sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

EVANGÉLICOS SEM O EVANGELHO


Pr. Cleber Montes Moreira

“Assim, eu lhes digo, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na futilidade dos seus pensamentos. Eles estão obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento dos seus corações.” (Efésios 4:17,18 – NVI).

Um cantor gospel participa de um evento num terreiro de candomblé. Uma famosa estação de rádio, dita evangélica, toca uma música cuja letra menciona Maria como medianeira. Um pastor evangélico participa com um padre, numa igreja católica, como oficializante numa celebração de casamento (para a Igreja Romana, um sacramento1). Um evangélico aceita ser padrinho2 de batismo de duas crianças numa cerimônia católica. Um pastor de jovens posta em redes sociais textos deapologia à Ideologia de Gênero. Outro pastor, de uma comunidade evangélica, convida um transexual para pregar em sua igreja. Diante destes e outros fatos, pergunto: O que há com os evangélicos de hoje? Abandonaram a Bíblia? Se esqueceram de seus princípios? Estão seguindo um “outro evangelho”? Se renderam ao ecumenismo que antes reprovavam? Ou, porque se conformaram ao mundo, adotaram o “politicamente correto”? Talvez por isso há quem diga: “Já não se fazem evangélicos como antigamente.” Eu concordo.

Houve um tempo em que ser evangélico era crer no evangelho e praticá-lo. Esta fé capacitava o crente para reagir contra as heresias, para identificar os falsos profetas e resisti-los na Palavra. Hoje, infelizmente, nem conhecem a Palavra de Deus, pois abandonaram-na, ou substituíram-na por alguma outra “verdade” humana, agradável, sem a exigência de compromisso, “inclusiva”, regada de “amor” (segundo o entendimento vigente na sociedade), e passaram a dialogar com outras correntes de fé (segundo um amigo meu “fezes”) antagônicas aos ensinos de Cristo. Estes “novos diálogos” abrem conversas que promovem o relativismo das Escrituras, sua “ressignificação”, sua “reimaginação” e consequente “reinterpretação”, a partir de perspectivas humanas, dos valores fundamentais da fé cristã. Esta degradação, num nível ainda mais baixo, acata debates sobre temas para os quais os evangélicos tinham opinião formada e embasada, tais como a inspiração, inerrância e autoridade da Bíblia, suficiência e exclusividade da Obra de Cristo, ecumenismo, aborto, uniões homo afetivas etc. O subproduto deste sincretismo religioso (e também social e político) é o que chamo de ‘evangélicos sem o evangelho’. Não é sem motivo que o crescimento vertiginoso dos evangélicos não tem causado os impactos esperados na sociedade que prossegue em franca derrocada.

‘Evangélicos sem o evangelho’, ainda que cultivem algum orgulho religioso, são pessoas perdidas, desprovidas da experiência de salvação e esperança real em Cristo. Porque não deram lugar ao Espírito Santo, ainda não conhecem a virtude do “poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1:16). Sem Cristo, e sem o evangelho, permanecem (porque são “gentios”) “obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento dos seus corações” (Efésios 4:18 – NVI).

1 Casamentos e batismos são, para a Igreja Católica, sacramentos.
2 Homem que apresenta alguém (ger. criança) para o batismo ou crisma, com o compromisso implícito de provê-la do necessário na falta dos pais; dindo, dindinho.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

TEOLOGIA INCLUSIVA



Pr. Cleber Montes Moreira

“Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.” (Romanos 1:25 – ACF)

Embora se afirme que a Teologia Inclusiva seja “um ramo da teologia tradicional”, ela é, na verdade, um rompimento com os valores cristãos como ensinados na Bíblia. Uma vez que está voltada para a “inclusão, prioritariamente, das categorias socialmente estigmatizadas como os negros, as mulheres e os homossexuais” (e outras) sem, todavia, anunciar-lhes o arrependimento e o novo nascimento como condição para a inclusão no Reino, contraria o ensino do próprio Cristo que iniciou seu ministério terreno com estas palavras: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 4:17 - ACF).1

Ao considerarem a posição cristã conservadora sobre o tema da sexualidade como “imposição de dogmas infundados e opiniões particulares como regras universais”, e “imposição de um pensamento ético puritano e castrador”, em decorrência do que o tema homossexualidade seja supostamente relegado “aos porões do fazer teológico”, e ao acusarem os teólogos e expositores cristãos, em sua maioria, de fundamentarem suas interpretações em duas ou três passagens das Escrituras, os teólogos inclusivos agem de má fé e se arvoram detentores de uma hermenêutica acima de qualquer suspeita.2 Não é novidade que todo herege se considere dono da verdade.

O “amor” como única doutrina:

Frases como “Deus abençoa todas as formas de amor”, “Amor é amor e toda forma de amar é justa”, “Onde estiver o amor, ali Deus está” etc., são apenas algumas das afirmações que vemos circular pelas redes sociais e ambientes onde há propaganda inclusiva.

A Teologia Inclusiva, ainda que negue, proclama o “amor” como única doutrina. Foi exatamente o que ensinou um de seus exponentes num sermão em que chega a afirmar que se alguém é capaz de amar, mesmo que não tenha um relacionamento com Cristo, mesmo que não creia em Deus, está salvo: “Quem ama vive a realidade da fé, ainda que não confesse a fé.” Perceba que não é o arrependimento, não é a conversão, não é a santidade, mas o “amor” a doutrina elementar do “evangelho inclusivo”. A base bíblica para isso é “Deus é amor” (1 João 4:8b) – como sempre, o texto é pretexto! Daí pegam uma frase de Agostinho, descolam de seu contexto, e com ela propagam seu pilar: “Ama e faz o que quiseres.”3

O “amor” que ensina a Teologia Inclusiva não vem de Deus, não é o amor ensinado nas Escrituras, mas é um amor hedonista, que procura conciliar vida religiosa com prazeres, interesses e pecados. Para suprir esta demanda é que surgem as chamadas “Igrejas Inclusivas” onde todos são aceitos como são e estão, sem convite ao arrependimento, onde se ensina que “pecado é não amar”.

