domingo, 28 de julho de 2019

Não sonhe os sonhos de Deus


Por Maurício Zágari

Quando dizemos que temos um sonho, isso significa que temos um desejo no coração que esperamos que se realize, apesar de não haver nenhuma certeza de que ele ocorrerá. É como quando eu digo “Meu sonho é viajar para a Lua”. Quando expresso isso, significa que viajar para a Lua é algo que eu gostaria muito de fazer, porém não tenho nenhuma segurança de que conseguirei algum dia. Há o desejo; não há a garantia. Nesse sentido, sonhar com algo está no campo da fé e não da razão. É uma expectativa, uma possibilidade, e não uma certeza. No sonho só cabem probabilidades. 

Se dizemos que Deus tem um sonho, isso o esvazia de toda onisciência e onipotência. O deus que sonha não tem certeza do futuro, mas transita no campo da expectativa. O deus que sonha não é Deus, pois não tem segurança do futuro, não é soberano sobre o que vai acontecer, apenas cruza os dedos e fica na torcida. O deus que sonha é um deus sem glória. O Deus da Bíblia, por sua vez, é o Deus que tudo pode e cujos planos não podem ser frustrados (Jó 42.2). 

Deus sabe tudo o que vai ocorrer desde a fundação do mundo. O futuro para ele é tão presente quanto o passado, pois ele habita fora do tempo. Portanto, não, Deus não tem sonhos. Tem planos de ação. Ele já sabe o que vai fazer. Se acordo de manhã e digo “Vou escovar os dentes”, isso não é um sonho meu, é algo que sei que ocorrerá, pois estou me levantando da cama para realizar. 

Portanto, a expressão “Sonhe os sonhos de Deus” é antibíblica. É uma expressão que esvazia Deus de seu poder, o destitui de seu trono e faz dele alguém que sabe tão pouco sobre o futuro e tem a mesma possibilidade de influenciá-lo quanto nós, seres criados. O deus cujos sonhos preciso sonhar é um ídolo, um bezerro de ouro. 

Meu irmão, minha irmã, não ore ao Senhor pedindo que os sonhos dele se realizem em sua vida. Isso não vai acontecer. Pois é o mesmo que pedir que ele não realize nada em sua vida, visto que ele não tem sonhos. Ore pedindo-lhe que cumpra sua santa vontade, a mesma que guia os passos do mundo desde tempos imemoriais. Ao fazer isso, ore com a certeza de que o Deus todo-poderoso estará agindo para realizar aquilo que se encaixa no perfeito mecanismo que ele criou e conduz da caminhada da humanidade debaixo de seu absoluto poder.

Fonte: Apenas

quinta-feira, 11 de julho de 2019

DÍZIMOS E OFERTAS HOJE



Por Pr. Silas Figueira

INTRODUÇÃO

Texto base: Malaquias 3.6-12

O livro do profeta Malaquias foi escrito num período de grande crise espiritual em Israel. O povo havia voltado do cativeiro babilônico, no entanto, eles ainda não haviam aprendido nada com este cativeiro. Apesar de o Senhor ter colocado à frente deles líderes como Zorobabel, Esdras e Neemias e ter levantado profetas para motivá-los, o povo e os seus líderes continuavam em total descaso para com Deus e o culto que lhe era devido. Os tempos mudaram, mas o coração do povo não.

Sabemos que Malaquias foi um profeta pós-exílio e muitos o colocam num período entre a ausência de Neemias (doze anos), ou até mesmo depois de Neemias, tendo em vista que ele trata dos mesmos problemas que Neemias enfrentou quando ao seu retorno da Pérsia: sacerdócio corrompido, retenção dos dízimos e casamento misto.

Apesar de o templo estar reconstruído, o culto, entretanto, estava sendo oferecido com total desleixo. Havia frieza espiritual por parte do povo e, pior, dos sacerdotes. Estes eram somente profissionais no seu ofício e o povo somente religiosos. Infelizmente, nada diferente dos dias de hoje.

Warren W. Wiersbe conta uma história a respeito de uma senhora que havia repreendido o seu pastor por fazer uma série se sermões sobre “Os pecados dos santos”.
- Afinal – argumentou ela –, os pecados dos cristãos são diferentes dos pecados de outras pessoas.
-Sem dúvida – disse o pastor. - São piores.

