficiente para minha salvação.

Segundo, de se apropriar da verdade do evangelho. Não basta conhecer a verdade por conhecimento apenas. Existem muitas pessoas que acreditam no evangelho, mas não querem nenhum compromisso com o Senhor. Esse tipo de fé mantém a pessoa na morte eterna. Crer é confessar que Jesus Cristo é o Senhor e se entregar a Ele.

Terceiro, de descansar nessa fé. É estar firmado e confiante de que essa fé em Jesus nos dá a vida eterna. Que o nosso nome consta no livro da vida (Ap 21.27).

Através da fé em Jesus nós temos um grande livramento (...não pereça...). A fé em Jesus nos dá vida eterna, mas quem não tem o Filho já está condenado para a morte eterna (Jo 3.18). Como disse Calvino: a coisa mais extraordinária sobre a fé é que ela nos livra da destruição eterna.

A palavra “perecer” em grego é apollumi, “destruir, colocar um fim à ruina”. A fé (confiança) no Filho de Deus salva o cristão da penalidade a que o pecado faz jus.

Ter a vida eterna é a consequência da fé em Cristo Jesus, nosso salvador. Mas esta vida não começa no céu quando nós morrermos, essa vida começa no momento que recebemos Jesus como nosso salvador pessoal. Para o crente em Jesus a vida em Cristo tem gosto de vida, ainda que estejamos passando por lutas e adversidades.

Jesus revela a verdadeira natureza de Deus. Ele anseia ver sua criação salva da justa pena, resultante do pecado, desfrutando do gozo eterno em sua presença. Por isso o Pai envia ao mundo o Filho para que o mundo seja salvo por ele (Jo 3.17).

CONCLUSÃO

João 3.16 é o resumo de toda a Bíblia. Nesses versos nós encontramos o amor de Deus se revelando na pessoa do Filho. Mostrando que o mundo está perdido, mas que a fé no nosso salvador nos garante a vida eterna.

Jesus mostra para Nicodemos que a salvação não procede das obras da lei, mas nos foi dada mediante a graça de Deus. Que esta salvação vem até nós quando depositamos a nossa fé no Salvador Jesus. Nicodemos veio a Cristo perdido, confiado que estava salvo por seus próprios méritos, mas o Senhor lhe mostrou que o Pai providenciou um meio seguro para a nossa salvação: nos deu o seu próprio Filho para morrer em nosso lugar. Por isso que mediante a fé em Jesus somos justificados. Meu amigo, me responda, em quem você está confiado para a sua salvação?

Bibliografia:

1 – Boor, Werner de. Evangelho de João I. Comentário Esperança. Editora Evangélica Esperança.
2 – Bruce, F. F. João, Introdução e Comentário. Mundo Cristão e Edições Vida Nova.
3 – Calvino, João. Evangelho Segundo João. Vol. 1. Editora Fiel.
4 – Champlin, R. N. Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo. Vol. 2. Editora e Distribuidora Candeia.
5 – Lopes, Hernandes Dias. João, as glórias do Filho de Deus. Comentários Expositivos Hagnos. Editora Hagnos.
6 – Keener, Graig S. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia, Novo Testamento. Edições Vida Nova.
7 – Wiersbe, Warren W. Novo Testamento 1. Vol. 5. Comentário Expositivo. Editora Geográfica.


sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Pare de Comer Doces Espirituais


Por Amy Gannett

Eu sempre gostei muito de doces. Amo sobremesas de todos os tipos — especialmente de sorvete. Coisas doces são agradáveis e às vezes reconfortantes. E desde que estou sempre tendo vontade de doces? Bem, eles sempre parecem ser a solução.

Mas nos últimos anos tive que fortalecer meu sistema imunológico, o que significou reduzir drasticamente o consumo de açúcar. E é engraçado o que aconteceu.

Primeiro, percebi que o açúcar está em absolutamente tudo. Eu não tinha ideia de quantas coisas eu comia — coisas que eu achava que eram boas e nutritivas para mim — que estavam cheias de açúcar e corroíam lentamente minha saúde em geral. Aprender isto me deixou ainda mais agradecida pela segunda coisa que notei: quanto menos açúcar eu comia, menos eu desejava comer.

Mas meu desejo por doce não abrange apenas os meus desejos físicos. Isso respinga em minha vida espiritual também. Em tempos de luta espiritual, tenho me voltado para frases doces aparentemente verdadeiras, para acalmar meus desejos espirituais.