A ressignificação das Escrituras:

Para se impor como verdadeira, a Teologia Inclusiva trata de ressignificar textos bíblicos que contrariam seus (des)valores, principalmente os que condenam práticas homoafetivas. É por isso que defende que as condenações encontradas no Velho Testamento referem-se às relações sexuais ligadas aos cultos pagãos, e que por se encontrarem ao lado de outras proibições como comer sangue ou carne de porco, já perderam a validade e não necessitam ser guardadas pelos cristãos.4

Pecado é pecado, a Verdade não pode ser relativizada:

John Stott afirmou: “A tolerância em relação ao mal não é uma virtude. Deus continua dizendo a seu povo para se santificar.” Sim, Deus continua dizendo ao seu povo que pecado é pecado, e que todo salvo deve afastar-se do pecado e buscar crescer em santidade. Deus não muda, sua Palavra também não, por isso que os valores de seu reino são eternos.

Quando os teólogos da Teologia Inclusiva relativizam a Bíblia e negam o ensino tradicional sobre o pecado, eles desafiam o Eterno e Imutável Deus e, por suas heresias, mudam a verdade em mentira, e criam um “evangelho” centrado na criatura e não no Criador, que contempla a carne e seus prazeres ao invés do “andar no espírito” (Gálatas 5:16). Os textos que seguem são bem explicativos, e ressignificá-los ou relativizá-los é no mínimo desonesto: “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus” (1 Coríntios 6:10); “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é” (Levítico 18:22); “Fujam da imoralidade sexual. Todos os outros pecados que alguém comete, fora do corpo os comete; mas quem peca sexualmente, peca contra o seu próprio corpo” (1 Coríntios 6:18); “A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o próprio corpo de maneira santa e honrosa, não com a paixão de desejo desenfreado, como os pagãos que desconhecem a Deus” (1 Tessalonicenses 4:3-5); “Fora ficam os cães, os que praticam feitiçaria, os que cometem imoralidades sexuais, os assassinos, os idólatras e todos os que amam e praticam a mentira” (Apocalipse 22:15). OBS.: Bíblia NVI, grifos do autor. Não apenas a homossexualidade, não apenas os pecados sexuais, mas a pratica de todo e qualquer pecado, se não houver arrependimento verdadeiro, leva à condenação eterna: “Pois o salário do pecado é a morte...” (Romanos 6:23) – ocultar este ensino é artimanha maligna para encher o inferno. Cuidado, os operários do engano trabalham sem descanso!

Reflita:

Deus não inclui em seu reino pecadores sem arrependimento, sem novo nascimento e, portanto, sem natureza transformada, seja ele branco, negro, índio, pardo, judeu, não judeu, hétero ou homossexual. O quesito para a salvação ainda é o mesmo, “necessário vos é nascer de novo” (João 3:7), e todo aquele que passa pela experiência da salvação deve abster-se das práticas pecaminosas e buscar a santificação: “Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Romanos 6:2 – ACF). Não há mensagem mais inclusiva que a do verdadeiro evangelho, que anuncia a todos os homens, em todos os lugares, que se arrependam.

O discurso de amor da “Teologia Inclusiva” tem feito surgir muitos “bons samaritanos”, porém não tem colaborado no desenvolvimento de um caráter verdadeiramente cristão naqueles que dizem crer. Esta teologia falha tentando imprimir nas pessoas a imagem de um cristo preocupado com as demandas sociais, porém frouxo quanto aos valores eternos da Palavra e do Reino; um cristo universalista, incapaz de julgar o mundo por sua Palavra. Se este fosse o Cristo da Bíblia, ele teria falhado naquilo que ele mesmo ensinou. Mas, o Cristo jamais falha. Então, quem tem falhado? Aqueles que criaram uma bíblia, uma teologia, um cristo e uma igreja ao gosto do freguês.

Alguém poderá perguntar: “A Igreja do Senhor não é inclusiva?” Uma igreja verdadeiramente inclusiva é aquela que sai ao mundo em busca de pecadores, sem qualquer distinção, independente de quem e como estão, levando-lhes a mensagem do arrependimento, e não aquela que crê que eles podem vir a Cristo e continuar como estão.

Notas:

2http://teologiainclusiva.blogspot.com (acessado em 04 de julho de 2018)
3https://www.youtube.com/watch?v=7e-Rm3Kq2C4 (acessado em 04 de julho de 2018)

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Por que às vezes achamos que Deus não está sendo muito justo?


Por Josemar Bessa

Faça um esforço de imaginação e tente visualizar isso: Moisés, de pé no topo de uma montanha, um lindo panorama se estende diante dele. Ele está olhando para a Terra Prometida. Depois de 40 anos sem rumo vagando pelo deserto, parece maravilhoso demais para ser verdade. Ele está esperando este dia há muito, muitos anos. É uma terra que flui leite e mel, uma terra que já vem pronta - já é cultivada e domada. Não é uma terra selvagem. E Deus está preparado para entregá-la ao Seu povo em uma bandeja de ouro.

Se alguém no mundo mereceu este belo capítulo de prosperidade que se aproxima, esse alguém é Moisés. Ele tem sido alvo de tanta reclamação, rebeldia e acusação dos israelitas por tantos anos... toda essa beleza e sonho próximo é o suficiente para levar o homem mais humilde do mundo à vagar em sua imaginação. É o suficiente, na verdade, para desencadear um ataque de alegria desmedida - o tipo de situação em que você grita e grita e bate nas coisas. Mas Moisés era um cara equilibrado. Nas situações mais difíceis Moisés manteve a calma por mais de 40 anos, mesmo conduzindo um povo extremamente difícil, orando por seu povo maltrapilho, guiando-os em obediência e até mesmo intercedendo em favor deles quando Deus ia eliminá-los da face da terra.

Mas em vez de prosseguir para o sonho. Em vez de prosseguir para a Terra Prometida, Deus tem algo completamente diferente planejado para Moisés.

Morte, para ser claro. “Você irá morrer!”

Você já ficou completamente espantado quando está lendo um texto na Bíblia? Eu já fiquei muitas vezes. Essa é uma daquelas histórias que parece nos incomodar quando lemos. Parecia tão “injusto”. Eu diria que Moisés tinha um espírito de mãe, tal a paciência com a qual ele conduziu aquele povo. Deus o colocou no comando de um grupo das crianças mais chorosas que já existiu. E Moisés não estava exatamente pedindo uma oportunidade para ser um líder. Na verdade, ele estava cuidando de seus próprios negócios, cuidando de ovelhas em uma montanha distante, quando Deus lhe deu uma designação que viraria seu mundo de cabeça para baixo.