São piores porque, quando os cristãos pecam, não apenas transgridem a lei de Deus, mas também entristecem o coração do Senhor [1].

O livro de Malaquias descreve alguns pecados que são comuns nos dias de hoje e que tem sido negligenciado por muitos cristãos: casamentos mistos com pagãos, a contaminação do sacerdócio, opressão dos pobres, descaso para com a religião (religiosidade morta), e por fim a negligência para com os dízimos e as ofertas.

De todos os pecados citados por Malaquias somente os dízimos, principalmente estes, são os mais questionados nos dias de hoje. Para muitos essa exigência ficou no Antigo Testamento, hoje, segundo eles, estamos debaixo da graça e isso não é mais necessário. Não há mais sacerdócio hoje e muito menos templo como havia antigamente. O Novo Testamento não fala sobre esse assunto. Enfim, não faltam argumentos para não se entregar o dízimo.

Mas é sobre este assunto que eu quero tratar com você. Vamos analisar o que a Bíblia tem a nos falar sobre esse assunto tão polêmico em nossos dias.

Antes de entrarmos propriamente no assunto “dízimo”, é necessário entendermos o que estava se passando naquela época e que é um reflexo da igreja atual.

Quais a lições que aprendemos aqui:

1 – EM PRIMEIRO LUGAR, DEVEMOS ENTENDER QUE DEUS É IMUTÁVEL (Ml 3.6).

A imutabilidade de Deus nos dá garantia de que aquilo que Ele prometeu irá se cumprir, mas também é um alerta em relação a aquilo que Ele exige do seu povo continua inalterado. Como nos fala Tiago 1.17: “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança” (ACF), ou “sombra de variação” (ARA).

Por isso que, apesar de o Senhor ser provocado até ao limite, não se torna menos misericordioso [2]. A imutabilidade de Deus foi a causa do povo de Israel não ter sido consumido porque havia uma aliança entre Deus e Israel. Mas em que consistia essa aliança? Os termos da aliança eram estes: se o povo obedecesse a Deus, este o abençoaria; mas, se o povo desobedecesse a ele, seria castigado. E através da Lei dada por meio de Moisés o povo firmou essa aliança.

Em Deuteronômio 28 vemos as consequências da obediência – as bênçãos, e as consequências da desobediência – as maldições. E no capítulo 29 temos a renovação da aliança.

Foi esta aliança feita que o povo de Israel estava quebrando, e, devido a isso, estavam colhendo os frutos amargos dela proveniente.

O Rev. Hernandes Dias Lopes comentando sobre este texto nos mostra três verdades importantes em relação a Sua aliança com Seu povo [3]:

1oEm primeiro lugar, Deus é imutável em seu ser. Deus não tem picos de crise. Seu amor por nós não passa por baixas. Em outras palavras: Deus não é bipolar. Nele não há sombra de variação (Tg 1.17).

2oEm segundo lugar, Deus, é imutável em relação à Sua aliança conosco. Deus é leal ao compromisso que assume. Por isso que ainda que sejamos infiéis, Deus é permanece fiel (2Tm 2.13).

3oEm terceiro lugar, a imutabilidade de Deus é a nossa segurança. A imutabilidade de Deus é a causa de nós não sermos destruídos. Se Deus nos tratasse segundo os nossos pecados, estaríamos arruinados.

Se Deus não muda, isso deveria ser motivo para o povo temer ainda mais a Deus, no entanto, eles estavam vivendo em um total desleixo e apatia espiritual. A nação não estava temendo a Deus. Achavam que Deus era como eles e que faria vista grossa ao pecado. Assim como o antigo Israel estava cego em relação a Deus e a sua imutabilidade, a igreja de hoje também passa pelo mesmo problema. Passam-se os anos, mas os pecados continuam os mesmos.

O SENHOR através de Malaquias continua a chamar a atenção ao pecado do povo e nos serve de alerta hoje. Como disse Paulo em sua primeira carta aos Coríntios 10.6:

Essas coisas ocorreram como exemplos para nós, para que não cobicemos coisas más, como eles fizeram”.

Da mesma forma o relato do livro de Malaquias no serve de alerta hoje.

2 – EM SEGUNDA LUGAR, O SENHOR FAZ UM CONVITE AO ARREPENDIMENTO (Ml 3.7).