Apoiei-me em citações, dignas do Pinterest, sobre como eu sou uma vencedora que pode fazer qualquer coisa. Em tempos de seca espiritual, escutei os influenciadores das mídias sociais dizendo que eu já tinha tudo do que necessito dentro de mim. E em tempos de caos, valorizei palavras bem intencionadas de amigos relembrando-me de que já sou mais forte do que poderia acreditar.

Em tempos em que senti que estava sendo esticada ao máximo, procurei por doces: pequenos lembretes deliciosos de como sou capaz, de como sou invencível, do quanto posso realizar. Eles são agradáveis e reconfortantes. E desde quando estou sempre desejando os doces? Bem, eles sempre parecem ser a solução.

Mas esses mantras saborosos não estão me transmitindo a verdade inteira.

Doces Substitutos da Verdade

Eu não estou sozinha. Os cristãos frequentemente trocam as verdades nutritivas da Palavra de Deus por substitutos “mais doces”. Particularmente, quando a vida nos desgasta, podemos nos apoiar em meias-verdades sobre nossa própria resiliência, em vez de nos lembrarmos da soberania e suficiência de Deus.

Quando eu comecei a reduzir o açúcar, pensei que não seria capaz de fazer isso. Sentia desejo por açúcar constantemente. Uma amiga enfermeira explicou o que estava acontecendo no meu corpo. Ela me disse que o açúcar mente, dizendo aos nossos corpos que temos mais energia do que realmente temos, fazendo-nos sentir como se tivéssemos comido algo mais substancial do que realmente comemos. E, lentamente, o açúcar pode nos transformar em viciados, sempre procurando aquele agrado tranquilizante para nos levar ao próximo desejo.

O mesmo pode ser dito dos substitutos espirituais dos quais tenho me alimentado. Tal como o açúcar, essas citações motivacionais mentem para mim.

Elas me dizem que eu sou forte, mas não fazem nada para me lembrar da verdadeira força de Deus (Is 41.10). Elas me dizem que sou capaz, mas deixam de dizer que Deus é a fonte de todas as coisas (Tg 1.17). Elas me dizem que eu sou suficiente, mas deixam de lembrar-me que Ele é o eterno “EU SOU” (Ex 3.14). Elas me dizem que posso fazer mais do que realmente posso. Elas me convencem a pensar que oferecem alimento duradouro, apenas para me deixar exausta, derrotada e procurando a minha próxima dose.

Aprenda a Desejar a Verdade

Cortar o açúcar da minha dieta ensinou (e reensinou) meu corpo a desejar a verdadeira nutrição. Por meio de pequenas escolhas diárias, estou treinando meu corpo para ficar satisfeito com folhas verdes da horta de minha amiga e a desejar a acidez de um tomate amadurecido naturalmente. E felizmente, quanto mais eu me alimento da verdadeira nutrição, mais eu anseio pelas coisas boas.

Desmamar da espiritualidade pobre em nutrientes é um trabalho árduo, mas à medida que fazemos a escolha diária de nos deleitar no caráter imutável de Deus, nós nos ensinamos a desejar aquilo que realmente satisfará. Quando nos sentimos fracos e optamos por nos banquetearmos na Palavra, somos transformados em pessoas que buscam a obra de Deus em nossa fraqueza e que confiam no Seu Espírito em nosso querer.

Portanto, vamos decidir nos alimentar de uma fonte mais sustentadora. Vamos parar de nos alimentar de lixo espiritual que não nos nutre. Vamos parar de dizer a nós mesmos que somos fortes o suficiente, corajosos e bons o suficiente para fazer o que nós, em nossas limitações humanas, não podemos fazer. Vamos abraçar a realidade de quem somos e quem nosso Deus é. Somos consistentemente fracos; Deus é quem deve aparecer e se fazer visto.

E, ao fazer isso, encontraremos o que encontrei com o açúcar: o disparate do doce está em absolutamente tudo. Mas à medida que aprendemos a identificá-lo e eliminá-lo, desejaremo-lo muito menos. Ao nos lembrarmos das verdades do caráter de Deus, começaremos a desejar as ricas verdades da Palavra de Deus. E à medida que nos alimentamos desse pão diário, ensinaremo-nos a desejar o que eternamente satisfaz — o Pão da Vida em si.

Traduzido por Raul Flores