Agora, vamos voltar para o topo da montanha onde deixamos Moisés olhando para a Terra Prometida extasiado. Deus lhe deu um vislumbre da terra em que estavam prestes a entrar, mas não permitiu que Moisés a desfrutasse. Por quê? Aqui está o que Deus disse a Moisés:

"Depois de vê-la, você também morrerá como seu irmão Arão, pois, quando a comunidade se rebelou nas águas do deserto de Zim, vocês dois desobedeceram à minha ordem de honrar minha santidade perante eles". Isso aconteceu nas águas de Meribá, em Cades, no deserto de Zim... "verás a terra diante de ti, mas tu não irás para a terra que eu dou ao povo de Israel.”

Agora, para entender isso, precisamos voltar, mais uma vez, a outro dia na vida de Moisés, muitos anos antes. Deus estava guiando o Seu povo pelo deserto, cuidando fielmente de todas as suas necessidades, mostrando a Si mesmo a eles uma e outra vez. Mas o povo de Israel ficou com sede em um lugar chamado Meribá. Eles não tinham água, então vieram a Moisés e disseram que desejavam estar mortos. Eu não estou brincando com você.

Moisés tinha acabado de perder sua irmã Miriam e, apesar das aparências externas, logo abaixo da superfície, ele estava fervendo. E quem poderia culpá-lo por isso?

Moisés foi a Deus e caiu prostrado diante dele, e o Senhor disse a Moisés que pegasse seu cajado e fosse à frente do povo e dissesse a uma rocha para produzir água. Então ele pegou seu cajado e reuniu o povo diante desta rocha, como Deus lhe dissera para fazer. Mas então, Moisés perdeu o controle da situação. Ele abriu a boca e eis o que saiu:

''Escutem, rebeldes, será que nós teremos que tirar água desta rocha para lhes dar? " Então Moisés ergueu o braço e bateu na rocha duas vezes com a vara. Jorrou água, e a comunidade e os rebanhos beberam.” - Números 20.10,11

E foi isso. Esse é o pequeno ataque que fez com que Moisés fosse excluído da entrada na Terra Prometida. Pareceu um pouco injusto para mim quando li pela primeira vez há muitos anos. Afinal, Moisés acabara de perder sua irmã. Ele estava de luto. E esses israelitas estavam além do absurdo e ridículo. Eu não sei como alguém poderia aguentar isso. O próprio Deus ficou muito bravo com eles. Moisés estava apenas demonstrando uma pequena indignação justa, certo? E essas pessoas não estavam apenas pecando contra Moisés, mas contra o próprio Deus.

Mas um dia eu estava lendo essa história quando as escamas caíram dos meus olhos. O peso do meu próprio pecado me atingiu com força total quando vi, pela primeira vez, a maldade das ações de Moisés. Você vê, Moisés não estava apenas cansado e com raiva. Ele não apenas atingiu a rocha. Ele não apenas os chamou de rebeldes, uma palavra que certamente se justificava nas circunstâncias. Aqui está o que ele disse:

"Nós devemos…"
Ou: ''Escutem, rebeldes, será que nós teremos que tirar água desta rocha para lhes dar?

Com uma pequena palavra, nós, Moisés, invertemos a situação. Ele se colocou no mesmo nível de Deus e agiu como se o pecado do povo fosse uma afronta pessoal a ele. Ele agia como se estivesse fornecendo água para eles de uma rocha. “Nós vamos ter que tirar água para vocês desta rocha?” Quando Moisés disse “nós” não está claro se ele estava se referindo a si mesmo e a Arão, ou a si mesmo e a Deus. Mas de qualquer forma, ele está fazendo tudo sobre si mesmo. Nas palavras de Moisés, o pecado do povo é contra ele. E a água vem dele também.

Mas aqui está o que Deus disse a Moisés depois que ele pecou:

"Por que você não honrou minha santidade perante eles?”

E novamente bem antes da morte de Moisés na montanha,

“...Assim será porque vocês dois foram infiéis para comigo na presença dos israelitas, junto às águas de Meribá, em Cades, no deserto de Zim, e porque vocês não sustentaram a minha santidade no meio dos israelitas. Portanto, você verá a terra somente à distância, mas não entrará na terra que estou dando ao povo de Israel". - Deuteronômio 32.51,52

Quando finalmente entendi a natureza do pecado de Moisés, me vi chorando. E aqui está o porquê:

Eu nunca quis ver a natureza do pecado de Moisés porque sou tão culpado desse mesmo pecado. Até onde sabemos, Moisés cometeu esse pecado uma vez. E, no entanto, eu já o cometi tantas vezes.

Quando meus filhos choramingavam quando pequenos e se queixavam ou se rebelavam, eu fazia tudo ser sobre mim. Quando penso que estou exibindo justa indignação, estou realmente me elevando a um nível com Deus. Como Moisés, eu sinto que o lamento deles é a palha final que quebrou as costas do camelo. A gota de água que fez transbordar o copo. Como Moisés, eu penso:

“Depois de tudo que fiz por você, é assim que você me trata? Aqui vamos nós novamente…"

E isso é só um pequeno problema entre outros maiores. Muitas vezes fazemos da luta pela Verdade, pelo Evangelho, pela Sã Doutrina, pela igreja... como se fosse algo sobre nós.

Facilmente eu me justifico por perder a paciência por fazer tudo a minha volta a ser sobre mim. Eu desculpo a mim mesmo e aponto para circunstâncias atenuantes. Eu catalogo todos os pecados dos meus filhos, da igreja, dos irmãos, das pessoas no trabalho, do motorista a minha frente no trânsito... que me trouxeram a este ponto de ruptura. Pior ainda, como Moisés, sou culpado do pecado da incredulidade. Deus me deu instruções sobre como orientar e instruir e viver como seu filho no mundo. Mas eu não creio que Deus irá trabalhar no coração das pessoas, da igreja, dos irmãos, dos meus filhos... e cumprir as promessas que Ele deu sobre eles - que Ele irá suavizar seus corações duros à obediência, que Ele trará água de uma rocha.