Devido à aliança quebrada, não havia como o Senhor abençoar de forma plena o Seu povo. A bênção e a maldição são uma via de mão dupla. O povo queria as bênçãos do Senhor, mas não queriam compromisso em cumprir integralmente a Lei por Ele estabelecida, devido a isso, o Senhor retinha as bênçãos sobre eles.

Como nos fala Oseias 4.9: “Como é o povo, assim é o sacerdote”, assim se encontrava a nação desviada de Deus.

No entanto, vemos nesse texto o Senhor mais uma vez usando de misericórdia com Seu povo. O Senhor estende a Sua mão em direção ao povo e os convida ao arrependimento. Champlin diz que a idolatria – adultério – apostasia começou cedo na história de Israel e persistiu por longo tempo. Na geração de Malaquias, aquele povo se tornou perito em pecar e debochar, imitando as corrupções antigas da nação, misturando múltiplos pecados pagãos. Há muito a Lei de Moisés tinha deixado de ser o guia […]. Portanto, eram necessário o arrependimento decisivo e a volta para YAHWEH [4].

O Rev. Hernandes Dias Lopes nos fala a respeito de quatro verdades fundamentais nesse convite gracioso de Deus [5]:

1o Em primeiro lugar, a paciência perseverante do restaurador (Ml 3.7a). A geração de Malaquias estava no mesmo curso de desvio e desobediência dos seus pais. O que não é diferente dos dias de hoje onde encontramos uma igreja longe de Deus, mas vemos a Sua mão estendida para esta mesma igreja.

2o Em segundo lugar, o profundo anseio do restaurador. “Tornai-vos para mim…” (Ml 3.7). “Voltem para mim...” (NVI). Deus não quer apenas uma volta a determinados ritos sagrados, a uma religiosidade formal. Ele quer comunhão, relacionamento. Por isso essa palavra. Não é diferente hoje, o cristianismo é mais que uma religião de credos, é comunhão com uma pessoa, com a Pessoa bendita de Deus. É um relacionamento vivo com um Deus vivo.

3oEm terceiro lugar, a dinâmica relacional do restaurador (Ml 3.7b). Quando nos voltamos para Deus com nosso coração arrependido, nós o encontramos de braços abertos para nos receber de volta. Assim como o pai do filho pródigo fez com seu filho que retornou para casa arrependido.

O que lemos aqui em Malaquias é o que vemos hoje através da pessoa de Jesus Cristo que pagou um alto preço por nós para nos reconciliar com o Pai. Como lemos em 2Co 5.19:

Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação”.

4o Em quarto lugar, a insensibilidade espiritual dos que são chamados à restauração (Ml 3.7c). Pior que o pecado é a insensibilidade a ele. Pior que a transgressão é a falta de consciência dela. A cauterização e o anestesiamento da consciência são estágios mais avançados da decadência espiritual.

Hoje estamos vendo o mesmo ocorrendo em muitas igrejas. Vemos uma liderança entorpecida pelo pecado e fazendo olhos e ouvidos de mercador diante do pecado nas igrejas que lideram.

3 – A TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO AQUI É QUE O HOMEM PODE ROUBAR A DEUS (Ml 3.8,9).

O pecado que encabeça a lista é seu roubo a Deus. Eles roubaram a Deus, não trazendo [os dízimos e] as ofertas exigidas por Moisés, substituindo-os por animais defeituosos; também não trouxeram as ofertas necessárias para o sustento do ministério e do culto no templo. Foram ladrões das coisas divinas, um crime agravado [6]. Estavam como Acã roubando as coisas consagradas a Deus e trazendo sobre si e seus familiares a maldição.

Quando olhamos para esse texto que nos fala a respeito do dízimo, muitas pessoas pensam que esse texto ficou reservado ao Antigo Testamento. Muitas dessas pessoas pensam assim porque há em nossos dias líderes (não poucos), que destorcem a Palavra de Deus e fazem do dízimo um patuá. Uma forma de espantar toda e qualquer ação de Satanás sobre nossas vidas.

Quais são os erros mais frequentes que vemos em muitos ministérios em relação aos dízimos e as ofertas? Erros esses que trazem grandes escândalos em nosso meio:

1 – A manipulação de pastores para arrecadar dinheiro. Usam texto fora de contexto para manipular os incautos. E muitos desses líderes acumulam riquezas através de seus “ministérios”. E são esses que mais aparecem na mídia.