Como Moisés, eu tenho a responsabilidade de pastorear as almas de uma multidão heterogênea de pessoas que são frequentemente rebeldes, muitas vezes reclamando... Eu atravesso os movimentos de disciplina e discipulado porque é isso que Deus me mandou fazer. Mas eu não trato Deus como santo no meio do Seu povo quando faço tudo isso ser algo a meu respeito.

Isto não é algum pequeno pecado, algum pequeno lapso de julgamento, alguma fraqueza momentânea. Este é meu orgulho, minha ingratidão, minha rebelião. Isso é uma violação do primeiro mandamento e o terceiro também. Se esse pecado excluiu Moisés da entrada na Terra Prometida, então o que o meu pecado merece?

Quando Deus abre meus olhos para a profundidade da minha culpa, é quando entendo melhor a Sua santidade. Essa é a graça de Deus para mim, para reconhecer e lamentar o meu pecado. Não tememos a Deus como devíamos.

Moisés não conseguiu entrar na Terra Prometida naquele dia. Ele morreu no topo da montanha e foi enterrado lá pelo próprio Deus. Moisés, porém, foi tirado da prova e aperfeiçoado na terra da luz, e não por seu próprio mérito. Se ele não merecia a entrada na Terra Prometida, quanto mais a Terra Prometida final - a Cidade de Deus. E, no entanto, Moisés também foi redimido pelo sangue do Cordeiro, perdoado por seu pecado. Naquele mesmo dia ele se tornou um cidadão do céu.

Graças a Deus que estamos vestidos na justiça de Cristo. Não podemos nos justificar, mas Deus nos justifica. Somos cidadãos indignos do Céu, apesar de nossa incredulidade. Apesar da nossa raiva absurda muitas vezes. Apesar do nosso fracasso em seguir as instruções claras de Deus. Que possamos ter aprendido com Moisés. Não é sobre nós... nunca é. É sempre sobre santificar o nome de Deus em todas as situações. E Deus foi claro, como com Moisés, como devemos fazer.

“Graças a Deus por Jesus Cristo... nosso Senhor!”

Fonte: Josemar Bessa

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

OS IGREJADOS E SEUS PASTORES CIBERNÉTICOS


Por Pr. Silas Figueira

Nesse tempo de tecnologia temos visto o uso da internet para muitas coisas. Desde enviar uma simples mensagem, fazer compras a transações financeiras. Isso não é um mal em si, mas as vezes, por mau uso dela pode causar muitos danos e, alguns, irreparáveis. Nós temos visto como pessoas mal intencionadas têm se utilizado dela nesses nossos dias. Poderíamos citar centenas de casos tanto bons quanto maus, mas eu não quero perder tempo com devaneios e ir direto ao assunto.

Eu quero pensar com você sobre a questão de pastores que usam a internet para pregar o evangelho. Isso é muito bom, sem sombra de dúvidas. A mensagem do Evangelho tem chegado a todas partes do mundo. Eu mesmo faço uso desta ferramenta. Mas o que eu quero pensar com você não é sobre os pastores que usam a internet para ministrar a Palavra, mas de algumas pessoas que assistem ou acompanham esses muitos pastores. O que eu tenho observado é que muitos membros de igrejas locais estão sendo mais pastoreados pelos pastores da internet do que pelos pastores de suas próprias igrejas. Aí que eu vejo o problema!

Eu não tenho nada contra alguém ouvir e aprender com pastores que usam a internet. O que eu questiono é que muitas pessoas ouvem determinados pastores e estão sendo “pastoreadas” por eles, mas são membros de uma igreja local. Ou seja, o pastor local fala uma coisa e o pastor da internet fala outra, aí eles, geralmente, ficam com o que o pastor da internet falou e estão questionando os seus pastores, ou seja, estão sofrendo mais influência do pastor “cibernético” do que do pastor local.

Eu tenho visto isto acontecer de forma alarmante nesses dias. É claro que há pastores que estão na internet e que são pessoas de uma firmeza teológica ímpar. Poderíamos citar alguns que eu particularmente também assisto: o Reverendo Hernandes Dias Lopes, Augustus Nicodemus, Alan Capriles, Paulo Junior, e outros na mesma linha. E as vezes o pastor local está teologicamente fora da Bíblia e por isso está sendo questionado.

É aí que eu quero chegar. Se o seu pastor não tem condições de te pastorear, então saia desta igreja. Vá procurar outra que tenha um pastor que seja bíblico. Mas, as vezes ocorre ao contrário, o pastor é bíblico, tem uma firmeza teológica muito grande, mas a pessoa fica ouvindo certos pastores e acha que eles é que estão certos. Pastores que pregam ou ensinam doutrinas antibíblicas e a pessoa pensa que eles é que têm razão. Que o errado é o seu pastor.

Mas para as duas pessoas eu quero dar alguns conselhos:

1) Quando você precisar de um conselho pastoral ligue para o pastor da internet, já que seu pastor não tem condições de te pastorear.

2) Quando estiver passando por alguma crise, seja familiar ou mesmo pessoal, ligue para o pastor da internet para lhe aconselhar.

3) Quando estiver precisando de uma visita pastoral no hospital, ligue para o pastor da internet para fazer esta visita.

4) Quando estiver precisando comprar um remédio e está sem dinheiro, e a igreja que você frequenta costuma ajudar com o que nós chamamos de “caixa de beneficência”, ligue para o seu pastor da internet para lhe enviar o remédio.

5) Quando morrer alguém de sua família e você precisar que se faça o culto fúnebre e outras coisas mais, não pense duas vezes, ligue para o pastor da internet para fazer o culto fúnebre e consolar a família enlutada.

6) Quando precisar da Kombi da igreja, que ainda é o veículo que a maioria das igrejas ainda usam, peça ao pastor da internet que lhe empreste a Kombi.

7) Quando precisar que o pastor converse com seu filho adolescente que anda meio rebelde, chame o pastor da internet para conversar com ele.

8) Caso você não consiga entrar em contato com pastor da internet, então eu lhe dou dois conselhos: 1 – não chame o pastor local, pois já que ele não serve para te pastorear, para estas coisas também não serve e 2 – chame o Chapolin Colorado que ele provavelmente irá te socorrer.

Pense Nisso!