2 – Usam a oferta e o dízimo como barganha. Esses falsos pastores fazem com que as pessoas acreditem que a entrega dos seus dízimos e de suas ofertas vai fazer com que os ofertantes fiquem ricos, alcancem sucesso e tenha excelente saúde. E ainda dizem que quanto mais contribuírem mais receberão. Como se Deus fosse obrigado a cumprir uma palavra que não disse. Usando texto fora de seu contexto, na verdade estão gerando ganância no coração das pessoas. Eles centralizam no homem o culto e ensinam que essa entrega é uma aposta segura e um grande sucesso financeiro.

Claro que existe a lei da semeadura. Seríamos desleais com a Palavra de Deus que nos mostra claramente esta lei (2C 9.6-10; Pv 11.17,24,25,19.17; At 20.25; Gl 6.9,10). O que estamos falando aqui não é o dar e receber como nos diz esses textos, mas a motivação dessa entrega. No entanto, as pessoas que estão indo nesses lugares onde destorcem a Palavra, não estão entregando as suas ofertas e seus dízimos como culto a Deus, mas como barganha. Negociata. Um “toma lá dá cá”.
3 – O falso ensina da teologia da prosperidade. Em muitos púlpitos o verdadeiro evangelho já não existe a muito tempo. Foi substituído pelo evangelho da prosperidade que promete um paraíso aqui na terra. Como um certo “pastor” disse que Deus havia lhe revelado em oração pela madrugada que Jó passou por tudo que passou porque ele não era dizimista [7], ou seja, segundo esse indivíduo, Jó estaria blindado contra todo e qualquer mal se fosse dizimista e ofertante.

4 – O mercadejamento da Palavra de Deus. São os famosos cachês para os pregadores e cantores. Pessoas que querem ser tratados como astros e estrelas, ícones. Gente que acende os holofotes para si mesmos. Com isso Cristo e sua Palavra ficam em último plano, quando ficam em algum lugar na vida e nas palavras dessas pessoas.

Poderíamos citar muito mais coisas, mas creio que o que foi dito aqui já é o suficiente para entendermos o porquê de tantos escândalos em nosso meio em relação aos dízimos e as ofertas.

4 – A QUARTA LIÇÃO QUE APRENDO AQUI É QUE ESTAMOS ROUBANDO A DEUS RETENDO OS NOSSOS DÍZIMOS E AS NOSSAS OFERTAS (Ml 3.8,9).

As necessidades dos sacerdotes e levitas eram supridas pelos sacrifícios e também pelos dízimos e ofertas levados ao templo pelo povo. A palavra “dízimo” vem do termo hebraico maaser e do grego dexatem que quer dizer “dez”. O dízimo é 10% dos grãos, dos frutos, dos animais ou do dinheiro de uma pessoa (Lv 27.30-34; Ne 13.5). Havia no templo depósitos especiais para guardar grãos, frutos e dinheiro que o povo levava para o Senhor em obediência a sua lei. Se as pessoas não quisessem carregar produtos pesados, podiam convertê-los em dinheiro, mas deviam acrescentar 20% só para certificar-se de que não estavam lucrando nem roubando a Deus (Lv 27.31) [8].

Dízimos e ofertas do tempo da graça. Muitas pessoas dizem que não são dizimistas porque o dízimo faz parte da lei cerimonial, e esta foi abolida na cruz.

De todas as críticas feitas à doutrina do dízimo, talvez esta seja a mais frequente. Se esta prática era para o Antigo Pacto, logo estou desobrigado de tal coisa hoje. No entanto, esta prática do dízimo está presente em toda a Bíblia.

A entrega do dízimo no Antigo Testamento era um gesto de adoração a Deus que vinha antes da Lei. Esse gesto vinha desde a ocasião em que Abrão deu o dízimo a Melquisedeque, reconhecendo que este sacerdote era o representante do Deus Altíssimo (Gn 14.20; Hb 7.1-10. Jacó fez um voto ao Senhor de que daria o dízimo o Gn 28.18-22), de modo que esta prática é antes da Lei de Moisés. Posteriormente, o dízimo foi incorporado oficialmente à Lei como parte da adoração a Deus.