Pr. Silas A. Figueira – pastor local da Igreja Batista Bereia.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

“AMANTES DE SI MESMOS”


Pr. Cleber Montes Moreira

“Porque haverá homens amantes de si mesmos...” (2 Timóteo 3:2a)

Não podemos cultivar a esperança ilusória de que este mundo melhorará, embora seja natural que assim desejemos e para isso nos esforcemos, pois “todo o mundo está no maligno” (1 João 5:19) e reservado para o juízo. Tanto o que está fora dos templos quanto o que está dentro deles tem experimentado a corrupção. Aliás, entre o mundo e as denominações religiosas, incluindo as evangélicas, de modo quase generalizado, já não há mais fronteiras. A globalização não está apenas na economia, na política, mas também nas religiões. O ecumenismo tornou os divergentes em parceiros de “fé comum”, gerou “comunidades”, e com discursos de amor, tolerância e justiça contribuiu para o surgimento de uma “onda inclusiva” abarcada por uma nova teologia firmada numa “hermenêutica popular”. Daí, para justificarem tais transformações, textos bíblicos foram ressignificados, passaram a fazer a “leitura popular da Bíblia”, e mesmo versões de “bíblias inclusivas” (prefiro com minúsculas!) foram lançadas no mercado, bem como literaturas de apoio. Hoje cantor gospel se apresenta e colabora com terreiro de candomblé, líderes espirituais pregam o universalismo, desprezam o casamento e o modelo bíblico de família, discursam em favor do aborto e outras “causas”, igrejas evangélicas colocam bloco no carnaval, aceitam membros LGBTs, e os pilares da fé cristã são substituídos por apenas uma doutrina: a do “amor”. “Amor” sem compromisso com a Verdade, que se presta para encher templos de pessoas que não suportam a sã doutrina, mas têm prazer nos afagos dos falsos mestres. Porém, o “amor” que alarga o caminho para o Céu é heresia; é estratégia do diabo para encher o inferno. Este falso amor tem se consolidado como o principal tema religioso destes “tempos trabalhosos”. Mas, o que este “amor” esconde, a sua verdadeira motivação, é denunciado aqui pelo apóstolo: “Porque haverá homens amantes de si mesmos...” O que sucede é uma lista de atitudes pecaminosas que derivam deste sentimento egoísta, e que culmina no que alguns chamam de “eulatria”. Quando o ego toma o lugar da divindade, todas as motivações e ações tornam-se adequadas para elevar o “homem mau” ao status de deus e satisfazer todos os seus interesses.

Você já pensou que o caos que enfrentamos na sociedade tem origem no amor próprio? Pessoas sem o temor de Deus, que cultuam a si mesmas, estão dispostas a qualquer coisa para fazerem prosperar os seus intentos. Tudo o que fazem é em função do seu prazer, da sua vaidade, da sua avareza, do seu orgulho…. Quanto aos falsos mestres, até o “evangelho” que pregam, ainda que regado de “amor”, é para a sua própria glória: “amantes de si mesmos” não podem amar e honrar a Deus. Pense nisso!

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Seitas e Heresias – Como identificar uma Seita




















Por Marina A. Ferreira

Como saber se a religião que seguimos ou a igreja que frequentamos não é uma seita? 

Como identificar um grupo religioso que prega heresias e quais podem ser as consequências de se permanecer no engano? 

Abordaremos quatro caminhos seguidos pelas seitas e traremos uma resposta na bíblia para cada um deles com base nos cinco pilares da fé cristã (as 5 solas da reforma protestante). 

As seitas são grupos religiosos estabelecidos a partir de mensagens particulares que não estão na Bíblia. A maioria dos líderes de rituais testemunha por meio de visões, de guias espirituais, de revelações ou de vozes do céu audíveis que revelam a verdade somente a eles. Sua mensagem é de característica apocalíptica e são normalmente apresentadas como "inspiradas". 

Os líderes das seitas são quase sempre autoritários. Eles, geralmente, incentivam seus seguidores a adotar um estilo de vida legalista e uma mentalidade autoritária, levando a um ponto de vista exclusivo do grupo. 

Muitas pessoas sofreram lavagem cerebral e outras táticas de controle nessas seitas. Há queixas de extorsão, de nutrição pobre, de falta de sono, de bombardeio auditivo, de escravidão, abusos físicos e exploração sexual. 

As seitas são persuasivas, oferecem prazer ou recompensa aos seguidores. Seus líderes são aparentemente generosos e cuidadosos. 

O crescimento de membros das seitas é um reflexo da falha da igreja suprir essas necessidades de modo genuíno e completo através do evangelho. 

A importância do tema 

E por quê esse assunto é tão importante? Simplesmente porque ele pode definir o seu destino eterno (Pv 16.25). 

A Bíblia é o nossa base para entender o mundo físico e principalmente o mundo espiritual (Jo 1.18/Jó 1:6-12). Se não fosse a Bíblia nos revelar como o mundo espiritual funciona, seria impossível saber o que é ou não é verdade (Jo 17.6-19, principal verso 17). 

Afinal, qual seria nossa fonte? As visões, os sonhos ou as experiências que outras pessoas tiveram? (Cl 2.18, Ez 13.3-9). Como saber se a pessoa está falando a verdade ou não? (Jr 17.5). Se a Bíblia não for nossa fonte de autoridade (Mt 5.18), tudo fica muito relativo. 

E por que temos que ter este cuidado? Será que alguém teria interesse em mentir ou enganar o homem a respeito do mundo espiritual? Com toda certeza existe um grande interesse, tanto por parte do homem (2Pe 2.1-3), como e principalmente por parte do diabo (Jo 8.44, 2Co 11.3). 

Só desmascaramos a mentira através da Bíblia (Hb 4:12-13). Portanto, se você ainda não crê que a Bíblia é a perfeita Palavra de Deus (2Pe 1:20-21), estas palavras não são para você. 

Heresia 

Partindo deste princípio, consideramos como heresia todo ensino que distorce o padrão que Deus revelou em sua Palavra (At 13.10, 1Tm 1.3), ou seja, um ensinamento não precisa descartar totalmente a Bíblia para ser considerado como uma heresia, basta que ele contrarie ou distorça uma única doutrina bíblica obrigatória (Ef 4.14, 2 Tm 2.18). 

Doutrina obrigatória, significa algo que é inquestionável e não pode ser rejeitado de forma alguma (Mt 24:35), já a heresia abala gravemente os fundamentos bíblicos e deve ser completamente rejeitada (1 Tm 6.3-5). Existem doutrinas bíblicas que não são obrigatórias, conhecidas como posições ou linhas teológicas. 

Um exemplo disso é em relação à escatologia (estudo das coisas futuras). Alguns creem que o arrebatamento e a volta de Cristo (1Ts 4.16-17, Ap 1.7) acontecerão ao mesmo tempo, outros creem que são eventos distintos, primeiro o arrebatamento, depois a volta de Cristo. 

Como uma posição é contrária a outra, alguém está errado, porém, nosso foco aqui não são linhas teológicas, mas sim as seitas e heresias. 

Todo grupo religioso ou ideológico que prega, ou segue aquele que prega heresias, é uma seita (2 Tm 4.3-4). 

A Bíblia alerta que devemos nos manter firmes na Palavra (1Co 15.1-2, 2Pe 1.19) e tomar cuidado com falsos mestres, pois eles introduzem de maneira secreta e dissimulada heresias destruidoras ao Evangelho (2Pe 2.1). Não podemos considerar que uma mensagem é verdadeira somente porque a pessoa é inteligente e se expressa bem (1Co 1.18-21) ou porque ela vem acompanhada de milagres (Mt 24.24). A Bíblia diz que o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz (2 Co 11.4-15) e que produz o engano até mesmo com sinais sobrenaturais (2Ts 2.9-12). 

Nossa segurança está na Bíblia (Tt 1.9), e se por um lado fica fácil identificar uma seita quando ela ignora completamente Bíblia, fica complicado identificar uma que se utiliza da Bíblia (2Co 11.13, 2Jo 1.9-11). 

Como identificar uma seita 

O método mais eficiente para se identificar uma seita é conhecer quatro caminhos seguidos por elas, o da adição, da subtração, da multiplicação e o da divisão. É possível identificar uma seita através das quatro operações matemáticas. 

Adição (+) 

O grupo adiciona algo à Bíblia. Sua fonte de autoridade não leva em consideração somente a Bíblia. 

Uma seita geralmente possui outros livros como inspirados e que possuem autoridade igual ou até superior a Bíblia. Muitas vezes utilizam a Bíblia como se fosse um livro de consulta e afirmam que só é possível entender a Bíblia através da sua tradição religiosa, ou seja, a tradição se torna mais importante que a própria Bíblia. 

E por que não podemos adicionar nada à Bíblia? 

· Sola Scriptura (somente a Bíblia) 

Porque a Bíblia é a única fonte escrita da revelação divina (2Pe 1.21, Ap 22.18-19). A Bíblia, sozinha, ensina tudo que é necessário para nossa salvação, é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado (2Tm 3.15-17). A Bíblia não contém a Palavra de Deus, a Bíblia é a Palavra de Deus, e por isso, não contém erros. (Sl 119.160; Sl 12:6; Sl 19.7). A Bíblia traz todas as informações necessárias para que uma pessoa saiba que sem Jesus não há salvação (At 4.12, 1Co 3:11). Deus jamais trará uma nova revelação que seja independente ou que contrarie o que está exposto na Bíblia (Gl 1.8). 

Subtração (-) 

A seita subtrai algo da pessoa de Jesus. 

Algumas seitas vêem Jesus como um homem bom , que morreu como prova de amor, outros o vêem como um grande um profeta ou apenas mais um fundador de religião, outros o vêem como médium ou um espírito evoluído, e os mais sutis e, consequentemente, os mais perigosos, são os pseudocristãos, que subtraem algo da natureza de Jesus, tanto da natureza humana, dizendo que Ele nunca teve um corpo como o nosso (2Jo 1.7), como principalmente da natureza divina, muitas vezes dizendo que Jesus é ser criado, que Jesus é um anjo ou um deus inferior. 

E por que faz toda a diferença você saber quem realmente é Jesus? 

Porque a Bíblia ensina que Jesus é Deus (Jo 1.1). Sendo assim, não dá pra comparar Jesus com outros seres humanos ou mitológicos, nem mesmo com os anjos (Hb 1.3-4). A Bíblia atesta a autêntica divindade de Cristo (onisciência (Jo 16:30), onipotência (Ap 1.8), onipresença (Mt 28:20) e eternidade (Is 9.6); e também a autêntica humanidade de Jesus, pois nasceu como homem (Lc 2.6-7), cresceu como homem (Lc 2.52), sentiu sede (Jo 19.28), fome (Mt 4.2), comeu e bebeu (Mt 11.19), dormiu (Mt 8.24) etc. 

· Sola Christus (somente Cristo) 

Nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediadora do Jesus Cristo (1Tm 2.5-6). O Deus Filho que se fez carne (Jo 1.14), tornou-se em tudo semelhante a nós (Hb 2.17), porém, sem pecado (Hb 4.15). Morreu na cruz levando sobre si nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou fisicamente dentre os mortos (1Co 15.3-4, Lc 24.39). Depois disso Ele subiu aos céus, assentou-se a direita de Deus Pai (1Pe 3.22) e retornará no futuro para julgar a humanidade (Rm 2.16, 2Tm 4.1) e estabelecer Seu reino (Ap 11.5). 

Por isso, se a religião que você segue subtrai algo da pessoa ou da obra de Cristo, fica esperto(a) você pode estar em uma seita. 

Multiplicação (x) 

A seita afirma que crer em Jesus é importante, mas não é tudo. Eles multiplicam as formas pelas quais as pessoas podem ser salvas. 

Para as seitas, a salvação não é pela graça de Deus, por meio da fé. Elas pregam a salvação pelas obras. Algumas ensinam que Jesus simplesmente abriu o caminho, e o que o restante é com o homem. Que nós temos que trabalhar arduamente com o fim de obter nossa própria salvação. 

Outras pregam que a vida eterna só será concedida aos que guardarem a lei e aos que cumprirem os mandamentos do Antigo Testamento. 

Algumas negam a existência do pecado (1Jo 1:8) e outras negam a eficácia do sangue de Cristo para cancelar nossos pecados, mesmo esta sendo esta a mensagem central da Bíblia (Ef 1:7-10). 

E por que isso é extremamente perigoso? 