A entrega do dízimo está presente em toda a Bíblia. Está presente nos livros da lei (Nm 18.21-32), nos Livros Históricos (Ne 13.10-14), nos livros poéticos (Pv 3.9,10) e nos livros proféticos (Ml 3.8-12). No Novo Testamento está presente nos Evangelhos (Mt 23.23) como nas Epístolas (Hb 7.1-19; 1Co 9.11-14).

Preste atenção no texto de 1Co 9.11-14 onde Paulo deixa claro que no ministério de hoje, na vigência da Nova Aliança, os que pregam o evangelho (pastores, missionários), devem viver do ministério.

Embora a ordem levítica tenha cessado com o advento da Nova Aliança (Hb 7.18), os dízimos não cessaram, porque Abraão, como pai da fé, entregou o dízimo a Melquisedeque, um tipo de Cristo (Hb 7.17).

O Senhor não precisa de nada, pois todas as coisas lhe pertencem (Sl 50.9-15; At 17.25). A entrega do dízimo não é porque o Senhor necessita de alguma coisa, mas é um sinal de obediência a Sua Palavra. Pois como disse o Senhor Jesus:

Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a

ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.19-21).

Não quero dizer aqui que devemos entregar tudo que temos a igreja, mas devemos ser fiéis a Deus e sempre confiar que quem nos sustenta é o Senhor. Que o melhor investimento que podemos fazer é em Seu reino.

O apóstolo Paulo ensina que a contribuição deve ser pela graça (1Co 16.1,2; 2Co 9.7), de acordo com a renda de cada um, que certamente vai além dos 10%. Deveria ser entregue com alegria e não por constrangimento. E como já falamos, nem muito menos por barganha.

Se no tempo da Antiga Aliança se entregava a décima parte, hoje muito mais, no tempo da graça, na Nova Aliança. Reconhecendo o sacrifício de Jesus na cruz e a necessidade de que esse Evangelho chegue ao maior número possível de pessoas, vendo a necessidade da igreja local e emprenho dos líderes em pregar um Evangelho cristocêntrico. Devemos assim investir parte dos nossos ganhos reconhecendo esse ministério e em obediência a ordem do Senhor.

Em outras palavras, se os cristãos acreditam que, se os antigos fiéis sob a antiga aliança davam o dízimo, então como os cristãos sob a nova aliança podem começar com qualquer quantia abaixo disso? [9].

É preciso deixar claro que o dízimo não é uma questão somente financeira. Trata-se do reconhecimento de que tudo o que existe é de Deus. Não trouxemos nada para este mundo nem para dele levaremos (1Tm 6.7). Somos apenas mordomos de Deus e, no exercício dessa mordomia, devemos ser achados fiéis (1Co 4.2). O dízimo é um sinal de fidelidade a Deus e confiança em sua providência. A entrega dos dízimos é uma ordenança divina. Não temos licença para retê-lo, subtrai-lo nem administrá-lo (Ml 3.8-10).

Malaquias deixa claro que quem não entregava o dízimo estava roubando três vezes [10]:

1o – Estavam roubando de Deus (Ml 3.7,8). As necessidades dos sacerdotes e levitas eram supridas pelos sacrifícios e também pelos dízimos, e estes eram representantes legais de Deus aqui na terra.

2o – Estavam roubando a si mesmos (Ml 3.9-11). Sempre que roubamos de Deus, também roubamos de nós mesmos. Preste atenção, se o Senhor nos incentiva a contribuir não será lógico que Ele nos dará condições para contribuir? Por isso que quando não contribuímos nós atraímos dificuldades para nós e para os outros.

a) Privamo-nos das bênçãos espirituais que sempre acompanham a obediência e a contribuição fiel (2Co 9.6-15). Se nós não confiamos que Deus cuida de nós, então qualquer coisa em que confiamos se mostrará inútil.

b) O dinheiro que pertence a Deus nunca fica conosco (Ag 1.6). Só quem é dizimista fiel sabe do quanto esse dinheiro que fica em nossas mãos rende. Não falo por ouvir falar, mas por experiência.