· Sola Gratia (somente pela Graça) 

A Bíblia declara que a salvação é pela graça, não por obras, não vem de nós, é dom de Deus (Ef 2.8-9). O ser humano nasce morto espiritualmente (Rm 5.12), sendo escravo do pecado (Jo 8.34) e é resgatado apenas pela graça de Deus (Tt 2.11). A salvação não é obra humana. A graça de Deus em Cristo não só é necessária, como é a única causa eficaz da salvação (Tt 3.4-6). As boas obras devem ser praticadas como consequência da nossa salvação (Ef 2.10). E não para sermos salvos. 

Divisão (÷) 

O grupo divide o mérito da salvação de Deus entre Jesus e a sua organização religiosa. 

Neste caso, desobedecer à organização ou à igreja equivale a desobedecer a Deus. Eles pregam que não existe salvação fora do seu sistema religioso. 

Quase todas as seitas pregam isso, sobretudo as pseudocristãs, que se apresentam como a restauração do cristianismo primitivo que, segundo elas, se afastou dos verdadeiros ensinos de Jesus e que, numa determinada data, seu grupo apareceu por vontade divina para restaurar o que foi perdido. Daí a ênfase de exclusividade. Já outros pregam que todas as religiões são boas, contudo somente a sua será responsável por unir todas as demais. 

E por que isso é uma heresia? 

Porque a salvação é individual, o pecador é salvo quando se arrepende (At 3.19) e aceita a Jesus como seu único e suficiente salvador (Jo 1.12, Rm 10.9-10). Quando ele entrega sua vida a Jesus (2Co 5.17). E isso não é mérito de uma instituição religiosa. O ladrão arrependido da cruz, não precisou ser membro de nenhuma religião pra ser salvo (Lc 23.43). Por isso, ensinar que uma organização religiosa possa salvar é pregar outro evangelho (2Co 11.4), e tirar de Jesus a sua exclusividade de nos conduzir ao Pai (Jo 14.6). 

· Sola Fide (somente pela Fé) 

Nossa salvação se dá somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo. A fé em Jesus Cristo é o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus (Rm 3.21-24). 

· Soli Deo Gloria (somente a Deus a glória) 

A salvação vem de Deus e é realizada por Deus, por isso a glória é toda Dele (1Co 1.29-31), não do homem nem de uma religião. 

Conclusão:Uma seita podem comprometer completamente o que você pode receber de mais precioso na sua vida, que é a sua salvação (2Tm 2.15-19). 

A recomendação é que você procure conhecer melhor as doutrinas ensinadas na sua religião (2Pe 3.15-17), talvez você nem saiba que a igreja que você frequenta defende heresias (Jd 1.3-4) e que, aos olhos de Deus, você faz parte de uma seita (At 17.30-31). 

LEITURA E REFLEXÃO 

ROMANOS 10.9-10 e MATEUS 7.21-23

terça-feira, 6 de março de 2018

A estupidez do pecado


Por Kevin DeYoung

Os Puritanos costumavam falar sobre a excessiva influência do pecado. E eles estavam certos em fazê-lo. O pecado é um insulto hediondo a um Deus santo. É sem lei, traidor, rebelde.

Também é muito burro.

Todos que conhecem a Bíblia, pessoas ou conhecem seu próprio coração, sabem que isso é verdade: o pecado nos torna estúpidos.

Pense no Jardim do Éden. Você literalmente vive no paraíso, e você ouve um sussurro de cobra e algo sobre uma fruta saborosa. Por que arriscar?

Ou Davi e Batseba. Você é o rei pelo amor de Deus. Você tem tudo. Você viu o Senhor abençoar até suas meias desde que você era um menino. E você vê uma garota bonita se banhando? E, em seguida, tente cobrir seus rastros com um pecado enganador após o outro?

O filho pródigo é outro exemplo clássico. Ele poderia ter tido uma boa comida, um calor familiar e um teto sobre a cabeça. Mas ele ficou ganancioso, detonou sua parte da herança e acabou com os porcos.

Ou o que dizer do ladrão na cruz (o mau) que não consegue pensar em nada melhor para fazer com seu último suspiro do que debochar de outro “criminoso” moribundo?

E há também Ananias e Safira que se matam por uma mentira tola sobre o quanto eles conseguiram por sua propriedade. Que desperdício.

O pecado faz de nós estúpidos.

Quando pensamos racionalmente, podemos ver a loucura do pecado. Por que alguém descarta um sustento, uma família ou uma reputação para um rolo de 30 minutos no feno? Que bem fará buscar vingança e se sentir satisfeito por uma tarde, se isso significa colher um vendaval de consequências por décadas? Por que nós continuaríamos bebendo, dizendo a nós mesmos que é só com moderação, se sabemos que mil coisas ruins podem acontecer se sairmos novamente dos trilhos? Por que flertamos com um homem casado? Por que acompanhar a mulher até o quarto dela? Por que assistir esses canais no quarto do hotel?

Infelizmente, já vimos isso antes. De amigos e familiares. Talvez de um pastor confiável ou colega do ministério. É mais fácil ver nos outros – a defensiva, a mudança de culpa, a desculpa, o absurdo de trocar décadas de fidelidade por minutos de insensatez. Mas o que se é claro quando observado nos outros pode ser difícil de detectar em nós mesmos. Assim como o proverbial pedaço de alface nos lábios, podemos ser os últimos a perceber o quão estúpidos nos tornamos por causa do pecado.

Podemos pecar em serenidade por um tempo. Mas Deus não pode ser zombado para sempre (Gálatas 6:7). Nossa loucura será manifestada. Eventualmente, suas palavras nos alcançarão (Zacarias 1:6).

Então, arrependa-se, diz o profeta (Zacarias 1:6). Deixe-nos passar da tentação antes que seja tarde demais. Todos nós – me incluo – escondemos a Palavra em nossos corações, ou, melhor ainda, dizemos a um amigo: “Por favor, diga-me quando eu estiver sendo estúpido e, se eu não acreditar em você, lembre-me de que eu acredito em você agora.”

E se alguma vez nos acharmos assentados entre os suínos, lembremos que o Pai está pronto para que voltemos para casa. Com os braços abertos, um abraço caloroso e uma festa de alto nível.

Quando nos achegarmos à sensatez e deixarmos de lado a estupidez do pecado.