3o – Estavam roubando dos outros (Ml 3.12). Como as nações ao redor saberiam o quanto Deus estava abençoando Israel? Através das bênçãos derramadas sobre a nação. Mas se eles eram infiéis o Senhor não tinha como abençoá-los. Diante disso os povos ao redor não poderiam ver sobre eles as bênçãos de Deus e também não poderiam confiar no Deus que eles diziam que havia feito grandes coisas por eles. Era uma coisa lógica. O mesmo ocorre com cada um de nós hoje. Observe a vida de uma pessoa que é fiel a Deus e uma que não é. E não falo pelos bens que uma e a outra possui, mas pelas bênçãos espirituais que brotam em abundância sobre a vida da pessoa. Se você não crê observe.

5 – QUINTA LIÇÃO QUE APRENDO AQUI SÃO AS CONSEQUÊNCIAS ESPIRITUAIS (Ml 3.9-11).

Há pessoas que ensinam ou que aprenderam que o devorador é um demônio, mas, na verdade, o Senhor está falando de gafanhotos, não de demônios, que devoravam a plantação dos israelitas. Mas quem tem todo poder e autoridade sobre todas as coisas é o nosso Deus.

Vemos isto claramente descrito no livro de Jonas quando o Senhor usa a natureza para ensinar grandes lições ao seu servo – a chuva, o grande peixe, a planta que cresce e depois é morta por um verme, o vento – tudo está debaixo da autoridade do nosso Deus. Até os gafanhotos que Joel descreve em seu livro (Joel 1.4,2.25).

O que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devorador, comeu-o o gafanhoto destruidor. Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros” (ARA).

Não quero dizer com isso que os fiéis nos dízimos não passarão por dificuldades e que não ficarão doentes. Longe disso. Eu quero dizer que o Senhor guarda e sustenta os seus servos e os acompanha nas suas tribulações. Como disse Paulo em sua segunda carta a Timóteo 4.16-18:

Na minha primeira defesa, ninguém apareceu para me apoiar; todos me abandonaram. Que isso não lhes seja cobrado. Mas o Senhor permaneceu ao meu lado e me deu forças, para que por mim a mensagem fosse plenamente proclamada, e todos os gentios a ouvissem. E eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará de toda obra maligna e me levará a salvo para o seu Reino celestial. A ele seja a glória para todo o sempre. Amém” (NVI).

Quando não somos fiéis duas coisas ocorrerão, segundo o texto de Malaquias:

a) O Senhor reterá as suas bênçãos (Ml 3.9). Observe que o Senhor diz que devido à infidelidade do povo eles estavam sendo amaldiçoados. Não é o Senhor que amaldiçoa, mas Ele deixa de abençoar. A desobediência sempre desemboca em maldição. Isso é muito sério.

b) O devorador pode ser tudo aquilo que subtrai nossos bens. Quando retemos o que pertence a Deus, o devorador come o que deveríamos entregar no altar do Senhor. Isso é fé, não lógica.

Quando somos fiéis duas coisas ocorrerão:

c) As bênçãos que acompanham a restauração que o Senhor realiza (Ml 3.10-12). O Senhor diz que irá nos abrir as janelas do céu. Todas as ricas bênçãos procede somente de Deus. Isso significa fartura em nossa vida. A Bíblia nos fala que o que plantamos colhemos, então, pela lógica da fé, iremos colher abundante colheita espiritual que se tornarão bênçãos materiais (Lc 6.38).

d) E teremos uma vida feliz (Ml 3.12). Essas são algumas bênçãos que acompanham o servo fiel. Nos faltaria tempo para descrever todas que acompanham aqueles que temem e obedecem ao Senhor.

O que você planta você colhe. Isso é uma lei espiritual.

Pense Nisso!

Fonte:

1 – Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo, Proféticos vol. 4, p. 591.
2 – Champlin, R. N. O Antigo Testamento Interpretado, Versículo por Versículo, vol. 5, p. 3710.
3 – Lopes, Hernandes Dias. Malaquias, a igreja no tribunal de Deus, p. 90.
4 – Champlin, R. N. O Antigo Testamento Interpretado, Versículo por Versículo, vol. 5, p. 3710.
5 – Lopes, Hernandes Dias. Malaquias, a igreja no tribunal de Deus, p. 91,92.
6 – Champlin, R. N. O Antigo Testamento Interpretado, Versículo por Versículo, vol. 5, p. 3711.
7 – Silveira, Jerônimo Onofre da. Os Exterminadores de Riquezas.
8 – Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo, Proféticos vol. 4, p. 602.
9 – Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo, Proféticos vol. 4, p. 602.
10 – Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo, Proféticos vol. 4, p. 603.