Traduzido por Anderson Rocha

Fonte: NAPEC

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

NINGUÉM EXPLICA DEUS


Por Cláudia Castor

“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém”. (Rm 11.33-36)

Mesmo faltando palavras para descrever Deus em toda a sua essência, o apóstolo Paulo tenta descrever algo sobre Deus que se torna um texto clássico da Bíblia. Em primeiro lugar Paulo deixa claro que a mente finita do ser humano é incapaz de conhecer Deus em sua totalidade. Mas a Bíblia também nos fala que um dia esta finitude irá acabar quando estivermos na glória e veremos a Deus como realmente ele é (1Jo 3.2).

1 – A Profundidade das riquezas. Em Rm 2.4, 9.23 Paulo cita alguns aspectos destas riquezas: bondade, tolerância, longanimidade, misericórdia. Porém em Romanos 10.12,13 está o fechamento da total riqueza do nosso Deus: a salvação. Só a salvação em Cristo Jesus enriquece o homem de forma completa, eterna e verdadeira, tudo o mais é passageiro e ficará nesta terra.

2 – A inescrutável sabedoria de Deus – A sabedoria é o uso correto do conhecimento. Todo conhecimento pertence a Deus e é usado para o cumprimento de seus santos propósitos. Sua sabedoria planejou a salvação e a riqueza a concedeu.

3 – O conhecimento de Deus – A Bíblia nos mostra que Deus é Onisciente: conhece todas as coisas e nele está a pré-ciência. Com nossa mente finita conseguimos olhar de frente para trás, ou seja, do presente para o passado. Deus olha do futuro para o presente e para o passado, Ele conhece tudo com antecedência. Nada lhe foge do conhecimento. Daí tantas vezes a Bíblia nos alertar a descansarmos nele, não andarmos ansiosos. Deus já nos conhece e conhece a nossa história. Todo crente fiel pode descansar em Deus, pois ele tudo sabe e seu conhecimento aliado à sua sabedoria usará tudo sobre nós para cumprir em nós seus santos propósitos.

4 – Insondáveis juízos – Estamos vivendo uma crise no judiciário brasileiro. O que é justo e ajuizado já está em crise nos tribunais humanos de maior instância. Porém, em Deus, não há nenhuma sombra de variação (Tg 1.17). Sua justiça e juízo continuam intactos. Ainda que a justiça humana seja falha, o homem não escapa da justiça divina.

5 – Inescrutáveis seus caminhos – A palavra inescrutável significa impossível, incompreensível à mente humana. O fato de não compreendermos Deus ou seu modo de agir não nos dá o direito de questioná-lo ou sugerir-lhe melhores caminhos. Por vezes ouço servos tentando dizer a Deus como ele deveria agir, levar determinada situação. Como um ser finito, com conhecimento e sabedoria finitas pode tentar dizer a este Deus por onde ir e como ir? É o cego tomando o comando da trilha. A soberba do homem o leva ao campo do ridículo. Eu determino, eu ordeno, se não acontecer... Oh profundidade da ignorância e da pobreza humana. Deixemos Deus agir em nossas vidas, cumprir seus santos propósitos e sermos levados por ele da forma, hora e modo que ele quiser. Os caminhos do Senhor são perfeitos, o fato de não entendê-los não tira deles a sua perfeição.

6 – Conhecer a mente de Deus – O próprio ser humano não conhece todo o potencial de sua mente finita; como poderíamos então entender e conhecer a mente infinita de Deus? Nossa incompreensibilidade de Deus deve nos levar a aceitação dele e nunca a dúvida e falta de fé. O que não conheço, com certeza Deus conhece, tem um propósito e tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus e andam segundo o seu propósito.  
      
O que Deus não revelou nos é no momento incompreensível. É como dar um livro de Shakespeare a uma criança recém alfabetizada e esperar que ela entenda e aprecie a obra. Certamente, ainda que apresentada, não entenderá e não gostará. Muitos andam desgostosos de Deus por não o entender. Deus deve ser aceito e não entendido em sua mente inapreensível. A fé nos faz entender e ter intimidade com Deus e isto basta.

7 – Seu conselho – Quem poderia dar conselho a um Deus, depois de tudo que o apóstolo Paulo expôs? Mas infelizmente estamos vendo cada vez mais pessoas dizendo a Deus como agir, fazer, a que horas, de que modo. E não é só conselho, são ordens. Depois de lermos o que Paulo escreveu aqui em Romanos 11.33-36, depois de lermos como Paulo descreve a sabedoria de Deus, como podemos pensar em dar conselhos a Deus? Depois de ler tudo o que Paulo descreve o sentimento é de total impotência e de total dependência dele.

8 – Quem primeiro deu? – A salvação é gratuita. Não damos nada. Tudo já foi pago na cruz do Calvário. Nem fui eu quem escolheu a Deus, mas foi ele quem me escolheu! Estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Morto fala, anda, escolhe, dá algo a alguém? Não! Tudo parte de Deus, nossa salvação vem dele. Foi dele a iniciativa de se reconciliar com o homem através de Jesus Cristo na cruz do Calvário. Ele é o princípio e o fim, o primeiro e o último. “O que daremos a Deus pelos grandes benefícios que nos tem feito?” (Sl 116.12), resume bem a nossa incapacidade de dar algo a Deus. Nada nos é possível dar porque tudo em Deus é através de sua misericórdia e graça.

E o verso 36 deste capítulo resume as quatro verdades excelentes de Deus:

Porque dele – ele é a origem de tudo. Todas as coisas são de Deus, ele é o autor de tudo, sua vontade é a origem de toda existência. 

Por meio dele – Ele é o sustentador de tudo. Todas as coisas continuam a existir por intermédio dele. Na passagem que diz: “Louco! Esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12.20), é o exemplo claro do Deus sustentador.

Para ele – Deus é o herdeiro de tudo. Deus é a fonte, o meio e o fim. Tudo deve ser para sua glória. Por que se vangloriar de coisas passageiras e que não são para ele? Não passam de palha. Tudo o que realmente tem valor é para Deus. Nossa adoração é para ele e só dele, todas as coisas tendem à sua glória como seu objetivo final.

A ele pois – Deus é o alvo de tudo. Porque tudo vem dele, através dele e para ele é que a glória só pode pertencer a ele. A ele não somente devemos tributar toda a glória, mas para ele redundará toda a glória. Soli Deo Gloria!

Todo joelho dobrará, toda língua confessará ao seu tempo que só o Senhor é Deus! Aceite-o antes deste grande e terrível dia.

Que Deus nos abençoe!